sexta-feira, 29 de março de 2013

Bulletproof


Não é irônico que as feridas invisíveis aos olhos sangrem por eles?

A música é o contrário da matemática. Matemática é linguagem sem significância.

Se eu tenho (x - y)² = (x + y)(x - y). Tanto faz quem é y ou x. Digamos que x seja 2 e y seja 3 - dois, três o quê? Dois, três quilos de queijo? Não importa o que seja, sempre é.

Não na música. Lá só o que importa é o que realmente é. Música é significância sem linguagem.

Todas as músicas que eu escrevo faziam um sentido quando eu escrevi, hoje fazem outro, amanhã farão outro, e a cada dia eu descubro novos significados para elas. E todos eles são o mais profundamente verdadeiros que qualquer exatidão matemática.

Por que somos todos apenas humanos: nós falhamos, e está tudo bem - assim como a matemática na fronteira do paradigma ou da interpretação.

E aí, a música é a única coisa que realmente cura a dor, que nada mais é do que o vazio, seja ele deixado em uma ferida pela falta da carne, seja ele deixado entre as palavras tortas pela falta de significado.

Nós seremos um para sempre, mas lembre-se de ter cuidado com o que fazem.

Por que nenhum de nós é à prova de bala.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Neo, enfim, morre

Neo morreu.
Os agentes os encurralaram num corredor e correndo para a salvação em um telefone, ele arromba uma porta. E nela, Smith o esperava com a pistola apontada para o coração.

Smith atira uma vez. Neo sangra. E surge o segundo, o terceiro, o quarto tiro, quantos mais forem necessários para garantir a morte.

Mas o escolhido é aquele que tem o poder de fazer o que quiser. E então o beijo de amor verdadeiro acorda a vida que sempre houve dentro dele.

Neo não morreu. Mr. Anderson morreu. O falso eu, cheio de dúvidas, descrenças, inseguranças, medos, morre.

Agora sim, Neo, de fato, vive.