segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Calculador, pt.2 (ou Calculado)

As vezes me pergunto quem é o grande matemático em questão: nós, ou eles?
É agoniante ter tantas certezas, quando o que eu mais queria é que as minhas dúvidas e expectativas fizessem algum sentido. Mas são só sentimentos humanos. Fraquezas. Não é possível viver sem fé.
Fé, o veneno dos que buscam a verdade. Fraqueza, fraqueza, fraqueza. Não me incomoda tanto agora que eu sei: não dá pra fugir do nosso desenho primata e sem luz.
Fé no impossível, fé no ilusório. Fé em que afinal, quando tudo é tão óbvio? Tudo é rubro, com detalhes em negro, bem no fundo. Esse é o mundo em que vivemos. O mundo que engole, absorve tudo que há de celestial em você, ao mesmo tempo que oramos por eles. Somos profanos. Somos mundanos.
Se somos as teclas ou a calculadora? Eu prefiro acreditar que somos apenas o usuário. Enquanto a placa-mãe digita por nós, sinais randômicos, expressões matemáticas de cunho assombrosamente frio. Tudo é calculável, tudo é calculado. Tudo é uma parte de tudo. Tudo é binário.
Ainda assim, precisamos esperar o sinal, pois a lógica depende de cronologia, de fatos. E quem nos emitirá esse sinal? Quem controla todo esse sistema operacional, essa interface tão complexa, onde o simples bater das asas de uma borboleta pode gerar um tufão do outro lado do mundo?
E então ele percebeu que no fim, o caçador sempre vira caça.
O calculador foi calculado.

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