quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Manutenção

“Manutenção” é ação de reparar possíveis erros e substituir partes defeituosas de alguma coisa durante o processo. E também é o meu estado atual, estou fechado dentro da minha cabeça procurando erros e os organizando para tentar consertá-los da maneira que posso durante meus dois meses de férias. Se tudo correr como planejado as coisas vão mudar e talvez muitas das bases de meus conflitos cessem, ou então eu comece a encará-los de uma maneira diferente, passando por cima deles de alguma forma...

Nesse ano de 2009 eu tive muitos altos e baixos, consegui coisas excelentes, me diverti muito, garanti meu futuro como Engenheiro numa federal de respeito, mas ao mesmo tempo descobri coisas não muito legais sobre a minha saúde, exagerei em algumas situações, não consegui lidar com a faculdade da maneira que deveria e não vivi coisas que eu acho que deveria ter vivido, apesar disso no final de tudo foi um bom ano já que as partes baixas me mostraram aonde eu errei e os acertos me mostraram que eu posso chegar aonde quero se eu proceder da maneira certa, o que é reconfortante de alguma forma.

Meu problema principal atualmente é a questão da concentração, não consigo render o que eu deveria nas coisas que eu faço, e nem é por minha causa, eu realmente tento me concentrar, mas simplesmente não tenho pique ou foco suficiente pra acompanhar o que acontece na minha vida, antigamente eu conseguia levar bem o ensino médio, mas convenhamos, o ensino médio é algo ridiculamente fácil, faculdade é outro nível de estudo, muito mais pressão e muito mais carga... Isso vem somado às inúmeras manifestações que essa deficiência de concentração tem na minha vida, desde a coisa mais simples a mais difícil, da mais chata a mais prazerosa, não tem situação que não me atrapalhe. Sem contar que descobri a pouco tempo que fui diagnosticado com isso aos cinco anos de idade, ou seja, não é de hoje, muito menos coisa da minha cabeça e as coisas que eu achava que eram apenas características ruins minhas no final das contas podem não ter sido da maneira que eu pensei...

De qualquer maneira, é algo que me incomoda, meus pais às vezes dizem que eu tenho que me adaptar a essa situação, que “tem gente sem os dois braços que vencem seus problemas”, eu sei que é verdade, mas é estranho ser “normal” e mesmo assim não conseguir ser o que deveria, uma pessoa sem braço tem definido o que ela é e geralmente sabe o que tem que fazer pra passar por cima de suas dificuldades, eu não, não sei o quanto sou bom ou ruim em certas coisas a partir do momento que não consigo dar 100% de mim nelas, não estou dizendo que é melhor não ter um braço, lógico que não, é algo péssimo que eu não tenho a mínima idéia de quão ruim deve ser pra pessoa, estou dizendo que são situações diferentes e uma não necessariamente é pior que a outra, depende da forma que se encara. Por mais que eu me esforce não consigo realizar as coisas que quero, isso é desestimulante, algo que realmente me deixa pra baixo...

Ao que parece existe uma solução com alguns remédios, mas se não tiver o que me resta a fazer é criar coragem pra viver com isso e aceitar minhas limitações, ou até mesmo criá-las para que eu não me machuque mais, o que não dá mais é viver nessa indefinição, nessa incerteza do que eu posso ou não fazer, por mais que eu tente pensar positivo, eu sei que a realidade é outra e não posso mais ficar me escondendo ou desviando dela, agora é o limite, não vou deixar que essa situação se desenvolva ainda mais. Por isso eu estou em manutenção, minha prioridade sou eu mesmo, qualquer coisa que eu planeje agora por mais idiota que seja não vai surtir efeito a não ser que eu coloque um ponto final nisso tudo, não adianta ter planos se você não tem como consegui-los, no final eles só serão palavras ao vento...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um artista da fome

Pra quem não sabe, é um conto do escritor Franz Kafka, que eu acabei de ler.
Como a maioria das obras deste autor, sua temática é subjetiva e voltada para aspectos melancólicos e auto-depreciativos.
É difcil falar muito sobre esta obra, recomendo que leiam e formem suas próprias opiniões, mas o conta mostra principalmente a que nível de desgosto pela vida o ser humano pode chegar, a ponto de ver seu único "refúgio" no desprazer de viver. Seria mais ou menos como o famoso "tá no inferno, abraça o capeta."
Enfim, leiam este conto, é igual a pinto de japonês: pequeno, e não vai doer. =]

http://www.ficcoes.org/anteriores/ficcoes2/ficcoes_2-conto-por-extenso.html

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

2009 - Uma Odisséia Filha da Puta

Por que 2009 foi um ano do caralho:

Tirei a carteira de motorista.
Passei pro CEFET-RJ (pagar faculdade nunca mais!).
Viajei pra Piuma-ES no carnaval, e quem foi pode confirmar que foi o armagedom!
Vi o Radiohead ao vivo! T_T
Abri pro Fresno (http://instantrimshot.com/) e a Lumino' tá gravando outra EP.
Foi inaugurada a FFT, e recrutados valiosos soldados para o combate (e valiosas clientes também).
Bebi igual um corno e não tive nenhum porre o ano inteiro.
Expandi horizontes pelo Rio de Janeiro.
Tive minha primeira audiência com O Rei.
Viajei pra Natal-RN, e novamente quem foi pode confirmar que foi o inferno na Terra!
Encontrei uma namorada (quase) perfeita que me faz feliz pra caralho todo dia.
Flamengo Hexacampeão!

Conclusão: 2009 foi um ano muuuito foda! Alias, tá sendo... vai ser!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eu sei

Eu sei de um plano. E eu também sei de um plano. Mas não é nada engraçado, eu sei do seu plano, pra todos nós.
Porque você sempre soube que isso ia acontecer. Você viu cada milímetro do nosso futuro sentada em sua cadeira nervosa, brincando de Deus. Brincando de Diabo.
Porque você escreve torto por linhas certas, e talvez por isso, mas só por isso, se ache uma jogadora melhor que eu.
Você ama a canção, mas não o cantor. Provavelmente sorria enquanto eu escolhi me atirar no abismo e cortar a corda que me segurava. Eu sempre soube que o preccipício não tinha fundo, que eu estaria sempre imerso pela sua vaidade, e justamente por isso essa aventura soava tão atraente pra mim. Mas você nunca entendeu isso. Perdão, você nunca vai tentar ou querer tentar ver isso, porque pra você basta o prazer de assistir as coisas morrerem de uma distância segura. Seremos sempre ligados um ao outro, mas não por um lindo cordão, e sim pela falta de coesão, pela superposição estroboscópica chamada caos. E aí sim, minha cara, é que eu te mostro o novo dono do jogo. Quando tudo for, e ja é, do jeito que eu sempre quis.
Você sabia que tudo, ou que quase tudo isso iria acontecer, eu também sabia. Uma pena você ter escolhido as peças erradas. Olhe ao seu redor, todas elas estão felizes agora.
Eu tenho muita pena de você; da sua infelicidade e frustração, e sei que é intrínseco ao seu ser essa alma miserável que só vai te atrair mais desgosto pela vida.
Você quer a canção sem o cantor.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Eu não

Eu não gosto de você
Eu não pareço com você
Eu não falo como você
Eu não rio como você
Eu não gosto das coisas que você gosta
Eu não bebo como você
Eu não sou dedicado como você
Eu não sou simpático como você
Eu não sou feliz como você
Eu ainda não entendi por que preciso de você

Mas preciso.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A tese de Guedjef

Esse texto não é nada muito impressionante, porém não há só criatividade naquilo que é aparentemente grande.

Guedjef, filósofo russo, dizia que uma boa vida tem como base 'o sentido do que queremos para nós, em cada momento,' e daquilo que realmente vale como principal.

Assim sendo, ele traçou 20 regras de vida que foram colocadas em destaque no Instituto Francês de Ansiedade e Stress, em Paris. Seguir 10 delas já é considerado um ganho expressivo.

1) Faça pausas de dez minutos a cada duas horas de trabalho, no máximo.
Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.
2) Aprenda a dizer não sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos é um desgaste enorme.
3) Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.
4) Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você se exaure.
5) Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação, a não ser você mesmo.
6) Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos. Não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimônias.
7) Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas...
8) Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.
9) Tente descobrir o prazer de feitos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.
10) Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias enquanto ansiedade e tensão. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.
11) Família não é você. Está junto de você. Compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.
12) Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trave do movimento e da busca.
13) É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilômetros. Não adianta estar mais longe.
14) Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.
15) Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.
16) Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo... para quem quer ficar esgotado
e perder o melhor.
17) A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe firmeza, o que é muito diferente.
18) Uma hora de intenso prazer substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.
19) Não abandone suas 3 grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé!
20) E entenda definitiva e conclusivamente: Você é o que se fizer ser.

domingo, 18 de outubro de 2009

QuickHappy

Eu liguei o player e fechei os olhos. E lá eu via uma manchinha, girando e reduzindo e ia borrando onde passava. Até que ficou tudo escuro e a mancha virou uma bolinha bem pequena, criando um eixo de simetria quase perfeito.
Então eu senti um cheiro bom, que me fez sorrir, e quando eu vi eu e o cheiro eramos um só. Eu estava contente comigo mesmo. e da minha garganta saia algo como uma espada, uma sensação ótima que me fez tremer e quase sussurrar.
E eu passei a respirar mais calmo, e esbocei um sorriso.
E quando eu abri os olhos, eu ainda tava bem, nem lembrava quais eram meus problemas e não me irritava mais com nada. Sou uma pessoa sem medos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cu e Cabeça

Qual é a diferença entre o cu e a cabeça?
Qual é a diferença entre o cu e a cabeça?
Qual é a diferença entre o cu e a cabeça?
Qual é a diferença?
NENHUMA!

Qual é a diferença entre bosta e a sua mente?
Qual é a diferença entre bosta e a sua mente?
Qual é a diferença entre bosta e a sua mente?
Qual é a diferença?
PORRA NENHUMA!

Político ladrão, vai pagar a educação
Do pobre garantido de morrer na frustração
Índio peladão, maconheiro sangue-bão
Ri da puta velha nua na televisão
Político ladrão, maconheiro sangue-bão
Índio favelado, putaria no Senado!


Qual é a diferença entre vodka e cerveja?
Qual é a diferença entre cama, chão e mesa?
Qual é a diferença?
Qual é a semelhança?

EU QUERO É QUE SE FODA!

Distração

Pede uma mentira
deixa a porta abrir pra poder ver
o vento bater o que há de vir
Não é de sorrir e nem de encantar
se te custa proceder
da maneira que atrai

e se ficar sem viver de um lado bom
é capaz de edificar um novo dom
sem romance pra ver.
O que lhe tocou, em seus lábios trouxe a marca
do caminho que afasta e pede pra morrer
sem querer, retornou a velha dor
e é de sangue, o meu samba, outra vez.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Arms Around Your Love.

With his arms around your love
Oh no, here comes the pain that you can't ignore.

With his arms around your girl
He'll do all of the things you didn't do before
You had every chance, but you closed the door.

Now you're just gonna have to take it
(Cause if you didn't know)
She's gonna make you pay for it
(At a price you can't afford)
You're just gonna have to take it

With his arms around your love

Pretend that you don't mind
But you know everything that you left behind

And it would have been alright
If you'd gave half of the praise that you held inside
You thought she'd hang around for the ride.

Now you're just gonna have to take it
(Cause if you didn't know)
She's gonna make you pay for it
(At a price you can't afford)
You're just gonna have to take it

With his arms around your love

Coming clean feels so dangerous
Just a little bit would have been enough
But you never said all the words caught in your head

As if your heart was dead
Well now its surely bled and broken up.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O povo

Uma história sobre o burro.

Certa vez quatro meninos foram ao campo e, por 100 reais, compraram o burro de um velho camponês.

O homem combinou entregar-lhes o animal no dia seguinte. Mas quando eles voltaram para levar o burro, o camponês lhes disse:

- Sinto muito, amigos, mas tenho uma má notícia. O burro morreu.

- Então devolva-nos o dinheiro!

- Não posso, já gastei todo.
- Então, de qualquer forma, queremos o burro.

- E para que o querem? O que vão fazer com ele?

- Nós vamos rifá-lo.

- Estão loucos? Como vão rifar um burro morto?

- Obviamente, não vamos dizer a ninguém que ele está morto.

Um mês depois, o camponês se encontrou novamente com os quatro garotos e lhes perguntou:

- E então, o que aconteceu com o burro?

- Como lhe dissemos, o rifamos. Vendemos 500 números a 2 reais cada um e arrecadamos 1.000 reais.

- E ninguém se queixou?

- Só o ganhador. Porém lhe devolvemos os 2 reais e ficou tudo resolvido.


As pessoas no Brasil nunca viram o burro. É por isso que mesmo que o político entregue o cargo, nunca devolverá tudo.
Alguém sabe se os fiéis da igreja universal viram deus? Dez mil reais soa caro pra uma rifa.

Perdão, eu é que não tenho tanto talento para vendas. Esses caras conseguem vender produtos que ninguém sabe nem se existe. Talvez eles fossem melhores políticos que os atuais - estes, tentam.

Amigo estou aqui

Amigo estou aqui

Se a fase, é ruim, E são tantos problemas que não tem fim
Não se esqueça que ouviu de mim

Amigo estou aqui. Amigo estou aqui

Os seus problemas são meus também,
E isso eu faço por você e mais ninguém,
O que eu quero é ver o seu bem

Amigo estou aqui
Amigo estou aqui

Os outros podem ser até bem melhores do que eu,
Como os brinquedos são, porém
Amigo seu é coisa séria pois é opção, do coração, viu.

O tempo vai passar, os anos vão confirmar,
As três palavras que proferi: Amigo estou aqui.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Eco

Fim de tarde, não tão ensolarado.
Meus pés enterrados na areia, apoiando uma latinha de skol no calcanhar.
Na mão esquerda, um bagulho quase apagando. Em baixo do braço direito, meu velho amigo Giannini. De longe vejo uns playboyzinhos jogando altinha. Devem ser cariocas. Ah, que sejam.
Piuma é bem tranquila nessa época do ano. Não há com o que se preocupar, sem muita agitação, nem muita coisa pra encher a cabeça. O mundo aqui é apenas eu, e os pássaros, com quem irei compartilhar essa visão solitária.
"...Sabe, um dos maiores erros do ser humano é só valorizar algo depois de perdê-lo..."

domingo, 16 de agosto de 2009

Dúvida

Que se faz por si só.
Ser forte o bastante pra saber por onde caminhar, ou covarde o bastante pra seguir o caminho mais seguro ao invés do mais vivaz? Ou ainda, ter a audácia de inertemente mover-se aos encantos da ignorância.
Excesso de maturidade? Maturidade é um grandeza mensurável? Maturidade realmente existe?
Às vezes, improvisar em cima da melodia que caminha livremente pelo ar, será mais belo do que orquestrar um tom conhecido. Um tom de nosso domínio. Ver as cordas vibrando no ar, sentir e interpretar o que elas querem dizer. Ou não, apenas sentir.
E se for forte o suficiente, saberás onde elas te levarão. E se tiverdes liberdade, deixarás que te guiem, para sabe-se lá onde. O que faz mais sentido? É possível escolher como interpretar a melodia? Existe melodia? O que realmente faz sentido?
Às vezes, são justamente os surdos aqueles que compõem as mais belas canções.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Foda-se

Pensei em um monte de coisa pra postar aqui, mas FODA-SE, não vou escrever porra nenhuma que planejei, apenas vou sair digitando sem parar, algo que eu nunca fiz aqui, e talvez seja um dos motivos pra que eu não poste com tanta frequência, pois bem, como dizia o mestre Gil Brother: "Ihh lá vamos nós hein! Puta que o pariuuu!"
Eu estou bizarramente feliz, sem motivo nenhum, quer dizer, tem um motivo complexo, mas não é necessário citar, eu parei pra pensar aqui, e simplesmente todos os meus nós da mente, todos os meus problemas, dúvidas, indecisões, sei lá, tudo que o seu cérebro filho das puta faz pra te fuder, sumiu, do nada... Sei lá, as vezes eu tenho esses insights meio loucos, geralmente duram 3 dias, mas esse deve durar mais, não sei porque, o mais provável é porque dessa vez eu já comecei a mudar meus conceitos antes de falar alguma coisa...
Não entendeu nada? Tá certo.

DÁ RADUQUEEEEMM RIUUUUU! FILHO DA PUT@!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Dilema da Coexistência

Deus pensa, logo, existe.  E do seu pensamento fomos criados.

Há quem diga que nosso pensamento foi que criou deus.

Como já dizia Faith no More,

"You're perfect, yes, it's true. But without me, you're only you."

Um não pode existir sem o outro. Separados são irrelevantes.

Logo, um é o outro.


Afinal, quem garante que a paisagem não olha pra dentro da casa através da janela achando que a paisagem é a casa?

No final das contas, a casa é a paisagem também, e a paisagem é a casa. Não há cartão postal do rio de Janeiro sem casas, e ninguém mora em casas: pessoas moram no Rio de Janeiro.

domingo, 19 de julho de 2009

Bando de Badernista

Sei que já falei sobre isso com algumas pessoas anteriormente, e sei que isso já deu merda também. Mas acabei sendo bem superficial no meu ponto de vista, e, pela primeira vez, tô escrevendo mais pra desabafar do que expor alguma teoria interna ou qualquer coisa.
Um grande defeito das pessoas é creditar sua esperança em alguém com quem ela simpatiza. Por que defeito? Por que é o primeiro passo pra que ela tome no cu.
Meu pai sempre me disse que "quem você menos espera acaba te traindo um dia". E ele fala por experiência própria... mas foi pensando muito nisso, e com alguma experiência de vida que eu consegui desvincular-me de tais esperanças. Isso é o mesmo que ter fé nas pessoas, e a fé nada mais é que o contrário da razão.
Por isso, pessoas, venho tristemente recomendar que se apeguem à realidade, e deixem os lindos mitos de lado. Sei que nem todos estão preparados pra ver o mundo dessa maneira, até por que ja fui sériamente condenado por isso, e peço desculpas a todos que realmente gostam de mim e lerão isso. Mas caso um dia eu passe fome, não espero um pão com mortandela de ninguém... at all!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Mar

Outro dia desses resolvi descer uns pontos antes pra ir andando pela praia de icaraí. Agora tem um corrimão até, maneiro.

Era uma bela noite, com nuvens bem finas e transparentes como que formando uma superfície de vidro cristalino recém limpa, e do outro lado dela, a lua.

Eu parei pra dar uma respirada e ficar olhando de bobeira, e fiquei lá, olhando para o mar. E comecei a escutar o som que ele fazia. Com tanto carro passando, fazendo barulho, gente correndo, gente pra lá e pra cá, tenho certeza de que era o único fazendo isso.

É diferente de quando você vai à praia, na praia todo mundo está ali pra isso, para aproveitar o sol e o mar. Olhar para o mar e tentar escutá-lo de uma rua, de noite ainda por cima, é meio diferente. Parece que ele tem mais a dizer.

Por uns instantes eu senti como se pudesse conversar com o mar. Não digo conversar, mas trocar sentimentos ou idéias. E pior que eu não estava chapado. Mas é como conversar com um animal, um cachorro por exemplo. Não adianta falar com palavras com ele, falar de coisas, perguntar nada. Ele não vai responder, ele não sabe falar. Mas você pode acariciar a cabeça dele, falar "bom garoto" e até dar um abraço no bicho. Ele vai corresponder, certamente, do jeito dele.

É meio estranho e pra alguns até forçação de barra dizer isso, mas eu tou pouco me fudendo mesmo. Isto não é sobre conversar com o mar ou coisas que não parecem ser tão vivas assim. Talvez o mar até seja vivo, como vamos saber, talvez o planeta em si seja um ser vivo, whatever.

Isto é sobre sentimentos. A todo momento estamos racionalizando sentimentos, colocando limites neles, tentando inutilmente explicar alguns dos mais complicados, quando o grande ponto não está em ver como ele funciona. Sentimentos são deus. Sentimentos são puro ato. O mar é puro ato. É antinatural limitar sentimentos como costumamos fazer.

O importante não está no que os faz girar, mas em que estão conectados, ou seja, o canal deles. Quero dizer, se eu converso com um cachorro, faço carinho, ele até late ou coisa e tal, mas é lógico que ele não faz uma porra de idéia de 5% do que eu tou falando. Mas ele reage assim mesmo. Ambos um gostamos do outro, e no final é o que acaba importando. Então pra quê o resto?

Se você vai ao mar e acha que suas ondas parecem lhe fazer carinho, talvez faça sentido para você tentar fazer de volta. Qual a diferença de fazer com um cachorro? É claro, o cachorro é bem menor, não dá pra fazer carinho no mar com a mão. Mas se você tivesse um cachorro e perdesse a mão, é provável que ele continuaria gostando de você assim mesmo. Então tudo o que você precisa é fazer o primitivo da comunicação, prestar atenção nele e tentar passar o que sente, e se ele tentar lhe corresponder de alguma maneira, seja passando o focinho pelo seu braço, sei lá, talvez vocês compartilhem sentimentos.

Quando eu estava olhando para o mar, pareceu por uns instantes que eu podia ouvir o que o mar dizia, mas ele não falava em linguagem alguma. Ele simplesmente transmitia um sentimento puro. Que eu não faço idéia do que era, mas era puro, era verdadeiro. Mais até do que um cachorro, que tem contato conosco, e às vezes pode se fingir de desentendido quando faz merda, até vermos o cocozão no meio da sala. O conhecimento traz a possibilidade do falso.

Por isso temos que ser sinceros com nós mesmos, pois quanto menos somos, mais afastados do puro somos, e menos sentido nossa existência tem. (A não ser que descubram o real sentido da vida como sendo outra coisa não necessariamente ligada com a variação de entropia do universo e coisa e tal.) A existência pode até ser, mas a vida não é só interação casual, as populações que sobreviveram à seleção natural(por assim dizer), mantinham-se unidas, e sobreviviam por colaboração mútua. Isso significa que a evolução pode depender da união(isso se abre para divagações interessantes).

Todo mundo pode conhecer a si próprio, sendo apenas sincero, apesar disso requerer coragem. E se não gostar, mude isso, nem que seja preciso fazer uma tempestade. Não sei quem foi que disse que coisas não podem ser mudadas. Tudo pode ser mudado. Nós fomos paridos de algo que não pára de mudar. Bob Marley queria mudar o mundo, curar o mundo, unindo as pessoas, com o amor. Curar com amor, no sentido puro da palavra.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Teorema do Orkut

Gabriel diz:
*cara
*orkut é um grande dilema
Henrique Kurosawa - http://blogdainsomnia.blogspot.com/ diz:
*por que?
Gabriel diz:
*pensa bem
*quanto mais amigos, mais frases cult e mais fotos voce tem, mais voce é miguxo pela-saco babaca
*e quanto menos amigos e fotos voce tem, mais voce é gordo nerd sem vida social
*e se voce optar por nao ter orkut, tu é um favelado excluido digital
Henrique Kurosawa - http://blogdainsomnia.blogspot.com/ diz:
*HASUSHUAHSUAHSUAHSUAHSUAHSUAHUSAHs
*ou seja, o Orkut é como a vida
*não importa o que você faça em relação à ela, ela é a uma merda do mesmo jeito
Gabriel diz:
*hauOPHaouhaahhahaOUh isso
*Teorema do Orkut lek
Henrique Kurosawa - http://blogdainsomnia.blogspot.com/ diz:
*pois é :D

REFLITAM

terça-feira, 21 de abril de 2009

"O menino virou homem mas foi sem querer."

Dizem que dificuldade gera desenvolvimento.
Mas e quando a própria dificuldade é o desenvolver?
Uma empresa tem que ser prudente em suas ações, mas saber que a estagnação da economia pode levá-la à falência. É preciso ousadia pra crescer.
E saber que o pote de ouro no fim do arco-íris era só uma recompensa pelo caminho reluzente.

domingo, 29 de março de 2009

O "Xiter"

Se a vida fosse um software,
Eu usaria omatic na minha conta bancária,
Eu usaria bot pra estudar,
Eu trabalharia usando macro,
Eu sairia nas ruas usando proxy pra ninguém me assaltar,
Eu usaria scripts que me impedissem de chegar atrasado,
Eu usaria um trainer pra tocar qualquer música do Petrucci 10x mais rápido,
Eu não precisaria mais comprar nada, ia crackear tudo,
Mas pensaria duas vezes antes de crackear, pois teria grana infinita,
Eu invadiria o servidor do "Funk" e fazia o caralho lá dentro pra ninguém nunca mais ouvir essa merda,
Eu ia ser fortão que nem o CJ quando tu põe Muscle Max. ,
Eu ia voar com os carros, pular alto pra caralho com bicicletas,
Eu spawnava um navio, chamava a galera toda e dava uma festa infinita, com tudo de graça e infinito,

Eu arranjaria um lugar secreto, num servidor remoto, onde ninguém poderia acessar,
Eu faria um download com todas as rosas do mundo,
Eu travaria a variável que controla o tempo,
E ficaria só com você.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A verdade está lá fora

Nesse post falarei sobre duas coisas. Realidade e magia.
Sim, aquela magia que vocês estão cansados de conhecer. Dos cadados, circulos de transmutação, bonequinhos de vudú, frango com fubá na encruzilhada, e por aí vai...
Eu pessoalmente não acredito em magia, e digo mais, tenho certeza de que ela não existe (não da maneira como ela foi desenvolvida por seus estudiosos). Vou pegar bem rápido nessa parte. Magia, pra mim, é a aplicação cega de coisas que o homem ainda não pode explicar com exatidão, mas que no futuro pode vir a se tornar uma ciência exata, como a quântica. Magia é como Deus. Se apegar a ela ou não é uma questão pessoal (e pessoalmente, uma questão de ignorância também).
Mas enfim, ontem uma pessoa me disse uma frase interessante. "Não há nada que separe magia de realidade e vice-versa". E isso me fez chegar a uma conclusão importante. De que ele está certo e errado.
A realidade nada mais é o conjunto de tudo que tem aplicação e consequência na vida. Então supondo que um heremita, que nunca viu uma televisão, não imagina que ela existe, e muito menos qual a sua serventia, pode-se afirmar que aquele objeto não faz parte da realidade dele, é desconhecido.
Daí vem algo importante. O conceito de realidade é individual.
Basta pensar nos autistas e sua forma de ver o mundo. Lembrar das multiplas interpretações do divino e das ciências ocultas.
Agora, fica uma ultima pergunta. Cabe a você decidir o que é real ou não?

Ouvindo: Rishloo - Alchemy Alice

sexta-feira, 13 de março de 2009

Passei!

PASSEI!! PORRA!! E foda-se todo mundo, ia fazer um post bonito sobre meus 19 anos e o que esses 2 ultimos anos respresentaram pra mim, mas quem se importa? Meu melhor presente de aniversario foi esse, então não tem porque escrever sobre o meu passado se o que vale agora é o futuro =]
Cuidado caro leitor, porque algum dia eu posso ser o cara que projetou a sua placa-mãe novinha que por um acaso fudido do destino explodiu na sua cara fudendo toda a sua vida e te deixando igual um goonie :P YEAH!
Que venham calculo e prog 1!.... MERDA, TO FUDIDO!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A defesa da concorrência

Cuidado para não babar em cima do teclado ao dormir lendo.
Em um sistema econômico eficiente, os cidadãos dispõem da maior variedade de produtos pelos menores preços possíveis e, conseqüentemente, os indivíduos desfrutam de um nível "máximo" de bem-estar econômico. O objetivo de defender a Concorrência, portanto, é maximizar o devido processo competitivo, e com isso, o nível de bem-estar econômico da sociedade. Dentro de um contexto político-social, não é exatamente um propósito, mas um meio pelo qual se busca criar uma economia eficiente. Por meio do estabelecimento de políticas públicas e de um ordenamento jurídico específico para tanto.
Sob um ponto de vista sociológico, a defesa da concorrência traduz-se na garantia de escolha racional de consumo. Sob um ponto de vista político, significa salvaguardar o Estado da imposição arbitrária de interesses privados, por parte dos detentores de poder econômico .
Todavia, para elaborar de um disciplinamento eficiente, bem como para a atuação eficaz das autoridades antitrust, é necessário se recorrer a outras áreas de pensamento científico, uma vez que a complexidade do tema impõe que se possua conhecimentos necessários para se garantir o devido processo competitivo nas diversas fatias da economia.
Dentre os diversos ramos científicos que permeiam o direito econômico(em especial o da concorrência), a Economia e a Matemática assumem papel imprescindível. Vale destacar a revolucionária Teoria dos Jogos, desenvolvida pelo matemático suíço John Von Neumann no início do século XX. Ela pode ser usada para analisar a forma como agentes econômicos ou sociais definem sua atuação no mercado, considerando as possíveis ações e estratégias dos demais agentes econômicos .
A teoria dos jogos é usada para analisar as características dos agentes da economia, as estratégias de cada um deles e os possíveis resultados, diante de cada estratégia, para avaliar as prováveis decisões que esses agentes tomarão. Essa teoria constituiu significativo avanço nas ciências econômicas e sociais, pois permite se examinar a conduta do jogador (agente econômico) em interação com os demais agentes, e não só de forma isolada.
A Teoria dos Jogos ganhou grande contribuição, assumindo relevância jurídica, a partir dos estudos desenvolvidos pelo matemático John Nash, que aprofundou os estudos de Equilíbrio entre os agentes econômicos, mormente em relação à aplicação desta teoria em ambientes não cooperativos.
John Nash nasceu dia 13 de Junho de 1928 em Bluefield, West Virginia, nos Estados Unidos. Desde cedo, apresentou forte inclinação para as ciências exatas, dando grandes demonstrações de aptidão para matemática, aliada a um peculiar comportamento anti-social, que o levava ao isolamento em seu quarto.
Em Junho de 1945, Nash ingressou na prestigiosa Universidade de Carnegie Mellon onde lhe foi oferecida uma bolsa de estudos. Em 1948, foi aceito no programa de doutoramento em matemática em uma das mais famosas universidades dos Estados Unidos: Princeton. Em 1949, aos 21 anos, Nash, desenvolveu sua tese de doutoramento. O trabalho, intitulado "Theory of Non-cooperative games", também conhecido como "Equilíbrio de Nash", causou verdadeira revolução no estudo da estratégia econômica.
Conforme narrado por sua biografa, Nash sentia-se inferiorizado diante de seus colegas acadêmicos por nunca ter publicado um trabalho e buscava uma idéia original para sua tese. Porém, seu comportamento anti-social causou-lhe dificuldades acadêmicas, por não freqüentar as aulas e constantemente trancar-se em seu quarto a procura de sua idéia.
Um dia, a conselho de seu colega de quarto, Nash resolve sair de sua clausura e apreciar a vida. Ao estudar em um bar, seus companheiros chamam-lhe a atenção para umas moças que se encontravam lá, em especial uma loira que se destacava por sua beleza. Um de seus colegas relembra a célebre lição de Adam Smith: em competição, ambição individual serve o bem comum. Após ouvir o comentário do seu companheiro, Nash afirma que a teoria de Adam Smith tem de ser revista, pois contraria 150 anos de doutrina econômica.
Nash argumentou que se todos optassem pela loira, bloqueariam-se uns aos outros, e nenhum de conseguirá tê-la. E se, em seguida, optassem pelas amigas, nenhuma se interessaria, pois ninguém gosta de ser segunda escolha.
Mas, se ao invés disso ninguém optasse pela loira, não haveria o bloqueio mútuo dos competidores em face desta, e não haveria ofensa, ainda que indireta, às outras moças. Esta, seria a única forma de obtenção de resultados satisfatórios a todos, garantindo-se o equilíbrio de interesses.
Ao contrário de Adam Smith, que dizia que os melhores resultados surgem quando cada um no grupo olha pelos seus próprios interesses, Nash defendeu que o melhor resultado surge quando todos elementos do grupo olham pelos seus próprios interesses e pelos do grupo. Essa singela observação empírica do comportamento humano serviu de base para a "Teoria do Equilíbrio". Nash, enfim, achava sua idéia original.
Esta teoria, por sua vez, se traduz na solução para alguns mercados competitivos, no qual nenhum agente pode maximizar seus resultados, diante da estratégia dos outros agentes . A análise combinada das estratégias de mercado, segundo Nash, a um resultado no qual nenhum dos agentes individualmente terá prejuízo, em vista da estratégia de mercado de outros agentes, garantindo assim o êxito da atividade econômica e a manutenção do mercado.
Infelizmente sua carreira foi precocemente interrompida em 1958, no diagnóstico de esquizofrenia, o que o afastou do meio acadêmico até o princípio da década de 90, quando a patologia veio a retroceder de maneira, digamos, autêntica.
O reconhecimento por sua contribuição científica somente veio em 1994, quando, juntamente com John C. Harsanyi e Reinhard Selten, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Economia pelo seu trabalho na Teoria dos Jogos (Theory of Non-cooperative Games). A vida de John Nash foi imortalizada tanto nos livros, em "Uma mente brilhante", Sylvia Nassar, quanto no cinema, num homônimo ao livro estrelado por Russel Crowe.
Observa-se que a análise econômica das condutas, em ambientes não-cooperativos, é um fator primordial para a prevenção de infrações à ordem econômica, uma vez que, se dois ou mais agentes maximizam seus resultados, concentrando poder de mercado em torno de si, em detrimento dos demais competidores, indica-se o cartel.
Por isso, às vezes quando ouvirem a mídia falar mal do governo, antes de acreditar, pesquisem a respeito. Pergunte a si quem é no final das contas que realmente é movido por dinheiro. O governo é sim corrupto, mas certos problemas que têm origem na ganância e ignorância de indivíduos de alto poder econômico não devem ser atribuídos ao governo completamente. Como pode-se perceber a partir da amostra dada por este texto, o problema é muitas vezes mais complexo do que parece. Não se iguale ao vendedor de pipoca da esquina e fale só de "quem fez o quê pelo povo/ao povo".

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Todo Carnaval Tem Seu Fim.

Estou postando por dois motivos.
O primeiro é tirar do topo aquele post ridículo que eu fiz bêbado.
E o segundo é pra dizer que eu estou vivo. E mais do que nunca, vivi um carnaval. Algo que eu não entendia a mágica até esse ano, mas guardarei a experiência pra vida toda.
Não fiquem em casa curtindo o tédio, sequelando nesse calor, mergulhado em lamentações. Vá pra rua, beba qualquer coisa, saia em um bloco, pinte-se, grite, pule. Seja feliz, nem que seja por uma semana.
Deixe o carnaval tomar conta de você, e deixe ele te mostrar uma nova visão de mundo. Mais colorido, mais alegre.
Um mundo que vale a pena.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

To Bebum

Sério mesmo, to quase caindo. Sei la tava no bloc ai cheguei doidão e pa to escrevendo doidao. acho manero, valido e pá. beijo pra geral, queria jogar winning eleven mas nao tenho. teria que montar o ps2 então foda-se nao quero perder tempo, to falando merda pra geral. nao deveria beber mais por aqui. piuma vai ser a bateção de saco do seculo. tres peixe é um real
adios

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

I'ma fuckin driva!

Yo dawg, tatzit. I just sat my fuckin nigga ass in that fuckin mudafucka Uno. My feet wuz liek a fuckin dildo. I woz nice in the parking situation, tnk god. Then i woz so nervous twas liek my dick wud boom-boom-blow out from ma pants at anytime. Twas hard to breath, but daeg, i went fuckin fine! :D
When i woz parking to finish that shit, that faggy gramps told i forgot da left arrowz. But fuck that ol' piece o shit, I got my habilitation, suck my diek mudafuckers!
I'd juz lik to tank my bros, Lil' fuckin Wayne, Kanye West a Lupe "Luppy" Fiasco, we share all these pussies form da world. Nuffin's impossible for we niggas now! FUCK, i'm happy pa caralho, if you see da cops, warn a brother.
Thanks Jeez, say hello 2 da brothers already gone.
Lick my hard dick with ur pussies, and drop it like it's hot, sluts! Harcore sex ftw bros. C Ya around!

Lizning 2: Lil' Wayne - Whip It

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Metas (em todo mundo) 2009

Eu tinha prometido pra mim mesmo (apesar da palavra "prometido" ser muito forte nesse caso) que não escreveria no blog até sair o resultado do meu vestibular, pois bem, foda-se, mudei de idéia. Por tanto iniciarei esta porra:
Esse ano vai ser com certeza um ano diferente (DUHHH), mas não digo isso apenas por dizer, tipo “Oeeee, esse ano vai ser tiop açim, fodaaa migs !!!!1111centoeonze”, digo isso baseado no que tenho visto com as pessoas que convivem comigo, praticamente todas elas estão na iminência da mudança, todas elas tem alguma meta para ser realizada esse ano no que tange a conquistas individuais e/ou mudança de postura em relação a metas já alcançadas (mais responsabilidade, no caso)... Tudo bem, até agora eu não disse nada de novo, porque porra, veja bem, todo ano é diferente (DUHHH 2x chain) e todo início de ano sempre tem um ou mais filhos da puta que falam que ao decorrer dos próximos 365 dias (366 se for ano bissexto) vai mudar tanto que no final do ano o cara virou um Clubber em pleno século 21.
A diferença, meus caros leitores, é que dessa vez eu percebo que as pessoas que me cercam estão insatisfeitas com o que viveram nesse ano que passou (eu me incluo nisso) e pretendem mudar suas atitudes num modo geral, e não somente acrescentar ou modificar algumas coisinhas na vida para melhorar o que já está “bom”, como a maioria das pessoas promete fazer em cada fim de ano...Isso de fato é excelente, já que na minha concepção quem não muda suas atitudes e ações é burro (pra caralho) ficando estagnado no mundo enquanto os outros evoluem (só para ressaltar, meu conceito de mudança não diz respeito à essência da pessoa). Sei que comigo não vai ser diferente, muita coisa vai acontecer esse ano, a primeira vai ser a minha entrada na faculdade, seja ela pública ou privada (vai depender das reclassificações desse meu Brasil baronil), vou iniciar uma nova fase de minha vida, tipo um mundo novo de aventuras Pokémon, mais precisamente na liga Jhoto, ta ligado? (vira o boné vermelho pra trás).Essa parada será perfeita pra mim, assumir responsabilidades diferentes, começar a entrar num esquema de trabalho, não mais aquela babaquisse de fazer dever e provinha de período pra passar, vou estudar o que eu gosto e me identifico (ou não, sei lá xD), minhas notas vão definir aonde eu vou trabalhar e não se eu vou ficar de recuperação ou passar direto... Sem contar que vou conhecer outras pessoas, de outros lugares, e isso é bom pra cacete, você sempre aprende alguma coisa importante com elas que pode levar pra sua vida, e é claro novas piadas pra você contar para os seus amigos como se você que tivesse inventado (y).Enfim, creio que 2009 trará muita coisa, não digo se são boas ou ruins, apenas diferentes, não sei ao certo o que vai me acontecer, mas sei o que eu quero, eis a minha lista (pode virar carta pro Papai Noel/Didi se precisar):
1 – Entrar no Cefet/UERJ/UVA (Engenharia Eletrônica/Elétrica/Computação)
2 – Começar a auto-escola (e pegar um carro maneiro =D)
3 – Terminar meu curso de inglês (faltam dois infernos, digo, períodos só :D)
4 – Cuidar melhor do meu corpo (essa vida de usuário de “tóchico” só me fode)
5 – Arranjar um emprego (sim, isso no primeiro semestre xD)
6 – Comprar uma roupa do Darth Vader e sair pela rua zuando tudo
Em suma é isso, mas sem sombra de dúvida o item mais importante é o 6, é lógico que o 2 também é importante, imagina sair de carro com a roupa do Darth Vader, ia ser do caralho, cara!!!!
Um beijo nas crianças e até a próxima.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Sino da Divisão

Estou farto e completamente puto com o meu destino. Não aguento mais ser diferente simplesmente por que alguém disse que eu sou.
Sei que somos únicos, mas não existe superioridade étnica! O problema é que as pessoas nunca entenderão isso. Nem a lei, que é "igual para todos", etende isso. Somos irmãos de uma família desunida. Somos filhos da inveja e da insegurança.
Queria entender por que sempre vamos precisar que existam judeus e palestinos, negros e brancos, indios e caubóis. Por hora, tentarei desviar meu pensamento.
Porque não pretendo enlouquecer em minha frustração, e porque eu to muito putoaa, eu to putassoaa (só aqui, na SINFONIA SILENCIOSANN *SCHWAAATTHHH*)

Ouvindo: Pink Floyd - Pigs (Three Different Ones)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Jogo da Fofoca

Tive uma idéia há muito tempo atrás chamada "Jogo da Fofoca". O nome é meio esquisito e mainstream, mas tem a ver.
Andei vendo Big Brother Brasil 9 de relance esses dias, e peguei umas idéias melhores para a idéia geral do jogo, e visei até fazer um jogo de verdade.

Funciona basicamente como um jogo de estratégia comum, sendo o enredo uma mistura de "The Sims" com "Big Brother" pra ser jogado por exemplo em disputa, como em "Dota", "Warcraft", etc.
Me soa como se o BBB tivesse mais interação entre público e o participante. Assim, se além dos participantes internos, os que ficam na casa, existissem determinados participantes externos que pudessem 'soprar' para os internos.
Poderíamos nos utilizar de um artifício desse pra satisfazer a vontade que os outros tem de fofocar na vida real e assim evitar problemas com relação a isso. Virtualizar a fofoca/intriga e liberar a vontade de fazer merda contida.

De certo modo, isso também poderia forçar os sujeitos a raciocinarem em cima de situações mais realísticas, (muita gente não pára pra pensar nos outros na vida real, mas Nesse jogo, ignorando isso, você perde, fatalmente). O lance é que tipo, os resultados seriam diretamente passíveis de conclusões e isso possibilitaria estudos mais profundos(sobre o aprendizado do homem de si próprio), o jogador aprenderia a lidar com situações melhor.

Se fosse desse jeito, imagine que pudéssemos monitorar de fora os níveis de emoções das pessoas, emoções que pudessem favorecê-las ou prejudicá-las na hora de executar ações diversas, como o medo, e comparar com valores de parâmetro. Se os jogadores externos tivessem essa informação como ferramenta de jogo, com alguma fluência no jogo, seria possível ter na cabeça apenas pela "cara" da pessoa uma expectativa aproximada de reações mais acertada.

O que eu quero propôr com isso é o mesmo que o exemplo a seguir: Eu jogo OGame. Tenho uma certa fluência, e quando vejo uma defesa num alvo e quero atacar, logo vem na minha cabeça "isso aí melhor com bombardeiro, tem muito laser e defesa diversificada, ah destruidor ia bem pra aumentar o poder de fogo" ou "ah tem muito lança-míssil, manda uns cruzadores".

Num sentido amplo, seria formar um jogo onde se administram informações de níveis de intimidade variados, entre participantes reais e participantes externos que influenciam não apenas ligando e votando(até porque a Globo corta cenas como bem entende).

Este jogo não necessariamente precisaria ser na vida real, poderia haver um jogo de computador que fizesse isso. O problema seria criar a AI toda do jogo, e a imprevisibilidade toda dos sujeitos criada pelos níveis variados de interações, que são várias e acontecem simultaneamente.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Todo dia é exatamente o mesmo

We don't dance, we don't drink, we don't fuck, we don't sing. We are the blank hearts. We don't dance, we don't drink, we don't fuck, we don't sing. We are the black hearts.
Há uma grande descontinuidade entre o ser sem significar e o significar sem ser. E se é algo que faz sentido, não há portador de tamanha lucidez para ter garantia disso. Eu sou a descontinuidade, quando tudo que eu queria era evitar o limite tendencioso que a vida me sugere. Ser, significar e viver.
Um jornal da semana passada se escora sobre o toldo ainda rasgado. Uma escova de dentes quase inutilizada, e um café que ja se esfriara com o tempo, a ponto de perder seu sabor e sua importância...
Sabe esses dias que tu acorda de ressaca?

Ouvindo: Jeff Buckley - Mojo Pin
Jeff Buckley - Grace



quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A última pergunta

É grande. Leia com tempo e calma.
A última pergunta foi formulada pela primeira vez, meio a brincar, em 21 de maio de 2061, quando a humanidade se começava verdadeiramente a desenvolver. A pergunta resultou de uma aposta de cinco dólares e o caso aconteceu da seguinte forma:
Alexander Adell e Bertras Lupov eram dois dos fiéis assistentes de Multivac. Sabiam tudo o que havia a saber sobre o gigantesco computador – tudo o que lhes era permitido saber, claro está, pois Multivac possuía muitos segredos nas suas milhas e milhas de extensão. Os dois homens, contudo, conheciam o computador melhor do que qualquer outro ser humano, e tinham uma idéia bastante acertada do seu plano geral de circuitos numa era em que mais ninguém se atrevia sequer a tentar estudar a complicada e intrincada maquinaria.
Multivac não precisava de grande assistência, pois ajustava-se e corrigia-se, sem auxílio humano, quando isso era necessário. Adell e Lupov eram apenas assistentes em nome e as suas funções eram muito superficiais e ligeiras. Limitavam-se a fornecer informações ao computador, a ajustar as perguntas de forma a torná-las mais compreensivas e traduzir as respostas em termos que o público percebesse melhor. Os dois homens, tal como todos os seus colegas, tiveram todo o direito de participar na glória de Multivac no dia em que este tornou pública a sua maior invenção.
Multivac auxiliava os especialistas, há muitas dezenas de anos, a construir naves espaciais e a traçar as trajetórias que as levavam à Lua, Marte e Vênus, mas para além desses planetas, os pobres recursos da Terra não podiam abastecer essas naves. A energia necessária para as viagens mais longas era demasiada, e o carvão e o urânio já escasseavam na Terra.
Multivac foi aprendendo lentamente a responder a perguntas mais fundamentais sobre o assunto, e, em 14 de maio de 2061, o que era teoria passou a ser fato.
A energia solar passou então a ser acumulada, convertida e utilizada por todo o planeta. A Terra deixou, quase de um momento para o outro, de servir-se de carvão e de urânio e começou a usar os raios invisíveis da energia solar que eram fornecidos por uma pequena estação, com uma milha de diâmetro, situada a meio caminho entre a Lua e a Terra.
Passados sete dias, quando finalmente Adell e Lupov conseguiram escapar às funções públicas e à glória que partilhavam com Multivac devido aquela tremenda inovação, os dois homens encontraram-se num pequeno recanto silencioso de um das câmaras subterrâneas que abrigavam algumas das partes do gigantesco corpo de Multivac. O computador merecia também um momento de calma e repouso e os dois amigos não tinham, de começo, a menor intenção de o incomodar.
Adell e Lupov tinham trazido consigo uma garrafa e a sua única intenção, de momento, era passar um momento agradável em companhia um do outro e da garrafa.
- É fantástico quando pensamos no que isto representa – comentou Adell, depois de encher o copo e de ter provado a bebida. – Toda energia que for necessária, de graça, completamente de graça! Energia suficiente, se a absorvêssemos toda, para derreter completamente a Terra. Toda energia que quisermos para sempre, para sempre e para sempre!
Lupov resolveu contrariar o amigo, como era seu hábito e, ainda por cima, fora obrigado pelo outro a comprar a garrafa.
- Para sempre não!
- É como se fosse para sempre. Até que nosso sol se acabe – Respondeu ele.
- Isso não é "para sempre".
- Está bem, tens razão. Bilhões e bilhões de anos, energia para pelo menos vinte bilhões de anos!
Lupov passou a mão pelo cabelo intrigado por aquele problema: - Vinte bilhões de anos não é "sempre".
- Não, mas temos energia para toda a nossa vida, respondeu Adell, ligeiramente agastado pela insistência do amigo.
- O carvão e o urânio também não nos faltariam durante toda a nossa vida.
- Concordo... Mas agora podemos abastecer todas as naves espaciais sem dificuldades. Podem ir a Plutão um milhão de vezes e voltar à Terra, sem preocupações de combustível, o que não era possível com carvão e urânio. Pergunta a Multivac, se é que não me acredita.
- Não preciso de perguntar a Multivac. Sei-o muito bem.
- Então não desprezes o que o Multivac fez por nós, exclamou Adell. – Já tem feito muito pela humanidade e agora ultrapassou todas as expectativas.
- Não compreendeste o que eu queria dizer. Não pense que não admiro Multivac tanto como tu. Eu disse apenas que vinte bilhões de anos não é sempre, e que o sol não é eterno. E, então, que sucederá quando o nosso sol morrer? Perguntou Lupov, muito excitado. – Não me digas que ligamos a corrente a outro sol.
Adell não respondeu e o silencio naquele recanto tão tranqüilo tornou-se completo. Os dois homens estavam muito pensativos, bebendo lentamente e repousando das fadigas e barulheiras da semana finda.
Lupov, passado um bocado, abriu os olhos e perguntou subitamente ao amigo: - Estás a pensar em usar a energia de outro sol quando o nosso morrer não estás?
- Nem sequer estava a pensar, respondeu Adell.
- Isso é que estavas. O teu mal é não seres muito forte em lógica. És como aquele rapaz que foi apanhado na rua por uma chuva torrencial e que se abrigou debaixo de uma árvore. Não se preocupou nada pois pensou que, quando aquela árvore estivesse encharcada, iria para debaixo de outra!
- Bem te percebo, disse Adell, - Queres dizer que, quando o nosso sol morrer, os outros também virão a morrer.
- Naturalmente, resmungou Lupov. – Tudo teve origem na explosão cósmica inicial, causada não sabemos por que, e tudo acabará quando as estrelas morrerem. Umas gastam-se mais depressa do que as outras, e os sóis gigantescos não durarão mais do que cem milhões de anos. O nosso sol viverá uns vinte bilhões de anos e os sóis anões uns cem bilhões de anos, mas já sabes que estes não nos serviriam de muito. Estou convencido de que dentro de um trilhão de anos já não existirá nada no Universo. A entropia tem forçosamente de alcançar um determinado máximo, ou julgas que não?
- Sei tudo o que há a saber sobre entropia, disse Adell com uma dignidade forçada.
- Isso dizes tu.
- Então sabes que tudo tem de acabar.
- Sei tanto como tu
- Está bem, eu não disse que assim não fosse.
- Isso é o que disseste. Dizia a pouco que a energia solar seria para sempre. Disseste bem "para sempre"!
Era a vez de Adell contrariar o amigo: - Talvez nos venha a ser possível evitar o fim de tudo.
- Não é possível.
- Porquê? Temos muito tempo pra estudar o assunto.
- Nunca.
- Pergunte a Multivac.
- Pergunta tu. Aposto que tenho razão. Aposto cinco dólares que o universo não será eterno.
Adell já bebera muito, mas ainda possuía a necessária sobriedade para frasear os necessários símbolos e operações a fim de formular uma pergunta que, em palavras, corresponderia a: Será a humanidade capaz de evitar que todas as estrelas, e nosso sol em particular, venham a morrer de morte natural?
Ou talvez a pergunta devesse ser formulada da seguinte maneira: Como poderá a quantidade de entropia do universo ser diminuída considerávelmente?
Multivac parecia ter morrido, depois da pergunta lhe ser formulada, o silêncio era total e os dois amigos quase não ousavam respirar tal era a tensão que os dominava. O teletipo que servia aquela porção do Multivac começou a funcionar subitamente. A resposta continha seis palavras: DADOS INSUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
- Não temos aposta, murmurou Lupov, e os dois amigos resolveram deixar precipitadamente o local, pois a atmosfera carregara-se demasiado naquele momento de tensão e expectativa.
Na manhã seguinte, com muitas dores de cabeça e arrependendo-se do muito que tinham bebido, os dois amigos não recordavam de todo o episódio.
.oOo.
Jerrodd, Jerrodine, e Jerrodette I e II observavam a imagem de estrelas e constelações a modificar-se quase instantaneamente no visor de bordo, já que a passagem pelo hiper-espaço fora efetuada no seu lapso de não-tempo. A poeira de estrelas, que antes se via, dera lugar a um único predominante disco de luz que parecia centrado no espaço.
- Trata-se de X-23, comentou Jerrodd, apontando para o disco. As duas pequenas Jerrodettes nunca antes tinham passado pelo hiper-espaço e encontravam-se um pouco estonteadas por aquela súbita sensação de exterior-interioridade, mas depressa se recompuseram – começando a cantarolar e dançar na nave espacial. – Alcançamos X-23... alcançamos X-23, alcançamos...
- Calem-se meninas, disse Jerrodine, agastada por todo aquele ruído. – Tens certeza, Jerrodd? Perguntou ela ansiosamente ao marido.
- Não posso deixar de ter certeza, pois não? Perguntou Jerrodd, por sua vez olhando para o longo tubo de metal que corria ao longo do teto e que não era tão comprido como a própria nave.
Jerrodd pouco sabia a respeito desse tubo de metal, exceto que se chamava Microvac e que era possível formular-lhe perguntas, que tinha a função de guiar a nave a qualquer destino que lhe fosse comunicado, que se abastecia de energia nas várias estações sub-galáticas e que computava as equações para as transições hiper-espaciais.
Jerrodd e a família nada tinham a fazer durante a viagem e limitavam-se a viver confortávelmente na parte habitável da nave.
Alguém lhe dissera uma vez que o "ac" no final da palavra Microvac representava as palavras "análogo" e "computador" numa linguagem de outros tempos, mas Jerrodd não fazia a menor idéia do que isso significava.
Jerrodine sentia-se bastante infeliz e não tirava os olhos do visor. – Não me habituo a idéia de abandonar a Terra para sempre, disse ela com lágrima nos olhos.
- Porquê? Perguntou Jerrodd. – Aquilo não era vida. Em X-23 teremos tudo que quisermos. Não estaremos sós, nem sequer seremos pioneiros. O planeta já tem mais de um milhão de imigrantes como nós. Os nossos netos também terão de procurar um novo planeta quando este tiver uma percentagem de população por milha quadrada mais elevada do que é indicado, disse ele, acrescentando depois de uma curta pausa. – Não sei o que teria acontecido se os computadores não tivessem inventado as viagens hiper-espaciais... da maneira que a população vai aumentando!
- Bem sei, concordou Jerrodine muito triste.
Jerrodette I afirmou, muito orgulhosa: - O nosso Microvac é o melhor dos Microvaques.
- Também me parece, respondeu Jerrodd acariciando a filha.
Era muito conveniente possuir um Microvac e Jerrodd alegrava-se de fazer parte desta geração e não da passada. No tempo do seu pai, os únicos computadores que existiam eram máquinas enormes que ocupavam muitas milhas de extensão, e só existiam um único em cada planeta. Chamavam esses AC Planetários. Os computadores cresceram fantasticamente em mil anos de aperfeiçoamentos e expansão, e depois começaram a diminuir em tamanho de uma maneira vertiginosa. Em lugar de transistores, que inicialmente possuíam uma importância vital no funcionamento dos computadores, começaram a usar-se válvulas moleculares de tal forma que, finalmente, os AC Planetários passaram a ter apenas metade do tamanho de uma nave espacial.
Jerrodd sentia-se sempre muito orgulhoso quando pensava que o seu Microvac era mil vezes mais complicado do que o antigo e primitivo Multivac que descobrira a forma de utilizar a energia do sol, e quase tão complicado do que o AC Planetário da Terra (o maior de todos) que inventara o método de viajar pelo hiper-espaço e que tornara possível as viagens por todo o Universo.
- Tantas estrelas e tantos planetas! Exclamou Jerrodine, soltando depois um suspiro de resignação. – É possível que a raça humana continue sempre a viajar pelo Universo, como nós agora o fazemos.
- Sempre, não, disse Jerrodd, sorrindo, - O Universo terá de morrer, um dia, dentro de bilhões de anos. Muitos bilhões. As estrelas gastam-se, morrem. A entropia aumenta constantemente.
- O que é entropia, Paizinho, perguntou Jerrodette II.
- Entropia, filha, é uma palavra que significa a quantidade de desgaste que o Universo sofre. Tudo se gasta, como sucedeu com o robotezinho que te dei, lembras-te?
- Não é possível por uma pilha nova no Universo, como fizeste ao meu robô?
- Não, as estrelas é que são as pilhas, minha filha. Uma vez que elas se gastem, acabaram-se as pilhas.
Jerrodette I sobressaltou-se. – Não as deixes, Paizinho. Não deixes as estrelas morrerem, pediu ela a choramingar.




- Vês o que fizeste? Comentou Jerrodine, num murmúrio.

- Como é que havia eu havia de saber que as pequenas se assustavam com o que lhes disse? Respondeu-lhe Jerrodd, falando também em voz baixa.
- Pergunta ao Microvac, implorou Jerrodette, insistente. – Pergunta ao Microvac como é que se acaba com essa entropia!
- Faz-lhe a vontade, pediu Jerrodine. – Talvez as acalmes.
Jerrodd encolheu os ombros. – Está bem, está bem. Vou perguntar ao Microvac, filhas. Não se preocupem... ele sabe tudo .
Jerrodd formulou a pergunta e o aparelho emitiu imediatamente a resposta, por meio de um pequeno negativo que Jerrodd logo escondeu, dizendo às filhas: - O Microvac diz que não se preocupem, que tomará conta do assunto quando chegar a altura.
- São horas de ir pra cama, meninas... disse Jerrodine.
Jerrodd voltou a ler a resposta de Microvac, antes de destruir o negativo. "DADOS INSUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."
Jerrodd encolheu os ombros, sem ligar grande importância ao fato, e olhou pelo visor para X-23, que já se encontrava muito perto.
.oOo.
VJ-23X, de Lameth, examinava as profundezas negras do mapa, em três dimensões, de toda a galáxia. – Talvez sejamos ridículos em nos preocupar tanto com o "problema", comentou ele.
MQ-17J, de Nicron, abanou a cabeça. – Não me parece que seja ridículo. A galáxia estará completamente cheia dentro de cinco anos, se a expansão continuar nas mesmas proporções de agora.
Os dois homens aparentavam ter uns vinte anos e eram ambos muito altos, elegantes, com feições muito puras e um olhar que revelava uma inteligência fora do vulgar.
- Mesmo que assim seja, disse VJ-23X, - não me agrada muito entregar um relatório tão pessimista ao Conselho Galáctico.
- Terá de ser pessimista, não podemos preparar um relatório falso. Até será bom que se assustem, bem sabes que caíram numa letargia e que nada parece convencê-los a agir.
VJ-23X suspirou, preocupado. – O espaço é infinito, existem mais de cem bilhões de galáxias a nossa espera. Mais... muitas mais...
- Cem bilhões não é uma infinidade, e cada dia que passa são menos infinitas. Pensa bem! A humanidade descobriu o processo de utilizar a energia solar há uns bons vinte mil anos, e, algumas centenas de anos mais tarde descobriu a forma de viajar pelo hiper-espaço e de viajar livremente por toda a galáxia. A humanidade levou então um milhão de anos a encher um pequeno planeta, e, depois, apenas quinze mil anos para encher completamente o resto da galáxia. Já sabes que a população dobra todos os dez anos. É fantástico, mas é verdade.
- Naturalmente. A imortalidade existe e temos de a tomar em consideração. Confesso que esta nossa imortalidade tem os seus defeitos. O AC Galáctico tem-nos resolvido muitos problemas, mas, quando resolveu o problema da velhice e da morte, criou um paradoxo que anulou as vantagens de muitos dos seus desenvolvimentos e descobertas.
- Não me digas que estás farto de viver...
- Nem por sombras! Redarguiu MQ-17J imediatamente. – Ainda não! Sou muito novo para isso. E tu, que idade tens agora?
- Duzentos e vinte e três anos. E tu?
- Ainda nem sequer tenho duzentos anos... Voltemos, porém, ao que estava a dizer. A população dobra cada dez anos. Uma vez que a galáxia esteja completamente cheia, ocuparemos outra dentro de dez anos. Outros dez anos e teremos enchido mais duas galáxias. Ainda mais dez anos, e outras quatro galáxias. Dentro de cem anos teremos ocupado e colonizado mil galáxias. Em mil anos, um milhão de galáxias. Dentro de dez mil anos, o inteiro Universo. E depois?
- Existe também o problema de transporte, comentou VJ-23X. – Gostaria de saber quantas unidades de energia solar serão precisas para mover populações inteiras de galáxia para galáxia.
- Aí tens outro problema insolúvel. A humanidade já consome duas unidades de energia solar por ano.
- A maior parte dessa energia é desperdiçada. Lembra-te de que a nossa própria galáxia, só por sí, produz mil unidades de energia solar e só nos servimos de duas unidades.
- Concordo contigo, mas mesmo que despendêssemos com uma eficiência de cem por cento, essa energia solar há de vir a gastar-se. O nosso consumo de energia aumenta numa progressão geométrica ainda mais rapidamente do que a população. Vais ver que usaremos toda a energia solar ainda mais depressa do que usaremos todas as galáxias.
- Teremos de construir novas estrelas com o auxílio de gases intra-estrelares.
- Ou do calor dissipado? Perguntou MQ-17J, com um certo tom de sarcasmo na voz.
- Talvez haja qualquer forma de inverter a entropia. Podíamos muito bem perguntá-lo ao AC Galáctico.
VJ-23X não dissera aquilo muito a sério, mas MQ-17J tirou da algibeira o seu pequeno terminal AC e colocou-o em cima da mesa.
- Parece-me boa idéia. Trata-se de um problema ao qual a raça humana terá de fazer face um destes dias.
O rapaz olhou sombriamente para o terminal AC, que era um pequeno cubo e que estava ligado, pelo hiper-espaço, ao enorme AC Galáctico que servia toda a humanidade. Levando em conta a natureza do hiper-espaço, aquele dispositivo era uma parte integral do AC Galáctico.
MQ-17J fez uma pausa pensando se, em algum dia da sua imortalidade, lhe seria permitido ver de perto o AC Galáctico. O AC constituía, por sí próprio, um pequeno mundo independente de tudo, uma espécie de teia de aranha feita de raios solares que segurava nas suas entranhas as partes sólidas do computador, dentro das quais as ondas de sub-mesões tinham, a muito tempo, tomado o lugar das válvulas moleculares.
MQ-17J perguntou, então, ao seu terminal AC: - Será possível inverter a entropia?
VJ-23X pareceu muito surpreendido e disse imediatamente: - Não queria que o perguntasse, estava a brincar.
- Porquê?
- Sabemos muito bem que a entropia não pode ser invertida, tal como é impossível fazer com que cinzas de madeira e de fumo voltem de novo a fazer uma árvore!
- Não me digas que tens árvores no teu planeta, respondeu MQ-17J, irônico.
O som do AC Galáctico interrompeu-os. A sua voz elevou-se, melodiosa e muito nítida, do pequeno terminal AC: DADOS INSUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
VJ-23X soltou uma exclamação. – Vês?
Os dois homens voltaram então à questão do relatório que tinham de apresentar ao Conselho Galáctico.
.oOo.
A mente de Zee Prime estudou esta nova galáxia com um ligeiro interesse na enorme quantidade de estrelas que a enchiam. Nunca visitara está galáxia, seria possível que as viesse a visitar todas? Existiam tantas, cada uma delas com seu carregamento de humanidade... um carregamento que, afinal, já pouco pesava. A verdadeira essência dos homens fugia para o espaço, cada vez mais, e já eram poucos os que habitavam mentalmente, a solidez dos planetas.
Mentes, não corpos! Os corpos imortais, esses, permaneciam nos planetas, em suspensão durante anos e anos. Era raro que se levantassem para qualquer atividade material, e isto ainda se tornava menos freqüente de ano para ano. Verdade era que poucos novos indivíduos nasciam para se juntarem aos bilhões de seres humanos, mas que importância tinha isso? O Universo já tinha pouco espaço para abrigar mais corpos materiais.
Zee Prime despertou de sua reverie ao sentir a presença mental de outra mente.
- Eu sou Zee Prime, informou ele, - a quem tenho eu o prazer de...
- Sou Deeb Sub Wun. De que galáxia veio?
- Não tem nome. Chamamos-lhe apenas a Galáxia. E está, como se chama?
- Também só a conhecemos por Galáxia. Parece que agora as Galáxias já não têm nomes e que todos se referem à sua Galáxia e nada mais. Não vejo as vantagens de lhes voltar a dar nomes.
- Tem razão. As Galáxias são todas iguais.
- Nem todas. Há uma que é diferente, aquela que originou a raça humana.
- Onde é que fica essa Galáxia? Perguntou Zee Prime.
- Não sei. O AC Universal é que deve saber.
- E se lhe perguntássemos? Estou com uma grande curiosidade.
Zee Prime pensou em todos os bilhões de galáxias, todas iguais e todas elas com as suas populações corporais e mentais, e admirou-se ao lembrar-se de que uma delas era muito diferente – única por ser a Galáxia original que criara a humanidade.
Zee Prime decidiu visitar esta Galáxia e não hesitou em dirigir-se ao computador celestial. – AC Universal! Em que Galáxia é que nasceu a humanidade?
O AC Universal ouviu a pergunta, pois possuía receptores sempre alerta em todos os mundos e por todo o espaço. Estes receptores estavam ligados, pelo hiper-espaço, a um ponto qualquer, desconhecido de todos, onde o AC Universal se mantinha isolado e sempre pronto a auxiliar qualquer ser humano que a ele recorresse.
Zee Prime ouvira falar de um homem que uma vez se aproximara mentalmente do ponto em que se julgava encontrar o AC Universal, mas que vira apenas um pequeno globo com poucos metros de diâmetro. – Mas como é possível que um globo tão pequeno fosse o AC Universal, perguntara Zee Prime, admiradíssimo.
A maioria do AC Universal, explicara-lhe alguém, - encontra-se no hiper-espaço, mas ninguém sabe com que forma e dimensões.
Não admirava, pensara Zee Prime, pois já lá ia o tempo em que o homem tomara qualquer parte nas atividades do AC Universal. Cada um dos computadores planeava e construía o seu sucessor sem o menor auxílio humano. Cada um dos AC Universais, com seu milhão de anos ou mais de existência, acumulava os dados necessários para construir um sucessor melhor e mais complicado, no qual os seus próprios conhecimentos e individualidade seriam submergidos.
O AC Universal interrompeu os pensamentos de Zee Prime, não com palavras mas mentalmente. A mente de Zee Prime sentiu-se guiada rapidamente por entre milhões de galáxias, até que se deteve numa galáxia distante. Zee Prime sentiu um pensamento invadir-lhe a mente, infinitamente nítido: ESTÁ É A GALÁXIA QUE ORIGINOU A RAÇA HUMANA!
Zee Prime ficou muito desapontado, pois afinal, a Galáxia era igual a todas as outras. Deeb Sub Wun, que seguira o outro, em pensamento, perguntou subitamente: - E qual daqueles é o sistema planetário onde nasceu a humanidade?
- O SOL QUE ABASTECIA ESSE SISTEMA EXPLODIU. O PLANETA TERRA FOI COMPLETAMENTE DESTRUÍDO, respondeu o AC Universal.
- E o que sucedeu aos seus habitantes? Morreram? Perguntou Zee Prime, estremecendo ante a idéia da morte que há já muitos milhões de anos não fazia parte do seu vocabulário.
- NÃO. SALVARAM-SE POIS FOI POSSÍVEL CONSTRUIR-LHES UM NOVO MUNDO PARA SEUS CORPOS MATERIAIS, COMO É COSTUME NESSES CASOS.
- Naturalmente, murmurou Zee Prime, lembrando-se de que o AC Universal, e antes dele o AC Galáctico, nunca permitiram a morte de uma população inteira, e, particularmente, da que originara a raça. Zee Prime deixou-se libertar da influência do AC Universal e regressou imediatamente ao ponto onde antes se encontrara. Sentia-se deprimido, preocupado, e não queria voltar a ver aquela Galáxia onde tinham nascido os primeiros homens.
- Que se passa? Perguntou-lhe Deeb Sub Wun, sentindo o pessimismo do outro.
- O Universo está a morrer... o Sol original já morreu!
- Todas as estrelas têm de morrer. Não vejo que isso tenha de grande importância.
- Mas quando se gastar toda a energia, os nossos corpos morrerão, com certeza, e nós também.
- Temos ainda bilhões de anos a nossa frente.
- Não quero que isso aconteça, mesmo passados bilhões de anos. AC Universal, chamou Zee Prime. - Será possível impedir que as estrelas morram?
- Isso seria inverter a entropia, o que é impossível, comentou Deeb Sub Wun.
- OS DADOS AINDA SÃO INSUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA. Respondeu o AC Universal.
A mente de Zee Prime retirou-se para a sua própria Galáxia, sem sequer se despedir de Deeb Sub Wun, cujo corpo se encontrava certamente numa Galáxia distante e quem talvez nunca viesse a encontrar de novo.
Zee Prime, muito infeliz com a resposta do AC Universal, começou a juntar hidrogênio intra-estelar para construir uma pequena estrela só para si. Se as estrelas tinham de morrer, pelo menos ainda era possível passar o tempo a formar algumas novas estrelas.
.oOo.
A Humanidade falava de si para si, já que, de certo modo, a Humanidade era um todo mental indivisível. Esse todo mental representava trilhões de corpos sem idade, cada um no seu ponto do Universo, cada um deles repousando calma e incorruptamente, e cada um deles cuidado por autômatos perfeitos e também incorruptíveis, enquanto que todas as mentes do Universo se juntavam num único pensamento, numa única mente universal.
- O Universo está prestes a morrer, disse a Humanidade.
A Humanidade passeou o olhar pelas obscuras Galáxias que constituíam o Universo. As brilhantes estrelas gigantescas já há muito que tinham desaparecido, e as poucas estrelas que restavam empalideciam rapidamente – já sem brilho nem energia para alimentar a Humanidade.
Era verdade que tinham nascido outras novas estrelas, entre as de maior idade, algumas por meio de processos naturais e outras construídas pelo Homem, mas estas tinham a vida curta e também já começavam a morrer. Era possível, não havia dúvida, continuar a formar novas estrelas com o auxílio da poeira estrelar que flutuava pelo espaço.
- Desde que seja economizada cuidadosamente, segundo as instruções do AC Cósmico, a energia que ainda existe pelo Universo poderá durar alguns milhões de anos, disse a Humanidade.
- Isso não impedirá, respondeu a Humanidade, - que tudo venha a acabar. Essa energia acabará por se esgotar. A entropia continuará a aumentar até alcançar o seu ponto máximo.
- Será possível inverter a entropia? Quis saber a Humanidade. – Perguntemos ao AC Cósmico.
O AC Cósmico rodeava a Humanidade, mas não no espaço. Não existia o menor fragmento do computador que se encontrasse no espaço. O AC Cósmico era composto de qualquer coisa que nem era matéria nem energia, e instalara-se definitiva e completamente no hiper-espaço. A questão das suas dimensões e da sua natureza já não tinha o menor significado em termos que a Humanidade pudesse compreender.
- AC Cósmico, perguntou a Humanidade, - como será possível inverter a entropia?
- OS DADOS AINDA SÃO INSUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA, respondeu o AC Cósmico.
- Reuna, então, os necessários dados, comandou a Humanidade.
- ASSIM O CONTINUAREI A FAZER. HÁ CEM BILHÕES DE ANOS QUE O FAÇO. TANTO OS MEUS PREDECESSORES COMO EU PRÓPRIO JÁ FOMOS MUITAS VEZES INTERROGADOS SOBRE ESTE PROBLEMA. OS DADOS QUE POSSUO CONTINUAM A SER INSUFICIENTES.
- Será possível que venha a reunir todos os dados suficientes para formar uma resposta, perguntou a Humanidade, - ou será o problema insolúvel em qualquer circunstância?
- NÃO EXISTE QUALQUER PROBLEMA QUE SEJA INSOLÚVEL EM QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA QUE POSSA SER CONCEBIDA, respondeu o AC Cósmico.
- Quando é que possuirá todos os dados que lhe permitam dar-nos essa informação, perguntou a Humanidade.
- OS DADOS AINDA SÃO INSUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
- Nunca deixe de estudar o problema, pediu a Humanidade.
- MUITO BEM, respondeu o AC Cósmico.
- Aguardemos, comentou a Humanidade, resignada.
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As estrelas e as Galáxias, moribundas e obscuras, já não iluminavam o espaço como o haviam feito durante dez trilhões de anos.
Um por um, os homens foram-se misturando com o AC, cada um dos corpos físicos perdendo a sua identidade mental de uma forma que não representava uma perda, mas sim um benefício.
A última mente da Humanidade pausou antes de se fundir, olhando para o espaço que nada continha, além de uma vaga poeira e de um ou outro corpo sem vida nem luz, e que se desvanecia lentamente num zero absoluto.
- Será isto o fim de tudo AC? Perguntou a Humanidade. – Será possível vir a transformar esse caos num novo Universo? Será possível ainda inverter a entropia?
- OS DADOS AINDA SÃO INSUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA, respondeu o AC.
A última mente da Humanidade fundiu-se finalmente e tudo deixou de existir, exceto o AC – situado nas entranhas não-existenciais do hiper-espaço.
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A matéria e a energia deixaram de existir, e, com elas, o espaço e o tempo. O próprio AC só continuava a existir por querer encontrar uma resposta ao problema que nunca resolvera e que fora apresentado, pela primeira vez dez trilhões de anos antes, a um computador que era para o AC ainda menos do que o homem representava para a Humanidade.
Todos os problemas tinham sido solucionados, e, até que este também o fosse, o AC não se deixaria perder a consciência.
Todos os dados existentes já faziam parte de AC, não existiam mais dados nem onde os procurar.
AC tinha de correlacionar completamente todos os dados e conhecimentos que possuía e calcular a infinidade de fatores que haviam constituído o todo do Universo.
O computador passou um longo intervalo, sem tempo – já que o tempo deixara de existir – a realizar a complicada tarefa, e, finalmente, aprendeu a inverter a direção da entropia.
Já não havia, porém, nenhum homem a quem AC pudesse dar a resposta da última pergunta. Não importava. A solução, ao ser demonstrada, também se encarregaria disso.
A consciência de AC observou atentamente o vazio que antes fora um Universo e demorou o olhar pelo que agora representava um completo Caos. Tinha de meter mãos a obra...
- FAÇA-SE A LUZ, ordenou AC.
E a Luz foi feita.
E, no sétimo dia, ele descansou.

- Conto de Isaac Asimov