quarta-feira, 28 de maio de 2008

Saudade

Saudade do que já foi, do que está indo, e do que nunca vai voltar.

Saudade do que vai.
Daquele que cruza o oceano até o outro lado do mundo.
Daquele irmão que agora está prestes a me dar um sobrinho.
Daquele humor infinito, que está tendo seu lugar tomado pelas preocupações de um adulto, pouco a pouco.
Daquela capacidade incrível de regeneração.
Saudade do que já foi.
Daquelas dias de sol nos clubes.
Daquela ansiedade que dava na véspera de natal, com a vontade de abrir o presente.
Daquelas músicas de traduções escalafobéticas de abertura dos seriados japoneses.
Daquelas festas onde tudo podia acontecer e o entusiasmo não acabava.
Daquelas tardes e noites regadas a rpg e pizza.
Daquelas noites onde o violão prendia atenção e induzia ao transe por uns momentos.
Daquele sinal em lá maior anunciando a hora do truco.
Da humildade.
Saudade do que nunca vai voltar.
Do que não pude fazer, mas sei que se tivesse feito teria sido foda.
A pior de todas: da incerteza do futuro, sem igual, no qual se podia depositar esperança.
Saudade de não ter tanta saudade.
Saudade de ser criança.

Um comentário:

Lo Scienziato. disse...

Um texto é foda não só quando é bem escrito, mas também quando o leitor compartilha das emoções, e você conseguiu ambos os efeitos.