segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Em busca da mentirosa posse de verdade

Schopenhauer fala em "Art of Controversy" que o homem conversa em consonância, atê que encontra um ponto em que discorda do outro. E nisso, naturalmente assume que o outro está errado, independente de uma racionalidade subjacente ao fato.

Da incapacidade humana de controlar o ímpeto próprio de assumir que o outro está errado ao invés de rever a própria teoria a partir daquilo que foi proposto pelo outro em busca de inconsistências, inúmeros debates são entravados com o intuito único de provar que o outro está errado. Deixa-se de lado completamente qualquer compromisso com a verdade, ou ao menos a construção de uma opinião mais elaborada e madura.

Não que toda conversa tenha de ser assim, uma palestra. Eu sei também que a Verdade é um sonho impossível, ou um "cobertor muito curto, que se você pode puxar para cobrir o rosto, destapa os pés".

O que incomoda são as contradições óbvias que destroem a lógica antes do debate de fato começar, e a posterior reivindicação de uma lógica para o discurso - que já antes de começar foi impossibilitada. Seja por alguma falácia inadvertida, algum ataque sofista, alguma erística ou babaquice mesmo (ataque pessoal).

Pra quê, me digam, todo esse esforço lógico se não há compromisso algum com racionalidade - senão aquela que vai fazê-lo parecer correto?

O campo ideológico de debate se torna um mero campo de batalha, e, as palavras, armas. Temos uma disputa territorial instaurada.

O mundo, desse ponto de vista, parece ao primeiro olhar, apenas um zoológico de humanóides - as grades são sistemas de crenças. Mas são as regras que fazem o jogo, são as limitações que fazem a forma.

Não sei o que seria do homem sem suas contradições.