terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ranso político

Político nesse país é ladrão e ponto. Eu fui criado assim. Ninguém presta.

Não pode entrar retardado nenhum na política que já se olha torto, qualquer que seja. Todo mundo tem rabo preso, todo mundo tem pica apontada pra si. Se eu surgir na política do nada agora, sou corrupto. Ou burro.

Como é que se quebra a barreira?

Todo mundo é corrupto, todo mundo é burro, todo mundo é desinformado. Tanto o político quanto o povo que elegeu ele. O sistema é retroalimentado uma vez que o político não investe na educação e o povo deseducado o reelege.

Como é que mudamos isso?

Se um grupo de intelectuais tenta informar melhor ao povo, é considerado parcial, partidário, corrupto também, liberdade de expressão é coisa de idiota. O controlado acha que a verdade que lhe foi apresentada é única, não se questiona nunca, e arranja infinitas maneiras de embargar a conjecturação sobre isso. Todos é que estão errados. Vivo no meu mundo, e ele está bom.

Como é que se tira essa ilusão da massa?

Em Independence Day, precisou aparecer uma raça de aliens absurdamente mortal. O planeta se uniu num instantinho só. É o clássico elemento externo realizando trabalho no sistema termodinâmico: a energia flui de maneira organizada pelas partículas.

domingo, 3 de outubro de 2010

Ao brilhante japinha

Vou começar dizendo que cada vez mais me identifico com seus textos e o seu raciocínio construtivo. Acho lindo deixar o pensamento chegar a um nível de abastração que nos permita filosofar sobre tais questões, principalmente sobre o homem-macaco começando a caminhar, matar animais, criar ferramentas, plantar e socializar. Não acho que faltou argumento, faltou didática, o que pra mim não foi um grande problema.

Bom, eu posso lhe afirmar que não deixamos de "ser" quando morremos. Alias, eu não, mas o mano Lavoisier pode. Eu não conhecia o Hume e peço que você me mande algo dele pra ler, o cara parece ser gente fina. É claro, eu nunca morri pra saber o que acontece, mas se somos uma reação química ambulante (uma não, mas infinitas), a nossa consciência fica apenas para os livros, músicas, momentos que produzimos e criamos no decorrer da vida, mas o que somos nunca deixa de "ser". Fala tu, Lavoisier.

A questão do semicíclo é complexa, mas se você olhar bem, vai perceber que não se tratam de semicíclos, mas sim de uma pata de elefante.
Sacanagens à parte, sabemos que pi não é 2. Mas é óbvio, nós inventamos o pi, como vamos desinventa-lo agora? Pi não é dois, mas eu acredito que o perímetro seria definido por uma série matemática, com um valor aproximado descrito em termos de Pn, sendo n um numero real qualquer. Eu sei que ninguém gosta de aproximações, mas as grandezas mensuráveis que o homem inventou, todas elas são pra generalizar aproximações de forma que a natureza possa ser manipulada ao nosso favor. Me desculpem os matemáticos que acreditam nisso, mas a matemática, ao contrário do que se diz, não é uma ciência exata. A matemática é apenas uma série de ferramentas usadas para aproximar o real do prático, do mensurável. mas nada é totalmente mensurável, porque o mundo não é exato.
Tente cortar, por exemplo, qualquer merda que seja. Tá bom, uma placa de alumínio. Você pode cortá-la usando algum método qualquer que seja, mas ao fazer uma análise microscópica você percebe as ranhuras, oscilações e irregularidades no material. Apesar de citar o alumínio, tudo no mundo é assim. As coisas só são mensuráveis até onde elas nos são utéis, porque nada é o que teoricamente é. A nossa exatidão não passa de uma aproximação, de uma aproximação, de uma aproximação.
Se você for pensar assim, vai ver que a "perfeição" que Deus criou é uma historinha bonitinha, que as crianças ficam cuzolinho cheio d'água quando ouvem. O mundo não é perfeito porque a perfeição é aproximada, em cima de conceitos que engolimos desde que nascemos.
Agora um exercício: observem um quadro do pintor Salvador Dalí. Eu sugiro A Persistência da Memória (usem a porra do google pra isso). O que você vê? Um mundo totalmente escaralhado. Agora imaginem que nós vivemos nesse mundo, e que nossos pais, os pais deles, e que a humanidade sempre viveu e teve sua criação concebida neste mundo, de Dalí. Então, aos nossos olhos, o mundo seria perfeito ou escaralhado? Aí entra a Teoria do Escaralhilson, que diz que tudo é uma soma de fatores randômicos, com resultados randômicos em cadeia. Eu sei que isso desmitifica o sentido da vida, mas será que a vida sequer tem algum valor? Aperta as setinhas, quadrado, x, bola e triângulo que o boneco solta um poder irado, tu vai ver.
A perfeição não existe, porque ela é um conceito, uma aproximação que nós criamos pra definir o universo que conhecemos, que o ser "perfeito" criou. A perfeição não existe.

Chuang Tzu, o cachorro chinês, nada mais é que o avesso da persona Gregor Samsa, usada por Kafka. A diferença é que Gregor via o mundo pelos olhos de uma barata, por se sentir uma barata também. Eu particularmente prefiro uma barata, não por gostar do bixo, mas porque sofro de motefobia, e se eu achasse que era uma borboleta, provavelmente entraria em pânico e morreria por asfixia. Mas enfim...

Sobre matéria, existência, realidade... que porra foi essa? Niilismo? Conceitos de magia? Agora me pergunto se você tá indo longe demais ou eu tô indo longe de menos. Mas suas argumentações são vitais, fiquei feliz ao saber que você se questiona sobre isso.

Agora vem a questão do "implantar um pensamento". Não sei bem o que você quis dizer sobre isso, mas me lembrou A Origem (Di Caprio entrando nos sonhos, implantando ou roubando pensamentos e pans). A breviedade que define a ação de um padrão de PNL, ou qualquer outro método vai de menos a mais infinito, depende do que tá acontecendo, e da referência. Isso é de uma complexidade tão grande que Fourier perderia a vida inteira implementando dados convenientes a essa serie, e nem tempo de calcular um coeficiente sequer ele teria. Afinal, o Caos não se avalia, apenas se aceita. Teoria do caos, das cordas, dos caralhos, geometria fractal... vamo ver onde isso vai dar...
Se o universo é uma série de mentes se sobrepondo, me lembro do final de MiB, o universo que conhecemos se revelando algo dentro de algo e por aí vai. mas se o universo expande, podemos pensar também que dentro dos átomos existe um universo, e dentro dele um menor e etc. A série converge e diverge e a matemática falha outra vez.

O desequilíbrio, caro asiático, é só um outro nome para o equilíbrio, partindo-se de outro referencial, outro ponto de vista. O mundo está reagindo a ele mesmo agora, e não tem como impedí-lo de equilibrar e desequilibrar-se milhões de vezes a cada milésimo de centésimo. O Caos nada mais é que a perfeita harmonia, que nada mais é que os conceitos que a gente absorve sem peguntar por que, que é a perfeição, que é Deus.
Ninguém se entende no mundo, mas esse é o nosso mundo, nossa pefeição.

O equilibrio perfeito existe numa mente ideal. Mas o ideal é irreal. Nem o computador mais avançado do futuro mais longínquo é perfeito, pois seres imperfeitos o terão programado. Por mais fuderengo que o seu "bukka-core" seja, ele ainda será suscetível ao tempo, ao clima, ao homem, e as ranhuras, falhas e imperfeições que descrevem a matéria.

Enfim, viajei e...

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sábado, 2 de outubro de 2010

Teoria do Desequilíbrio


Você não vai entender esse post.

Quando o tempo se reduz a zero, o esforço beira as raias do infinito. Se não existissem os últimos minutos, nada nesse mundo seria realizado." 


- Murphy

Na minha antiga escola, que era católica, havia um irmão chamado Hilário.

Ele não era lá muito engraçado, mas era um velhinho muito gente fina, aparentemente uma pessoa muito boa e gentil, incapaz de fazer mal a uma mosca sequer. Foi uma das pessoas mais amáveis que eu já vi. Ele era cego. Mas não gostava de ser chamado de coitado, dizia que tudo que deus fazia era por uma razão.

Uma pergunta muito elementar levando em conta o contexto desse blog é: Será que se ele não tivesse ficado cego e toda aquela coisa de dificuldade, de família humilde, será que ele teria se tornado essa pessoa?

Eu vejo países muito ricos, onde a igualdade de direitos para os cidadãos é bastante presente. E lá, onde não há perigo, insegurança, medo da violência, da perda de seus entes queridos, e de outras coisas mais como aqui, as pessoas se suicidam aos montes.

Por quê?

Será que, como na Teoria do Equilíbrio, sofrer seria necessário, inerente, bom para o homem? A constante dor do existir e não ser o aquilo que ainda não se é, seria Necessária, para um dia, de fato, ser?

A noção de posse surgiu quando o homem descobriu o egoísmo: no surgimento da agricultura. Antes, quando nômade, o homem vivia em grupos que entendiam que quanto mais unidos maiores suas chances de sobreviver ao mundo. E por isso dividiam a tudo, nada pertencia a ninguém. Nem seus filhos, que eram criados por todos, e, principalmente, pelos mais velhos do grupo, os mais experientes. Nem suas mulheres, que eram mulheres de todos, e não havia motivos para ciúme e injustiça. Não havia posse.

Entretanto, o homem descobriu que algumas coisas quando azedavam formavam bebidas de sabor especial. E viram que era raro que isso acontecesse naturalmente. A comida era até fácil arranjar, foda era arranjar uma cerveja. E foi o homem descobrir como que fazia pra arranjar mais daquilo. E descobriu a agricultura. E quando o homem viu que seu trabalho todo plantando por uma vida toda, regando e esperando crescer era ceifado pelos outros enquanto seus filhos não eram lá tão bem alimentados, ficou puto. Não, não, aquele era o trabalho dele, ele é que merecia colher os frutos. Os filhos agora eram dele. A mulher também. E a família também.

Todos nós temos pequenas coisas, mas o que é que faz as coisas serem realmente Nossas? Que tipo de rótulo é esse?

Mais algumas particularidades a serem ressaltadas seriam com relação à fragilidade da própria noção de realidade do homem. Uma é quando se toma noção de que o Não-Existir é inconcebível. O que, segundo a linha de pensamento do texto O Propósito, seria quase Tautológico: as coisas que existem são só as que foram concebidas. Se o Não-Existir fosse concebido, passaria a existir. Não digo o conceito em si, digo o "como se é" quando não se existe. Por exemplo se você morresse e não tivesse vida após a morte ou coisas do gênero, como imagina que seria a partir daí? Como é o não-ser, o nada puro?

Outra particularidade concerne a fragilidade dos sentidos humanos. Nossa realidade é tão dependente deles, e sem eles somos tão patéticos. Veja por exemplo Ensaio sobre a Cegueira. Retirando-se a visão dos homens, por mais que continuem saudáveis, viram minhocas no macarrão. Ou o filme Perfume, onde um filho do caos, em busca da síntese do cheiro de sua amada que já não vivia mais, sintetiza um perfume com o cheiro extraído de algumas das mais belas espécies de jovens de toda uma região, e o perfume resultante tinha um poder mágico de tornar aquele que o utilizava um anjo, ou quando espalhado, fazer com que as pessoas tomassem para sí as características do perfume, desencadeando uma paixão avassaladora e incontrolável entre os mesmos. E depois de tudo isso descobre que o perfume nunca poderia lhe fazer amar ou fazê-lo amável, o que acaba sendo sua maior frustração e fonte de sua autodestruição.

Remover, enganar sentidos, sentimentos. Aquilo que gera o mundo dentro de nossas mentes, a fonte da cachoeira e de todo o rio. E pequenas mentiras estão a todo lugar.


Isso me lembra o Coringa de Heath Ledger, que gostava de matar com faca. Ele dizia que a arma de fogo era demasiado rápida, o que não lhe permitia apreciar os "pequenos momentos". Que nos momentos derradeiros as pessoas mostram sua verdadeira face. Ele dizia que era alguém que só fazia coisas, e não tentava planejar e controlar o mundo. E ele passava a faca nas pequenas mentiras.

Isso me lembra um pequeno paradoxo que me foi apresentado uma vez. Seja um semi círculo de raio 1. Seu perímetro é pi. Se fizermos 2 semicírculos de raio meio, isto é, dentro desse semicírculo maior, teremos 2 perímetros de pi/2, que somados dão pi também. Analogamente para qualquer número de divisões.

Suponha que o número de semicírculos tende a infinito. Parece que os semicírculos vão ficando cada vez menores e a soma deles se parece com a linha reta abaixo deles, certo?

Entretanto, essa linha é o diâmetro e mede 2. Como pode isso se a soma dos perímetros mede pi?

Isso mostra que na vida, o número de semicírculos é tão grande que a gente pode achar que pi é igual a 2.

(Na verdade não tende à linha. Observe que os pontos de encontro entre os semicírculos são bicos, e portanto não existe derivada. Quando o número de semicírculos tende a infinito, o número de bicos também tende a infinito, o que implica que, de certo modo, todos os pontos são bicos, logo toda a figura não possui derivada, o que a impede de ser uma reta)


Eu vejo uma calça azul. Mas o que garante que o azul que eu vejo é o mesmo que você vê? Meu azul pode ser um pouco mais verde. No entanto, ambos olhamos para o azul e Sabemos que ele é azul.

Chuang Tzu uma vez sonhou que era uma borboleta, e que nada sabia de Chuang Tzu. Apesar de meio gay, é um provérbio chinês metafórico, e lembra matrix. No sonho, havia apenas a certeza de que se era uma borboleta e se voava, e não saberemos como era a percepção de um jardim, por exemplo, se era como nós vemos, ou se era um polígono verde. A imagem é subjetiva, apesar da memória. Quando Chuang Tzu acordou, tão vívida foi a experiência que ele não sabia se era agora uma borboleta que sonhava ser Chuang Tzu ou se era Chuang Tzu que tinha sonhado ser uma Borboleta.

Da incapacidade humana de imaginar o não-ser, surge a idéia de consciência alheia ao ser, que alguns poderiam chamar de espírito. Para Berkeley, o idealismo implica que não existe matéria fora da noção de percepção, seja atual ou conjectural. Para Hume, não existe Espírito fora da mente, isto é, a noção sucessiva do mundo material e tudo além. Os elementos são percebidos, convertidos em sensação, enquadrados em estado mental e resolvidos em interação.

A matéria não passa de uma sucessão de percepções, e o espírito não passa de uma sucessão de estados mentais. Considerando que o tempo não existe fora do presente, não há sucessões que não sejam as que se classificam no passado atual ou no futuroconjectural, o que é ilusório à percepção, que é presente. Nem espírito, nem matéria essencialmente existem, apenas as idéias delas, nem a noção de sucessão do tempo é válida

Se dentre os inúmeros leitores do provérbio de Chuang Tzu, algum tenha, por acaso não impossível, sonhado que sonhava ser uma borboleta e depois acordava e era Chuang Tzu, exatamente igual à experiência subjetiva do mesmo, uma vez postulada essa igualdade, os momentos não seriam o mesmo?

Se há negação dos termos da série e do sincronismo de séries temporais, há negação do tempo.
Suponha agora que tenhamos um avançado mecanismo de neurocomputação capaz de induzir pensamentos com exatamente as mesmas noções de percepções, isto é, experiências iguais, em sujeitos diferentes. Este computador induz aos sujeitos o pensamento de que estão pensando algo. Porém esse pensamento é tão breve quanto o acender da luz. Quando eles se derem conta de que pensaram, estarão pensando que pensaram em pensar. E se dariam conta de que estariam pensando que estavam pensando em pensar em pensar. E assim infinitamente.
P (P) = P então P = P(P) = P(P(P)) = P(P(P(P...(P))...)

Se os indivíduos percebem isso em épocas diferentes mas de maneira igual, temos um motor de tempo paralelo ideológico.

O mundo então existe na mente do idealista. Existem, nesse mundo, outras mentes. E nessas mentes, existe o mesmo mundo, sob outra percepção. E dentro desse mundo, também existem outras mentes, inclusive aquela da qual partiu o raciocínio. E assim infinitamente.

E se existe uma mente que não está contida em nenhuma das mentes enquanto parte do mundo, mas todas estão contidas nelas como parte do mundo e como donas do mundo?

Como desencriptamos a indução do pensamento?

Como descobrimos que pi não é 2? Através do pensamento? Através do caminho da ação caótica, como metaforicamente o Coringa aqui foi usado?

Porque o Desequilíbrio é exatamente a função de deus. A diferença de potencial, o raio.

O que eu estou tentando aqui é descobrir a fórmula do manifesto dos filhos do éter: aquela que leva à quebra da cadeia, da sincronia, da sucessão. O despertar para a magia é a única maneira de governar esse mundo para todos de verdade. Pois do caos nós nascemos e por isso não seremos menos nem mais que isso. Exceto dentro do mundo, que é a nossa mente.

Um mundo de idéias de pseudo-inseguranças como forma de emular o caráter predatório, calculadamente plantadas, para que Este desequilíbrio impedisse que os suecos e finlandeses se suicidassem.

Porquê todos querem igualdade, todos querem equilíbrio, e eles não vêem que isso é só mais uma forma de desequilíbrio. Existe equilíbrio só quando existe numa mente, logo num universo inteiro, logo não existe.
O equilíbrio nunca existirá pois ele fere o propósito do mundo. O equilíbrio em uma mente não é equilíbrio em outra. O equilíbrio é o ponto zero do mundo.

Paremos de estudar o equilíbrio, e passemos a estudar o desequilíbrio. Este é o novo paradigma.



PS: Cabe aqui um comentário. Esse post foi propositalmente escrito com desconexões e algumas vezes falta de argumentos. É uma espécie de metalinguística, e quero que quem leia pense no que faltar. Produza as partes que faltam afim de fazer sentido, como Gestalt. Só assim o pensamento realmente se reproduz. Mais idéias irão surgir conforme o tempo, e haverá propostas concretas.