terça-feira, 27 de julho de 2010

Reflexão inspirada pelo texto "O Propósito"

Primeiramente, deve se saudar a magnífica abordagem, no texto, da questão humana, sempre trazendo à tona exemplos. Todo aquele que negar a clareza de pensamento desse texto vai claramente contra toda uma nova tendência, por que não ousar? uma nova escola que surge, com cada dia mais força, e com cada vez mais solidez em sua fundamentação, não só dos debates que deram o insight necessário para todo o processo de formação de pensamento e construção teórica que vem sendo feito desde o ínicio deste blog, mas da própria inspiração tida durante o "ócio produtivo" daqueles que a seguem e que propõem o debate com ela, incluindo eu mesmo e o Symphony, e que, impressionantemente, nos aproxima em nossas conclusões.

No entanto, noto uma forte diferença de pretextos: Ainda que tenhamos partidos do mesmo terreno, e devo dizer que era um terreno pedregoso, teórico, ou seja, o Livre Arbítrio e o que fazemos com ele, tomamos abordagens diferentes com o passar dos anos, meu amigo. A minha vida acabou me levando para adotar uma via totalmente teológica para explicar a situação e a sua se manteve ligada a experiência humana. De qualquer forma, se olharmos essas diferenças numa análise macro e micro, elas são perfeitamente combináveis, ainda que mantenham sua "individualidade"... À única especificidade na minha crise de propósito. Ainda que nos pareça possível escolher, nos dando a falsa ilusão de Livre Arbítrio, seguimos um Destino predeterminado pela imaginação da Divindade. Então, ainda que houvesse um propósito que nos movesse pessoalmente em direção a algo que desejamos, ele pode não estar em consonância com o plano Divino para a humanidade.

O que na verdade a maioria das religiões tenta fazer é, baseadas no exemplo histórico, determinar um grupo de comportamentos que torne consonante o propósito da maioria da humanidade, que é atingir a felicidade, excluindo aqueles seres únicos que tiveram sua atuação face a humanidade especialmente prescrita, no sentido de determinada, e aí podemos citar exemplos muito bons, como Ghandi, e exemplos muito ruins, como Adolf Hitler, e o propósito Divino, que é o bem da humanidade, tomando como paradigma o que a filosofia grega, aristotélica, e devemos incluir um "cristã" aí, determinou como virtudes.

Mas aí surge uma questão interessantíssima, levantada no final de seu texto, que entrou mais uma vez em perfeita consonância com a minha forma de pensar e compreender o mundo: "Animais matam a si próprios para fazer valer a seleção natural." A seleção natural, bem como tudo relacionado a genética é, em minha opinião, o pensamento divino em seu formato mais puro porque, ainda que possamos determinar causas a muitas mudanças que ocorreram no comportamento humanos, poucas são as explicações que resolvam de fato questões ligadas a fenômenos físicos humanos, explicando essa expressão como tudo que altera a vida humana e é natural, ou seja, não derive de escolha humana, como mudanças climáticas que forcem migrações, a própria seleção natural, mudanças fenotipícas para se adaptar melhor a uma ambiente, entre outras. Ou seja, quando o assunto é uma mudança na natureza biológica do homem, nunca se acabam os "porquês" ou eventualmente eles cabam em um "porque Deus quis assim".

Admitindo agora então esse "Porque Deus quis assim" como resposta ao "Por que Hitler era louco para caralho?", e passando no caminho pela resposta intermediária de "Porque ele nasceu com uma bola só" e sabendo que todas as religiões do mundo vão querer me crucificar por isso, vamos a um outro ponto, tomando como ponto de partida a questão da evolução. O texto do Asimov citado é fantástico e recomendo a leitura para todos, o texto está aqui no blog mesmo. Este claramente aborda uma situação de Evolução por Evolução, ainda mais que a questão da conexão.

Não seria a evolução mero passo em direção ao propósito? Sim, seria, e aposto que você vai concordar comigo nisso. Claro que possivelmente entendemos ela de forma diferente, sendo a minha determinada pela Divindade, pela imaginação da Divindade, como dito no texto "A Verdade" lá do "Roaming Within My Own aka Celebration of The Wolf". Mas mais importante que isso, na análise da evolução como metapropósito, você abordou um tópico importantíssimo, a análise do ser humano como parte da humanidade, parte do todo, e nunca o todo por si só. É justamente essa questão que sempre havia me intrigado. Sou católico, pelo menos formalmente, como a maioria das pessoas sabe, e sempre me inquiri: "Que bagulho é esse de Deus ser bonzinho? Jesus Cristo ser meu amigo? Se é assim, por que ele deixa geral se matar?" E aí veio a resposta através da análise do individualismo iluminista imbecil que nos cerca.

Essa parada toda de individualismo que os iluministas tanto pregaram é BULLSHIT. Alô, ainda que soe muito bem, você, sujeito que lê este post (pequena e rápida mudança de interlocutor), nunca vai determinar todos os fatores da sua vida. Eles serão brutalmente impostos a você por um Deus Demiúrgico, aristotélico em seu tratar com o ser humano-indivíduo. Ele não está tão afim de você. Ele quer saber é do bem da humanidade, porque ele ama a humanidade.

Ele diz quem você é através da combinação de códigos genéticos que te compõem, ou seja, sua família. Tá, então vamos ver se está tudo correto: Você é fruto de seu código genético, seu livro da vida, no qual a Divindade inseriu tudo que ela queria que você fosse, certo? Certo. Então, ainda que você tenha um propósito deliberado pela sua vontade (e faço menção aqui, como meu amigo Symphony fez a São Tomás de Aquino e a Descartes e como ele uniu os quatro), existe um propósito Divino que te envolve, que você não sabe qual é e que determina o acaso na sua vida? Certo, e essa é a conclusão esperada. Seu propósito pessoal, determinado pela vontade que Deus te deu, pode ou não se realizar, tanto faz. O Dele é que vai se realizar, sempre, fikdik.

Hitler poderia ter sido o representante do poder executivo da Alemanha, mas se ele não tivesse uma bola só, talvez ele não tivesse matado seis milhões de judeus. E vice-versa. Ele poderia ter tido uma bola só e não ter sido führer. Mas entenda, jovem padawan, que na verdade, o que determina o que você vai fazer é o Acaso, a grande arma da Divindade. E, considerando que Ela é onipresente, onipotente e onisciente, você pode se tornar o presidente da Alemanha e matar seis milhões de judeus ou você pode tentar libertar a Índia dos ingleses com protestos não-violentos, ou ainda, amanhã pode se materializar um piano no céu e ele pode cair na sua cabeça, basta que Deus queira (lembrando que Deus só quer o bem da humanidade, ressaltando que os sentimentos, e desejos, Divinos escapam a compreensão humana e Ele nunca vai querer que a Terra se transforme num hamburguer só pra saciar Sua Divina fome).

Mas aí continua a questão. Então seguimos em direção a um propósito que não sabemos qual é, e, isso vale ser ressaltado, você nunca pode escapar a ele justamente por causa dessa sua ignorância (de não saber qual é o propósito, vale ressaltar), certo? Correto. Como isso vai alterar a sua vida? Em nada, é só você ir vivendo que você continua no Plano Divino. Mas aí veio mais um ponto genialmente ressaltado no texto anterior. "Será que a real evolução estaria em se adaptar, igual a um mamífero qualquer, à dinâmica social de hoje? Ou quem sabe tentar mudá-la para algo que preste? Isto fica sujeito a um brianstorm, ficadica."

E nós chegamos numa mesma conclusão, eu, o Papa, ele, Evo Morález, Lovecraft, minha irmã, todo mundo, enfim: HEY, o mundo está uma merda!

E aí temos mais uma vez a clareza de compreensão do escritor mostrada nos três últimos parágrafos. Quando questiona a Evolução pela Evolução no parágrafo intermediário, destrói-se a crença da Evolução como metapropósito, crença esta que, se analisarmos bem, sustenta o capitalismo atual, o desenvolvimento científico (por favor, não estou generalizando aqui. A maioria dos cientistas, bem sabemos, se dedica a melhorar as condições de vida da espécie humana.), guerras pela Democracia, enfim, a maioria das coisas que o Ocidente sustenta como dogmas.

"Devíamos parar de ser egoístas e estúpidos e trabalhar para uma evolução de verdade. E não há meio de fazer isso sem ser nadando contra a maré.
Animais matam a si próprios para fazer valer a seleção natural.
Quem foi que disse que a natureza nos fez apenas animais?"

Em minha humilde opinião, se todos nós conseguimos concordar com isso, foi porque a Divindade quis. Está na hora de quebrar os dogmas dessa sociedade, desde os que nos impuseram uma democracia controlada por analfabetos (viva Platão!), ao que faz um indivíduo crer que a recompensa química liberada no cérebro dele quando ele é posto numa situação de pegação é a razão de sua vida. Está nas hora de levantarmos a bandeira novamente dos valores tão saudosamente listados por Symphony no texto que precedeu o que gerou esta reflexão, a bandeira da honra, da nobreza do homem e, por que não? do Romamntismo.

Afinal, não é o Amor a experiência máxima do ser humano?

Um comentário:

Yuichi Inumaru disse...

Como eu disse em outro texto, músicas são amor, filmes são amor, ciência, religião, etc.

O amor é um paradigma, assim como a magia desperta.

Fazendo uma analogia para refletir: tente ser um hermético e fazer funcionar seu paradigma de magia dentro da teia de realidade virtual como se fosse um Adepto da Virtualidade.

Queria saber quando vão surgir novos paradigmas dos quais esse mundo de hoje tanto precisa. Quem sabe em 2012.