quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A criança

Esse é um dos posts que o começo não tem porra nenhuma a ver com o final. Mas é um recurso de linguagem, que você vai ou não entender na hora certa. E, como em muitos dos meus textos, você vai ou não perceber que eu gosto de falar menos do que devia. Mas vocês, eu assumo, sabem pensar.

É impressionante como nos mobilizamos pelos nossos problemas. Como o desequilíbrio faz o mundo se mover em busca de um equilíbrio, que atualmente, não tem alguma ordem.

Passe a perceber as pessoas. E você poderá ver que a maioria delas luta contra coisas que as fez mal um dia, e não se importa tanto com as outras. A algumas delas faltou isso, e por isso procuram por aquilo. Algumas faltou outra coisa, e por isso procuram algo relacionado. A algumas crianças faltou comida, e por isso fariam de tudo para lutar contra sua pobreza, e hoje dão valor ao dinheiro que têm. A algumas crianças faltou reconhecimento, e por isso hoje se esforçam para consegui-lo, mesmo que não reconheçam isso nem de verdade queiram. Seja pelos seus méritos intelectuais, estéticos, atléticos, artísticos, e tudo aquilo que formaria um indivíduo completo.

A algumas crianças faltou amor.

Nós quando imaginamos robôs perfeitos, achamos eles perfeitos porque a eles não é permitido o erro natural, o sofrimento, nada daquilo que nos aflige. No entanto, eles, sem nós, não têm propósito.


E é por isso que deus nos criou.

Esse é o grande dilema da coexistência. Um dia criaremos deus de novo. Para que ele nos recrie depois que o mundo acabar.
E ele, enquanto perfeito, vai pensar como nós quando criamos o robô perfeito, e vai perceber que a única coisa que o aflige é a falta de amor.
E ele vai perceber que não é perfeito. Nós é que seremos quando formos criados.

Mas isso só ele poderia entender.

Eis que fica ampliado o caráter para a pergunta "qual é o sentido da vida".

Vamos admitir a já conhecida metáfora, que representa a convergência de tudo: O universo, se for um ser vivo, ao morrer, se reproduz e renasce, por meio do Demônio de Laplace ou algo assim.


Eis uma metáfora visual que leva a muitas questões.

De um modo geral, se considerarmos a nós mesmos como, dentro da metáfora, pontos de coleta de informação, poderia-se afirmar que qualquer tipo de experiência é uma forma de produção de informação. De maneira que a relevância de um assunto experimentado seria função de sua originalidade. Exceto é claro em detalhes que ignoramos, como as pequenas microfísicas da sorte e da tempestuosa natureza humana, ou melhor, "das". Mas assim mesmo contribuiríamos, de qualquer forma que fosse, para o Renascimento.

E supondo que eu agora saiba que tenho que fazer, a questão que surge, elementarmente, é: Por quê? Por que temos que querer ser algo melhor? Não podemos nos tornar desprezíveis se quisermos?


E eis que, mesmo respondido, ainda haveria espaço para mais uma pergunta - o "Por que isso tudo?" passa a ser "Por que porquê?" (Why Why). E esses porquês a serem englobados num único propósito são muitos.

Esta indução chega numa conjectura geral:
A infinita cadeia de sucessões a que pode levar um raciocínio acerca de fatos fora do nível de realidade do homem só pode ser conhecida/entendida através da experiência (assim são as ciências do micro e do macro). Entretanto, não temos como experimentar o nascimento do mundo. Logo, fica vedado ao ser humano saber qual é O Propósito e quais as condições iniciais - o quê do pré e o do pós determinismo.

Quem sabe deus não está fazendo experiências/estudos com universozinhos para usar em outras coisas depois.

Apesar de saber que o Propósito existe, é como esse texto: sem lê-lo até o final, não iria fazer idéia do que realmente se tratava. E talvez ainda não saiba.

Essa pequena observação, apesar de pessoal, não deixa margens para falácias, a despeito do que normalmente acontece em situações como essas.

Não importa o quanto cresçamos, sempre seremos crianças.


Então, para fins práticos, vamos brincar de lego ou jogar videogame.

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