domingo, 10 de janeiro de 2010

Ódio.

Qual é a graça de me ver caindo aos pedaços?
Você devia me apoiar nas minhas escolhas, fazer de mim alguém melhor. completo. Mas a sua diversão é me minimizar, me torturar com aquilo que eu não quero ver. Aquilo que nem a realidade, na maioria das vezes, é capaz de sintetizar com tamanha maleficência.
Eu repito a pergunta, olhando em seus olhos: Qual é a graça de me ver caindo aos pedaços?
E é óbvio que eu desmorono, eu choro por dentro. Não só pela dor que me fazes sentir, mas o mais duro é ter sempre o dever de me impor, e te mostrar quem tem o poder de verdade. Não é nem um pouco fácil conviver com tamanha demonosidade, ter que me esquivar de suas investidas maquiavélicas dia e noite. Ter que aceitar presença tão desagradável a me confundir, me torturar. Te ver sempre a se encostar no canto, com um sorriso bem frio e entreaberto, mas que inegavelmente transparece uma gargalhada sombria e interrupta, da qual a única platéia e única vítima sou eu. E esse trabalho fazes muito bem: me vitimizar.
És juri.
És juiz.
És executor.
Sou um coelho no seu farol a tremer, pedindo arrego em nome de jesus.
Até que o vidro se quebra. E de algum lugar, alguma fonte inesperada tiro forças para sobrepujar-te. E te apedrejo e te espanco até que fujas. Não foges em vergonha, mas a rir como uma criança demente, cujo único sentimento é a satisfação que há cada vez que tentas acabar com a minha paz.
Mas não, eu não triunfo sobre o mal como se fosse um ato heróico. É só mais um ato de rebeldia que se desgasta por ter que repetir-se a cada minuto. Nada mais que uma rotina indigesta.
É aí que eu lembro que essa arma aí na sua mão, nem está na sua mão de verdade. Ela está na minha mão. Eu luto o que for preciso, eu passo pelo inimaginável. Mas eu não descanso, eu não me entrego, porque eu sei que no final quem vai estar de mãos abertas é você. Você precisa de mim, e eu não.
Se eu tivesse um câncer, ele teria seu nome.