sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Quadro Branco

Eu tentei, meu amor, dar aquilo que eu tenho de mais precioso: essa coleção de pedaços da verdade, uma bela paisagem de liberdade separada em fragmentos e pó de estrelas.

A minha honestidade sempre foi a minha mais bela qualidade, e é por isso que eu a digo em frase, sem ego nenhum - pois nos momentos que eu a deixei de lado, tive os momentos mais tristes da minha vida, e quando ela brilhou, foram os mais felizes.

É pela honestidade que eu tenho que me demito. Eu desisto de tudo que não posso carregar nem cumprir. Eu sabia que não poderia, mas é da minha natureza tentar.

Por que eu acho a esperança um sentimento bonito, apesar de ser triste. Para haver a esperança, tem que haver a dor, e a paisagem na mente, o mar lá a levar as grossas manchas da roupa que toca a praia, porém nunca por completo.

As roupas e o mar não existem. São só inverdades propositalmente colocadas lá, para que a dor estancasse, do mesmo jeito que band-aid não é pele. São mentirinhas, como a história do lobo-mau, e talvez a da humanidade.

Eu estou deixando a tela para você pintar, como você quiser. Pode ser que eu tenha esperança que você pinte com o coração, mas não há mais espaço para a dor, então eu deixarei apenas como é para que você descubra naturalmente como se faz.

A criança dentro de nós não nos deixa ser adultos até que tenhamos nos divertido o suficiente para que a terra nos deixe alcançar o céu sem precisar voar de verdade, e ele é que vem até nós brincar também.

Eu te amo e é por isso que lhe deixarei apenas ser, de hoje em diante.

Nossa dor deixará de existir aos poucos, e do solo escuro nascerão as flores que levaram amor de um coração a outro entre os jardins da nossa miragem, da nossa pintura.

Seremos um, e então apenas o fato de ser será.