segunda-feira, 23 de junho de 2008

Hedonismo (A Vida por um dia)

Sábado à tarde. A festa se aproximava, e Luciel, ansioso, se arrumara, ensaiava com o espelho suas possíveis investidas em alguma dama (era quase certo que tivesse muitas, e a maioria muito bonitas). Agarra a pedra que brilha mais forte.

Estamos agora em um lugar novo, cheio de gente desconhecida e uma música que se ouvia de quarteirões. Os três amigos chegam na festa, e enquanto Samael e Schneider falam com seus conhecidos, Luciel para em um canto. Ali ele admira tudo: as pessoas dançando, o ambiente, os rostos anônimos da multidão. Será que ali era realmente onde ele queria estar? Mas ninguém o conhece, assim ele continua sozinho, dessa vez no meio da multidão.

Diversão é solução sim. Diversão é solução pra mim. Vodka, Ice, cerveja, cigarros... talvez tenha sido o caminho que Luciel optou para desviar novamente de seu destino sórdido, de escuridão. Vácuo. Os sentidos rapidamente começam a falhar, se misturam, se atrapalham. E foi quando o rapaz achou que a festa iria terminar como havia começado, que apareceu uma jovem, e com cativante gesto, porém frustrado, tentou animar Luciel, apresentando-lhe alguns dos convidados. Ela se chamava Raica. Apesar de não ser a mais bela das damas ali presentes, possuía uma aura muito pura e intrigante, que rapidamente encantou o rapaz. Mas Luciel resolveu andar mais, e observar mais.

Eis que surge a primeira donzela de Istambul. Ela tinha estatura baixa, e um sorriso muito belo. Quando perceberam, os dois já estavam conversando, e após algum tempo, tocando-se, beijando-se. Mal sabia Luciel que a primeira donzela pertenceria futuramente ao seu amigo Schneider, assim como muitas outras donzelas e princesas da região.

A musica, o álcool, as mulheres, a diversão! Tudo aquilo encheu rapidamente a alma de Luciel, como se transformasse vácuo em matéria. (é pra isso que viemos? Por que temos sempre de ser só o vácuo? Você é como eu? Quem é você?).

Andando sozinho novamente, Luciel, já bem alterado pelo consumo de álcool, sabia que não podia sair daquele evento sem falar de novo com Raica. Schneider, já percebendo a situação, foi obrigado a intervir. “Nem pense nisso! Esta dama pertence ao Duque Henry!”

Luciel teria provocado a ira do Duque. Agora temos dois lados. Seus olhares mais pareciam rifles a ponto de disparar, e ao sair da festa, já carregado por seus dois companheiros, Luciel, em um ato inconsciente, foca todo seu desencanto em um gesto de indignação. Seria esse o seu rival em Istambul?

Luciel acorda no dia seguinte, com as marcantes palavras na cabeça: “Diversão é solução sim. Diversão é solução pra mim!”

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