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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A defesa da concorrência

Cuidado para não babar em cima do teclado ao dormir lendo.
Em um sistema econômico eficiente, os cidadãos dispõem da maior variedade de produtos pelos menores preços possíveis e, conseqüentemente, os indivíduos desfrutam de um nível "máximo" de bem-estar econômico. O objetivo de defender a Concorrência, portanto, é maximizar o devido processo competitivo, e com isso, o nível de bem-estar econômico da sociedade. Dentro de um contexto político-social, não é exatamente um propósito, mas um meio pelo qual se busca criar uma economia eficiente. Por meio do estabelecimento de políticas públicas e de um ordenamento jurídico específico para tanto.
Sob um ponto de vista sociológico, a defesa da concorrência traduz-se na garantia de escolha racional de consumo. Sob um ponto de vista político, significa salvaguardar o Estado da imposição arbitrária de interesses privados, por parte dos detentores de poder econômico .
Todavia, para elaborar de um disciplinamento eficiente, bem como para a atuação eficaz das autoridades antitrust, é necessário se recorrer a outras áreas de pensamento científico, uma vez que a complexidade do tema impõe que se possua conhecimentos necessários para se garantir o devido processo competitivo nas diversas fatias da economia.
Dentre os diversos ramos científicos que permeiam o direito econômico(em especial o da concorrência), a Economia e a Matemática assumem papel imprescindível. Vale destacar a revolucionária Teoria dos Jogos, desenvolvida pelo matemático suíço John Von Neumann no início do século XX. Ela pode ser usada para analisar a forma como agentes econômicos ou sociais definem sua atuação no mercado, considerando as possíveis ações e estratégias dos demais agentes econômicos .
A teoria dos jogos é usada para analisar as características dos agentes da economia, as estratégias de cada um deles e os possíveis resultados, diante de cada estratégia, para avaliar as prováveis decisões que esses agentes tomarão. Essa teoria constituiu significativo avanço nas ciências econômicas e sociais, pois permite se examinar a conduta do jogador (agente econômico) em interação com os demais agentes, e não só de forma isolada.
A Teoria dos Jogos ganhou grande contribuição, assumindo relevância jurídica, a partir dos estudos desenvolvidos pelo matemático John Nash, que aprofundou os estudos de Equilíbrio entre os agentes econômicos, mormente em relação à aplicação desta teoria em ambientes não cooperativos.
John Nash nasceu dia 13 de Junho de 1928 em Bluefield, West Virginia, nos Estados Unidos. Desde cedo, apresentou forte inclinação para as ciências exatas, dando grandes demonstrações de aptidão para matemática, aliada a um peculiar comportamento anti-social, que o levava ao isolamento em seu quarto.
Em Junho de 1945, Nash ingressou na prestigiosa Universidade de Carnegie Mellon onde lhe foi oferecida uma bolsa de estudos. Em 1948, foi aceito no programa de doutoramento em matemática em uma das mais famosas universidades dos Estados Unidos: Princeton. Em 1949, aos 21 anos, Nash, desenvolveu sua tese de doutoramento. O trabalho, intitulado "Theory of Non-cooperative games", também conhecido como "Equilíbrio de Nash", causou verdadeira revolução no estudo da estratégia econômica.
Conforme narrado por sua biografa, Nash sentia-se inferiorizado diante de seus colegas acadêmicos por nunca ter publicado um trabalho e buscava uma idéia original para sua tese. Porém, seu comportamento anti-social causou-lhe dificuldades acadêmicas, por não freqüentar as aulas e constantemente trancar-se em seu quarto a procura de sua idéia.
Um dia, a conselho de seu colega de quarto, Nash resolve sair de sua clausura e apreciar a vida. Ao estudar em um bar, seus companheiros chamam-lhe a atenção para umas moças que se encontravam lá, em especial uma loira que se destacava por sua beleza. Um de seus colegas relembra a célebre lição de Adam Smith: em competição, ambição individual serve o bem comum. Após ouvir o comentário do seu companheiro, Nash afirma que a teoria de Adam Smith tem de ser revista, pois contraria 150 anos de doutrina econômica.
Nash argumentou que se todos optassem pela loira, bloqueariam-se uns aos outros, e nenhum de conseguirá tê-la. E se, em seguida, optassem pelas amigas, nenhuma se interessaria, pois ninguém gosta de ser segunda escolha.
Mas, se ao invés disso ninguém optasse pela loira, não haveria o bloqueio mútuo dos competidores em face desta, e não haveria ofensa, ainda que indireta, às outras moças. Esta, seria a única forma de obtenção de resultados satisfatórios a todos, garantindo-se o equilíbrio de interesses.
Ao contrário de Adam Smith, que dizia que os melhores resultados surgem quando cada um no grupo olha pelos seus próprios interesses, Nash defendeu que o melhor resultado surge quando todos elementos do grupo olham pelos seus próprios interesses e pelos do grupo. Essa singela observação empírica do comportamento humano serviu de base para a "Teoria do Equilíbrio". Nash, enfim, achava sua idéia original.
Esta teoria, por sua vez, se traduz na solução para alguns mercados competitivos, no qual nenhum agente pode maximizar seus resultados, diante da estratégia dos outros agentes . A análise combinada das estratégias de mercado, segundo Nash, a um resultado no qual nenhum dos agentes individualmente terá prejuízo, em vista da estratégia de mercado de outros agentes, garantindo assim o êxito da atividade econômica e a manutenção do mercado.
Infelizmente sua carreira foi precocemente interrompida em 1958, no diagnóstico de esquizofrenia, o que o afastou do meio acadêmico até o princípio da década de 90, quando a patologia veio a retroceder de maneira, digamos, autêntica.
O reconhecimento por sua contribuição científica somente veio em 1994, quando, juntamente com John C. Harsanyi e Reinhard Selten, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Economia pelo seu trabalho na Teoria dos Jogos (Theory of Non-cooperative Games). A vida de John Nash foi imortalizada tanto nos livros, em "Uma mente brilhante", Sylvia Nassar, quanto no cinema, num homônimo ao livro estrelado por Russel Crowe.
Observa-se que a análise econômica das condutas, em ambientes não-cooperativos, é um fator primordial para a prevenção de infrações à ordem econômica, uma vez que, se dois ou mais agentes maximizam seus resultados, concentrando poder de mercado em torno de si, em detrimento dos demais competidores, indica-se o cartel.
Por isso, às vezes quando ouvirem a mídia falar mal do governo, antes de acreditar, pesquisem a respeito. Pergunte a si quem é no final das contas que realmente é movido por dinheiro. O governo é sim corrupto, mas certos problemas que têm origem na ganância e ignorância de indivíduos de alto poder econômico não devem ser atribuídos ao governo completamente. Como pode-se perceber a partir da amostra dada por este texto, o problema é muitas vezes mais complexo do que parece. Não se iguale ao vendedor de pipoca da esquina e fale só de "quem fez o quê pelo povo/ao povo".

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Teoria do Equilibrio

Sempre fiz a mim mesmo uma pergunta que todo mundo devia fazer na vida. Qual é o sentido da vida, em que equação eu jogo 42 para converter para português?

Este post traz uma idéia muito velha minha. Quanta gente diz que o sentido da vida é evoluir até alcançar a perfeição. Não faz sentido se a vida for um ciclo, e não ter fim simplesmente por não ter começo. Imagine, se um dia é alcançada uma perfeição, a vida atinge seu objetivo, e, e aí, fudeu?

Também não faz sentido que o sentido não seja evoluir. Afinal se não fosse, a própria existência da nossa raça racional seria sem sentido. Desde que deus nos deu a capacidade de morrer, procuramos evoluir, pelo menos a algum nível material, para que seja aproveitado o melhor possível o tempo limitado de vida ou prolongado esse tempo. A evolução representa apenas o fato de constantemente transformar algo para melhor em algum aspecto.

A não ser que não exista perfeição. Se não teve começo, então não teve premissa, logo provavelmente não deve ter hipótese, ou objetivo dentro dessa ótica, e portanto não teria fim. O mundo apenas visando se auto-equilibrar enquanto é uma metamorfose ambulante, com o perdão do clichê.

Imagine uma balança. De um lado temos, digamos, o mal, do outro, obviamente, o bem.
O bem evolui um pouco. O mal evolui pra equilibrar de volta, mas o mundo é imperfeito então o mal evolui um pouco mais que o bem. O bem tenta retomar essa diferença e evolui, mas analogamente à situação anterior, passa um pouco do ponto de equilíbrio. E o ping-pong se prolonga infinitamente, visando um equilíbrio que nunca acontece.

É claro que esse é um exemplo mongol, metafórico e simplista, mas é para ser assim, aberto a aplicações e interpretações. É a balança da dualidade. Sempre ela.

Ser perfeito é ruim. É um desequilíbrio. Paradoxal, mas é a imperfeição que faz o mal evoluir um pouquinho mais que o bem, e este dar o troco. É a imperfeição que mantém o mundo funcionando. Por isso, você tem seus defeitos, se não não seria equilibrado. Cuidado com o que desejam para suas vidas senhores, tudo o que é bom demais tem um preço alto.

Isso não quer dizer, é claro, que não se deva correr atrás da evolução. Só deixe cada coisa a seu tempo.

Pode começar a reparar que sempre depois da calmaria vem a tempestade, e logo depois vem a calmaria de novo.

Os dois lados da balança do universo cada vez pesam mais. E deus disse: "Conservai a energia... e aumentai a entropia."

Depois de um tempo usando essa idéia como analogia para várias coisas, descobri que John Nash tinha escrito muitos anos antes a teoria do Equilíbrio de Nash, que contribuiu boçalmente para o estudo da macroeconomia. Ela representa uma situação em que, em um jogo envolvendo dois ou mais jogadores, nenhum jogador tem a ganhar mudando sua estratégia unilateralmente.

A idéia dele surgiu quando estava no bar com os amigos e comentaram sobre a loira excepcionalmente atraente ali presente. Ele provou que a melhor situação era a em que todos escolhiam uma garota diferente, pois se todos escolhessem a loira, no máximo um teria chance. Isso serviu de analogia para explicar a importância da concorrência para a economia.

Diz um ditado que mentes pequenas só discutem pessoas, mentes grandes já discutem situações, mentes geniais já discutem idéias.

Ouvi dizer em algum lugar que o sofrimento é necessário ao ser humano. Alguns tentaram explicar usando as teorias do Karma e Reencarnação, como uma espécie de punição/recompensa ou até mesmo designação de tarefas prevendo resultados evolutivos.

Porém eu acabei por discordar dessa idéia, a princípio, pois existe a necessidade de um julgamento implícito. Não parece um processo mecanicamente Natural, na verdade é necessária a razão de algum ser(deus por exemplo) - o que resultaria numa espécie de tentativa de equilíbrio forçado. Porém o mais provável é que a função de um deus seja Desequilibrar, pois é isso que move o mundo. Chegamos num deus que faz exatamente o contrário de sua função, o que é um absurdo. Mas tudo bem, sob a ideologia apresentada, eles consideram que o julgamento vem de si próprio e todos são deus.

Supondo que a dor do ser humano seja necessária, observei que a dor seria um agente desequilibrante ou resultante reequilibrante global de ações boas. Obviamente você ao fazer coisas boas não sofre com elas. Mas pode ser que mesmo fazendo as melhores ações o sofrimento venha a lhe atingir. Então na verdade ele deve ser o agente, e não o resultante.

O sofrimento vem na maioria das vezes para te deixar mais forte, mais preparado para o que o mundo realmente é. Deve ser uma concepção que muitos de nós temos. Mas há uma pergunta a ser feita: Porquê ele vem?

Como eu disse nos primeiros posts, há o efeito da auto-predestinação: Ninguém escolhe se ferrar literalmente(todos que são postos a escolhas escolhem a que acham melhor para seus propósitos na hora), logo, alguém que sofre de cirrose por causa de bebida naturalmente deve considerar parar de beber, por exemplo (nem que seja na próxima encarnação). Quando se dá valor a algo depois que se perde. É uma adaptação natural que muitas vezes temos que passar. Mas provavelmente essa adaptação é a resultante reequilibrante.

Por esse motivo, cheguei à conclusão de que sofrimento é um efeito natural que nasceu com o ser humano, foi escrito dentro do código que compõe o homem(aliás, as necessidades do homem). Ele é um Agente, e primário ainda por cima.

Pensei como seria se um homem não precisasse mais de sofrimento, e imaginei que fosse evoluir a ponto de não precisar mais de sofrimento.

É algo complicado de explicar, mas mais complicado ainda com certeza é realizar tal fato. O que eu quero dizer é que se todos fossem capazes de, por exemplo, dar valor de verdade àquilo que se tem sem precisar sofrer nada, o equilíbrio teria sido atingido.

Dê valor às coisas, aprenda com o erro dos outros para que não precise passar pelo sofrimento do erro deles, entre outros daqueles conselhos sábios dos antigos. Nada novo até aí, quando eu pensei: e se existisse forma eficiente de dividir a carga de sofrimento em conjunto?

Provavelmente você não deve ter uma vida tão sofrida. Ou talvez um pouco, mas não liga tanto pra isso. A quantidade de pessoas que se suicidam e que falam português não é nem próxima da metade daqueles povos da neve. Parece que as pessoas procuram do que sofrer por quando isso não lhes é concedido. Aliás, as sociedades patriarcais prevaleceram às matriarcais por causa da escassez de alimentos, o que lhes levou a desenvolver tecnologia.

Se você não tem sofrimento toda hora, seus amigos, parentes, no momento que um deles tem, talvez pudesse haver uma maneira de distribuir pequenas quantidades do sofrimento de alguém entre os relacionados sem sofrimento, afim de amenizá-lo.

O problema é que o sofrimento vem para desequilibrar, proporcionando a resultante boa. E se desse para burlar a regra? Amenizar o efeito negativo do sofrimento mas manter a resultante boa. Ou ainda melhor, distribuir também o efeito positivo entre os relacionados. Seria uma espécie de aproveitamento pró-evolutivo.

Existem pessoas que têm sofrimento de sobra. Sim, elas na verdade foram criadas de uma maneira que o sofrimento varia dentro de uma faixa para ter efeito, e acima desta faixa não faz mais efeito, precisam de outros fatores como o tempo para funcionar. Provavelmente já ouviu falar de ninguém que sofre, sofre, sofre de algo, e mesmo depois de várias porradas ainda não aprendeu.

Aí seria uma boa utilização do esquema do aproveitamento. As pessoas ao redor poderiam amenizar o sofrimento de uma maneira que não prejudicasse o aprendizado do sujeito, de maneira que com uma pena mais leve ele poderia viver com mais qualidade durante o tempo que lhe fosse necessário para completar o aprendizado.

Essa idéia de equilíbrio/progresso mútuo se relaciona com a idéia da defesa da concorrência. 

Um bom exemplo de mecanismo que segue esse tipo de padrão são famílias que dão certo. Bons pais sabem dosar quais tipos de sofrimento serão necessários ser vividos para o aprendizado e a fortificação da sua criança, e quais tipos de sofrimento devem ser amenizados pois, digamos, estouram sua faixa em relação ao tempo necessário, como disse antes.

Pode ser também que essa idéia já seja praticada sem querer. Quando um enfermo está entre a vida e a morte, e esse tende a se recuperar melhor quando há pessoas do seu lado dando força, rezando, etc. E se for, como fazemos isso render melhor ou extrapolamos seu uso para outras coisas?

Uma pequena historinha. Henrique conheceu a cocaína e se viciou. Após muito tempo sugando o dinheiro dos seus pais, que lhe tinham pena, estes finalmente tiveram coragem pra lhe negá-lo e enfim, fazer o que era necessário. Depois de muita resistência, e sofrimento, ele foi internado numa clínica, passou muito tempo lá, e melhorou muito seu caráter. Não foi nada fácil vencer o vício. Mas talvez tenha sido uma boa lição pra lhe mostrar o quanto lhe é capaz quando se tem força de vontade. E também o valor que os amigos de verdade têm(poucos continuaram do seu lado).

Era mesmo necessário se viciar em drogas para aprender a ter força de vontade, a dar valor aos amigos? Ele poderia ter aprendido sem passar por isso tudo? Ou será que o acaso lhe incutiu nos genes alguma 'tendência a vício', como que prevendo que esta seria a melhor(ou a única) maneira dele aprender?

Esse lance de inevitabilidade é um pouco assustador, como todos nós podemos acabar tendo um destino trágico. Mas sob essa ótica de aprendizado, não parece tão ruim. Sofrimento nesse caso é tratado como um subconjunto da dor, o que reenforça o valor do aprendizado. Fizeram um robô usando células de cérebro de rato há um tempo atrás, e ele desviava de obstáculos sozinho, pois quando os sensores detectavam proximidade, ofereciam pequenos estímulos elétricos (choques) às células, e ele se fazia desviar do trajeto.

De uma ótica metafísica, eu diria que a aplicação seria que, sempre que dá uma merda, acontece algo bom depois, e sempre que há um período de calmaria ou de bem-bom, vem uma tempestade depois. Períodos históricos inteiros foram postos em ressonância através de gráficos na TimeWave zero, e apesar de ser muita viagem, é no mínimo curioso ver como os paradigmas e ideologias se ilustram nos acontecimentos e como eles se repetem em períodos cada vez mais comprimidos. Mesmo o mercado de ações recebe aplicações semelhantes a esse pensamento de forma um tanto quanto empírica na análise técnica, posteriormente sustentada pela fundamentalista.

E se houvesse meios de prever o futuro ainda melhor?