segunda-feira, 5 de abril de 2010

A eterna música

A sinfonia é algo sublime.

Eu acredito em apenas uma coisa: que acreditar não é necessário.

Dessa maneira eu posso falar com qualquer um sobre qualquer coisa, pelo bem do progresso e pela graça do conhecimento, pelo exaltar da idéia, sendo ficional ou não.

É interessante pensar sobre nós sem preconceitos físicos.

Quando você, nesse momento, está com o rabo sentado perdendo tempo enquanto ouve música, já parou pra reparar como uma música é feita?
Ela é gravada com instrumentos físicos, que fazem som físico. Esse som todo vira informação e é passado pra vinil, CD, etc... em forma de dados. Mas quando o tocador toca, ainda sai o mesmo som, certo?

Aí um nerd safado, sei lá quem, inventou a mp3. Um formato de compressão de dados usando um algoritmo chamado Lossy Compression. Ele reduz a nitidez de certas partes do som que estão fora da faixa auditiva da maioria das pessoas, usando modelos de psicoacústica para escolher os dados a serem descartados ou reduzidos, e depois grava o resto da informação de uma maneira eficiente.

Usando matemática, você pode diminuir o tamanho da música pra uns 10% dela.

Agora me diga, pensando rápido num númnero de um a quatro, qual você escolhe?
É claro que eu não posso tirar isso da sua cabeça, mas e se existissem padrões na natureza... Dos quais eu posso reconhecer e usar?

Três. (se você realmente pensou 3, faz parte de uma massa de cerca de 76%)

Existem padrões na natureza. E eu falo assim tirando o jargão do computador e trazendo para o jargão da natureza. Porquê computadores são fatalmente natureza. Matemática é natureza. Códigos são natureza. Um deles determinou a cor dos seus olhos.

E por isso, um ser humano não é o seu Material.

Por exemplo a Britney, "oops i did it again...", não é o CD que é a música.
 É sempre a mesma música, quer seja em forma de CD, ou num HD magnético, ou numa fita K7, ou mesmo numa folha de papel escrito em zeros e uns.
Não importa qual é a mídia em que a música foi armazenada, a música é a informação, o código em si. A mídia é só necessária para se armazenar a informação. Poderiam até ser ondas, raios laser projetando 0100101 no espaço pra quem quiser interpretar, ou ondas de rádio.

O que é mais fascinante. Você não é a matéria: você é o conjunto de padrões com o qual a matéria que o compõe é disposta junta.
Se eu pegasse essa matéria e jogasse tudo num misturador, não seria mais você. Sustentando mais ainda o fato, devido à morte celular, mecanismos de excreção, entre outros, a cada 7~8 anos, toda a matéria em você é renovada, sua pele, cabelo, fluidos etc. E ainda assim você ainda é você. Ou seja, você não é a mídia, você é o padrão.

Você é uma música.

Jesus tocava a flauta. Ela tem 9 buracos, assim como nosso corpo.

É o ar que passa pela flauta ou a mente que faz a música que sai?

E se eu pudesse criar um meio de mp3zar você?

6 comentários:

Guilherme Alfradique Klausner disse...

Texto digno da própria sinfonia! Fodíssimo =DDDDD

disse...

Muito legal o texto!
Você usou os conceitos básicos da computação e co-relacionou com a formação do ser humano, bem interessante.
Como te disse no msn, acho impossível com os atuais padrões "mp3zar" alguém, visto que ao contrario do mp3 e do processamento de dados de uma forma geral, nós, seres humanos, temos um diferencial fantástico, a parte biológica, ao passo que o mp3 precisa da "regra" para ser criado, nós é que criamos a "regra", o cérebro humano é a unidade de processamento perfeito, visto que se adapta sozinho ao que quiser, ao contrario do processador que é programado por nano circuitos lógicos. Concordo que todos nós fomos criados usando algum tipo de “algoritmo”, mas o resultado nunca é o mesmo, muito menos constante, sendo assim creio ser impossível recriar o que não se pode definir de forma geral, talvez quem sabe recriar a base sendo sempre incorreta por não possuir a parte "biológica" contida nela. Enfim, vou parar por aqui senão escrevo até amanhã :P

Guilherme Alfradique Klausner disse...

Não sei se poderíamos "mp3izar" alguém no sentido literal da coisa, mas sem dúvida nós já estivemos em algum estado onde nossa essência era mais clara. Talvez nós já sejamos mp3izados e toda vez que nós criamos um avatar em outra realidade (na realidade virtual, por exemplo), nós o façamos de novo, cortando informações que acreditamos inúteis em nome da adoção de um novo formato mais simples, porém mais prático. O problema é que, como não somos conduzidos por uma inteligência maior, não nos mp3izamos de forma certa.
Quanto a questão biológica, bem, nossos conhecimentos em matéria como neurologia e genética são parcos ainda, mas tenho crença de que a última influencia muito mais do que nós podemos imaginar no comportamento humano. Não creio, como vocês sabem, na capacidade plena do ser humano escolher caminhos diversos dos quais ele foi progamado para fazê-lo, ainda que muitos destes pareçam ilógicos. Cabe lembrar que eles são ilógicos para a nossa compreensão limitada do mundo.
Mas concordo com o comentário de Lord Of Metsu que a mp3ização (que palavra escrota de escrever...), enquanto feita por nós, não gerará resultados perfeitos, mas mero reflexo de nossa personificação terrena, assim como esta, muito provavelmente, deriva de uma realidade maior e mais perfeita, mais essencial. Platão rulez, fikdik ;)

Guilherme Alfradique Klausner disse...

P.S.: Mero adendo. Em minha opinião, quando da "criação" do planeta Terra, Deus (no sentido amplo, por favor) "deszipou" a essência humana de sua imaginação para uma dimensão física. Mas concordo plenamente com a adoção do termo "mp3zar" no que se trata de uma experiência da vontade humana de se representar em outra realidade (entenda-se realidade aqui aquela que se submete a outros paradigmas dimensionais).

Guilherme Alfradique Klausner disse...

P.S.2.: A gente, quando terminar a discussão via comentários (e isso tem que ser determinado por nós mesmos, quando acabar as ideias que cada um deseja apresentar) podia compilar essa parada e publicar em texto, como se fosse uma conversa, com diálogos mesmo.

Lo Scienziato. disse...

Gostei do texto,mas até eu que sou bom em fazer analogias tive dificuldade em acompanhar essa. Alias, depois dos comentários bacanas feitos, acho que minha participação na conversa é totalmente dispensável. :P