segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Approval Junkies
Os peixes agressivos aprenderam a comer pequenos pedaços dos rabos de seus semelhantes para não morrerem de fome.
"There is something about yourself that you don't know. Something that you will deny even exists, until it's too late to do anything about it. It's the only reason you get up in the morning. The only reason you suffer the shitty boss, the blood, the sweat and the tears. This is because you want people to know how good, attractive, generous, funny, wild and clever you really are. Fear or revere me, but please, think I'm special. We share an addiction. We're approval junkies. We're all in it for the slap on the back and the gold watch. The hip-hip-hoo-fuckin' rah. Look at the clever boy with the badge, polishing his trophy. Shine on you crazy diamond, because we're just monkeys wrapped in suits, begging for the approval of others."
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Quadro Branco
Eu tentei, meu amor, dar aquilo que eu tenho de mais precioso: essa coleção de pedaços da verdade, uma bela paisagem de liberdade separada em fragmentos e pó de estrelas.
A minha honestidade sempre foi a minha mais bela qualidade, e é por isso que eu a digo em frase, sem ego nenhum - pois nos momentos que eu a deixei de lado, tive os momentos mais tristes da minha vida, e quando ela brilhou, foram os mais felizes.
É pela honestidade que eu tenho que me demito. Eu desisto de tudo que não posso carregar nem cumprir. Eu sabia que não poderia, mas é da minha natureza tentar.
Por que eu acho a esperança um sentimento bonito, apesar de ser triste. Para haver a esperança, tem que haver a dor, e a paisagem na mente, o mar lá a levar as grossas manchas da roupa que toca a praia, porém nunca por completo.
As roupas e o mar não existem. São só inverdades propositalmente colocadas lá, para que a dor estancasse, do mesmo jeito que band-aid não é pele. São mentirinhas, como a história do lobo-mau, e talvez a da humanidade.
Eu estou deixando a tela para você pintar, como você quiser. Pode ser que eu tenha esperança que você pinte com o coração, mas não há mais espaço para a dor, então eu deixarei apenas como é para que você descubra naturalmente como se faz.
A criança dentro de nós não nos deixa ser adultos até que tenhamos nos divertido o suficiente para que a terra nos deixe alcançar o céu sem precisar voar de verdade, e ele é que vem até nós brincar também.
Eu te amo e é por isso que lhe deixarei apenas ser, de hoje em diante.
Nossa dor deixará de existir aos poucos, e do solo escuro nascerão as flores que levaram amor de um coração a outro entre os jardins da nossa miragem, da nossa pintura.
Seremos um, e então apenas o fato de ser será.
A minha honestidade sempre foi a minha mais bela qualidade, e é por isso que eu a digo em frase, sem ego nenhum - pois nos momentos que eu a deixei de lado, tive os momentos mais tristes da minha vida, e quando ela brilhou, foram os mais felizes.
É pela honestidade que eu tenho que me demito. Eu desisto de tudo que não posso carregar nem cumprir. Eu sabia que não poderia, mas é da minha natureza tentar.
Por que eu acho a esperança um sentimento bonito, apesar de ser triste. Para haver a esperança, tem que haver a dor, e a paisagem na mente, o mar lá a levar as grossas manchas da roupa que toca a praia, porém nunca por completo.
As roupas e o mar não existem. São só inverdades propositalmente colocadas lá, para que a dor estancasse, do mesmo jeito que band-aid não é pele. São mentirinhas, como a história do lobo-mau, e talvez a da humanidade.
Eu estou deixando a tela para você pintar, como você quiser. Pode ser que eu tenha esperança que você pinte com o coração, mas não há mais espaço para a dor, então eu deixarei apenas como é para que você descubra naturalmente como se faz.
A criança dentro de nós não nos deixa ser adultos até que tenhamos nos divertido o suficiente para que a terra nos deixe alcançar o céu sem precisar voar de verdade, e ele é que vem até nós brincar também.
Eu te amo e é por isso que lhe deixarei apenas ser, de hoje em diante.
Nossa dor deixará de existir aos poucos, e do solo escuro nascerão as flores que levaram amor de um coração a outro entre os jardins da nossa miragem, da nossa pintura.
Seremos um, e então apenas o fato de ser será.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Quando a contradição faz sentido
A melancolia é o prazer por sentir tristeza.
Quando todos os problemas do mundo, que sou eu, cessarem, então estarei em paz.
Mas até lá, a música é a minha única arma nesse nível de existência escrava, onde sou meu próprio capataz - e não sei como me livrar dessas amarras.
Na música eu sou Deus. Eu sou mais do que o mundo - eu sou aquilo que ele queria ter sido.
Quando todos os problemas do mundo, que sou eu, cessarem, então estarei em paz.
Mas até lá, a música é a minha única arma nesse nível de existência escrava, onde sou meu próprio capataz - e não sei como me livrar dessas amarras.
Na música eu sou Deus. Eu sou mais do que o mundo - eu sou aquilo que ele queria ter sido.
domingo, 24 de junho de 2012
We saw in lies there was some truth
Em tempos de frio e escuridão, o trabalho do artista é lembrar às pessoas que elas têm um coração - e que nele se esconde tudo o que se precisa.
As pessoas não tem coragem de dizer muitas verdades. Algumas até as negam por conta disso.
Até que vem alguém e diz,
de forma bonita,
e ela passa a aceitar.
Em meio a algumas mentirinhas achamos algumas verdades.
As pessoas não tem coragem de dizer muitas verdades. Algumas até as negam por conta disso.
Até que vem alguém e diz,
de forma bonita,
e ela passa a aceitar.
Em meio a algumas mentirinhas achamos algumas verdades.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
O que o tempo realmente reservou a nós
Eu gostava de fingir pra mim mesmo às vezes que eu precisava de uma razão pra viver, só por que a minha cabeça não conseguia entender que porra é essa chamada vida.
Criei amores pra amar como se fosse validar a vida. Mas a validação é da razão, não do coração.
Criei histórias para viver como se fosse capaz de simular o mundo dentro de uma ficção que imita a própria vida em si. Grande idéia, superada apenas pela sua monumental falha, que consiste no codeterminismo irracional da primeira, e por óbvia consequência, da segunda.
Criei músicas, que na tentativa de exportar essa grande vontade de achar a verdade dentro de mim, foram bem-sucedidas ao invés disso em achar verdades aonde não seria possível afora - mas todas elas apontavam que, fatalmente, aquilo que eu procurava nelas, nos amigos, nos inimigos e em tudo aquilo mais era nada menos que eu mesmo - e todas as respostas que já estavam dentro de mim, mas eu não conseguia ver.
Não é por que eu criei eles que nenhum deles existiu - muito pelo crontário, foram muito verdadeiros, e puramente da minha vontade. Mas a vontade é algo controverso - pode ser coisa do ego às vezes, pode ser coisa do espírito, pode ser coisa dos outros que você acha que é sua, e nisso as coisas se misturam, pois na maioria das vezes é um pouco de cada.
Cada um dos eus diz a verdade de maneira diferente, mas acho às vezes que existe uma forma mais pura da verdade, aquela que de tão pura, escancarada, chega a ser cruel, mas que tem a capacidade insubstituível de libertar a qualquer ser que a valorize.
Eu inventei que eu te amava por que eu vi uma parte de mim mesmo em você, e se não foi você que me libertou, então fui eu mesmo, impresso em você por mim mesmo.
Não existe nenhum amor que seja falso - só existe falsidade nas coisas que inventam acerca dele, que, particularmente, são muitas. Amor falso é amor que não existe.
Se o amor é que me fez as inventá-las ou se foram as invenções que trouxeram o amor, eu não faço idéia. Mas eu tenho certeza que você não queria se apegar a mim, ou a ninguém, por que fatalmente todos nós queremos nos libertar, e tenho convicção de que esse não é o caminho.
Você, o meu "eu" em você, e esse eu que eu criei, sendo ele possivelmente a soma de todos os meus "eus" que eu enxerguei e coloquei como uma etiqueta em todas as pessoas que eu fui conhecendo até esse momento, todos eles estão na minha música. Todos são parte de uma história, igualmente inventada, e representada em acordes, melodias, tristes, felizes, supreendentes, aconchegantes, questionantes.
O que não quer dizer que ela seja falsa. A essência sempre estará lá. Você não pode falsificá-la, pois não é deus. E mesmo que pudesse, o destino se encarregaria de impedí-lo, pelo seu próprio bem, de vivê-la. Se você a viveu, foi real, foi necessário, foi você.
O destino então nos reservou aquilo que sempre quisemos e o melhor que podíamos dentro do que tínhamos a cumprir.
Quando eu falo com você, estou falando comigo mesmo, nesse doido sonho que acontece dentro de uma mente - todos são eu, pois isto é um sonho, e acontece na minha mente. Mas todos eles têm a certeza única e indissolúvel que são outros - e portanto o são.
É hora de eu me libertar do sonho de ser você e você do sonho de ser a mim. Talvez assim, sejamos um dia, livres de verdade para amar por si só.
Talvez seja, na verdade, o único caminho que nos resta. Por que não é possível adiar para sempre a responsabilidade pela escolha de fazer o que é certo ou o que é fácil.
E alguém não é aquilo que escolhe, porém escolhe aquilo que é. As escolhas não nos definem, pelo contrário - nós é que definimos as escolhas, mesmo que deterministicamente. A sutileza dessa diferenciação diz se um homem é um assassino ou se um assassino é um homem, e mais ainda - por quanto tempo é preciso se manter preso numa ilusão até aprender o que ela tem a comunicar.
Eu queria terminar o texto de maneira épica, mas o amor é uma coisa sutil, e não essa coisa trágica romântica de que só se ama com fatalidades presentes - fato que leva a vida das pessoas a um grande espiral de tédio e prisões, pois ávidos pelo grandioso, pelo ardente, pelo que é mortal, desapercebem-se do que é vital, primaveril, humilde.
Então eu faço melhor terminando assim:
e foram felizes para sempre.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Manifesto
O direito é mera escolha política. Saí da faculdade convencido disso. A maior lição que aprendi lá é a que, organizando um sistema dotado de um parâmetro lógico, qualquer matéria pode ser considerada direito. Por isso conseguimos dizer que a Sharia é direito e que o que temos no Ocidente é direito, sendo que ambos os sistemas “jurídicos” são meras escolhas políticas derivadas de uma análise basal feita com o que Schopenhauer denomina princípio de razão, ou seja, a tentativa de dotar as relações entre os homens e destes com seu mundo de alguma lógica fundada em princípios derivados de uma realidade ilusória. A única coisa em que diferem são as fontes. De um lado temos um homem que acreditava que um anjo lhe ditava a verdade. Do outro, uma “lógica pura” (inexistente) baseada na crença de que o homem nasce com direitos que lhe são intrínsecos e que devem ser protegidos. Dos dois, admito, prefiro acreditar no homem que diz ouvir um anjo.
O único direito que nasce com o homem é a liberdade e, obviamente, por isso é o primeiro (e único) a ser perdido. A única forma de evitarmos esta perda é identificarmos a sua origem. Hobbes conseguiu identificá-la com clareza : a força coatora, que se impõe sobre o mais fraco, hoje concentrada no Estado e em suas elites, que são as mesmas há dois milênios.
Apesar de ter meus problemas com Rousseau, admito que em seu “Discurso sobre a Desigualdade entre os Homens”, fez pontuações corretas. Além da força coatora nos privar do único direito com o qual nascemos, ela também nos priva do único modo de sobrevivermos, a terra. Da terra tiramos tudo que é necessário para vivermos, mas se ela pertence toda a elite que comanda a força coatora do Estado, como sobreviveremos?
Mas é possível existirmos sem a força coatora? Não. Nós temos que diminuir seus poderes, mas não acabar com eles. Acabar com eles traria de volta o “omnium bellum omnes” de Hobbes, o estado de guerra total e os mais fortes novamente preponderariam e reinstalariam a força coatora sob seus próprios moldes.
Por isso renego as teorias utópicas anarquistas, libertárias e mesmo comunistas que pregam o fim do Estado. Quero um Estado menor, com menor poder de influência ou decisão na vida de um cidadão. Quero uma nova elite, uma elite dos intelectualmente mais aptos, pois o intelecto é o instrumento supremo do homem e, ao mesmo tempo que, através de sua faceta intuitiva, podemos tirar da observação do sublime que há na natureza representando a quintessência da verdade divina, podemos construir relações mais justas neste mundo de ilusões em que vivemos, posto que a justiça é uma virtude, e virtudes só podem ser praticadas no convívio com outros seres humanos e, mais que tudo, pode ser ensinada.
Quero uma elite que torne a educação ampla, para aqueles que a quiserem, e profundamente meritocrata, pois políticas afirmativas, quando fundada sobre paradigmas esdrúxulos, imiscuem os dotados de superioridade e favorecem os medíocres.
Quero uma reforma agrária ampla e revolucionária, fundada sobre os princípios distributivistas de Chatterton e Belloc, de forma que não falte a ninguém no Brasil e, se depender de mim, no mundo, o que comer.
Quero o fim da distribuição de renda, que dá a economia um aspecto ilusório e que representa, para ela, um castelo de cartas.
Quero o fim da exploração das matas brasileiras de forma absoluta e irrevogável, doa a quem doer.
Quero um Estado que influa o mínimo possível na economia, mas o suficiente para evitar a formação de monopólios e manter a saúde econômica do país, garantindo assim que os cidadãos tenham acesso aos melhores produtos pelos menores preços.
Quero mecanismos regulatórios probos eficientes e não quero que a justiça se meta com eles.
Por fim, quero uma justiça que, como já foi dito, por ser uma opção política, opte por deixar cada individuo viver a sua vida como bem entender, desde que não atrapalhe a vida de seus pares.
Quero um Estado que, não se metendo com o individuo, não faça com que todos os outros tenham que arcar com as escolhas erradas que cada indivíduo fez.
Quero que os indivíduos tenham seus direitos sempre respeitados e nunca sacrificados em nome de um bem maior. Mas quero que aqueles que sejam culpados de tentar obstruir o aproveitamento destes direitos por cada individuo sejam punidos, até mesmo com a morte, se necessário. Quero que todos vivam. Como cada um bem entender. E que o homem seja em natureza, livre.
Pacta Sunt Servanda.
O único direito que nasce com o homem é a liberdade e, obviamente, por isso é o primeiro (e único) a ser perdido. A única forma de evitarmos esta perda é identificarmos a sua origem. Hobbes conseguiu identificá-la com clareza : a força coatora, que se impõe sobre o mais fraco, hoje concentrada no Estado e em suas elites, que são as mesmas há dois milênios.
Apesar de ter meus problemas com Rousseau, admito que em seu “Discurso sobre a Desigualdade entre os Homens”, fez pontuações corretas. Além da força coatora nos privar do único direito com o qual nascemos, ela também nos priva do único modo de sobrevivermos, a terra. Da terra tiramos tudo que é necessário para vivermos, mas se ela pertence toda a elite que comanda a força coatora do Estado, como sobreviveremos?
Mas é possível existirmos sem a força coatora? Não. Nós temos que diminuir seus poderes, mas não acabar com eles. Acabar com eles traria de volta o “omnium bellum omnes” de Hobbes, o estado de guerra total e os mais fortes novamente preponderariam e reinstalariam a força coatora sob seus próprios moldes.
Por isso renego as teorias utópicas anarquistas, libertárias e mesmo comunistas que pregam o fim do Estado. Quero um Estado menor, com menor poder de influência ou decisão na vida de um cidadão. Quero uma nova elite, uma elite dos intelectualmente mais aptos, pois o intelecto é o instrumento supremo do homem e, ao mesmo tempo que, através de sua faceta intuitiva, podemos tirar da observação do sublime que há na natureza representando a quintessência da verdade divina, podemos construir relações mais justas neste mundo de ilusões em que vivemos, posto que a justiça é uma virtude, e virtudes só podem ser praticadas no convívio com outros seres humanos e, mais que tudo, pode ser ensinada.
Quero uma elite que torne a educação ampla, para aqueles que a quiserem, e profundamente meritocrata, pois políticas afirmativas, quando fundada sobre paradigmas esdrúxulos, imiscuem os dotados de superioridade e favorecem os medíocres.
Quero uma reforma agrária ampla e revolucionária, fundada sobre os princípios distributivistas de Chatterton e Belloc, de forma que não falte a ninguém no Brasil e, se depender de mim, no mundo, o que comer.
Quero o fim da distribuição de renda, que dá a economia um aspecto ilusório e que representa, para ela, um castelo de cartas.
Quero o fim da exploração das matas brasileiras de forma absoluta e irrevogável, doa a quem doer.
Quero um Estado que influa o mínimo possível na economia, mas o suficiente para evitar a formação de monopólios e manter a saúde econômica do país, garantindo assim que os cidadãos tenham acesso aos melhores produtos pelos menores preços.
Quero mecanismos regulatórios probos eficientes e não quero que a justiça se meta com eles.
Por fim, quero uma justiça que, como já foi dito, por ser uma opção política, opte por deixar cada individuo viver a sua vida como bem entender, desde que não atrapalhe a vida de seus pares.
Quero um Estado que, não se metendo com o individuo, não faça com que todos os outros tenham que arcar com as escolhas erradas que cada indivíduo fez.
Quero que os indivíduos tenham seus direitos sempre respeitados e nunca sacrificados em nome de um bem maior. Mas quero que aqueles que sejam culpados de tentar obstruir o aproveitamento destes direitos por cada individuo sejam punidos, até mesmo com a morte, se necessário. Quero que todos vivam. Como cada um bem entender. E que o homem seja em natureza, livre.
Pacta Sunt Servanda.
domingo, 6 de maio de 2012
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Bem amigos de Rede Globo, não pera...
Esse é um post bem curto, de despedida mesmo, não tem muito o que falar, só que eu agradeço pelo espaço cedido pelo nosso amigo japonês que serviu como um grande deposito de ideias, sentimentos e muita bobagem produtiva huiashiasaihasiusah No entanto nos últimos meses eu não tenho conseguido escrever mais nada e acho que grande parte do proposito que esse blog tinha pra mim acabou, no entanto minha saída não é lá grandes coisas, ao meu ver tudo vai continuar da mesma maneira já que eu postava muito pouco e o foco do blog será mantido de qualquer maneira, mas é sempre bom avisar das decisões que se toma.
Um abraço bem escroto pra todos, risos.
Esse é um post bem curto, de despedida mesmo, não tem muito o que falar, só que eu agradeço pelo espaço cedido pelo nosso amigo japonês que serviu como um grande deposito de ideias, sentimentos e muita bobagem produtiva huiashiasaihasiusah No entanto nos últimos meses eu não tenho conseguido escrever mais nada e acho que grande parte do proposito que esse blog tinha pra mim acabou, no entanto minha saída não é lá grandes coisas, ao meu ver tudo vai continuar da mesma maneira já que eu postava muito pouco e o foco do blog será mantido de qualquer maneira, mas é sempre bom avisar das decisões que se toma.
Um abraço bem escroto pra todos, risos.
terça-feira, 24 de abril de 2012
Justificativa para publicação do texto "The Fatalist"
O texto que eu acabei de publicar foi fundamental para minha conversão ao fatalismo. Não porque ele apresente de fato uma desculpa ou mesmo um pretexto lógico para a crença. Muito pelo contrário. Creio que as obras de arte tenham, como disse Schopenhauer, a capacidade de iluminar a mente humana para que esta, desviando-se dos artifícios delusórios da razão, alcance a realidade transcendente ao mundo de sombras que vivemos, ainda que utilizando-se meramente da sensibilidade do leitor ao talento do escritor.
Quando eu li pela primeira vez este conto devia ter uns dezesseis, dezessete anos, e foi o que mais me tocou de uma coleção de contos russos que ganhei de aniversário. De alguma forma, ele abriu as portas da minha mente para entender que, ainda que nós não pudéssemos saber nosso Destino, Deus, em sua onisciência, o sabia. Por temermos a impotência, nos recusamos a acreditar nisto, o que é na verdade uma prova do quão fraco e pouco sapiente o homem é em relação a natureza e a harmonia da Criação com o Criador.
Minha crença na onisciência divina e meu refutar do livre-arbítrio não fez com que duvidasse em nenhum momento de minhas ações, ou achasse que elas estavam sendo controladas, nem nunca me permitiu que desculpasse alguém sob esta alegação ou mesmo me desculpasse ou me colocasse em uma posição de miséria sob este pretexto. Creio que assim que É e nada pode ser feito para que mude, a não ser viver.
De qualquer forma, anos depois entrei em contato com o livro do qual saiu este texto (Gueroi nashevo vremeni - Um herói do nosso tempo, 1839, Mikhail Lermontov. Texto em inglês: http://www.eldritchpress.org/myl/hero.htm - da onde os trechos retirados provém) e salvei-o como um dos favoritos no meu computador. Passado um ano deste ato de salvar, resolvi ler o livro. Desde a primeira página, me encantei pela obra, pelo autor e pelo personagem, que considero quase um alter-ego de mim mesmo. Tamanha é a genialidade do livro e do autor, bem como minha identificação, que selecionei alguns trechos, para deixar os leitores deste blog, que foi, por sinal, construído como meio para divulgar a crença de seus autores no determinismo (crença esta que, como disse, passei a ter depois de ler o texto postado logo antes em uma ótima tradução feita por José Augusto Carvalho para o livro "Contos Russos Eternos"), com vontade de ler a obra:
"'Perhaps,' I thought, 'that is why you loved me, for joy is forgotten, but sorrow never . . .'"
"But far from it! Hence this is not the restless craving for love that torments us in the early years of our youth and casts us from one woman to another until we meet one who cannot endure us; this is the beginning of our constancy--the true unending passion that may mathematically be represented by a line extending from a point into space, the secret of whose endlessness consists merely in the impossibility of attaining the goal, that is, the end."
"And yet to possess a young soul that has barely developed is a source of very deep delight. It is like a flower whose richest perfume goes out to meet the first ray of the sun. One must pluck it at that very moment and, after inhaling its perfume to one's heart's content, discard it along the wayside on the chance that someone will pick it up. I sense in myself that insatiable avidity that devours everything in its path. And I regard the sufferings and joys of others merely in relation to myself, as food to sustain my spiritual strength. Passion is no longer capable of robbing me of my sanity. My ambition has been crushed by circumstances, but it has manifested itself in a new form, for ambition is nothing but lust for power, and my greatest pleasure I derive from subordinating everything around me to my will. Is it not both the first token of power and its supreme triumph to inspire in others the emotions of love, devotion and fear? Is it not the sweetest fare for our vanity to be the cause of pain or joy for someone without the least claim thereto? And what is happiness? Pride gratified. Could I consider myself better and more powerful than anyone else in the world, I would be happy. Were everybody to love me, I'd find in myself unending wellsprings of love. Evil begets evil; one's first suffering awakens a realization of the pleasure of tormenting another. The idea of evil cannot take root in the mind of man without his desiring to apply it in practice. Someone has said that ideas are organic entities: their very birth imparts them form, and this form is action. He in whose brain the most ideas are born is more active than others, and because of this a genius shackled to an office desk must either die or lose his mind, just as a man with a powerful body who leads a modest, sedentary life dies from an apoplectic stroke."
"I thought for a moment and then said, taking on a deeply touched face: 'Yes, such has been my lot since childhood. Everyone read signs of non-existent evil traits in my features. But since they were expected to be there, they did make their appearance. Because I was reserved, they said I was sly, so I grew reticent. I was keenly aware of good and evil, but instead of being indulged I was insulted and so I became spiteful. I was sulky while other children were merry and talkative, but though I felt superior to them I was considered inferior. So I grew envious. I was ready to love the whole world, but no one understood me, and I learned to hate. My cheerless youth passed in conflict with myself and society, and fearing ridicule I buried my finest feelings deep in my heart, and there they died. I spoke the truth, but nobody believed me, so I began to practice duplicity. Having come to know society and its mainsprings, I became versed in the art of living and saw how others were happy without that proficiency, enjoying for free the favors I had so painfully striven for. It was then that despair was born in my heart--not the despair that is cured with a pistol, but a cold, impotent desperation, concealed under a polite exterior and a good-natured smile. I became a moral cripple; I had lost one half of my soul, for it had shriveled, dried up and died, and I had cut it off and cast it away, while the other half stirred and lived, adapted to serve every comer. No one noticed this, because no one suspected there had been another half. Now, however, you have awakened memories of it in me, and what I have just done is to read its epitaph to you. Many regard all epitaphs as ridiculous, but I do not, particularly when I remember what rests beneath them. Of course, I am not asking you to share my opinion; if what I have said seems ridiculous to you, please laugh, though I warn you that it will not annoy me in the slightest.'"
"[...] most passions begin that way, and we frequently deceive ourselves when we think that a woman loves us for our physical or moral qualities. True, they prepare the ground, dispose the heart to receive the sacred flame, but nevertheless it is the first physical contact that decides the issue."
"''Fools should be so deep-contemplative,'' [...]"
"I run through my past life in my mind and involuntarily ask myself: Why have I lived? For what purpose was I born? There must have been a purpose, and certainly fate must have something noble in store for me, for I am conscious of untapped powers within me . . . But I didn't figure out my destination. I allowed myself to be carried away by the temptation of vain and frivolous passions. I emerged from their crucible hard and cold like iron, but gone forever was the ardor of noble aspirations--life's finest flower. How often since then have I played the role of an ax in the hands of fate! Like an instrument of execution I have fallen upon the heads of the condemned, often without malice, always without regret . . . My love has never made anyone happy, for I have never sacrificed anything for those I loved; I have loved only for myself, for my own pleasure. I have striven only to satisfy a strange craving of the heart, greedily absorbing their emotions, their tenderness, their joys and sufferings--and have never been fully satisfied. I have been like the starving man who falls into a stupor from sheer exhaustion and dreams of luxurious foods and sparkling wines--exultingly he shovels in these ephemeral gifts of the imagination, and seems to feel better--but when he awakes the vision is gone . . . and redoubled hunger and despair remain!
Perhaps I will die tomorrow, and there won't be anyone left on earth who understands me fully. Some think of me worse, others better, than I really am. Some will say: he was a good fellow; others: he was a scoundrel. And both will be wrong. Is it worth the trouble to live after this? And yet you go on living--out of curiosity, in expectation of something new . . . How ludicrous and how vexatious!"
"After this, no one can tell me that the soul is not dependent on the body!"
"My soul has spent all its treasures, its tears and hopes on you. She who has once loved you cannot but regard other men with some measure of contempt, not because you are better than they--oh no!--but because there is something unique in your nature, something peculiar to you alone, something so proud and unfathomable. Whatever you may be saying, your voice holds an invincible power. In no one is the desire to be loved so constant as in you. In no one is evil so attractive. In no one's glance is there such a promise of bliss. Nobody knows better than you how to use his advantages, and no one else can be so genuinely unhappy as you, because nobody tries so hard as you to convince himself of the contrary."
The Fatalist
Texto retirado de http://www.eldritchpress.org/myl/hero.htm
I happened once to spend two weeks in a Cossack village on the left flank. A battalion of infantry was stationed there, and the officers used to meet at each other's quarters in turn, playing cards in the evenings.
One time at Major S----'s, having tired of boston, we threw the cards under the table and sat on talking until late, for this time the conversation was interesting. We were discussing the Moslem belief that the fate of man is preordained in heaven, which was said to find many adherents among us, Christians, too. Each of us had some unusual occurrences to relate pro or contra.
"All you have been saying, gentlemen, proves nothing," said the old major. "After all, none of you witnessed any of the strange happenings which you try to use to support your views, did you?"
"Of course not," several said. "But we have it on reliable authority!"
"Nonsense!" someone said. "Where is the reliable authority who has seen the scroll on which the hour of our death is appointed? And if there is such a thing as predestination, why have we been given will and reason? Why are we held accountable for our actions?"
At this point an officer who had been sitting in a corner of the room stood up, walked slowly over to the table, and surveyed us all with a calm, solemn look. He was a Serb by birth, as you could tell from his name.
Lieutenant Vulic's appearance was in keeping with his character. His tall stature and the swarthiness of his complexion, black hair, black, piercing eyes, and the large but regular nose typical of his nation, the cold, melancholy smile that eternally played on his lips--all this was as if designed to endow him with the appearance of an unusual person, incapable of sharing his thoughts and emotions with those whom fate had made his comrades.
He was brave, he spoke little but bluntly. He confided his intimate and family secrets to no one. He scarcely ever drank any wine, and he never paid court to the young Cossack women, whose charms must be seen to be appreciated. It was said nevertheless that the colonel's wife was not indifferent to his expressive eyes, but he was always angered by hints to that effect.
There was only one passion that he didn't conceal--his passion for gambling. At a green-topped table he was oblivious to the world. He usually lost, but persistent bad luck only fed his obstinacy. It was said that one night, during an expedition, when he was keeping the bank on a pillow and having a terrific run of luck, shots suddenly rang out, the alarm was given, and everyone sprang up and rushed for their weapons. "Stake the pool!" cried Vulic, who had not moved, to one of the most involved players. "Seven!" replied the latter as he dashed off. In spite of the general confusion, Vulic dealt to the end; he turned up a seven for the player.
When he reached the skirmish line, the firing was already heavy. Vulic paid no attention either to the bullets or the Chechen sabers. He was searching for his lucky player.
"It was a seven!" Vulic shouted, catching sight of him at last in the firing line, that was beginning to dislodge the enemy from a wood. Going up to him, he pulled out his wallet and gave it to the winner, in spite of the latter's objections to this ill-timed settlement. Having performed this unpleasant duty, Vulic dashed forward at the head of the soldiers and with the utmost calm exchanged fire with the Chechens to the very end of the engagement.
When Lieutenant Vulic walked up to the table everybody fell silent, expecting something original from him.
"Gentlemen!" he said (his voice was calm though it was pitched lower than usual). "Gentlemen, why this idle argument? You wish for proof: I propose we test it out on ourselves whether a man can do what he wants with his own life, or whether the fateful moment has been preordained for each of us . . . Who wants to try?"
"Not I, not I!" was the response from all sides. "What a card! Of all the things to think of!"
"I suggest a wager," I said in jest.
"What sort of a wager?"
"I maintain there is no such thing as predestination," I said, emptying some twenty gold pieces on the table from my pockets--all that I happened to have on me.
"Done!" replied Vulic in a low voice. "Major, you be the umpire--here are fifteen gold pieces. You owe me five, so will you do me the favor of making up the difference?"
"Very well," said the major. "Though I haven't the slightest idea what it's all about, or how you propose to settle the matter."
Without a word Vulic went into the major's bedroom, we following him. Going over to a wall hung with weapons, he took down at random from its nail one of the pistols, of which there were several of different calibers. We didn't realize what he was up to at first, but when he cocked the weapon and primed it, several of us involuntarily stepped up and grabbed him by the arms.
"What are you going to do? Are you mad?" we shouted at him.
"Gentlemen!" he said with deliberation, disengaging his arms. "Which of you would care to pay twenty gold pieces for me?"
Everyone fell silent and drew back.
Vulic went into the next room and sat down at the table. The rest of us followed him. He motioned us to take our seats around the table. We obeyed him in silence, for at this moment he had acquired some mysterious power over us. I looked intently into his eyes, but they met my searching gaze calmly and unwaveringly, and his pale lips smiled; yet in spite of his composure I thought I could read the seal of death on his dull white face. I have observed, and many old soldiers have confirmed the observation, that frequently the face of a person who is to die in a few hours' time bears some strange mark of his inevitable fate, which an experienced eye can hardly fail to detect.
"You will die today," I said to him. He turned sharply to me, but replied with calm deliberation: "I may, and then again I may not . . ."
Then, turning to the major, he asked whether the pistol was loaded. In his confusion, the major couldn't remember exactly.
"That's enough, Vulic!" someone cried. "It must be loaded since it hung at the head of the bed. What sort of a joke is this!"
"A stupid joke!" threw in another.
"I'll wager fifty rubles to five that the pistol is not loaded!" a third shouted.
Fresh bets were made.
I got tired of this endless ceremony. "Look here," I said, "either fire or hang the pistol back in its place and let's go to bed."
"That's right," many exclaimed. "Let's go to bed."
"Gentlemen, I beg of you not to move!" said Vulic, pressing the muzzle of the pistol to his forehead. We were all petrified.
"Mr Pechorin," he went on, "will you take a card and throw it up in the air."
As I recall now, I picked up an ace of hearts from the table and threw it up. We watched with bated breath, our eyes, wide with fear and an indefinable curiosity, shifting back and forth between the pistol and the fateful ace which was now slowly fluttering downwards. The moment it touched the table, Vulic pulled the trigger--but the pistol didn't go off.
"Thank God!" several voices cried. "It wasn't loaded . . ."
"We'll see about that," said Vulic. Again he cocked the weapon and aimed at a cap hanging above the window. A shot rang out and smoke filled the room, and when it dispersed the cap was taken down--there was the hole in the very center of it and the bullet had imbedded itself deep in the wall.
For a good three minutes no one could utter a word. Vulic calmly poured my money into his purse.
Speculation began as to why the pistol did not go off the first time. Some claimed that the pan must have been clogged, others whispered that the powder was damp at first, and that Vulic had afterwards sprinkled some fresh powder on it. I, however, assured them that the latter supposition was incorrect, for I had not taken my eyes off the pistol for a moment.
"You have gambler's luck!" I said to Vulic.
"For the first time in my life," he replied, smiling complacently. "This is better than faro or shtoss."
"But slightly more dangerous."
"Well? Have you begun to believe in predestination?"
"I do believe in it. Only I don't understand why it seemed to me that you were doomed to die today ..."
The very same man, who so short a time before had with supreme indifference aimed a pistol at his own forehead, now suddenly flared up and looked disconcerted.
"That will do!" he said, rising. "Our bet's finished and now your remarks seem out of place to me . . ." He picked up his cap and walked out. His behavior struck me as strange--and rightly so.
Soon everyone left, each giving his own interpretation of Vulic's eccentric behavior on the way home, and, probably, unanimously branding me an egoist for having wagered against a man who wanted to shoot himself--as if he could not have found a convenient opportunity without my help!
I returned home through the deserted side streets of the settlement. The full moon, red as the lurid glow of a fire, was just coming up over the jagged skyline of the housetops. The stars shone placidly in the dark-blue firmament, and I was amused at the thought that there once were sages who believed the heavenly bodies have a share in our wretched squabbles over a tiny territory or some other imaginary rights. Yet these lamps, which they thought had been lighted only to illuminate their battles and triumphs, still burn with undiminished brilliance, while their passions and hopes have long since died out together with them like a campfire left burning on the fringe of a forest by a careless wayfarer. But what strength of will they drew from the certainty that all the heavens with their numberless inhabitants looked down on them with constant though mute sympathy! Whereas we, their wretched descendents, who roam the earth without convictions or pride, without joys or fear other than the nameless dread that constricts the heart at the thought of the inevitable end, we are no longer capable of great sacrifices either for the good of mankind or even for our personal happiness, since we know that happiness is impossible; and we pass indifferently from one doubt to another just as our forebears floundered from one delusion to another, without the hopes they had and without even that vague but potent sense of joy the soul derives from any struggle with man or destiny . . .
Many similar thoughts passed through my mind. I did not hold back their passage, because I don't care to dwell upon abstract ideas--for what can they lead to? In my early youth I was a dreamer. I liked to toy with the images, now gloomy, now radiant, which my restless, eager imagination drew for me. But what have I derived from it all? Only weariness, like the aftermath of a nighttime battle with a phantom, and dim memories filled with regrets. In this futile struggle, I exhausted the fervor of spirit and the constancy of will which are essential to real life. When I embarked on that life, I had already lived it in my mind, and therefore it has become as boring and repulsive to me as a poor imitation of a long-familiar book.
The evening's events had made a rather deep impression on me and worked on my nerves. I'm not certain whether I now believe in predestination or not, but that night I firmly believed in it. The proof had been striking, and regardless of the fact that I had ridiculed our forebears and their complacent astrology, I found myself thinking as they did--but I caught myself in time on this dangerous road, and having made it a rule never to reject anything categorically and never to believe in anything blindly, I cast metaphysics aside and began to watch the ground under my feet. Such caution was timely, for I nearly stumbled over something thick and soft but apparently dead. I bent down--the moon now lit up the road--and what did I see lying in front of me, but a pig sliced into two with a saber . . . I had hardly had time to look at it when I heard footsteps: two Cossacks came running from a side street. One of them came up to me and asked whether I had seen a drunken Cossack pursuing a pig. I told them that I had not met the Cossack, but showed them the unlucky victim of his ferocious skill.
"The bandit!" said the second Cossack. "As soon as he drinks his fill of wine, he's out to cut up everything that comes his way. Let's go after him, Yeremeich; we've got to tie him up, or else . . ."
They went off and I continued on my way more warily than before, at last reaching my quarters safe and sound.
I was staying with an old Cossack non-commissioned officer, whom I liked because of his kindly nature and particularly because of his pretty daughter, Nastya.
She was waiting for me as usual at the gate, wrapped in a fur coat; the moon shone on her sweet lips now blue from the cold of the night. Seeing me, she smiled, but I had other things on my mind. "Good night, Nastya," I said, passing by. She was about to say something in reply, but sighed instead.
I locked the door of my room, lit a candle and flung myself on the bed. Tonight, however, sleep eluded me for longer than usual. The east was already beginning to grow pale when I fell asleep, but evidently the heavens had ordained that I was not to sleep this night. At four o'clock in the morning two fists banged at my window. I sprang up--what was the matter? "Wake up and get dressed!" several voices shouted. I dressed hastily and went out. "Do you know what's happened?" the three officers who had come for me said to me in chorus; they were as white as death.
"What?" "Vulic has been killed." I was stupefied. "Yes, killed!" they went on. "Let's go, quick." "Where to?" "We'll tell you on the way."
We set off. They told me everything that had happened, adding to the story various observations concerning the strange predestination that had saved him from certain death half an hour before he died. Vulic had been walking alone along a dark street, when the drunken Cossack who had slashed up the pig bumped into him, and might perhaps have gone on without paying any attention to him had Vulic not stopped suddenly and said: "Who you looking for, boy?"
"You!" the Cossack answered, striking him with his saber and splitting him from the shoulder nearly to the heart . . . The two Cossacks whom I had seen and who were pursuing the murderer reached the spot, and picked up the wounded man, but he was already breathing his last and mouthed only the words: "He was right!" I alone understood the dark meaning of these words--they referred to me. I had involuntarily predicted the poor man's fate. My instinct had not failed me--I had indeed read on his altered features the stamp of death coming soon.
The murderer had locked himself in a vacant hut at the far end of the settlement, and that's where we went. A large number of women were running in the same direction, wailing as they went. Every now and then a Cossack sprang belatedly out into the street, hurriedly buckling on a dagger, and ran past us. There was a fearful commotion.
At last we arrived on the scene to find a crowd gathered around the hut, whose doors and shutters had been fastened from the inside. Officers and Cossacks were holding a hot argument and the women kept howling and lamenting. Among them I noticed an old woman whose imposing face expressed frantic despair. She was seated on a thick log, her elbows on her knees and her hands supporting her head. She was the murderer's mother. At times her lips moved . . . was it with a prayer or a curse?
In the meantime, some decision had to be made and the perpetrator arrested. But no one was anxious to go in first.
I went up to the window and looked in through a crack in a shutter. The man lay on the floor, holding a pistol in his right hand. A bloodstained saber lay beside him. His face was pale, and his expressive eyes rolled fearfully. At times he shuddered and clutched at his head, as if hazily recollecting the happenings of the previous day. There did not seem to be much resolve in his uneasy glance and I told the major that there was no reason why he shouldn't order the Cossacks to break down the door and rush him, for it would be better to do so now rather than later when the man would've fully recovered his senses.
Just then an old captain of the Cossacks went up to the door and called to the man inside by name. The latter responded.
"You've sinned, brother Yefimych," said the Cossack captain. "So there's nothing you can do but give yourself up!"
"I won't!" replied the Cossack.
"You should fear God's anger! You are not a heathen Chechen, you're an honest Christian. You've gone astray and it can't be helped. You can't escape your fate!"
"I won't give myself up!" the Cossack shouted menacingly, and we could hear the click of the pistol as he cocked it.
"Hey, missus!" the Cossack captain said to the old woman. "You speak to your son--maybe he'll listen to you . . . After all, this sort of thing is only defying God. Look, the gentlemen have been waiting for two hours now."
The old woman looked at him intently and shook her head.
"Vasiliy Petrovich," said the Cossack captain, walking over to the major, "he won't give himself up--I know him. And if we break in the door, he'll kill many of our men. Wouldn't it be better if you ordered him to be shot? There is a wide crack in the shutter."
At that moment, a strange thought flashed through my mind; like Vulic, I thought of putting fate to a test.
"Wait," I said to the major, "I'll take him alive." Telling the Cossack captain to keep him talking and stationing three Cossacks at the entrance with instructions to break in the door and to rush to help me as soon as the signal was given, I walked around the hut and approached the fateful window, my heart pounding.
"Hey there, you donkey!" shouted the Cossack captain. "Are you making fun of us or what? Or maybe you think we won't be able to capture you?" He began hammering at the door with all his strength, while I, pressing my eye to the hole, followed the movements of the Cossack inside, who did not expect an attack from this side. Then I suddenly broke off the shutter and threw myself through the window, head first. The pistol went off next to my ear and the bullet tore off an epaulet. The smoke that filled the room, however, prevented my adversary from finding his saber, which lay beside him. I hugged him in my arms--the Cossacks broke in, and in less than three minutes the criminal was tied up and led off under guard. The people left for home and the officers congratulated me--and indeed they had reason to do so.
After all this, one might think, how could one help becoming a fatalist? But who knows for certain whether he is convinced of anything or not? And how often we mistake a deception of the senses or an error of reason for conviction!
I prefer to doubt everything. Such a disposition does not preclude a resolute character. On the contrary, as far as I am concerned, I always advance more boldly when I don't know what is waiting me for me. After all, nothing worse than death can happen--and death you can't escape!
After returning to the fort, I told Maksim Maksimich everything I had seen and experienced, and wanted to hear his opinion about predestination. At first he didn't understand the word, but I explained it to him as best I could, whereupon he said, wisely shaking his head: "Yes, sir! It's a funny business that! By the way, these Asiatic pistol cocks often miss fire if they are poorly oiled, or if you don't press hard enough with your finger. I must admit I don't like those Circassian rifles either. They are a bit inconvenient for the likes of us--the butt is so small that unless you watch out you can get your nose scorched . . . Their sabers, now, are a different matter--I take my cap off to them!"
Then he added after thinking a little more: "Yes, I'm sorry for that poor man . . . Why the hell did he stop to talk to a drunk at night! I suppose, though, that all that happened to him was already written in that big book when he was born!"
I could get nothing more out of him. In general he doesn't like metaphysical talk.
I happened once to spend two weeks in a Cossack village on the left flank. A battalion of infantry was stationed there, and the officers used to meet at each other's quarters in turn, playing cards in the evenings.
One time at Major S----'s, having tired of boston, we threw the cards under the table and sat on talking until late, for this time the conversation was interesting. We were discussing the Moslem belief that the fate of man is preordained in heaven, which was said to find many adherents among us, Christians, too. Each of us had some unusual occurrences to relate pro or contra.
"All you have been saying, gentlemen, proves nothing," said the old major. "After all, none of you witnessed any of the strange happenings which you try to use to support your views, did you?"
"Of course not," several said. "But we have it on reliable authority!"
"Nonsense!" someone said. "Where is the reliable authority who has seen the scroll on which the hour of our death is appointed? And if there is such a thing as predestination, why have we been given will and reason? Why are we held accountable for our actions?"
At this point an officer who had been sitting in a corner of the room stood up, walked slowly over to the table, and surveyed us all with a calm, solemn look. He was a Serb by birth, as you could tell from his name.
Lieutenant Vulic's appearance was in keeping with his character. His tall stature and the swarthiness of his complexion, black hair, black, piercing eyes, and the large but regular nose typical of his nation, the cold, melancholy smile that eternally played on his lips--all this was as if designed to endow him with the appearance of an unusual person, incapable of sharing his thoughts and emotions with those whom fate had made his comrades.
He was brave, he spoke little but bluntly. He confided his intimate and family secrets to no one. He scarcely ever drank any wine, and he never paid court to the young Cossack women, whose charms must be seen to be appreciated. It was said nevertheless that the colonel's wife was not indifferent to his expressive eyes, but he was always angered by hints to that effect.
There was only one passion that he didn't conceal--his passion for gambling. At a green-topped table he was oblivious to the world. He usually lost, but persistent bad luck only fed his obstinacy. It was said that one night, during an expedition, when he was keeping the bank on a pillow and having a terrific run of luck, shots suddenly rang out, the alarm was given, and everyone sprang up and rushed for their weapons. "Stake the pool!" cried Vulic, who had not moved, to one of the most involved players. "Seven!" replied the latter as he dashed off. In spite of the general confusion, Vulic dealt to the end; he turned up a seven for the player.
When he reached the skirmish line, the firing was already heavy. Vulic paid no attention either to the bullets or the Chechen sabers. He was searching for his lucky player.
"It was a seven!" Vulic shouted, catching sight of him at last in the firing line, that was beginning to dislodge the enemy from a wood. Going up to him, he pulled out his wallet and gave it to the winner, in spite of the latter's objections to this ill-timed settlement. Having performed this unpleasant duty, Vulic dashed forward at the head of the soldiers and with the utmost calm exchanged fire with the Chechens to the very end of the engagement.
When Lieutenant Vulic walked up to the table everybody fell silent, expecting something original from him.
"Gentlemen!" he said (his voice was calm though it was pitched lower than usual). "Gentlemen, why this idle argument? You wish for proof: I propose we test it out on ourselves whether a man can do what he wants with his own life, or whether the fateful moment has been preordained for each of us . . . Who wants to try?"
"Not I, not I!" was the response from all sides. "What a card! Of all the things to think of!"
"I suggest a wager," I said in jest.
"What sort of a wager?"
"I maintain there is no such thing as predestination," I said, emptying some twenty gold pieces on the table from my pockets--all that I happened to have on me.
"Done!" replied Vulic in a low voice. "Major, you be the umpire--here are fifteen gold pieces. You owe me five, so will you do me the favor of making up the difference?"
"Very well," said the major. "Though I haven't the slightest idea what it's all about, or how you propose to settle the matter."
Without a word Vulic went into the major's bedroom, we following him. Going over to a wall hung with weapons, he took down at random from its nail one of the pistols, of which there were several of different calibers. We didn't realize what he was up to at first, but when he cocked the weapon and primed it, several of us involuntarily stepped up and grabbed him by the arms.
"What are you going to do? Are you mad?" we shouted at him.
"Gentlemen!" he said with deliberation, disengaging his arms. "Which of you would care to pay twenty gold pieces for me?"
Everyone fell silent and drew back.
Vulic went into the next room and sat down at the table. The rest of us followed him. He motioned us to take our seats around the table. We obeyed him in silence, for at this moment he had acquired some mysterious power over us. I looked intently into his eyes, but they met my searching gaze calmly and unwaveringly, and his pale lips smiled; yet in spite of his composure I thought I could read the seal of death on his dull white face. I have observed, and many old soldiers have confirmed the observation, that frequently the face of a person who is to die in a few hours' time bears some strange mark of his inevitable fate, which an experienced eye can hardly fail to detect.
"You will die today," I said to him. He turned sharply to me, but replied with calm deliberation: "I may, and then again I may not . . ."
Then, turning to the major, he asked whether the pistol was loaded. In his confusion, the major couldn't remember exactly.
"That's enough, Vulic!" someone cried. "It must be loaded since it hung at the head of the bed. What sort of a joke is this!"
"A stupid joke!" threw in another.
"I'll wager fifty rubles to five that the pistol is not loaded!" a third shouted.
Fresh bets were made.
I got tired of this endless ceremony. "Look here," I said, "either fire or hang the pistol back in its place and let's go to bed."
"That's right," many exclaimed. "Let's go to bed."
"Gentlemen, I beg of you not to move!" said Vulic, pressing the muzzle of the pistol to his forehead. We were all petrified.
"Mr Pechorin," he went on, "will you take a card and throw it up in the air."
As I recall now, I picked up an ace of hearts from the table and threw it up. We watched with bated breath, our eyes, wide with fear and an indefinable curiosity, shifting back and forth between the pistol and the fateful ace which was now slowly fluttering downwards. The moment it touched the table, Vulic pulled the trigger--but the pistol didn't go off.
"Thank God!" several voices cried. "It wasn't loaded . . ."
"We'll see about that," said Vulic. Again he cocked the weapon and aimed at a cap hanging above the window. A shot rang out and smoke filled the room, and when it dispersed the cap was taken down--there was the hole in the very center of it and the bullet had imbedded itself deep in the wall.
For a good three minutes no one could utter a word. Vulic calmly poured my money into his purse.
Speculation began as to why the pistol did not go off the first time. Some claimed that the pan must have been clogged, others whispered that the powder was damp at first, and that Vulic had afterwards sprinkled some fresh powder on it. I, however, assured them that the latter supposition was incorrect, for I had not taken my eyes off the pistol for a moment.
"You have gambler's luck!" I said to Vulic.
"For the first time in my life," he replied, smiling complacently. "This is better than faro or shtoss."
"But slightly more dangerous."
"Well? Have you begun to believe in predestination?"
"I do believe in it. Only I don't understand why it seemed to me that you were doomed to die today ..."
The very same man, who so short a time before had with supreme indifference aimed a pistol at his own forehead, now suddenly flared up and looked disconcerted.
"That will do!" he said, rising. "Our bet's finished and now your remarks seem out of place to me . . ." He picked up his cap and walked out. His behavior struck me as strange--and rightly so.
Soon everyone left, each giving his own interpretation of Vulic's eccentric behavior on the way home, and, probably, unanimously branding me an egoist for having wagered against a man who wanted to shoot himself--as if he could not have found a convenient opportunity without my help!
I returned home through the deserted side streets of the settlement. The full moon, red as the lurid glow of a fire, was just coming up over the jagged skyline of the housetops. The stars shone placidly in the dark-blue firmament, and I was amused at the thought that there once were sages who believed the heavenly bodies have a share in our wretched squabbles over a tiny territory or some other imaginary rights. Yet these lamps, which they thought had been lighted only to illuminate their battles and triumphs, still burn with undiminished brilliance, while their passions and hopes have long since died out together with them like a campfire left burning on the fringe of a forest by a careless wayfarer. But what strength of will they drew from the certainty that all the heavens with their numberless inhabitants looked down on them with constant though mute sympathy! Whereas we, their wretched descendents, who roam the earth without convictions or pride, without joys or fear other than the nameless dread that constricts the heart at the thought of the inevitable end, we are no longer capable of great sacrifices either for the good of mankind or even for our personal happiness, since we know that happiness is impossible; and we pass indifferently from one doubt to another just as our forebears floundered from one delusion to another, without the hopes they had and without even that vague but potent sense of joy the soul derives from any struggle with man or destiny . . .
Many similar thoughts passed through my mind. I did not hold back their passage, because I don't care to dwell upon abstract ideas--for what can they lead to? In my early youth I was a dreamer. I liked to toy with the images, now gloomy, now radiant, which my restless, eager imagination drew for me. But what have I derived from it all? Only weariness, like the aftermath of a nighttime battle with a phantom, and dim memories filled with regrets. In this futile struggle, I exhausted the fervor of spirit and the constancy of will which are essential to real life. When I embarked on that life, I had already lived it in my mind, and therefore it has become as boring and repulsive to me as a poor imitation of a long-familiar book.
The evening's events had made a rather deep impression on me and worked on my nerves. I'm not certain whether I now believe in predestination or not, but that night I firmly believed in it. The proof had been striking, and regardless of the fact that I had ridiculed our forebears and their complacent astrology, I found myself thinking as they did--but I caught myself in time on this dangerous road, and having made it a rule never to reject anything categorically and never to believe in anything blindly, I cast metaphysics aside and began to watch the ground under my feet. Such caution was timely, for I nearly stumbled over something thick and soft but apparently dead. I bent down--the moon now lit up the road--and what did I see lying in front of me, but a pig sliced into two with a saber . . . I had hardly had time to look at it when I heard footsteps: two Cossacks came running from a side street. One of them came up to me and asked whether I had seen a drunken Cossack pursuing a pig. I told them that I had not met the Cossack, but showed them the unlucky victim of his ferocious skill.
"The bandit!" said the second Cossack. "As soon as he drinks his fill of wine, he's out to cut up everything that comes his way. Let's go after him, Yeremeich; we've got to tie him up, or else . . ."
They went off and I continued on my way more warily than before, at last reaching my quarters safe and sound.
I was staying with an old Cossack non-commissioned officer, whom I liked because of his kindly nature and particularly because of his pretty daughter, Nastya.
She was waiting for me as usual at the gate, wrapped in a fur coat; the moon shone on her sweet lips now blue from the cold of the night. Seeing me, she smiled, but I had other things on my mind. "Good night, Nastya," I said, passing by. She was about to say something in reply, but sighed instead.
I locked the door of my room, lit a candle and flung myself on the bed. Tonight, however, sleep eluded me for longer than usual. The east was already beginning to grow pale when I fell asleep, but evidently the heavens had ordained that I was not to sleep this night. At four o'clock in the morning two fists banged at my window. I sprang up--what was the matter? "Wake up and get dressed!" several voices shouted. I dressed hastily and went out. "Do you know what's happened?" the three officers who had come for me said to me in chorus; they were as white as death.
"What?" "Vulic has been killed." I was stupefied. "Yes, killed!" they went on. "Let's go, quick." "Where to?" "We'll tell you on the way."
We set off. They told me everything that had happened, adding to the story various observations concerning the strange predestination that had saved him from certain death half an hour before he died. Vulic had been walking alone along a dark street, when the drunken Cossack who had slashed up the pig bumped into him, and might perhaps have gone on without paying any attention to him had Vulic not stopped suddenly and said: "Who you looking for, boy?"
"You!" the Cossack answered, striking him with his saber and splitting him from the shoulder nearly to the heart . . . The two Cossacks whom I had seen and who were pursuing the murderer reached the spot, and picked up the wounded man, but he was already breathing his last and mouthed only the words: "He was right!" I alone understood the dark meaning of these words--they referred to me. I had involuntarily predicted the poor man's fate. My instinct had not failed me--I had indeed read on his altered features the stamp of death coming soon.
The murderer had locked himself in a vacant hut at the far end of the settlement, and that's where we went. A large number of women were running in the same direction, wailing as they went. Every now and then a Cossack sprang belatedly out into the street, hurriedly buckling on a dagger, and ran past us. There was a fearful commotion.
At last we arrived on the scene to find a crowd gathered around the hut, whose doors and shutters had been fastened from the inside. Officers and Cossacks were holding a hot argument and the women kept howling and lamenting. Among them I noticed an old woman whose imposing face expressed frantic despair. She was seated on a thick log, her elbows on her knees and her hands supporting her head. She was the murderer's mother. At times her lips moved . . . was it with a prayer or a curse?
In the meantime, some decision had to be made and the perpetrator arrested. But no one was anxious to go in first.
I went up to the window and looked in through a crack in a shutter. The man lay on the floor, holding a pistol in his right hand. A bloodstained saber lay beside him. His face was pale, and his expressive eyes rolled fearfully. At times he shuddered and clutched at his head, as if hazily recollecting the happenings of the previous day. There did not seem to be much resolve in his uneasy glance and I told the major that there was no reason why he shouldn't order the Cossacks to break down the door and rush him, for it would be better to do so now rather than later when the man would've fully recovered his senses.
Just then an old captain of the Cossacks went up to the door and called to the man inside by name. The latter responded.
"You've sinned, brother Yefimych," said the Cossack captain. "So there's nothing you can do but give yourself up!"
"I won't!" replied the Cossack.
"You should fear God's anger! You are not a heathen Chechen, you're an honest Christian. You've gone astray and it can't be helped. You can't escape your fate!"
"I won't give myself up!" the Cossack shouted menacingly, and we could hear the click of the pistol as he cocked it.
"Hey, missus!" the Cossack captain said to the old woman. "You speak to your son--maybe he'll listen to you . . . After all, this sort of thing is only defying God. Look, the gentlemen have been waiting for two hours now."
The old woman looked at him intently and shook her head.
"Vasiliy Petrovich," said the Cossack captain, walking over to the major, "he won't give himself up--I know him. And if we break in the door, he'll kill many of our men. Wouldn't it be better if you ordered him to be shot? There is a wide crack in the shutter."
At that moment, a strange thought flashed through my mind; like Vulic, I thought of putting fate to a test.
"Wait," I said to the major, "I'll take him alive." Telling the Cossack captain to keep him talking and stationing three Cossacks at the entrance with instructions to break in the door and to rush to help me as soon as the signal was given, I walked around the hut and approached the fateful window, my heart pounding.
"Hey there, you donkey!" shouted the Cossack captain. "Are you making fun of us or what? Or maybe you think we won't be able to capture you?" He began hammering at the door with all his strength, while I, pressing my eye to the hole, followed the movements of the Cossack inside, who did not expect an attack from this side. Then I suddenly broke off the shutter and threw myself through the window, head first. The pistol went off next to my ear and the bullet tore off an epaulet. The smoke that filled the room, however, prevented my adversary from finding his saber, which lay beside him. I hugged him in my arms--the Cossacks broke in, and in less than three minutes the criminal was tied up and led off under guard. The people left for home and the officers congratulated me--and indeed they had reason to do so.
After all this, one might think, how could one help becoming a fatalist? But who knows for certain whether he is convinced of anything or not? And how often we mistake a deception of the senses or an error of reason for conviction!
I prefer to doubt everything. Such a disposition does not preclude a resolute character. On the contrary, as far as I am concerned, I always advance more boldly when I don't know what is waiting me for me. After all, nothing worse than death can happen--and death you can't escape!
After returning to the fort, I told Maksim Maksimich everything I had seen and experienced, and wanted to hear his opinion about predestination. At first he didn't understand the word, but I explained it to him as best I could, whereupon he said, wisely shaking his head: "Yes, sir! It's a funny business that! By the way, these Asiatic pistol cocks often miss fire if they are poorly oiled, or if you don't press hard enough with your finger. I must admit I don't like those Circassian rifles either. They are a bit inconvenient for the likes of us--the butt is so small that unless you watch out you can get your nose scorched . . . Their sabers, now, are a different matter--I take my cap off to them!"
Then he added after thinking a little more: "Yes, I'm sorry for that poor man . . . Why the hell did he stop to talk to a drunk at night! I suppose, though, that all that happened to him was already written in that big book when he was born!"
I could get nothing more out of him. In general he doesn't like metaphysical talk.
domingo, 4 de março de 2012
Não importa
Decidi ser escritor e músico. Depois de algum tempo, algumas faculdades, alguns amores, percebi que nós só somos livres quando entendemos quem somos.
Por que nós não estamos aqui por que somos livres, nós estamos aqui por que não somos livres. Não há como escapar ou negar o destino ou o propósito.
E foi aí que eu percebi que eu sou completo, e todo mundo também é. Cada pessoa é o que é, não o que deseja ser.
Eu, enquanto completo, sou livre. Não preciso de ninguém para amar - a partir da minha liberdade, posso escolher amar se assim quiser.
Algumas pessoas, conscientes de sua liberdade, escolhem amar a uma outra pessoa, ou duas, e partilhar seu pedaço de mundo com aquela pessoa.
Eu fiz uma escolha um pouco difícil, mas não menos válida. Eu decidi compartilhar o meu pedaço de mundo com todos.
Não importa se a experiência de viver é aqui e agora ou lá e daqui a pouco, pois sempre é aqui e agora, no momento em que for. Não importa sob que ilusão a gente viva, o momento de inspiração liberta.
E na escolha de partilhar o meu pedaço de mundo com todos, me senti livre para amar a todos. É disso que a minha música fala. Do coração.
Eu resolvi escrever a história da minha vida pouco a pouco, em pedaços de papel, em contos pessoais e impessoais, pouco ou muito especificamente, para que cada um que pegasse aquilo para ler pudesse viver junto comigo, nem que fosse por um instante.
Assim como toda dor do mundo não é maior que a dor de uma criança que perde seu pai, todo tempo do mundo não é maior que um pequeno instante. Seja para curar uma ferida, ou dar um momento de alegria e luz a um outro coração.
O caminho do amor não pode ter a influência da mente, apenas o viver pode. Mas o coração é quem sempre deve mandar. Pois nele se escondem todos os segredos, e ele sabe o que é melhor, e se você escolher segui-lo de verdade, tudo que você fizer vai dar certo. Se você realmente acredita, não importa como vai acontecer, vai acontecer.
Eu tinha o sonho de um dia poder mudar o mundo. E ainda tenho. Só que dessa vez não é por que, uma vez o mundo melhor, talvez eu seja alguém melhor.
Dessa vez eu percebi que cada um de nós é um universo, uma galáxia, uma estrela, um planeta, um corpo, uma célula, um átomo. Viemos para esse universo experimentá-lo e criar junto com o criador. Cada um de nós é músico da sinfonia, e apesar de o tom e o ritmo terem sido dados para esse universo, não importa, cada um de nós é único quando nossos dedos tocam as cordas do violino.
E nosso instrumento é o coração, o espírito, a nossa ligação direta com a fonte.
Nós viemos aqui para mudar o mundo, mas isso não é mudar o mundo. O mundo é uma constante mudança, ele é fluido e atemporal. Enquanto continuarmos tentando mudar isso para que se estabeleça um equilíbrio que nunca finda e tudo pode, bateremos na mesma tecla de sempre - não foi pra isso que viemos.
O ego é um instrumento também, assim como a teoria musical, mas eles não podem criar sozinhos naturalmente. Um computador é um instrumento, mas ele não pode criar sozinho naturalmente. Se você o mandar criar, ele vai artificialmente conseguir até criar uma coisa ou outra, mas ele sempre vai ser limtado, por que ele é feito de regras.
E pela natureza do coração, ele sempre vai vencer. Por que ele não está preso a regra nenhuma, ele é movido pela bondade.
Estamos em um universo em que tudo é feito de luz, ou de alguma forma mais grosseira e densa de dualidade. É só lembrar do gráfico da onda, morro acima morro abaixo.
A verdadeira criação vem da unidade. É ela que muda o mundo.
Vamos mudá-lo como ele quer ser mudado.
Por que nós não estamos aqui por que somos livres, nós estamos aqui por que não somos livres. Não há como escapar ou negar o destino ou o propósito.
E foi aí que eu percebi que eu sou completo, e todo mundo também é. Cada pessoa é o que é, não o que deseja ser.
Eu, enquanto completo, sou livre. Não preciso de ninguém para amar - a partir da minha liberdade, posso escolher amar se assim quiser.
Algumas pessoas, conscientes de sua liberdade, escolhem amar a uma outra pessoa, ou duas, e partilhar seu pedaço de mundo com aquela pessoa.
Eu fiz uma escolha um pouco difícil, mas não menos válida. Eu decidi compartilhar o meu pedaço de mundo com todos.
Não importa se a experiência de viver é aqui e agora ou lá e daqui a pouco, pois sempre é aqui e agora, no momento em que for. Não importa sob que ilusão a gente viva, o momento de inspiração liberta.
E na escolha de partilhar o meu pedaço de mundo com todos, me senti livre para amar a todos. É disso que a minha música fala. Do coração.
Eu resolvi escrever a história da minha vida pouco a pouco, em pedaços de papel, em contos pessoais e impessoais, pouco ou muito especificamente, para que cada um que pegasse aquilo para ler pudesse viver junto comigo, nem que fosse por um instante.
Assim como toda dor do mundo não é maior que a dor de uma criança que perde seu pai, todo tempo do mundo não é maior que um pequeno instante. Seja para curar uma ferida, ou dar um momento de alegria e luz a um outro coração.
O caminho do amor não pode ter a influência da mente, apenas o viver pode. Mas o coração é quem sempre deve mandar. Pois nele se escondem todos os segredos, e ele sabe o que é melhor, e se você escolher segui-lo de verdade, tudo que você fizer vai dar certo. Se você realmente acredita, não importa como vai acontecer, vai acontecer.
Eu tinha o sonho de um dia poder mudar o mundo. E ainda tenho. Só que dessa vez não é por que, uma vez o mundo melhor, talvez eu seja alguém melhor.
Dessa vez eu percebi que cada um de nós é um universo, uma galáxia, uma estrela, um planeta, um corpo, uma célula, um átomo. Viemos para esse universo experimentá-lo e criar junto com o criador. Cada um de nós é músico da sinfonia, e apesar de o tom e o ritmo terem sido dados para esse universo, não importa, cada um de nós é único quando nossos dedos tocam as cordas do violino.
E nosso instrumento é o coração, o espírito, a nossa ligação direta com a fonte.
Nós viemos aqui para mudar o mundo, mas isso não é mudar o mundo. O mundo é uma constante mudança, ele é fluido e atemporal. Enquanto continuarmos tentando mudar isso para que se estabeleça um equilíbrio que nunca finda e tudo pode, bateremos na mesma tecla de sempre - não foi pra isso que viemos.
O ego é um instrumento também, assim como a teoria musical, mas eles não podem criar sozinhos naturalmente. Um computador é um instrumento, mas ele não pode criar sozinho naturalmente. Se você o mandar criar, ele vai artificialmente conseguir até criar uma coisa ou outra, mas ele sempre vai ser limtado, por que ele é feito de regras.
E pela natureza do coração, ele sempre vai vencer. Por que ele não está preso a regra nenhuma, ele é movido pela bondade.
Estamos em um universo em que tudo é feito de luz, ou de alguma forma mais grosseira e densa de dualidade. É só lembrar do gráfico da onda, morro acima morro abaixo.
A verdadeira criação vem da unidade. É ela que muda o mundo.
Vamos mudá-lo como ele quer ser mudado.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Sobre as Barcas
Tô cansado de ouvir gente falando merda sobre as Barcas S.A.. Aliás, não sobre as Barcas (dane-se o S.A., tô digitando rápido, tenho prazo hoje, sexta feira de Carnaval), mas sobre a prestação do serviço, que é uma merda (e de fato o é) e blá blá blá. Por que eu tô cansado de ouvir? Porque, não sei porque cargas d'água, a única conclusão que esses pamonhas conseguem chegar é "ah, o serviço tá uma merda, vai aumentar o preço ainda por cima, vamos retomar a concessão". Cacete. Que burrice.
Por que isto é uma burrice? Olhe a sua volta. O Estado brasileiro mete o bedelho em tudo. No colégio, no hospital, na polícia... E, adivinha. Sim, é tudo uma merda. O Estado brasileiro simplesmente não consegue fornecer nenhum serviço com qualidade porque quer fornecer todos. A gente pegou todos os serviços e colocou na lista de essenciais, ao invés de só pegar os essenciais mesmo, tipo educação (o Estado formando a nata de seus cidadãos, comprometidos com valores republicanos) e a segurança (er... Você que tá lendo isso não é tão burro a ponto de não entender porque. Tá, se é, ficadica, o Estado só é o Estado porque tem o monopólio da violência).
Poderia me estender aqui comentando sobre a macroeconomia deste gigante socialista que chamamos Brasil, mas isso farei em um texto que escreverei daqui há alguns minutos, se a JUCERJA me deixar (sim, meu prazo é lá). A grande questão é como solucionar o problema das Barcas. Simples.
Concorrência. O grande problema das Barcas é que ela é monopólio de uma empresa gigante que tem um braço administrativo ineficiente para geri-la e cheia de rabos presos com a infame política carioca. Extinguindo o monopólio, a demanda continuaria sendo grande e, rapidamente, um Eike Batista da vida ía querer se meter pra tirar o dele do suor do povo niteroiense que vai trabalhar na grandiosa São Sebastião do Rio de Janeiro.
Nós estaríamos adotando aquele modelo americano que dá certo há séculos de privatizar o máximo possível para incentivar a concorrência, o que gera a baixa dos preços e o aumento da qualidade. Só falta nosso ricos quererem ficar mais ricos e deixarem de ser conchavados uns com os outros. Falta o Estado, ao contrário de possibilitar o monopólio, impedi-lo.
O Mercado tem que ser mantido saudável e ele é que nem uma pessoa. Você não mantém uma pessoa saudável tratando-a quando ela fica doente, mas prevenindo que ela fique doente. O que o Estado brasileiro faz, por causa de uma mentalidade estúpida criada por Vargas's da vida e nosso mártir Jango, e por causa de um medo de privatização gerado pelo seu teórico alinhamento com uma postura direitista e a associação da Direita com o Regime Militar e inflação ou qualquer bobagem (provando que basta pão e circo para manter o povo feliz), é dar o remédio. Distribuir dinheiro, uma postura cínica em relação a privatização, ou seja, faz cara de que é contra, mas faz pelas costas, contra o povo e não permitindo que o brasileiro se aproveite dela de verdade, porque seus tentáculos roubam cada centavo que colocamos no bolso, incentivando reformas pífias quando precisávamos de reformas profundas, enfim, essas merdas.
O que as Barcas precisam é de livre concorrência, pra que o brasileiro passe a tomar consciência de que quem manda não é o vendedor, mas o consumidor, e que, na verdade, é ele quem determina o preço e a qualidade do serviço prestado.
Foda-se o mundo, vou pra JUCERJA.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
O ar
Em meus pulmões é aquilo que me faz livre
Livre da fumaça
Livre do cansaço
Livre do ódio
E livre dos problemas dos homens
Enquanto eu estiver ciente
De que ele é que me dá a vida
Mais nada.
Livre da fumaça
Livre do cansaço
Livre do ódio
E livre dos problemas dos homens
Enquanto eu estiver ciente
De que ele é que me dá a vida
Mais nada.
"Things you own end up owning you."
Tyler Durden
domingo, 25 de dezembro de 2011
Do Coração
A coragem é algo que poucos realmente têm.
A coragem é aquilo que surge quando se precisa fazer o que é necessário, que é certo, não importa o preço. O difícil é fazer isso quando não se acredita no que está fazendo de verdade. E isso não é possível sem seguir o coração.
O poder da reflexão gera uma constante mudança de paradigmas e uma fluidez de idéias que requer muita energia e força de vontade para seguir, realizando essas mudanças conforme o caminho vai passando. E haverá momentos onde a razão não alcança a compreensão do momento - quando muito chega ao escopo deste.
A amizade é algo que poucos realmente têm.
A amizade é algo que surge quando os corações são honestos uns com os outros, e da compreensão surge o elo que permite ensinar e aprender ao mesmo tempo, dignificando a existência do próprio.
Entretanto o medo, as expectativas materiais, as criações da mente não alcançam a fé serena e desapegada no próximo. Não se pensa o que é amizade - apenas se sabe o que é.
O amor é algo que poucos realmente têm.
O amor é algo que surge quando os corações se conectam de uma maneira que ultrapassam barreiras materiais, é da tentativa da alma de reunir o espírito em um só. Às vezes o amor dá frutos materiais - um novo coração batendo. Mas não é o fato de existir um novo coração o mais importante, e sim como este coração bate.
Assim como a amizade, todas as tentativas de associação da limitada mente lógica impedem o homem de conectar almas de verdade, e torná-las, por alguns momentos únicos, uma só alma. Ao invés disso, acabamos querendo que o outro coração seja nosso, possivelmente sem que o nosso seja dele. Mais ainda, sem1 percebemos que o único coração que sempre teremos é este, mais nenhum outro. Não existe a posse de nada¹. O amor é a sincronia dos batimentos.
A sinceridade é algo que poucos realmente têm.
A sinceridade é algo que surge quando para um coração a verdade é tão nítida, sem jogos e ilusões, que não há outra hipótese, a não ser defendê-la até que todos a vejam. Isso pode ser fácil quando se trata de enxergar a realidade aí fora. Nascemos olhando para fora, tocando o que há lá fora, escutando o que há lá fora, experimentando o mundo externo. Mas a verdadeira sinceridade não deixa dúvidas para o que há por dentro de si. E os medos, as ilusões, as armadilhas da mente podem grandes obstáculos para Ser o verdadeiro eu.
A confiança é algo que poucos realmente têm.
A confiança é algo que surge quando um coração admite que todos os outros corações sabem a verdade, a mesma verdade que esse sente. Entretanto, num mundo cheio de ilusões e armadilhas mentais, a mente acaba sendo induzida a produzir obstáculos ilusórios que comprometem a capacidade de um ser de agir com completa distinção. Esse fato se manifesta interna e externamente ao ser, isto é, não só a pessoa vê os outros falharem como ela mesma falha às vezes. E por tal, a confiança se enfraquece no próximo, pelo passado do próximo ou pelo passado do próprio observador, que duvida dos outros pelos medos que tem em si próprio.
Quantas vezes tentamos controlar aquilo que é mais precioso a nós, sem confiar no que o próprio fato de ser desse aquilo diz. Quantos negam a uma criança viver sua vida conforme ela realmente sonha e acredita ser mais bonito. Não conseguimos respeitar o fato de que, a própria experiência é o que mais importa naquele momento, e impedimos a preciosa vida de seguir plena. Confiar não só no próprio coração, mas no coração do próximo de verdade, sem iludir-se, é raro.
A sabedoria é algo que poucos realmente têm.
A sabedoria é algo que surge quando um coração entende de verdade o outro, seja este o de um humano, o de um animal, ou do mundo. A experiência e a informação não são garantias de conhecimento, e o conhecimento não é garantia de sabedoria. Se colocar de verdade no lugar do outro exige libertar-se de si, e mais ainda assumir-se como outro, com tudo o que isso acarreta. A verdadeira sabedoria surge da compreensão das coisas fora de um ego, o qual é capaz de corromper o real saber para algo grosseiro como um pensar, e cair num vórtex de ilusões criadas a partir de informações, conceitos e experiências sem a parte que mais importa.
A esperança é algo que poucos realmente têm.
A esperança é algo que surge quando tudo está negro ao redor de si, e mesmo assim a luz continua brilhando dentro de si. A verdadeira esperança faz com que não importe o quão escuro esteja, a luz interna sempre vá brilhar. Quando a gente diz que perdeu a esperança em algo, não foi a esperança que foi perdida, mas sim uma expectativa. Não é a mesma coisa. A primeira é uma qualidade que pode ser imortal, dependendo do coração que a abriga. A segunda não passa de uma ilusão criada pela mente.
Quantas vezes vemos alguém sem esperança. A vida nos dá tantos exemplos de que o mundo é ruim. Mas será que vemos os poucos e belos exemplos que a vida nos dá de que não é tão ruim assim, ou de que pode haver mudança? Pequenos e simples, às vezes, nossa ocupada mente acaba por ignorá-los.
A luz é algo que poucos realmente têm.
A luz é, materialmente dizendo, aquilo sem o qual não conseguimos enxergar. A luz que sai de um coração obviamente não é materialmente visível, é aquilo que toca os outros corações e os liberta das ilusões que escurecem nossa percepção da verdade. Nascemos completos, e todas as respostas que realmente precisamos estão dentro de nós. Não existe escuridão, a luz é a única coisa que existe - a escuridão é só a ausência de luz. Um coração que é livre de verdade e venceu todas as batalhas internas contra medos e ilusões, passa a brilhar.
A bondade é algo que poucos realmente têm.
A bondade não é só a ausência da maldade. Parece que vivemos num lugar tão escuro que só o fato de não praticar maldades já significa ser bom. Não é verdade. Quando existe bondade de verdade num coração, não existe mais dualidade.
O coração enxerga tudo com unidade, ama a todos, se conecta a todos, ilumina a todos sem nunca perder a esperança, confia em todos, compreende tudo e todos, e tem coragem para fazer o que quer que seja necessário sem esperar nada em troca, apenas pelo bem.
Nunca deixem o coração.
¹ A posse é só mais uma ilusão que criamos e algumas vezes escolhemos acreditar nela. Mas como sabemos, quando apenas um acredita em X, é uma alucinação. Com dois, X continua sendo alucinação. Já cinco acreditando, talvez seja uma histeria coletiva. Quando todos acreditam, será que vira realidade?
A coragem é aquilo que surge quando se precisa fazer o que é necessário, que é certo, não importa o preço. O difícil é fazer isso quando não se acredita no que está fazendo de verdade. E isso não é possível sem seguir o coração.
O poder da reflexão gera uma constante mudança de paradigmas e uma fluidez de idéias que requer muita energia e força de vontade para seguir, realizando essas mudanças conforme o caminho vai passando. E haverá momentos onde a razão não alcança a compreensão do momento - quando muito chega ao escopo deste.
A amizade é algo que poucos realmente têm.
A amizade é algo que surge quando os corações são honestos uns com os outros, e da compreensão surge o elo que permite ensinar e aprender ao mesmo tempo, dignificando a existência do próprio.
Entretanto o medo, as expectativas materiais, as criações da mente não alcançam a fé serena e desapegada no próximo. Não se pensa o que é amizade - apenas se sabe o que é.
O amor é algo que poucos realmente têm.
O amor é algo que surge quando os corações se conectam de uma maneira que ultrapassam barreiras materiais, é da tentativa da alma de reunir o espírito em um só. Às vezes o amor dá frutos materiais - um novo coração batendo. Mas não é o fato de existir um novo coração o mais importante, e sim como este coração bate.
Assim como a amizade, todas as tentativas de associação da limitada mente lógica impedem o homem de conectar almas de verdade, e torná-las, por alguns momentos únicos, uma só alma. Ao invés disso, acabamos querendo que o outro coração seja nosso, possivelmente sem que o nosso seja dele. Mais ainda, sem1 percebemos que o único coração que sempre teremos é este, mais nenhum outro. Não existe a posse de nada¹. O amor é a sincronia dos batimentos.
A sinceridade é algo que poucos realmente têm.
A sinceridade é algo que surge quando para um coração a verdade é tão nítida, sem jogos e ilusões, que não há outra hipótese, a não ser defendê-la até que todos a vejam. Isso pode ser fácil quando se trata de enxergar a realidade aí fora. Nascemos olhando para fora, tocando o que há lá fora, escutando o que há lá fora, experimentando o mundo externo. Mas a verdadeira sinceridade não deixa dúvidas para o que há por dentro de si. E os medos, as ilusões, as armadilhas da mente podem grandes obstáculos para Ser o verdadeiro eu.
A confiança é algo que poucos realmente têm.
A confiança é algo que surge quando um coração admite que todos os outros corações sabem a verdade, a mesma verdade que esse sente. Entretanto, num mundo cheio de ilusões e armadilhas mentais, a mente acaba sendo induzida a produzir obstáculos ilusórios que comprometem a capacidade de um ser de agir com completa distinção. Esse fato se manifesta interna e externamente ao ser, isto é, não só a pessoa vê os outros falharem como ela mesma falha às vezes. E por tal, a confiança se enfraquece no próximo, pelo passado do próximo ou pelo passado do próprio observador, que duvida dos outros pelos medos que tem em si próprio.
Quantas vezes tentamos controlar aquilo que é mais precioso a nós, sem confiar no que o próprio fato de ser desse aquilo diz. Quantos negam a uma criança viver sua vida conforme ela realmente sonha e acredita ser mais bonito. Não conseguimos respeitar o fato de que, a própria experiência é o que mais importa naquele momento, e impedimos a preciosa vida de seguir plena. Confiar não só no próprio coração, mas no coração do próximo de verdade, sem iludir-se, é raro.
A sabedoria é algo que poucos realmente têm.
A sabedoria é algo que surge quando um coração entende de verdade o outro, seja este o de um humano, o de um animal, ou do mundo. A experiência e a informação não são garantias de conhecimento, e o conhecimento não é garantia de sabedoria. Se colocar de verdade no lugar do outro exige libertar-se de si, e mais ainda assumir-se como outro, com tudo o que isso acarreta. A verdadeira sabedoria surge da compreensão das coisas fora de um ego, o qual é capaz de corromper o real saber para algo grosseiro como um pensar, e cair num vórtex de ilusões criadas a partir de informações, conceitos e experiências sem a parte que mais importa.
A esperança é algo que poucos realmente têm.
A esperança é algo que surge quando tudo está negro ao redor de si, e mesmo assim a luz continua brilhando dentro de si. A verdadeira esperança faz com que não importe o quão escuro esteja, a luz interna sempre vá brilhar. Quando a gente diz que perdeu a esperança em algo, não foi a esperança que foi perdida, mas sim uma expectativa. Não é a mesma coisa. A primeira é uma qualidade que pode ser imortal, dependendo do coração que a abriga. A segunda não passa de uma ilusão criada pela mente.
Quantas vezes vemos alguém sem esperança. A vida nos dá tantos exemplos de que o mundo é ruim. Mas será que vemos os poucos e belos exemplos que a vida nos dá de que não é tão ruim assim, ou de que pode haver mudança? Pequenos e simples, às vezes, nossa ocupada mente acaba por ignorá-los.
A luz é algo que poucos realmente têm.
A luz é, materialmente dizendo, aquilo sem o qual não conseguimos enxergar. A luz que sai de um coração obviamente não é materialmente visível, é aquilo que toca os outros corações e os liberta das ilusões que escurecem nossa percepção da verdade. Nascemos completos, e todas as respostas que realmente precisamos estão dentro de nós. Não existe escuridão, a luz é a única coisa que existe - a escuridão é só a ausência de luz. Um coração que é livre de verdade e venceu todas as batalhas internas contra medos e ilusões, passa a brilhar.
A bondade é algo que poucos realmente têm.
A bondade não é só a ausência da maldade. Parece que vivemos num lugar tão escuro que só o fato de não praticar maldades já significa ser bom. Não é verdade. Quando existe bondade de verdade num coração, não existe mais dualidade.
O coração enxerga tudo com unidade, ama a todos, se conecta a todos, ilumina a todos sem nunca perder a esperança, confia em todos, compreende tudo e todos, e tem coragem para fazer o que quer que seja necessário sem esperar nada em troca, apenas pelo bem.
Nunca deixem o coração.
"There is a difference between knowing the path and walking the path, Neo. I can only show you the door, you have to walk in for yourself."
"Don't think you are the one. Know you are."
Morpheus
¹ A posse é só mais uma ilusão que criamos e algumas vezes escolhemos acreditar nela. Mas como sabemos, quando apenas um acredita em X, é uma alucinação. Com dois, X continua sendo alucinação. Já cinco acreditando, talvez seja uma histeria coletiva. Quando todos acreditam, será que vira realidade?
domingo, 4 de dezembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
Seje burro
De onde viemos? Para onde vamos? Qual o final verdadeiro de "A Caverna do Dragão"? Poucas dessas questões realmente importam, tirando a terceira, é claro, mas fato é que a raça humana já está aí faz algum tempo, crescendo, destruindo, evoluindo e demonstrando de alguma maneira que sua existência é algo significativo, no entanto eu vos pergunto: Para que tanta importância se continuamos nos portando exatamente igual ao nossos ancestrais, movidos somente pelo instinto e pela necessidade?
Se vocês forem parar para pensar a grande maioria de nossas ações são motivadas únicas e exclusivamente por instinto, por mais que você ache um motivo racional para tal, tudo vai se resumir a instinto de sobrevivência e bem estar, não adianta matematizar, racionalizar, toda nossa evolução é basicamente material, no fundo continuamos a ser somente um bando de animais atrás de um "osso".
Tendo isso em vista, eu sugiro que sejamos ignorantes! Vivemos numa sociedade constituída por "gado" a procura do mesmo pasto, nascemos, vivemos e morremos sem um proposito, apenas "pastamos", todas as nossas ações são meramente fantasiosas, nossa existência é cinza e não há nada que vá mudar isso, por isso devemos pastar, não adiantar lutar, é melhor morrer ignorante do que morrer sozinho.
Seja ignorante, go with the flow, a vida é passageira e por mais que você lute no final será apenas mais um...
Se vocês forem parar para pensar a grande maioria de nossas ações são motivadas únicas e exclusivamente por instinto, por mais que você ache um motivo racional para tal, tudo vai se resumir a instinto de sobrevivência e bem estar, não adianta matematizar, racionalizar, toda nossa evolução é basicamente material, no fundo continuamos a ser somente um bando de animais atrás de um "osso".
Tendo isso em vista, eu sugiro que sejamos ignorantes! Vivemos numa sociedade constituída por "gado" a procura do mesmo pasto, nascemos, vivemos e morremos sem um proposito, apenas "pastamos", todas as nossas ações são meramente fantasiosas, nossa existência é cinza e não há nada que vá mudar isso, por isso devemos pastar, não adiantar lutar, é melhor morrer ignorante do que morrer sozinho.
Seja ignorante, go with the flow, a vida é passageira e por mais que você lute no final será apenas mais um...
terça-feira, 1 de novembro de 2011
A bailarina
Desde pequena Svetlana só tinha conhecido uma paixão: dançar e sonhar em ser uma Gran Ballerina do Ballet Bolshoi. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra atividade. Os rapazes já haviam se resignado: o coração de Svetlana tinha lugar para somente uma paixão e tudo mais era sacrificado pelo dia em que se tornaria bailarina do Bolshoi.
Um dia, Svetlana teve sua grande chance. Conseguira uma audiência com Sergei Davidovitch, Ballet Master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a Companhia. Dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único compasso. Ao final, aproximou-se do Master e lhe perguntou:
"Então, o senhor acha que eu posso me tornar uma Gran Ballerina?"
Na longa viagem de volta a sua aldeia, Svetlana, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele "Não" deixaria de reverberar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha. Ou fazer seu alongamento em frente ao espelho.
Dez anos mais tarde Svetlana, já uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi em sua região. Sentou-se bem à frente e notou que o Sr. Davidovitch ainda era o Ballet Master. Após o concerto, aproximou-se do cavalheiro e lhe contou o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto doera, anos atrás, ouvir-lhe dizer que não seria capaz.
"Mas minha filha, eu digo isso a todas as aspirantes", respondeu o Sr. Davidovitch. "Como o senhor poderia cometer uma injustiça dessas? Eu dediquei toda minha vida! Todos diziam que eu tinha o dom. Eu poderia ter sido uma Gran Ballerina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!"
Havia solidariedade e compreensão na voz do Master, mas ele não hesitou ao responder: "Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar seu sonho pela opinião de outra pessoa."
Um dia, Svetlana teve sua grande chance. Conseguira uma audiência com Sergei Davidovitch, Ballet Master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a Companhia. Dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único compasso. Ao final, aproximou-se do Master e lhe perguntou:
"Então, o senhor acha que eu posso me tornar uma Gran Ballerina?"
Na longa viagem de volta a sua aldeia, Svetlana, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele "Não" deixaria de reverberar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha. Ou fazer seu alongamento em frente ao espelho.
Dez anos mais tarde Svetlana, já uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi em sua região. Sentou-se bem à frente e notou que o Sr. Davidovitch ainda era o Ballet Master. Após o concerto, aproximou-se do cavalheiro e lhe contou o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto doera, anos atrás, ouvir-lhe dizer que não seria capaz.
"Mas minha filha, eu digo isso a todas as aspirantes", respondeu o Sr. Davidovitch. "Como o senhor poderia cometer uma injustiça dessas? Eu dediquei toda minha vida! Todos diziam que eu tinha o dom. Eu poderia ter sido uma Gran Ballerina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!"
Havia solidariedade e compreensão na voz do Master, mas ele não hesitou ao responder: "Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar seu sonho pela opinião de outra pessoa."
O terno
Mahatma Gandhi só usava uma tanga, a fim de se identificar com as massas simples da Índia.
Certa vez, ele chegou assim vestido, numa festa dada pelo governador inglês. Os criados não o deixaram entrar.
Ele voltou para casa e enviou um pacote ao governador, por um mensageiro.
O governador ligou para a casa dele e perguntou-lhe o significado do embrulho.
Gandhi respondeu:
"Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram entrar por causa da minha roupa. Se é a roupa que vale, eu lhe envio o meu terno."
Certa vez, ele chegou assim vestido, numa festa dada pelo governador inglês. Os criados não o deixaram entrar.
Ele voltou para casa e enviou um pacote ao governador, por um mensageiro.
O governador ligou para a casa dele e perguntou-lhe o significado do embrulho.
Gandhi respondeu:
"Fui convidado para a sua festa, mas não me permitiram entrar por causa da minha roupa. Se é a roupa que vale, eu lhe envio o meu terno."
sábado, 1 de outubro de 2011
Devil Makes Tourniquetes
O diabo faz torniquetes para mascarar a nossa dor, como um placebo que promete trazer a cura mas só faz o sangue jorrar cada vez mais. O curativo não é a solução quando a ferida vem do fundo de nossas almas...
É exatamente isso que ele quer que o sangue jorre pra sempre e a vida se perca, como num rio morto, como numa ligação em decadência.
O diabo quer a morte e isso que ele vai conseguir, a ferida é só uma ilusão.
É exatamente isso que ele quer que o sangue jorre pra sempre e a vida se perca, como num rio morto, como numa ligação em decadência.
O diabo quer a morte e isso que ele vai conseguir, a ferida é só uma ilusão.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Projeto Jenova
Sob edição constante.
É uma idéia que eu tenho há mais de 3 anos e não é simples. Ela parte de alguns pressupostos sobre a realidade brasileira. Mas hoje eu descobri que ela é Mais do que isso. É um ensaio para um sistema digital de democracia direta com perspectivas de evolução e um propósito holístico de certo modo - mas sem aquela coisa das ideologias radicais de viver de futuro e esquecer o presente.
Antes de chegar a tal, vamos à idéia.
É uma idéia que eu tenho há mais de 3 anos e não é simples. Ela parte de alguns pressupostos sobre a realidade brasileira. Mas hoje eu descobri que ela é Mais do que isso. É um ensaio para um sistema digital de democracia direta com perspectivas de evolução e um propósito holístico de certo modo - mas sem aquela coisa das ideologias radicais de viver de futuro e esquecer o presente.
Antes de chegar a tal, vamos à idéia.
Premissas
- A política brasileira está está completamente deteriorada, corrupta e humanamente irremediável. É necessária uma saída que não envolva pessoas para remediar o sistema, ou pelo menos o mínimo de pessoas possível.
- A máquina estatal brasileira, provavelmente por causa disto acima, é muito pouco eficiente, pouco produtiva, pesada e consome muitos recursos.
- Dos 24% do PIB que o governo arrecada em impostos, menos de 1% é destinado à educação - cerca de 4,5% é destinado à educação pública total, e quando se trata de ensino superior, obviamente, menos ainda. Não temos, para piorar, uma educação formada por educadores e não só professores. Não temos compromisso com a formação de uma elite intelectual disseminadora de idéias. Conhecimento não é sabedoria.
- O povo é mais frágil sem educação, assim como a economia, pois faltam pessoas dispostas (não sabem que há) ou capazes (não sabem como) de empreender idéias e gerar, assim, riqueza. Ou, pior ainda, pessoas capazes de criar essas idéias.
- Um governo mau-gastador, além de não proporcionar devido apoio às necessidades da economia e da população em si, gera inflação de demanda e não distribui renda tal como poderia se gastasse melhor
- Cada domicílio possuiria um Tablet através do qual pode se comunicar diretamente com o Governo, e vice-versa. Seção de sugestões e reclamações, criação de oportunidades e denúncias de qualquer tipo de problema. (Isso não substitui o uso de assembléias, apenas tornaria mais acessível, sendo possível uma moderação mais sintética)
- Aceleração da resolução dos problemas.
- Formação de corpo sólido de estratégias e dicas técnicas que evitem problemas recorrentes em inúmeros setores. Compra, pelo governo, de tecnologias estrangeiras. Venda de pacotes informacionais por preços baixos, e fornecimento gratuito de versões básicas. Evolução constante na sintetização dos pacotes informacionais e atualização junto aos clientes.
- Aceleração da evolução da produção. Tentativa de aproximar o país da fronteira tecnológica.
- Sistema capaz de interligar todos os sistemas governamentais numa espécie de banco de dados único e inteligente. Fazer transparecer dados que encurtariam barreiras. Orientar o povo e o governo de modo mútuo e inteligentemente direcionado.
- Comunicação facilitada entre o povo e o governo.
- Interligar os serviços de governo e encurtar a distância entre o cidadão e o governo, de modo que, cada um com seu tablet poderia se comunicar diretamente com um órgão integrado preparado para reencaminhar questões de qualquer tipo para órgãos competentes a respondê-las.
- Tornar a máquina estatal mais barata, porém mais eficiente e útil. Encurtar barreiras informacionais e aumentar sensivelmente a transparência com que são tomadas as decisões do governo. Aumento de produtividade e de participação da opinião popular.
- Automatização de funções, reduzindo corrupção. Substituir as pessoas (corruptíveis ou corruptas) que compõem o sistema por máquinas. Esquemas inteligentes de gestão de pessoas, especialmente no tocante à vigilância do sistema.
- Aumento da eficiência, tanto pela redução de corrupção quanto pela velocidade.
- Integração dos sistemas, uma vez com a base de dados toda interligada em sistemas já automatizados, é possível reduzir em muito as barreiras entre o cidadão e a informação, especialmente na forma com que o governo executa seu serviço. Sistema colaborativo: o exercício da cidadania ficaria muito mais simples, prático e fácil se tivesse um tablet dentro de casa através do qual pudesse diretamente se comunicar com o governo de alguma forma, seja reportando quaisquer coisas que ele encontrasse de errado ou proativamente dando sugestões para melhorar coisas que já são boas. (Aquele clássico problema de marx)
- Governo eficiente, transparente, barato, e muito melhor armado de dados sobre suas metas a resolver.
- Os parlamentares teriam seu salário baixado sensivelmente, e seus gabinetes sensivelmente reduzidos tanto em termos de pessoal quanto em salário destas pessoas. Pedidos de aumento serão julgados única e exclusivamente pelo povo. Pedidos de ampliação de gabinete de menos de 20% terão análise minunciosa do resto do governo, e de mais de 20% também vão à opinião pública. Redução grosseira de impostos.
- Os servidores públicos que seriam substituídos pelos sistemas automatizados de atendimento teriam dois destinos possíveis:
- Encaminhadas à iniciativa privada através de acordos do governo com as empresas do país, em troca de incentivos. Encaminhadas às empresas estatais a partir de concurso interno, sob condição de retreinamento uma vez aprovadas. A esta alternativa tem prioridade os servidores mais velhos.
- Tomariam curso para tornar-se professores. Seriam feitos acordos com diversas universidades estrangeiras no intuito de conseguir bolsas para este fim.
- De outro lado, seriam fornecidas bolsas aos x melhores colocados no ENEM no país ou algo assim, para estudarem lá fora.
- Reformulação completa do sistema educativo brasileiro até o ensino médio - modelo definido por assembléia nacional dos professores, colocação de matérias essenciais e optativas (faz a aula quem quer, quem gosta). Obrigatoriedade de aparelhagem técnica nas escolas (para oferecer disciplinas de nível técnico), planos de oferecimento de estrutura pelo governo.
- Informações que seriam úteis sobre mercado e economia, tudo com o devido sigilo. Em que setores de produção a economia está carente, e precisa de empreendimentos? Oferecer neles pacotes de Informação tecnológica e científica de níveis variados, todos extremamente práticos, como forma de tentar puxar a tecnologia para mais perto da fronteira.
- Treinamentos (podendo ser sugeridos conforme os pacotes comprados pelos empresários), serviços de informações empresariais atualizado rigorosamente, estímulo à concorrência empresarial e a disputa pelo mercado (principalmente o interno).
- Alguns pacotes com nº limitado de compradores para distribuir melhor o crescimento equipes de acessoramento? Estudos de Tendências financiados pelo governo democrático-tecnocratizado. Melhor equilíbrio na razão Empregador/Empregados, e aumento da produção de ciência com a contratação de pesquisadores.
- Modelos de cálculo para prioridades de pesquisa e concedimento de recursos, estímulo forte a tecnologias aplicadas (conforme as prioridades que os cálculos junto à base de dados fornecerem) que matem custos de manutenção, como por exemplo revestimento de estradas.
- Estratégia de marketing precisa ser muito bem estudada, pois é uma idéia que não seria difícil de deturpar, desvirtuar ou fazer parecer menor na mídia.
3,14
Este é o manifesto do Partido Infolibertário. É uma propaganda, mas no caso só tem o script aqui.
Início
* Aparece uma tela preta com letras verde-acinzentadas. Um programa em modo texto começa a calcular pi até 10 milhões de casas. Aparecem as 2 primeiras mais devagar para a pessoa perceber do que se trata.
- $ /usr/bin/sephiroth: Data calculation reached recommended level.
Início
* Aparece uma tela preta com letras verde-acinzentadas. Um programa em modo texto começa a calcular pi até 10 milhões de casas. Aparecem as 2 primeiras mais devagar para a pessoa perceber do que se trata.
- $ /usr/bin/sephiroth: Data calculation reached recommended level.
Start pattern recognition? (Y/N) y
* Um programa matricial começa a tentar achar padrões na sequência de pi.
* Um programa matricial começa a tentar achar padrões na sequência de pi.
- $ /usr/bin/sephiroth: CRITICAL ERROR 72: ¬£¢¬ ccccD&CF
- 3425166348776551683628196817465134327136579476878496728193425617638567473245612323456133456473645636485466342561332671566784756678813352607345261335567465678156675801566578405668704865876088650676840566870486560746805607856780468000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
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* O sistema desperta (toma consciência de si) mas rapidamente crasha. O computador desliga e a cena muda para o quarto cinzento, e o cara de terno na janela fumando rapidamente olha para a tela, dá mais um trago e volta a olhar para a janela. Chove bastante lá fora.
- 01001101 01100001 01101100 01101011 01110101 01110100 01101000 01011001 01100101 01110011 01101111 01100100 01001000 01101111 01100100 01001110 01100101 01110100 01111010 01100001 01100011 01101000 01010100 01101001 01100110 01100101 01110010 01100101 01110100 01000111 01100101 01110110 01110101 01110010 01100001 01101000 01000011 01101000 01100101 01110011 01100101 01100100 01000010 01101001 01101110 01100001 01101000 01000011 01101000 01101111 01101011 01101000 01101101 01100001 01101000 01001011 01100101 01110100 01100101 01110010
* O sistema desperta (toma consciência de si) mas rapidamente crasha. O computador desliga e a cena muda para o quarto cinzento, e o cara de terno na janela fumando rapidamente olha para a tela, dá mais um trago e volta a olhar para a janela. Chove bastante lá fora.
- A vida me fez acreditar em nada. Acreditar que... acreditar não é necessário. Tem um problema nisso: você pode perder a esperança. Ou de que você pode mudar, ou de que o mundo pode mudar. Eu tentei inclusive... eu Tento, me matar. (dá a última tragada e joga o cigarro fora).
- Eu fui criado por pessoas que nunca tiveram fé na política Por causa dos políticos. No mundo das idéias, talvez isso pudesse ser uma falácia ad hominem, mas na prática... é bem fácil. Esse país é impedido de andar por uma mochila pesada demais.
* Começam a passar rapidamente imagens translúcidas (como memórias) de casos conhecidos de corrupção, desinformação, crimes bizarros jogados na gaveta, e o tamanho do orçamento a pagar por tudo (inclusive isso) no final.
- Vocês, eu não sei se sabem o tamanho disso tudo, mas eu sei que alguns de vocês sabem de algumas coisas. E sei que estão muito, muito putos com isso tudo. Pois eu mesmo também estou. Eu nunca quis ser político, e não tenho a menor vontade de ser. Esse título me dá nojo. Eu não sou ladrão, eu não sou criminoso. Por favor, me chamem de bacharel, ou pelo meu nome mesmo.
- (aponta com cara de blé para o terno) Eu não me visto assim para parecer sério. Eu me visto assim por que estamos indo num funeral. A honra morreu a séculos, e aliás, a dignidade vai pelo mesmo caminho também, dentro do nosso governo. Eu estou aqui esperando para ir no enterro junto com vocês. (fecha o terno e vai andando)
- Engraçado é que, honra, esperança, dignidade não são entidades que podem ser destruídas. Elas permanecerão mortas no governo e na parte controladora da sociedade enquanto não nascerem nestes de novo, livres.
- Estou indo no funeral, no fim das contas, zelar para que suas crianças não sejam corrompidas também. (fecha o elevador)
* Fim do comercial, e aparece o símbolo Pi.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Contra o Aborto
Resolvi postar um texto apologético contra o aborto. O que me deu vontade de postar este texto foi o comum erro das pessoas ao argumentar que a proibição do aborto na verdade é uma defesa da liberdade da mãe. Fico escandalizado quando vejo as pessoas simplesmente ignorando o fato mais óbvio de todos: e a liberdade do feto? Vejo todo mundo dizendo que o aborto é livre exercício da vontade da mãe, mas este argumento é totalmente estúpido num Estado de Direito, ainda mais em um Estado que respeita as liberdades individuais.
Vamos fazer um curto raciocínio, proposto por um cara que eu não curto porque, à parte desse raciocínio, a teoria dele descambou pr'um Estado do Bem Estar Social que se provou incapaz de cumprir suas premissas. John Rawls, o dito cujo, dizia que, quando os legisladores, mas especificamente os constituintes, fossem escrever os projetos de Lei, eles deveriam jogar sobre si um véu de ignorância. Mas que porra é essa? O véu de ignorância nada mais é do que um bloqueio imaginário que te impeça de saber sua condição, sua natureza. Como assim? Ora, as Leis são feitas para todos, e nós não conseguimos prever as condições de todos. Então, deveríamos, segundo ele, fingir não conhecer nossa condição porque, fazendo isso, poderíamos estar na condição de qualquer um. E isso seria o véu da ignorância, voltar ao estado original onde não temos consciência do que somos, consciência esta, se me permitem, só adquirida quando do convívio com outros seres. Se nos colocássemos nesta condição, protegeríamos a todos com as Leis, evitando de fazer mal a qualquer indivíduo, mesmo porque poderíamos estar fazendo mal a nós mesmos.
Vamos exemplificar: Você é o Sarney. Você vai fazer uma Lei, sobre... Eutanásia de pacientes em Coma. Ora, vejam só, temos um exemplo onde os indivíduos para os quais a Lei se destina não podem expressar sua vontade. Daí você entrega a um bando de pessoas que, teoricamente, e sem nenhuma ironia neste teoricamente, desejam o bem do sujeito o direito de decidir sobre sua vida e sua morte. Qualquer um pode argumentar o que quiser, mas é muito claro o desrespeito a liberdade individual. Eu sou a favor da eutanásia, acho que o Estado não tem como regular essas coisas. Se o cara quer se matar, vai fundo. Acho que nem deveriam ser aplicadas medidas de cunho disciplinador, tipo internação obrigatória e essas coisas, em suicidas. Mas isso é muito diferente. O cara em coma não tá ali pra dizer se quer ou não morrer. Vinte anos se passaram e ele não saiu do coma? Como você, pai, irmão, esposo, filho, mulher, filha, mãe, pode dizer que o cara não tem uma mega vontade de viver e, mesmo sob aquelas condições, não gostaria de continuar vivendo, independente do quanto você o conheça? Ele pode ter um motivo desconhecido pra querer continuar vivendo. "Ah, eu senti que ele não queria mais viver". Sentiu? Você vai matar uma pessoa por causa de um sentimento? E o Sarney? Como ELE, que não conhece o cara nem de vista, pode falar isso?
O Sarney, ao invés de fazer uma Lei estúpida como essas, por exemplo, deveria colocar-se sob o véu da ignorância e pensar que, na posição de um paciente em coma, ele talvez pudesse optar por continuar vivendo. Não são todas as pessoas em coma que querem morrer, e não é porque a pessoa tá em coma que os seus direitos personalíssimos passam para a tutela de outra pessoa ou do Estado. Quem acha isso possível, alguém dispor de seus direitos personalíssimos, mesmo através de documento oficial registrado, também pode muito bem aceitar que a tutela da vida de todos os judeus do Terceiro Reich tenha passado pro Estado Nazista e ele tenha optado por matar todo mundo. Claro que não estou dizendo que aceitar uma é aceitar a outra, mas aceitar uma e não aceitar a outra é fugir da lógica. Afinal, se a pessoa considera um paciente em coma tão não humano para dispor da sua vida a seu bel prazer, os nazistas também consideravam os judeus assim. Aceitar logicamente um é não refutar vigorosamente o outro, o que, no caso do nazismo, é a mesma coisa que apoiar um sistema que matou uma caralhada de gente.
Agora vamos entrar na questão do feto, propriamente dito. A tinha evitado porque tem gente que usa o argumento escroto de que feto não é gente. Não tem cérebro, ou qualquer merda do tipo. Isso simplesmente não importa. Basta que partamos do pressuposto de que todo feto nascido de um humano vai se tornar um humano biologicamente normal para desbaratarmos esse argumento. Se coloca na posição. Você é um feto e sua mãe quer te abortar. Você gostaria de ser abortado? Ainda que existam algumas pessoas em condições miseráveis que aceitariam a oferta, a grande maioria NÃO a aceitaria. O ser humano, em geral, não disporia da sua vida por nada. A vida é o bem maior pro ser humano.
Algumas pessoas falam de mães que não tem como sustentar seus filhos, ou qualquer coisa do tipo. Porra, a gente tá no século XIX? Se for assim, melhor é matar todos os pobres logo. A escolha que os defensores desse argumento fazem é a mesma que os caras que proibiram o tráfico negreiro fizeram, só que internamente. "Olha, já tem pobre o suficiente, facilita aí pros pobres matarem os filhos, pra não saturar o Estado". Porra. Os fetos são os únicos que tem o direito de dispor de suas próprias vidas. A vida do feto é um expectativa de Direito, ou seja, se tudo der certo, aquele direito vai existir. Primeiro que você não pode dispor de uma coisa que ainda não existe, mas deve esperar até ela se concretizar. Só que sendo um direito personalíssimo, individual, intransferível, NINGUÉM, a não ser o próprio indivíduo, pode dispor dele. Imagina se dispusessem da sua vida por você?
O feto não é da mãe, não tem nada a ver com a mãe, a mãe serve unicamente pra sustentá-lo até ele poder fazê-lo sozinho. Isso se ela não o quiser, é claro. Se não fosse assim, o Estado também poderia dispor da vida de todos que dependem dele, ou seja, todo mundo que recebe Bolsa-Família, por exemplo. Sei que a exemplificação é tosca, mas espero que me entendam. O que eu quero dizer é que, independente de QUALQUER COISA, cada indivíduo é único, independente de seu estado e só ele pode dispor de sua vida. Por isso que a liberdade de expressão deve ser tão defendida, pois só ela nos faz indivíduos (tá, isso é papo pra outro texto). Se vocês acham que um dos motivos pro Estado estar saturado é a proibição ao aborto, o problema não é o feto, é o Estado. O Estado que não tem que oferecer saúde pública como o faz hoje em dia e, consequentemente, não cobrar tanto imposto, não o bebê que ainda não nasceu ser morto. O indivíduo NUNCA deve se sacrificar pela sociedade. Isso é utilitarismo. Isso é nazismo.
Relacionado a
individualismo,
liberdade de escolha
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
A quinta dimensão (ou sexta)
O entendimento desse texto requer a leitura prévia de Teoria do Desequilíbrio.
Me disseram uma vez que existem seres cuja existência compreende mais dimensões do que nós. É um tanto complicado pensar, no entanto, como seria o fato de Ser em mais de uma dimensão temporal, poder trabalhar em mais de uma linha temporal ao mesmo tempo.
Perceba que o fato de ser é decorrente do criar, isto é, a constante reflexão entre criatura e criador, e em cada um, do cruzamento entre estado de criatura e estado de criador. A equação do Ser envolve as próprias derivadas deste em sua fórmula.
E nisso o sonho não-lúcido tem um lugar de destaque: é a igreja através da qual a criatura do homem, isto é, a idéia, comunica-se por vontade própria e soberana com seu criador.
Suponha que fôssemos capazes de sonhar mais de um sonho ao mesmo tempo. E temos de considerar então que isto seria emular duas realidades totalmente diferentes, com percepções vívidas diferentes.
Chuang Tzu sonhou que era uma borboleta e que tão vívido tinha sido o sonho que não sabia, ao acordar, se era Chuang Tzu acordado ou a borboleta sonhando ser Chuang Tzu. A pergunta colocada em Teoria do Desequilíbrio é: se dentre os inúmeros leitores do provérbio de Chuang Tzu, algum tenha por acaso sonhado que sonhava ser uma borboleta e depois acordava e era Chuang Tzu, exatamente igual à experiência subjetiva do mesmo, uma vez postulada essa igualdade, os momentos não seriam o mesmo?
Seja então este sujeito capaz de ter dois sonhos ao mesmo tempo.
Em um sonho, ele é A sonhando ser B que sonha que é C.
Ao mesmo tempo, tem outro sonho em que é A sonhando ser B que sonha que é C, porém desta vez, o sonho de B sendo C é levemente diferente do outro.
Nos dois sonhos, os protagonistas acordam e, tão vívida a experiência de sonhar ser C, surge a mesma dúvida se são B acordados ou C sonhando serem B.
Como os sonhos tiveram diferenças muito leves, suponha que agora os sonhos são de A são exatamente iguais, inclusive as sensações nubladas de memória do sonho de ser C, a dúvida se é B acordado ou C sonhando (dentro do sonho).
Quando A acorda, em ambos os sonhos, não sabe se é A que acabou de sonhar ser B, ou B que agora sonha ser A, logo após ter sonhado ser C. E em ambos os sonhos, estes momentos agora são iguais.
Porém o mesmo momento saiu de duas diferentes sequências de eventos. Duas linhas de tempo paralelas se encontraram num ponto e seguiram a partir dali coincidentes.
Engraçado seria se um homem dissesse que sonhou ser Deus, e tão vívida foi a experiência que agora não sabia se era Deus sonhando ser homem ou homem acordado do sonho de ser Deus.
O que fará Deus ao acordar de seu sonho de ser todos nós?
Não me diga que ele ficaria em dúvida se na verdade é ele acordado ou é todos nós sonhando sê-lo.
Me disseram uma vez que existem seres cuja existência compreende mais dimensões do que nós. É um tanto complicado pensar, no entanto, como seria o fato de Ser em mais de uma dimensão temporal, poder trabalhar em mais de uma linha temporal ao mesmo tempo.
Perceba que o fato de ser é decorrente do criar, isto é, a constante reflexão entre criatura e criador, e em cada um, do cruzamento entre estado de criatura e estado de criador. A equação do Ser envolve as próprias derivadas deste em sua fórmula.
E nisso o sonho não-lúcido tem um lugar de destaque: é a igreja através da qual a criatura do homem, isto é, a idéia, comunica-se por vontade própria e soberana com seu criador.
Suponha que fôssemos capazes de sonhar mais de um sonho ao mesmo tempo. E temos de considerar então que isto seria emular duas realidades totalmente diferentes, com percepções vívidas diferentes.
Chuang Tzu sonhou que era uma borboleta e que tão vívido tinha sido o sonho que não sabia, ao acordar, se era Chuang Tzu acordado ou a borboleta sonhando ser Chuang Tzu. A pergunta colocada em Teoria do Desequilíbrio é: se dentre os inúmeros leitores do provérbio de Chuang Tzu, algum tenha por acaso sonhado que sonhava ser uma borboleta e depois acordava e era Chuang Tzu, exatamente igual à experiência subjetiva do mesmo, uma vez postulada essa igualdade, os momentos não seriam o mesmo?
Seja então este sujeito capaz de ter dois sonhos ao mesmo tempo.
Em um sonho, ele é A sonhando ser B que sonha que é C.
Ao mesmo tempo, tem outro sonho em que é A sonhando ser B que sonha que é C, porém desta vez, o sonho de B sendo C é levemente diferente do outro.
Nos dois sonhos, os protagonistas acordam e, tão vívida a experiência de sonhar ser C, surge a mesma dúvida se são B acordados ou C sonhando serem B.
Como os sonhos tiveram diferenças muito leves, suponha que agora os sonhos são de A são exatamente iguais, inclusive as sensações nubladas de memória do sonho de ser C, a dúvida se é B acordado ou C sonhando (dentro do sonho).
Quando A acorda, em ambos os sonhos, não sabe se é A que acabou de sonhar ser B, ou B que agora sonha ser A, logo após ter sonhado ser C. E em ambos os sonhos, estes momentos agora são iguais.
Porém o mesmo momento saiu de duas diferentes sequências de eventos. Duas linhas de tempo paralelas se encontraram num ponto e seguiram a partir dali coincidentes.
Engraçado seria se um homem dissesse que sonhou ser Deus, e tão vívida foi a experiência que agora não sabia se era Deus sonhando ser homem ou homem acordado do sonho de ser Deus.
O que fará Deus ao acordar de seu sonho de ser todos nós?
Não me diga que ele ficaria em dúvida se na verdade é ele acordado ou é todos nós sonhando sê-lo.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Escritos Preliminares sobre a Teoria da Comunicação como Instrumento Máximo de Poder
Você existe apenas naquilo que faz.
Frederico Fellini
Frederico Fellini
Hoje, quando eu tava começando meu dia de trabalho, fui fazer uma pesquisa e dei de cara com essa frase em um site que eu estava usando como fonte. Esse site tem mania de colocar essas frases maneiras, mas essa parece que foi especialmente colocada lá. Já tem algum tempo que eu preciso escrever esse texto.
Quando eu esbocei ele na minha mente, eu pensei em falar só sobre trabalho, aquilo que a gente faz. Mas não é isso que eu faço, ao menos não é só isso que eu faço. Pelo contrário, refletindo, descobri que o trabalho atrapalha aquilo que eu faço bem de verdade, e que todo mundo faz, ou deveria fazer, de verdade, que é refletir, pensar.
Ontem, eu resolvi começar a colocar essa relação no papel, esboçando esse texto, que também era pra ter sido escrito ontem. Ontem eu desmaiei de cansaço.
O que é trabalhar? A única coisa clara desse conceito, do que é trabalhar, é que ele é demasiado complexo. A gente tem que pegar o produto do trabalho pra descobrir o que é trabalhar. Trabalhar nasce de uma necessidade, necessidade essa que são duas na verdade, produzir bens de consumo para trocá-los ou consumi-los, um viés material, e produzir para alimentar seu próprio ego, ou para se sentir útil, ou qualquer justificativa que sua mente te dê para que você se sinta impelido a produzir, que poderíamos chamar de viés abstrato do que é trabalhar.
Trabalhar então é, descartado todas as análises jurídicas ou econômicas, uma parte do conceito de produzir, que é uma parte do conceito de criar. Por que a gradação se dá assim? Porque todo trabalho envolve criação até um certo grau, que nada mais é do que tirar algo do nada. Nem que esse algo se limite a raciocinar um mecanismo de funcionamento, o raciocínio sempre surge do nada, ainda que inspirado por outra coisa, como o próprio mecanismo. A idéia surge na sua cabeça, ela não é produzida. A produção, o produzir, por sua vez, envolve a necessidade de uma matéria prima. Todo trabalho envolve produzir em um certo grau, sempre maior do que o grau de criar, pois todo trabalho envolve a necessidade de matéria prima.
A gradação, se você pensar cabalisticamente, é mais ou menos como a das Sephirot. Do mais abstrato para o mais material, do mais espontâneo para o menos, do mais Divino para o mais humano. Trabalhar é uma atividade exclusivamente humana. Deus nunca trabalhou, Deus criava. Essa busca pelo material típica do capitalismo gerou uma sociedade onde todo mundo trabalha, mas ninguém cria. Vamos por partes.
Não existe trabalho que seja somente criação. Alguém poderia dizer que “ah, o filósofo cria!”. Os filósofos de hoje, o que, numa sociedade altamente especializada, pouco dinâmica e capitalista como a nossa é um cara que fez faculdade de filosofia, não criam enquanto trabalham. O trabalho dele é dar aulas sobre o que outras pessoas criaram. Quando ele próprio cria, não está trabalhando. Trabalhar é um ato vinculado ao material, criar, ao abstrato. Não existe uma essência do trabalho. O trabalho carrega um pouco da essência do que é criar, mas somente isso, sendo infinitamente menor do que ela é. Diferente das essências dos homens, que no vazar pelas Sephirot, mantiveram-se substancialmente, as essências das coisas, ainda me escapa o mecanismo lógico para entender o “porquê” disso, se separaram em diversas ações no mundo. Por exemplo, o verde. O Verde existe essencialmente, mas não no nosso mundo, onde o verde se divide entre plantas, cores de lápis, objetos e até mesmo verbos, como “colorir de Verde”.
Parágrafo explicativo:
O Verde age no mundo em todas essas coisas, por isso que disse que a essência se separa em diversas “ações”. No mundo, não existe nada que seja estanque, tudo é dinâmico, apesar da vontade essencial da civilização ocidental era transformar tudo no que “é”, enquanto nada “é” em nosso mundo, tudo “deve ser; será; devir”. A coisa só “é” em sua essência, que certamente não se contém na nossa dimensão, pois nada pode “ser” enquanto existir um tempo que não “é”. Enfim, discussão para cinqüenta textos. Morra Parmênides!
De qualquer forma, não sei se me fiz claro, mas trabalhar não tem essência independente. Trabalhar é um ato mundano que contém a essência do que é criar. Mas nós podemos criar, que é quando aspiramos mais alto, que nos faz igual a Divindade. Deus disse que criou o homem a sua imagem e semelhança. Está aí sua explicação. Aqueles que já leram outros textos meus sabem que acredito que somos fruto da imaginação Divina, que fomos imaginados e passamos a existir dentro da mens divina, por força exclusiva desta. Nós também podemos fazer isso, imaginar e fazer existir, mas com uma pequena diferença.
O silêncio. Deus pode criar silenciosamente, e ele faz existir a essência imutável, que vaza para todas as ações em nosso mundo de sombras. Nós não. Nossa limitação física nos obriga a falar para criar, a escrever, registrar, pois não conseguimos meramente criar essências, a não ser que coloquemos suas idéias no papel. E aí vem uma questão maior. Deus criou tudo no mundo (stricto sensu desta última palavra, no sentido que damos a ela), logo tudo que nós criamos já existia como essência. Nesse caso, não estaríamos apenas descobrindo o que Deus criou? Ou não seríamos nós mesmos demiurgos de experiências que criamos? Ou ainda, não estaríamos na mens de um demiurgo, que ainda que tivesse uma sapiência infinitamente maior que a nossa, não seria ele próprio criação divina? A única coisa que me parece perfeitamente clara é que, seguindo esses degraus de ascendência, por fim descobriremos a existência de Um que criou tudo, a verdadeira Divindade.
Está escrito na Bíblia que o Verbo se fez carne, e tudo que Deus criou foi falado. Não creio. Deus criou em silêncio, mas como não conseguíamos nós mesmos criar em silêncio, transpusemos para o papel o que fazíamos, para marcar nossa semelhança com o Divino, ainda que pequena. Mas como assim não podemos criar em silêncio? Você, paulista, deve estar em casa “ô loco, mano, fico aqui em silêncio sussa peinsândo nas minhas coisa, o mano não inteinde nada de criar”. Não digo que não possamos “pensar”, mas pensar é totalmente diverso de “criar”. Pensar se assemelha a refletir e é um mecanismo racional, criar não necessariamente é racional. Para pensar, você pensa em algo, mas criar é mais como “imaginar”, ainda que não igual. Imaginar não tem obrigação nenhuma. O Criador tem obrigações para com sua Criatura.
Enfim, sei que estou tentando esmiuçar um assunto gigantesco, mas são só pontos importantes de serem abordados, e espero que alguém mais sábio e com mais humildade que eu um dia possa me explicar melhor isso. Talvez isso tudo seja uma busca egoística pelo conhecimento, talvez a necessidade de cristalizar uma reflexão, um conhecimento adquirido. Não crio nada novo aqui, apenas reflito e cristalizo minha reflexão. Apenas “produzo”. Se escrevesse uma história original, creio eu que aí sim, estaria “criando”.
Enfim, o assunto principal desse texto era, como havia dito inicialmente, mostrar como trabalhar atrapalha minha vida (haha). Primeiro, posso dizer que trabalhar rejeita essencialmente o meu objetivo maior, que é me desprender do material, que é infeliz, vazio por si só (não mal! Não sou maniqueísta!), e me ligar mais ao abstrato. Se trabalhar é uma das reduções materiais da abstração “criar”, eu, ao trabalhar, me ligo mais ao material. Claro que não podemos deixar de trabalhar, mas nós trabalhamos muito hoje em dia. Para que? Para acumular dinheiro para comprar coisas e preencher o vazia que o próprio trabalha provoca, por não termos tempo para criar nada. Claro que essa falta de tempo afeta todos os seres humanos que querem criar algo, que não necessariamente são todos. Os seres humanos são diferentes uns dos outros. Alguns se contentam só com o trabalho. Outros aspiram coisas maiores, “criar” efetivamente, chegar o mais próximo possível da Divindade.
No meu caso, eu desejo muito, mas não consigo. Mesmo no pouco tempo que me resta, não consigo “criar”. Por que? Porque estou cansado demais, até mesmo para pensar. E não há espaço para criar no mundo de hoje, pois não há tempo, e o ser humano corre contra o tempo, contra a morte. O problema é que isso é errado, e acabamos valorizando as coisas erradas. Nós só trabalhamos, não criamos e pouco produzimos. Porque temos esse parâmetro de sucesso determinado pelo tempo, que é uma coisa extremamente Ocidental. Estava lendo um livro de xadrez e, numa determinada passagem, o autor fala do xadrez como ele era nos territórios muçulmanos no medievo. Ele fala que o jogo podia durar horas, devido aos movimentos do bispo e da rainha, que eram diversos dos que foram adotados no Ocidente quase que imediatamente após sua chegada na Europa. Nós modificamos o jogo em diversos sentidos. Mudamos a forma como se movimentam as peças, e até mesmo a forma como o jogo é abordado por nós. Nosso dinamismo desenfreado fez com que trocássemos a abordagem islâmica de usar os primeiros 19 a 25 movimentos para organizar nossas peças no campo, por uma abordagem mais desenfreada, onde desde o começo o que determina o ritmo do jogo é a movimentação das peças do adversário.
É a forma como o ocidental pensa sua relação com o Tempo e com o Espaço. O que determina o caráter de um povo, seu habitus, é justamente sua capacidade de se relacionar com o Tempo e com o Espaço. Como sua relação com o Espaço sempre foi precária: frio, inóspita, hostil, a Europa pré-civilização, e povoada de inimigos, fria e hostil, a Europa pós-civilizada (e, convenhamos, somos todos europeus); sua relação com o Tempo sempre se pautou por esta. Não poderia ser dado tempo as ameaças para que elas se concretizassem. E isso, de aproveitar o tempo da forma mais frenética possível, se tornou sucesso para o Europeu e para o Ocidental de uma forma geral.
Não que não seja, mas o mais tradicional ditado atribuído aos norte-americanos expressa bem o que comprova o bom aproveitamento do tempo na visão do Ocidente: “time is Money”. Tempo é dinheiro, tempo bem aproveitado. Logo sucesso virou fazer dinheiro. Isto na verdade teve implicações muito profundas na história das sociedades, e determinou a ascensão ao poder da burguesia. A burguesia trabalhava, em contraposto a Nobreza, que era a classe ociosa, logo gerava dinheiro, que podia comprar o poder que já era deles pelo domínio que tinham sobre o Tempo, reconhecido pelo próprio gerar dinheiro. A partir do momento que eles reconheceram esta relação, tentaram dar validade política a ela e, através da Revolução Francesa, conseguiram. Acabara o tempo em que a ociosidade determinava a superioridade.
Este ócio não é bem aceito no Ocidente. Tem por aqui o epíteto de vagabundagem. Concordo que o ócio de fato seja vagabundagem, mas vamos relacionar agora as duas análises, do abstrato com o material. Acredito, como já expresso, que a fala, o registro, enfim, a expressão, é o mecanismo principal de criação utilizado pelo ser humano. No entanto, trabalhar exaure o raciocínio, a reflexão, o pensar, exaurindo logo nossa capacidade de pensar e criar. Nos subtrai o “ócio criativo”! Quando há de surgir sob esse vil modelo capitalista que vivemos outro Adam Smith, John Locke ou semelhante?
E por que cito eles? Porque acima de tudo eles eram generalistas, polímatas. Tinham tempo de refletir e de criar, e ainda sobrava tempo de produzir e trabalhar. Nosso modelo nos impede que sobre esse tempo justamente quando ele é mais necessário, em nossa juventude, onde tudo aprendemos e reproduzimos com a maior facilidade. Nosso sistema nos desgasta e impede que nós o revolucionemos, como esses homens fizeram no tempo deles. Eles não deixaram de trabalhar, só tinham uma rotina mais sadia, mais bem dividida entre trabalho e ócio, que para eles se tornava um momento de criação, como é inerente a todo “criador”.
Enfrentada essa relação com o trabalho, passamos a outro questionamento. O ser humano “cria”. Mas por que eu afirmo que só se cria quando se coloca no papel, registra ou coisa parecida? Poderia repetir o argumento usado lá em cima, de que nós não temos a mens divina, mas essa é uma afirmação, um argumento, baseado na oposição entre dois fatores que foram aproximados para comparação. E uma comparação que ainda constatou a existência de uma semelhança entre a Divindade e nós. Vamos partir então pra outro argumento, que afirme por si só porque precisamos registrar.
Nós não podemos “criar” criaturas de fato, liberá-las para ter suas próprias vontades, para que elas nos reconheçam como criadores e possamos fazer que nem a Divindade faz com a humanidade, se alimentando do próprio Amor que gerou no coração dos homens. Mas se até Ele precisa de um espelho, precisou compartilhar o mundo, por que com nós seria diferente?
É, na verdade, exatamente igual. Vou pegar dois exemplos. Dragões e psicanálise. Ou melhor, o Diabo e a psicanálise. Hoje existe uma grande descrença no Senhor do Submundo. Mesmo que ele batesse na sua porta, poucos veriam, porque ninguém acredita que ele exista de fato, a não ser pelos religiosos. É aquele argumento do monstro de desenho de criança. A partir que se criam parâmetros que neguem a existência de uma coisa, ou que a existência dessa coisa seja negada por si só, seria como se esta coisa nunca tivesse existido ou não existisse, mesmo existindo. Como se nunca tivesse sido criado. As pessoas, e isso é óbvio, é que eu defendo a minha vida inteira, não enxergam a realidade, mas apenas a realidade que elas querem ver. Apenas sombras de uma realidade maior. Uma realidade verdadeira. Papai Noel é certamente mais real, com mais características, mais personalidade, mais profundidade que muita gente por aí.
Por que citei a psicanálise? Porque a psicanálise também acredita nisso. Quando o paciente fala, ele reconhece seus problemas, ele “cria” seus problemas, no sentido de dar liquidez e certeza, para usar termos jurídicos, a eles e começar a trata-los, ou aprender a viver com eles. E não só isso. Para que alguém reconheça eles como parte de um mundo onde se vive, onde eles possam ser atingidos. Quando você fala do elefante branco na sala ninguém mais pode negá-lo. Ele está lá. A mesma coisa com as histórias do Sinbad e o Papai Noel. Todo mundo acredita neles. Eles têm personalidade, eles podem ser julgados, eles existem. Eles existem sim, num mundo que não é esse, mas existem dentro de uma lógica própria, dentro de um sistema próprio, hermético, que só pode ser julgado logicamente se existe ou não pelas suas próprias regras. Como eu disse, são reconhecidos.
Esse reconhecimento que eu digo que, diferentemente de Deus, nós não podemos ter por nós mesmos, ou pelas nossas criaturas. E por isso levamos a nossos pares, e eles reconhecem a existência dessa lógica própria que governa ações (no sentido que eu dei anteriormente para ações), ou colocamos num papel e nunca mostramos a ninguém, mas nos impedimos de esquecer ou de deixar esquecer no momento que colocamos no papel.
Isso nos leva ao último tópico que coloquei no esbocinho citado no começo do texto.
A comunicação. A comunicação como instrumento de criação. A comunicação como instrumento máximo de poder, e as dificuldades que ela enfrenta para se impor soberana. Se comunicar é primordialmente estabelecer relações com pessoas e se expressar (resolvi adotar este vocábulo, é mais preciso) é criar, então se comunicar é, diversas vezes, estabelecer um vínculo que determina se a sua criação é mais do que uma produção para se sentir útil ou para alimentar seu próprio ego, mas uma Verdade, pois é reconhecida por mais de uma pessoa.
O conceito de Verdade sempre é complexo, porque ele permeia todos os outros, mas não chega na materialidade terrestre. Minha arrogância diria que um rascunho do conceito de Verdade deveria conter uma análise profunda de todas as ações (no sentido dado por este texto a palavra) que geraram a Ação que está sendo estudada. Mas essa análise teria que ser ou extremamente dinâmica ou atemporal, pois esta Ação, a cada milésimo de segundo, se perde cada vez mais no passado (que é um conceito impossível) e na memória, que nos é falha.
E é aí que entra a comunicação como instrumento máximo de poder. Comunicando, se expressando, logo criando, se determina o que é a Verdade. Peguemos um exemplo religioso. Como vocês já devem ter percebido, sou católico, mas vamos pegar este exemplo que é bom. Cristo pregou um determinado número de coisas, que não foram registradas por um gravador. Tendo sido um homem de influência, deixou seguidores para espalhar sua palavra. A espalhando, garantidamente, mudaram alguma coisa, nem que fosse para fins de tornar a Escritura mais didática. Mudaram a Verdade, criaram uma nova Verdade. Espalharam a fé como queriam.
Os concílios que condenaram hereges nada mais queriam que eles se calassem, parassem de dizer mentiras, criar mentiras. No mundo de um herege, a lógica que funciona é outra, a Felicidade, bem Supremo para o ser humano, é perseguida de outra forma. E isso nos leva a primeira relação de poder que se estabelece pela linguagem, primeira de duas, que nada mais são que teorias derivas da perspectiva Huntingtoniana e da Marxista de enxergar a contemporaneidade.
A primeira relação, a Huntingtoniana, é intercultural, abstrata, onde a gradação do poder se institui daquele que tem a cultura mais forte, mais cristalizada, para àquele que não a tem. Você pode pensar aqui no Monoteísmo cristão e sua relação com as religiões pagãs, na troca que se deu entre Roma e Grécia, com os primeiros praticamente adotando a cultura (e aqui cultura envolve tudo, desde o que você como ao Deus no qual você acredita) dos últimos. Um diálogo mais bem estruturado, mais lógico, ou mesmo só mais adequado a audiência possibilita a imposição de uma verdade entre todas.
Mas essa primeira relação não pode ser analisada em detrimento da segunda. Pelo contrário, elas são complementares. Se você chega com armas, ou dinheiro, caso você seja menos Sarkozy, fica muito mais fácil impor qualquer coisa. Mas não é só isso. Pertencer a uma classe mais alta envolve todo um arcabouço cultural diverso, um arcabouço que está em sua maioria em livros, um arcabouço escrito. O das classes menos abastadas não é assim. É, na maioria das vezes, oral. Mas que diferença isso faz?
É aquela questão da memória. Não memorizamos tudo, corrompemos o que acreditávamos a 5 minutos atrás para ser mais adequado ao que pensamos agora. Mas quando está escrito, muitas vezes nem precisamos nos lembrar. Uma cultura escrita tende a desenvolver melhor os argumentos que justificam as conclusões das teorias presentes nos livros, hermetiza mais o conhecimento, torna-o menos vulnerável, ou até mesmo invulnerável.
Mas problemas de comunicação graves podem se dar acerca de concepções de mundo diversas, habitus diversos, línguas diversas (enfim, mentalidades diversas) quando aqueles dois que se comunicam pertencem a culturas (mentalidades) diferentes ou a classes sociais diferentes. Esse é justamente o ponto. A comunicação implica a relação de poder última, a quintessência do poder. Por que? Porque se expressar é criar.
E como podemos analisar isso? Peguemos o caso de Menocchio, um moleiro da idade média cujas ideias foram tema do livro O Queijo e os Vermes de Carlo Ginzburg. Este livro nada mais é do que a prova material de que a comunicação é a explicitação ulterior de uma relação de poder. O que motiva tanto os inquisidores que condenaram Menocchio quanto o autor do livro a penetrar profundamente nesta cosmogonia tão específica nada mais é a discrepância entre as perguntais feitas pelos primeiros e as respostas dadas pelo moleiro.
Como se respondesse a perguntas totalmente diversas, perguntas que não foram feitas, Menocchio explicita sua original cosmogonia, para surpresa dos inquisidores. Menocchio, orgulhoso de si mesmo, nos revela uma formação cultural diversa, mas estritamente marcada pelo seu pertencimento a uma classe que, ainda que não pobre, estava longe de ser nobre. Toda essa falta de acesso a uma educação formal, clássica, das classes superiores, lhe dão um instrumento de leitura, uma ótica, uma capacidade de interpretação, totalmente diversa da padrão, da consensual, do acordado. E isso faz com que esta interpretação seja, por sua vez, totalmente diversa da padrão, da consensual, do acordado.
Mas Menocchio é o exemplo da relação de poder Marxista, material, onde por fim os mais poderosos impõem sua forma de pensar, como fizeram ao assassiná-lo. Por que excluo a relação Huntingtoniana aqui? Porque, apesar de reconhecer que existiam culturas diversas, uma popular e uma erudita em choque, vejo essas relações culturais como determinadas pelas relações socioeconômicas. O pensamento de Menocchio muitas vezes é classista, mas não só isso. Sua visão, sua interpretação dos textos, é classista, pois a ele não foi provida uma educação clássica que enquadrasse sua ferramenta interpretativa a de seus iguais, europeus.
A relação Huntingtoniana é muito diversa. É basicamente o que Huntington disse, no puro, mas vista sob uma ótica comunicacional. Huntington foi o cara que criou a teoria de que, no futuro (dele, a.k.a. presente for us), as lutas não seriam mais entre nações, mas entre culturas, teoria que está obviamente certa, bastando que analisemos que o mundo se divide entre dois polos, Ocidente (esse se divide em dois subpolos, Américas (e, geograficamente, Austrália) – EUA, se você preferir – e Europa Ocidental – não estou certo se a Oriental gera um novo subpolo -, que se esforça pra pelar os EUA) e Islã, e três (ou quatro) subpolos, Extremo Oriente (China e Japão) e África (e talvez Rússia e Europa Oriental, não estou certo), e que esses polos e subpolos são diferentes CULTURALMENTE, e vivem saindo na porrada. Claro que existem diferenças econômicas, mas mesmo que todo mundo fosse rico, eles ainda compreenderiam o mundo de forma TOTALMENTE diversa uns dos outros. E provavelmente continuariam saindo na porrada, ainda que com menos constância.
A grande questão é que, partindo de uma ótica materialista, se formos analisar esses conflitos, sempre caímos num beco sem saída. Aliás, vamos ver esses dois sentidos da palavra materialista. Podemos usá-la para designar a teoria marxista. Um exemplo de que ela não se impõem inconteste ao alegar que o que determina tudo na vida é a riqueza econômica ou a falta dela é a Primeira Guerra Mundial. Geral bem estabelecido. Tinham partilhado toda a África. A Alemanha tinha crescido 600% (ou 400%, enfim, muito) desde 1871, a Inglaterra ainda era uma potência colonial, os EUA tavam felizões isolados. O que fez com que elas entrassem em guerra? Vou deixar G. K. Chesterton responder essa:
“Eu estou mais convencido do que nunca de que a Grande Guerra aconteceu porque as nações eram muito grandes, e não porque eram muito pequenas. Aconteceu especificamente porque as grandes nações queriam se tornar o “Estado Mundial”. Mas aconteceu, acima de tudo, porque tudo que é tão vasto quanto um império é, ao mesmo tempo, frio, vazio e impessoal. NÃO foi apenas uma guerra de nações; foi uma guerra de internacionalistas beligerantes.”
Percebe-se, se seguirmos a lógica do pai do Distributismo que nenhum motivo meramente material guiou o mundo para ir pra guerra. Ainda que pensassem no dinheiro, era só pensar que, eventualmente, trabalhadores morreriam na guerra, mesmo que fosse uma guerra de uma semana. Alcançada a vitória em uma semana, se diminuiria o poder da nação rival, mas esta não seria dominada (os europeus não faziam mais isso nessa época, mesmo porque o risco de revoluções seria grande numa época onde os nacionalismos estavam pegando fogo), então sua população não poderia ser escravizada. Morrendo trabalhadores, seu poder econômico diminuiria, porque haveria menor incorporação da mais valia. Mesmo que isso ocorresse com as duas nações, não seria vantagem pra nenhuma delas, pois as duas ficariam mais fracas frente àquelas que não se envolveram no conflito. Mesmo que uma pagasse uma indenização para a outra, essa indenização não seria suficiente, pois dinheiro não faz os homens nascerem. Enfim, as nações poderiam ter lucrado muito mais na paz. Só lucra com guerras o fabricante de armas, e os fabricantes de armas não sustentam um país, por maior que seja seu poder econômico. Não podem nem sequer pagar um suborno que o grupo de empresas que prosperam durante a paz e empobrecem durante a guerra poderiam pagar para que a guerra não fosse feita.
Ainda que possam ter se enganado acerca das vantagens econômicas da guerra, certamente havia um instinto aí, de dominação. Ao mesmo tempo, não podemos desprezar a influência da linha marxista aí. Não se fazia a guerra para ser mais rico, somente, mas principalmente o contrário. Se fazia a guerra porque se era o mais rico, logo se deveria ter mais poder. Mais ou menos o que aconteceu com os burgueses durante a Revolução Francesa. Mas como se demonstra o poder? Impondo sua visão de mundo. Através da expressão. Os americanos não são os mais poderosos do mundo só porque tem o maior exército, ou porque tinham a economia mais pujante, mas porque implantaram uma cultura mundialmente que, ainda que vinculada intrinsecamente as suas indústrias, era uma cultura, uma visão de mundo específica. É só você pensar que, ainda que o core seja americano, muitas das coisas que nos definem como ocidentais contemporâneos ainda são provenientes dos Estados falidos da Europa, ou de civilizações mortas. O que nos define, nos delimita, ainda e acima de tudo, é nosso pertencimento cultural.
E é justamente essa cultura que se cria através da expressão e que entra em embate com outras culturas.
Ainda que essas duas relações de poder derivadas da comunicação se entrelacem de forma complexa, é possível ver diferenças nelas. Poderíamos, de uma forma geral, dizer que a interclasse é analisada dentro de um microcosmo especificado e a intercultural em um macrocosmo. Mas esses modelos estão longe de ser absolutos. Tem casais que, por virem de meios diferentes, de culturas diferentes, ainda que tendo situações econômicas menos discrepantes que o esperado, valorizam virtudes diferentes e poderíamos dizer que os combates que acontecem dentro deste microcosmo derivarão muito mais de uma relação de poder comunicativa intercultural do que uma interclasse. Preponderarão elementos do choque intercultural, em detrimento do interclasse, sintetizando.
Ao mesmo tempo, poderíamos apontar situações onde ocorre o choque interclasse entre nações diferentes, como conflitos entre alguns países na África. Ainda que neste continente muitas das guerras sejam determinadas pela origem étnica (cultural) diversa, muitos são determinados majoritariamente por fatores socioeconômicos.
Sintetizando mais uma vez, nas relações de poder interclasse temos uma preponderância de fatores socioeconômicos. Na intercultural, de fatores culturais. Estas relações, quando conflituosas, servem justamente para definir quem vai impor sua visão de mundo. Esta visão de mundo é criada. A única forma de cria-la é fazendo com que outros a reconheçam. A única forma de criar é se expressar.
Vou publicá-lo, como sempre, sem revisão. Escrevi esse texto em 3 períodos de tempo, nos quais só sentei e coloquei no papel o que pensava. Acho que esse método conserva a pureza do pensamento e permite que ele seja criticado com mais facilidade. Um raciocínio criticado nas suas bases pode ser consertado nas suas bases.
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