domingo, 3 de outubro de 2010

Ao brilhante japinha

Vou começar dizendo que cada vez mais me identifico com seus textos e o seu raciocínio construtivo. Acho lindo deixar o pensamento chegar a um nível de abastração que nos permita filosofar sobre tais questões, principalmente sobre o homem-macaco começando a caminhar, matar animais, criar ferramentas, plantar e socializar. Não acho que faltou argumento, faltou didática, o que pra mim não foi um grande problema.

Bom, eu posso lhe afirmar que não deixamos de "ser" quando morremos. Alias, eu não, mas o mano Lavoisier pode. Eu não conhecia o Hume e peço que você me mande algo dele pra ler, o cara parece ser gente fina. É claro, eu nunca morri pra saber o que acontece, mas se somos uma reação química ambulante (uma não, mas infinitas), a nossa consciência fica apenas para os livros, músicas, momentos que produzimos e criamos no decorrer da vida, mas o que somos nunca deixa de "ser". Fala tu, Lavoisier.

A questão do semicíclo é complexa, mas se você olhar bem, vai perceber que não se tratam de semicíclos, mas sim de uma pata de elefante.
Sacanagens à parte, sabemos que pi não é 2. Mas é óbvio, nós inventamos o pi, como vamos desinventa-lo agora? Pi não é dois, mas eu acredito que o perímetro seria definido por uma série matemática, com um valor aproximado descrito em termos de Pn, sendo n um numero real qualquer. Eu sei que ninguém gosta de aproximações, mas as grandezas mensuráveis que o homem inventou, todas elas são pra generalizar aproximações de forma que a natureza possa ser manipulada ao nosso favor. Me desculpem os matemáticos que acreditam nisso, mas a matemática, ao contrário do que se diz, não é uma ciência exata. A matemática é apenas uma série de ferramentas usadas para aproximar o real do prático, do mensurável. mas nada é totalmente mensurável, porque o mundo não é exato.
Tente cortar, por exemplo, qualquer merda que seja. Tá bom, uma placa de alumínio. Você pode cortá-la usando algum método qualquer que seja, mas ao fazer uma análise microscópica você percebe as ranhuras, oscilações e irregularidades no material. Apesar de citar o alumínio, tudo no mundo é assim. As coisas só são mensuráveis até onde elas nos são utéis, porque nada é o que teoricamente é. A nossa exatidão não passa de uma aproximação, de uma aproximação, de uma aproximação.
Se você for pensar assim, vai ver que a "perfeição" que Deus criou é uma historinha bonitinha, que as crianças ficam cuzolinho cheio d'água quando ouvem. O mundo não é perfeito porque a perfeição é aproximada, em cima de conceitos que engolimos desde que nascemos.
Agora um exercício: observem um quadro do pintor Salvador Dalí. Eu sugiro A Persistência da Memória (usem a porra do google pra isso). O que você vê? Um mundo totalmente escaralhado. Agora imaginem que nós vivemos nesse mundo, e que nossos pais, os pais deles, e que a humanidade sempre viveu e teve sua criação concebida neste mundo, de Dalí. Então, aos nossos olhos, o mundo seria perfeito ou escaralhado? Aí entra a Teoria do Escaralhilson, que diz que tudo é uma soma de fatores randômicos, com resultados randômicos em cadeia. Eu sei que isso desmitifica o sentido da vida, mas será que a vida sequer tem algum valor? Aperta as setinhas, quadrado, x, bola e triângulo que o boneco solta um poder irado, tu vai ver.
A perfeição não existe, porque ela é um conceito, uma aproximação que nós criamos pra definir o universo que conhecemos, que o ser "perfeito" criou. A perfeição não existe.

Chuang Tzu, o cachorro chinês, nada mais é que o avesso da persona Gregor Samsa, usada por Kafka. A diferença é que Gregor via o mundo pelos olhos de uma barata, por se sentir uma barata também. Eu particularmente prefiro uma barata, não por gostar do bixo, mas porque sofro de motefobia, e se eu achasse que era uma borboleta, provavelmente entraria em pânico e morreria por asfixia. Mas enfim...

Sobre matéria, existência, realidade... que porra foi essa? Niilismo? Conceitos de magia? Agora me pergunto se você tá indo longe demais ou eu tô indo longe de menos. Mas suas argumentações são vitais, fiquei feliz ao saber que você se questiona sobre isso.

Agora vem a questão do "implantar um pensamento". Não sei bem o que você quis dizer sobre isso, mas me lembrou A Origem (Di Caprio entrando nos sonhos, implantando ou roubando pensamentos e pans). A breviedade que define a ação de um padrão de PNL, ou qualquer outro método vai de menos a mais infinito, depende do que tá acontecendo, e da referência. Isso é de uma complexidade tão grande que Fourier perderia a vida inteira implementando dados convenientes a essa serie, e nem tempo de calcular um coeficiente sequer ele teria. Afinal, o Caos não se avalia, apenas se aceita. Teoria do caos, das cordas, dos caralhos, geometria fractal... vamo ver onde isso vai dar...
Se o universo é uma série de mentes se sobrepondo, me lembro do final de MiB, o universo que conhecemos se revelando algo dentro de algo e por aí vai. mas se o universo expande, podemos pensar também que dentro dos átomos existe um universo, e dentro dele um menor e etc. A série converge e diverge e a matemática falha outra vez.

O desequilíbrio, caro asiático, é só um outro nome para o equilíbrio, partindo-se de outro referencial, outro ponto de vista. O mundo está reagindo a ele mesmo agora, e não tem como impedí-lo de equilibrar e desequilibrar-se milhões de vezes a cada milésimo de centésimo. O Caos nada mais é que a perfeita harmonia, que nada mais é que os conceitos que a gente absorve sem peguntar por que, que é a perfeição, que é Deus.
Ninguém se entende no mundo, mas esse é o nosso mundo, nossa pefeição.

O equilibrio perfeito existe numa mente ideal. Mas o ideal é irreal. Nem o computador mais avançado do futuro mais longínquo é perfeito, pois seres imperfeitos o terão programado. Por mais fuderengo que o seu "bukka-core" seja, ele ainda será suscetível ao tempo, ao clima, ao homem, e as ranhuras, falhas e imperfeições que descrevem a matéria.

Enfim, viajei e...

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2 comentários:

Yuichi Inumaru disse...

Não deixa de fazer sentido o lance sobre niilismo, até por que o idealismo foi considerado niilismo enconstando no século 19.
Mas eu diria que não foi minha intenção incluir nenhum rótulo.

Yuichi Inumaru disse...

Encostando! *

Teclado me sabotando