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sábado, 2 de outubro de 2010

Teoria do Desequilíbrio


Você não vai entender esse post.

Quando o tempo se reduz a zero, o esforço beira as raias do infinito. Se não existissem os últimos minutos, nada nesse mundo seria realizado." 


- Murphy

Na minha antiga escola, que era católica, havia um irmão chamado Hilário.

Ele não era lá muito engraçado, mas era um velhinho muito gente fina, aparentemente uma pessoa muito boa e gentil, incapaz de fazer mal a uma mosca sequer. Foi uma das pessoas mais amáveis que eu já vi. Ele era cego. Mas não gostava de ser chamado de coitado, dizia que tudo que deus fazia era por uma razão.

Uma pergunta muito elementar levando em conta o contexto desse blog é: Será que se ele não tivesse ficado cego e toda aquela coisa de dificuldade, de família humilde, será que ele teria se tornado essa pessoa?

Eu vejo países muito ricos, onde a igualdade de direitos para os cidadãos é bastante presente. E lá, onde não há perigo, insegurança, medo da violência, da perda de seus entes queridos, e de outras coisas mais como aqui, as pessoas se suicidam aos montes.

Por quê?

Será que, como na Teoria do Equilíbrio, sofrer seria necessário, inerente, bom para o homem? A constante dor do existir e não ser o aquilo que ainda não se é, seria Necessária, para um dia, de fato, ser?

A noção de posse surgiu quando o homem descobriu o egoísmo: no surgimento da agricultura. Antes, quando nômade, o homem vivia em grupos que entendiam que quanto mais unidos maiores suas chances de sobreviver ao mundo. E por isso dividiam a tudo, nada pertencia a ninguém. Nem seus filhos, que eram criados por todos, e, principalmente, pelos mais velhos do grupo, os mais experientes. Nem suas mulheres, que eram mulheres de todos, e não havia motivos para ciúme e injustiça. Não havia posse.

Entretanto, o homem descobriu que algumas coisas quando azedavam formavam bebidas de sabor especial. E viram que era raro que isso acontecesse naturalmente. A comida era até fácil arranjar, foda era arranjar uma cerveja. E foi o homem descobrir como que fazia pra arranjar mais daquilo. E descobriu a agricultura. E quando o homem viu que seu trabalho todo plantando por uma vida toda, regando e esperando crescer era ceifado pelos outros enquanto seus filhos não eram lá tão bem alimentados, ficou puto. Não, não, aquele era o trabalho dele, ele é que merecia colher os frutos. Os filhos agora eram dele. A mulher também. E a família também.

Todos nós temos pequenas coisas, mas o que é que faz as coisas serem realmente Nossas? Que tipo de rótulo é esse?

Mais algumas particularidades a serem ressaltadas seriam com relação à fragilidade da própria noção de realidade do homem. Uma é quando se toma noção de que o Não-Existir é inconcebível. O que, segundo a linha de pensamento do texto O Propósito, seria quase Tautológico: as coisas que existem são só as que foram concebidas. Se o Não-Existir fosse concebido, passaria a existir. Não digo o conceito em si, digo o "como se é" quando não se existe. Por exemplo se você morresse e não tivesse vida após a morte ou coisas do gênero, como imagina que seria a partir daí? Como é o não-ser, o nada puro?

Outra particularidade concerne a fragilidade dos sentidos humanos. Nossa realidade é tão dependente deles, e sem eles somos tão patéticos. Veja por exemplo Ensaio sobre a Cegueira. Retirando-se a visão dos homens, por mais que continuem saudáveis, viram minhocas no macarrão. Ou o filme Perfume, onde um filho do caos, em busca da síntese do cheiro de sua amada que já não vivia mais, sintetiza um perfume com o cheiro extraído de algumas das mais belas espécies de jovens de toda uma região, e o perfume resultante tinha um poder mágico de tornar aquele que o utilizava um anjo, ou quando espalhado, fazer com que as pessoas tomassem para sí as características do perfume, desencadeando uma paixão avassaladora e incontrolável entre os mesmos. E depois de tudo isso descobre que o perfume nunca poderia lhe fazer amar ou fazê-lo amável, o que acaba sendo sua maior frustração e fonte de sua autodestruição.

Remover, enganar sentidos, sentimentos. Aquilo que gera o mundo dentro de nossas mentes, a fonte da cachoeira e de todo o rio. E pequenas mentiras estão a todo lugar.


Isso me lembra o Coringa de Heath Ledger, que gostava de matar com faca. Ele dizia que a arma de fogo era demasiado rápida, o que não lhe permitia apreciar os "pequenos momentos". Que nos momentos derradeiros as pessoas mostram sua verdadeira face. Ele dizia que era alguém que só fazia coisas, e não tentava planejar e controlar o mundo. E ele passava a faca nas pequenas mentiras.

Isso me lembra um pequeno paradoxo que me foi apresentado uma vez. Seja um semi círculo de raio 1. Seu perímetro é pi. Se fizermos 2 semicírculos de raio meio, isto é, dentro desse semicírculo maior, teremos 2 perímetros de pi/2, que somados dão pi também. Analogamente para qualquer número de divisões.

Suponha que o número de semicírculos tende a infinito. Parece que os semicírculos vão ficando cada vez menores e a soma deles se parece com a linha reta abaixo deles, certo?

Entretanto, essa linha é o diâmetro e mede 2. Como pode isso se a soma dos perímetros mede pi?

Isso mostra que na vida, o número de semicírculos é tão grande que a gente pode achar que pi é igual a 2.

(Na verdade não tende à linha. Observe que os pontos de encontro entre os semicírculos são bicos, e portanto não existe derivada. Quando o número de semicírculos tende a infinito, o número de bicos também tende a infinito, o que implica que, de certo modo, todos os pontos são bicos, logo toda a figura não possui derivada, o que a impede de ser uma reta)


Eu vejo uma calça azul. Mas o que garante que o azul que eu vejo é o mesmo que você vê? Meu azul pode ser um pouco mais verde. No entanto, ambos olhamos para o azul e Sabemos que ele é azul.

Chuang Tzu uma vez sonhou que era uma borboleta, e que nada sabia de Chuang Tzu. Apesar de meio gay, é um provérbio chinês metafórico, e lembra matrix. No sonho, havia apenas a certeza de que se era uma borboleta e se voava, e não saberemos como era a percepção de um jardim, por exemplo, se era como nós vemos, ou se era um polígono verde. A imagem é subjetiva, apesar da memória. Quando Chuang Tzu acordou, tão vívida foi a experiência que ele não sabia se era agora uma borboleta que sonhava ser Chuang Tzu ou se era Chuang Tzu que tinha sonhado ser uma Borboleta.

Da incapacidade humana de imaginar o não-ser, surge a idéia de consciência alheia ao ser, que alguns poderiam chamar de espírito. Para Berkeley, o idealismo implica que não existe matéria fora da noção de percepção, seja atual ou conjectural. Para Hume, não existe Espírito fora da mente, isto é, a noção sucessiva do mundo material e tudo além. Os elementos são percebidos, convertidos em sensação, enquadrados em estado mental e resolvidos em interação.

A matéria não passa de uma sucessão de percepções, e o espírito não passa de uma sucessão de estados mentais. Considerando que o tempo não existe fora do presente, não há sucessões que não sejam as que se classificam no passado atual ou no futuroconjectural, o que é ilusório à percepção, que é presente. Nem espírito, nem matéria essencialmente existem, apenas as idéias delas, nem a noção de sucessão do tempo é válida

Se dentre os inúmeros leitores do provérbio de Chuang Tzu, algum tenha, por acaso não impossível, sonhado que sonhava ser uma borboleta e depois acordava e era Chuang Tzu, exatamente igual à experiência subjetiva do mesmo, uma vez postulada essa igualdade, os momentos não seriam o mesmo?

Se há negação dos termos da série e do sincronismo de séries temporais, há negação do tempo.
Suponha agora que tenhamos um avançado mecanismo de neurocomputação capaz de induzir pensamentos com exatamente as mesmas noções de percepções, isto é, experiências iguais, em sujeitos diferentes. Este computador induz aos sujeitos o pensamento de que estão pensando algo. Porém esse pensamento é tão breve quanto o acender da luz. Quando eles se derem conta de que pensaram, estarão pensando que pensaram em pensar. E se dariam conta de que estariam pensando que estavam pensando em pensar em pensar. E assim infinitamente.
P (P) = P então P = P(P) = P(P(P)) = P(P(P(P...(P))...)

Se os indivíduos percebem isso em épocas diferentes mas de maneira igual, temos um motor de tempo paralelo ideológico.

O mundo então existe na mente do idealista. Existem, nesse mundo, outras mentes. E nessas mentes, existe o mesmo mundo, sob outra percepção. E dentro desse mundo, também existem outras mentes, inclusive aquela da qual partiu o raciocínio. E assim infinitamente.

E se existe uma mente que não está contida em nenhuma das mentes enquanto parte do mundo, mas todas estão contidas nelas como parte do mundo e como donas do mundo?

Como desencriptamos a indução do pensamento?

Como descobrimos que pi não é 2? Através do pensamento? Através do caminho da ação caótica, como metaforicamente o Coringa aqui foi usado?

Porque o Desequilíbrio é exatamente a função de deus. A diferença de potencial, o raio.

O que eu estou tentando aqui é descobrir a fórmula do manifesto dos filhos do éter: aquela que leva à quebra da cadeia, da sincronia, da sucessão. O despertar para a magia é a única maneira de governar esse mundo para todos de verdade. Pois do caos nós nascemos e por isso não seremos menos nem mais que isso. Exceto dentro do mundo, que é a nossa mente.

Um mundo de idéias de pseudo-inseguranças como forma de emular o caráter predatório, calculadamente plantadas, para que Este desequilíbrio impedisse que os suecos e finlandeses se suicidassem.

Porquê todos querem igualdade, todos querem equilíbrio, e eles não vêem que isso é só mais uma forma de desequilíbrio. Existe equilíbrio só quando existe numa mente, logo num universo inteiro, logo não existe.
O equilíbrio nunca existirá pois ele fere o propósito do mundo. O equilíbrio em uma mente não é equilíbrio em outra. O equilíbrio é o ponto zero do mundo.

Paremos de estudar o equilíbrio, e passemos a estudar o desequilíbrio. Este é o novo paradigma.



PS: Cabe aqui um comentário. Esse post foi propositalmente escrito com desconexões e algumas vezes falta de argumentos. É uma espécie de metalinguística, e quero que quem leia pense no que faltar. Produza as partes que faltam afim de fazer sentido, como Gestalt. Só assim o pensamento realmente se reproduz. Mais idéias irão surgir conforme o tempo, e haverá propostas concretas.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A criança

Esse é um dos posts que o começo não tem porra nenhuma a ver com o final. Mas é um recurso de linguagem, que você vai ou não entender na hora certa. E, como em muitos dos meus textos, você vai ou não perceber que eu gosto de falar menos do que devia. Mas vocês, eu assumo, sabem pensar.

É impressionante como nos mobilizamos pelos nossos problemas. Como o desequilíbrio faz o mundo se mover em busca de um equilíbrio, que atualmente, não tem alguma ordem.

Passe a perceber as pessoas. E você poderá ver que a maioria delas luta contra coisas que as fez mal um dia, e não se importa tanto com as outras. A algumas delas faltou isso, e por isso procuram por aquilo. Algumas faltou outra coisa, e por isso procuram algo relacionado. A algumas crianças faltou comida, e por isso fariam de tudo para lutar contra sua pobreza, e hoje dão valor ao dinheiro que têm. A algumas crianças faltou reconhecimento, e por isso hoje se esforçam para consegui-lo, mesmo que não reconheçam isso nem de verdade queiram. Seja pelos seus méritos intelectuais, estéticos, atléticos, artísticos, e tudo aquilo que formaria um indivíduo completo.

A algumas crianças faltou amor.

Nós quando imaginamos robôs perfeitos, achamos eles perfeitos porque a eles não é permitido o erro natural, o sofrimento, nada daquilo que nos aflige. No entanto, eles, sem nós, não têm propósito.


E é por isso que deus nos criou.

Esse é o grande dilema da coexistência. Um dia criaremos deus de novo. Para que ele nos recrie depois que o mundo acabar.
E ele, enquanto perfeito, vai pensar como nós quando criamos o robô perfeito, e vai perceber que a única coisa que o aflige é a falta de amor.
E ele vai perceber que não é perfeito. Nós é que seremos quando formos criados.

Mas isso só ele poderia entender.

Eis que fica ampliado o caráter para a pergunta "qual é o sentido da vida".

Vamos admitir a já conhecida metáfora, que representa a convergência de tudo: O universo, se for um ser vivo, ao morrer, se reproduz e renasce, por meio do Demônio de Laplace ou algo assim.


Eis uma metáfora visual que leva a muitas questões.

De um modo geral, se considerarmos a nós mesmos como, dentro da metáfora, pontos de coleta de informação, poderia-se afirmar que qualquer tipo de experiência é uma forma de produção de informação. De maneira que a relevância de um assunto experimentado seria função de sua originalidade. Exceto é claro em detalhes que ignoramos, como as pequenas microfísicas da sorte e da tempestuosa natureza humana, ou melhor, "das". Mas assim mesmo contribuiríamos, de qualquer forma que fosse, para o Renascimento.

E supondo que eu agora saiba que tenho que fazer, a questão que surge, elementarmente, é: Por quê? Por que temos que querer ser algo melhor? Não podemos nos tornar desprezíveis se quisermos?


E eis que, mesmo respondido, ainda haveria espaço para mais uma pergunta - o "Por que isso tudo?" passa a ser "Por que porquê?" (Why Why). E esses porquês a serem englobados num único propósito são muitos.

Esta indução chega numa conjectura geral:
A infinita cadeia de sucessões a que pode levar um raciocínio acerca de fatos fora do nível de realidade do homem só pode ser conhecida/entendida através da experiência (assim são as ciências do micro e do macro). Entretanto, não temos como experimentar o nascimento do mundo. Logo, fica vedado ao ser humano saber qual é O Propósito e quais as condições iniciais - o quê do pré e o do pós determinismo.

Quem sabe deus não está fazendo experiências/estudos com universozinhos para usar em outras coisas depois.

Apesar de saber que o Propósito existe, é como esse texto: sem lê-lo até o final, não iria fazer idéia do que realmente se tratava. E talvez ainda não saiba.

Essa pequena observação, apesar de pessoal, não deixa margens para falácias, a despeito do que normalmente acontece em situações como essas.

Não importa o quanto cresçamos, sempre seremos crianças.


Então, para fins práticos, vamos brincar de lego ou jogar videogame.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Do fogo e do samba

Da próxima vez que você estiver fumando, repare na brasa.
O fogo da vontade. O fogo da autodestruição.

O fogo é o pai da construção e o filho da destruição.

O samba é o pai do prazer e o filho da dor.

Os grandes poderes transformadores.

E o álcool é o pai do poder e o filho da idéia.

Amor é tudo isso. E o contrário disso. E talvez mais um pouco.
Da próxima vez que você estiver amando, repare na brasa.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Humor divino

Já viu clube da luta?

Deus sacaneou o homem. E usou o destino de material.
Disse que havia o livre arbítrio.

O homem respondeu, usando do mesmo material, o destino.
Fez uso da autodestruição.

sábado, 31 de julho de 2010

Ars Gratia Artis

Qual é o propósito da música?

O propósito em si: a própria música.

A arte é o produto da pura vontade.

A arte é a quintessência mágica, um pedaço do mundo não material representado no material, a pura manifestação de deus.

Esta é a razão da Sinfonia em ser: simplesmente ser.

A arte não tem razão ou propósito: ela é o propósito. Tal como a vida em si e a sinfonia divina, o mundo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Propósito

Eu discordo da teoria que o Mystery apresenta como motivador ao estudo das dinâmicas sociais - a da Reprodução e Sobrevivência. Ela é boa para explicar os fenômenos sociais, porém não é um gerador de propósito que preste. Pelo menos não pra mim, um cético filho da puta.
Afinal, se nosso propósito é Replicar e alongar nossa Sobrevivência, qual é o sentido de evoluir, então?

Somos um misto entre robôs e animais, e da parte dos animais o Mystery deu uma abordagem boa. Porém não coube ao escopo do livro dele falar sobre lógica, é claro, pois um livro sobre atração é um livro diretamente sobre uma questão animal. No que fez falta para mim para a determinação da inclusão das técnicas de pickup e inner game no meu portfólio de coisas que quero jamais me desgrudar na vida.

Porque o tal Jogo é a metáfora da dinâmica social atual, e ela há de mudar cada vez mais rápido, até não haver nenhuma definível, ou algo muito homogêneo para que não seja entendido com facilidade. Isto é pra mim quando somente haverá o propósito, e formos imortais novamente. Mas esse dia não vai demorar a aparecer.
E mesmo que não mude, há de se fazer uma pergunta: Será que a real evolução estaria em se adaptar, igual a um mamífero qualquer, à dinâmica social de hoje? Ou quem sabe tentar mudá-la para algo que preste? Isto fica sujeito a um brianstorm, ficadica.

Uma coisa precisa ser pontuada: assim que houve uma primeira mente pensante, houve a geração do propósito, por isso ele já é necessário.

O propósito é um conceito com cardinalidade diferente porém de naipe igual ao de existir e o de lógica.

Você não pode negar a lógica, pois para negá-la teria que usar a própria lógica, o que a reafirma e gera um absurdo.

Você não pode argumentar sobre a existência de maneira que não seja local, ou seja, não pode usá-la à extensão do universo se o universo for Tudo. Pois se você afirma que o Não Existir não existe, então você também o reafirma, o que é absurdo. Logo o Não Existir EXISTE; o que o impede de considerar algo que é Tudo como existente, pois isso contradiz que o não existir existe.

O que podemos fazer é considerar tudo o que não existe como algo que ainda não foi concebido, pois uma vez que há a concepção de algo, essa coisa existe, sob as circunstâncias de sua concepção. Vampiros existem, mas é claro, não fisicamente, apenas em quadrinhos, filmes, imaginações, e a circunstância da existência deles é a que o responsável pela sua concepção determinou. Por isso o Felipe Neto tem razão em dizer que a porra da Stephenie Meyer fez uma merda que é qualquer coisa menos vampiro e lobisomem, pois eles já existem e são diferentes daquilo. Diferentes tanto quanto foram determinados ao serem concebidos.

Mas enfim, as coisas concebidas são as que existem. Desse modo, o conceito de existir é local. O universo, enquanto Tudo, não existe: ele simplesmente É.

Por fim o propósito. O propósito é considerado sinônimo de intenção. São Tomás de Aquino concorda com Descartes que intenção, propósito, vontade e liberdade são a mesma coisa: a faculdade através da qual somos dignos de louvor quando escolhemos bem, e dignos de reprovação, quando escolhemos mal.

Isso se a escolha existisse.  O primeiro post desse blog foi dedicado falar da inevitabilidade do acaso ou Vice-Versa (rá, já viu alguém fazer trocadilhos como esse?).

O propósito é o mais complicado dos três: Dizer que não há propósito é dizer que de nada serve a causalidade, da qual sai a análise que leva ao propósito. Isso pode ser complicado de figurar. Imagine quando não havia o conhecimento.

Quando não pensávamos, apenas baseávamos as cognições em análises superficiais geradas pelos sentidos e sentimentos, quando muito. Descobrimos que ao cairmos em cima de uma pedra, podíamos bater a cabeça e morrer; disso saiu a análise, e ela gerou a idéia de tentar jogar pedras ao caçar. Ou quem sabe como quando fomos descobrindo o que podíamos fazer com o fogo. Tudo isso gerou o propósito. O início do raciocínio analítico lógico gerou pequenas induções que eram motivadas pelo propósito. Nisso foi surgindo o raciocínio abstrato, a linguagem, a introspecção, enfim, a resolução dos Problemas.

A evolução apenas por evolução é um propósito e ao mesmo tempo um metapropósito. Ela gera replicação e sobrevivência também. Mas não só de corpos e sensações, como a evolução por seleção natural. Num ser com capacidade mental para operar sistemas de lógica, existe a evolução do conhecimento, dos paradigmas, das artes etc.

É nisso que a teoria do SR peca: ela não tem um propósito para humanos, só para animais que pensam. Pensem nisso.

O mais engraçado é que Mystery dizia que a mente dos homens evoluiu muito mais rápido que o corpo dos homens.

E ele tem razão: Existem datas do Australophitecus de 2.5 milhões de anos atrás, e do Homo Sapiens de 200.000 anos. Há 6mil anos surgiam a escrita cuneiforme e os hieroglifos, há 130 anos atrás surgiam a lâmpada elétrica e a primeira central de energia. Há 20 anos surgia o protocolo WWW e a internet começava a se difundir. Pois hoje todos nós estamos conectados através da internet e no futuro provavelmente estaremos cada vez mais conectados.

Nós não estamos aqui por que somos livres para estar aqui, nós estamos aqui porque não somos livres. Não há como escapar ou negar o propósito, nós sabemos que se não tivéssemos um propósito, nós não existiríamos.

É o propósito que nos cria. É o propósito que nos conecta. É o propósito que nos guia, que nos faz evoluir. É o propósito que nos define. É o propósito que nos liga, nos prende aqui.

E se vocês leram o conto de Asimov "A última pergunta", se lembrem aonde essa história de conexão vai parar.

Devíamos parar de ser egoístas e estúpidos e trabalhar para uma evolução de verdade. E não há meio de fazer isso sem ser nadando contra a maré.

Animais matam a si próprios para fazer valer a seleção natural.
Quem foi que disse que a natureza nos fez apenas animais?

Receita para vendedores sem escrúpulos

Este post é algo que de fato entra par o meu livro imaginário, O Manual do Filho da Puta. Que de tão filho da puta, daria um livro de trocentas páginas com trocentas menos uma vazias, com os dizeres "se fudeu, rá" na última.

Vi há um tempo atrás um vídeo muito ridículo sobre um autoentitulado PUA de uma companhia que desconheço se apresentar no Jô, de maneira lamentavelmente despreparada. Na verdade esse é o tipo de coisa que eu acho que não deve ser apresentado a Massas, público massificado Logo despreparado, massa que me lembra cocô com farinha, pedacinhos de merda, entre outras coisas. Coisas que não possuam intelectualidade o suficiente para extrair dos outros o melhor deles, quando muito enxergar que isso existe.

Eu odeio meio-termos sem causa, aqueles que o são por falta de identidade. As massas não decidem se são humanos ou animais nunca.

Recentemente li um texto do blog Controle Remoto, do recentemente famoso Felipe Neto, pelo qual possuo alguma admiração. Esta vem principalmente da sua capacidade de expressar opiniões relevantes a qualquer um e inserir alguma coisa na cabeça de quem não tem muita. Aparente e infelizmente, nem todos o entendem.

O texto falava dessa entrevista no Jô.
http://controleremoto.tv/blog/2010/03/guia-de-como-pegar-mulher-na-balada-oi/
Vocês podem ver o vídeo, e talvez até o texto, e verão do que se trata.

Logo abaixo, o comentário que eu fiz. Com 2 meses de diferença em relação ao texto original, por isso resolvi postar.

Soa muito tentador poder conquistar qualquer mulher que se queira, não é?

É que nem crepúsculo isso, só que um pouco diferente. No final é tudo sexo e poder. Quaisquer provocadores de sensações com senso delusional de possibilidade vendem pra caralho. Vejamos outros exemplos: Deus(no sentido “universal” da palavra), aumento peniano de 20cm, O Segredo, etc, vendem muito, brother.

Suponha que esses métodos realmente funcionem, que hajam resultados, que os caras apesar de inseguros consigam o que queiram e tudo mais aqui comentado.

É…

Qual é o propósito dessa porra toda? Comunidade, livros, aulas, os caralho?
O tal célebre Mystery, que começou com isso, é um maluco de 37 anos e já deu entrevista no Letterman, ou sei lá, algum desses Jô’s que falam inglês. Não lembro o que ele tinha a dizer sobre o sentido da vida dele, que era até relevante, mas enfim.

Ele dizia “Meu cérebro está programado para me dar recompensas químicas quando realizo coisas que aumentam minhas chances de sobrevivência e reprodução*. Recompensas químicas – isso eu chamo de felicidade.”
(* com o que certamente quis dizer ‘fuder geral’)

Com isso, um brother meu entendeu “A nobreza do homem que se foda”.

Mas como você mesmo disse em num vídeo seu sobre cantadas Felipe, as tais senhoritas que pros alfas são alvos, elas mesmo, queimaram sutiã, fizeram os caralho a quatro em busca de uma liberdade que virou libertinagem num piscar de olhos.

Acabou toda a graça do romantismo, todo valor da castidade/fidelidade, e daí vai cavalheirismo, honra, enfim casamento e filho virou contrato, daí vai. Tu pode ainda falar da mídia massificada, que só põe cada vez mais merda na cabeça do jovem. Nada mais faz sentido, né.

E daí surgiu essa metáfora que esses caras usam de chamar isso de jogo. Virou um mix de putaria com cabacismo de outra geração que nem se aplica nem faz valer. Pelo menos creio eu. Eu comecei a ler o tal livro “O Jogo – Neil Strauss”, mas achei um porre. Existe uma subcultura de “pick-up artists” criada em cima disso, de estratégias pra vencer no jogo.



Eu tentei e não consegui, sério, se tu achar sentido nisso tudo, me avisa.
A única coisa que eu posso concluir é que precisa haver cuidado na abordagem de ambos os lados.

Isso não é necessariamente uma crítica, a questão é que cada um acha pra sua vida o Propósito que ‘quer’. E pra si, aquilo é o que importa.
(De maneira que não se pode sair dizendo o quanto é fodão e superior ou sair oferecendo ajuda como se tivesse alguém aqui precisando dela.)

Senhores alfas, mantenham seu conhecimento tão sagrado para si.

Fim do comentário.

Uma extensãono próximo post.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

In the depths of the river

A teoria, o abstrato. A não prática, a primeira metade da pré-ação do ser racional.

A vida é um emaranhado de fluxos de desordem caoticamente ordenados. Também é um pedaço de realidade que se abre diante de seus sentidos, o pequeno espaço ao redor de você, o invariavelmente variável "pequeno". Varia conforme o que é o ser.

Vida...  A materialização da existência... A cagada que soluciona postumamente o fim do mundo.

Eu já falei muito sobre o curso da vida, a origem, o sentido dentro da vista do homem, extrapolar a partir disso seria previsível, algum dia ia acontecer. Mas ser possível escrever algo que preste, varia. Reconheça as palavras, como sempre, e absorva o que achar que é válido.

Você é uma máquina operando. Você é um vetor nesse infinito conjunto. Seu módulo aumenta conforme suas dimensões são engrandecidas.
Falar do sentido da vida é fácil quando se fala da humanidade enquanto uma entidade. Já se restringir ao indivíduo, não é tão simples assim.

Eu acho um saco, mas tenho pena pois sei que também já fiz um dia, certas coisas. Erros de pensamento comuns que as pessoas cometem por comodismo ou fraqueza de espírito, que provavelmente não foram geradas por responsabilidades delas. A toda hora vejo pessoas tirando significados internos distorcidos de eventos externos e se enfurnando num casulo de medo por isso. Medo, o medo e a dor, aqueles que deveriam ser nossos grandes professores...

Nós deveríamos parar de nos desculpar e dar desculpas, e de viver em busca de aprovação dos outros. Não há nada a se conquistar nisso, e ainda por cima, só torna banal o ato de perdoar.

Sempre acreditei na evolução do homem, em buscar novos níveis e paradigmas, evolução constante e consciente. Porém num "infinito conjunto", pode ser difícil não se perder. É como dizia Confúcio, o homem que caça a 2 coelhos não pega nenhum.

Aceite tudo da maneira que é. Assuma as responsabilidades. Trabalhe em você mesmo, e expulse o covarde interno que quer ficar e sugar energia.

Seja seu próprio centro, mas não faça disso uma maneira de evitar todo o resto. Viajar é o melhor meio de reafirmar isso. O ser se engrandece da transformação interna do bom que há lá fora em algo ainda melhor. E assim engrandece também o mundo ao seu redor.

Todo mundo devia construir uma poderosa e capaz imagem própria a que ame, e mudar seus modelos de referência para si próprio depois de certo momento da vida. Nós não somos criados para absorver referências pra sempre, nossos pais um dia morrem. Aqueles que poderiam dar a referência também. Precisamos saber a hora de produzir os próprios trabalhos.

Todo mundo devia achar um propósito pra sua vida.

Fatalmente, não temos como saber porquê nós de fato vivemos, pelo menos agora. Então já que estamos aqui, vamos fazer algo que preste.

O propósito do escolhido é chegar à Fonte. De onde sai todo o rio. E o escolhido pra essa vida, aqui e agora, é você.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A eterna música

A sinfonia é algo sublime.

Eu acredito em apenas uma coisa: que acreditar não é necessário.

Dessa maneira eu posso falar com qualquer um sobre qualquer coisa, pelo bem do progresso e pela graça do conhecimento, pelo exaltar da idéia, sendo ficional ou não.

É interessante pensar sobre nós sem preconceitos físicos.

Quando você, nesse momento, está com o rabo sentado perdendo tempo enquanto ouve música, já parou pra reparar como uma música é feita?
Ela é gravada com instrumentos físicos, que fazem som físico. Esse som todo vira informação e é passado pra vinil, CD, etc... em forma de dados. Mas quando o tocador toca, ainda sai o mesmo som, certo?

Aí um nerd safado, sei lá quem, inventou a mp3. Um formato de compressão de dados usando um algoritmo chamado Lossy Compression. Ele reduz a nitidez de certas partes do som que estão fora da faixa auditiva da maioria das pessoas, usando modelos de psicoacústica para escolher os dados a serem descartados ou reduzidos, e depois grava o resto da informação de uma maneira eficiente.

Usando matemática, você pode diminuir o tamanho da música pra uns 10% dela.

Agora me diga, pensando rápido num númnero de um a quatro, qual você escolhe?
É claro que eu não posso tirar isso da sua cabeça, mas e se existissem padrões na natureza... Dos quais eu posso reconhecer e usar?

Três. (se você realmente pensou 3, faz parte de uma massa de cerca de 76%)

Existem padrões na natureza. E eu falo assim tirando o jargão do computador e trazendo para o jargão da natureza. Porquê computadores são fatalmente natureza. Matemática é natureza. Códigos são natureza. Um deles determinou a cor dos seus olhos.

E por isso, um ser humano não é o seu Material.

Por exemplo a Britney, "oops i did it again...", não é o CD que é a música.
 É sempre a mesma música, quer seja em forma de CD, ou num HD magnético, ou numa fita K7, ou mesmo numa folha de papel escrito em zeros e uns.
Não importa qual é a mídia em que a música foi armazenada, a música é a informação, o código em si. A mídia é só necessária para se armazenar a informação. Poderiam até ser ondas, raios laser projetando 0100101 no espaço pra quem quiser interpretar, ou ondas de rádio.

O que é mais fascinante. Você não é a matéria: você é o conjunto de padrões com o qual a matéria que o compõe é disposta junta.
Se eu pegasse essa matéria e jogasse tudo num misturador, não seria mais você. Sustentando mais ainda o fato, devido à morte celular, mecanismos de excreção, entre outros, a cada 7~8 anos, toda a matéria em você é renovada, sua pele, cabelo, fluidos etc. E ainda assim você ainda é você. Ou seja, você não é a mídia, você é o padrão.

Você é uma música.

Jesus tocava a flauta. Ela tem 9 buracos, assim como nosso corpo.

É o ar que passa pela flauta ou a mente que faz a música que sai?

E se eu pudesse criar um meio de mp3zar você?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Manifesto sobre amor

"Eu vejo aqui os homens mais fortes e inteligentes que já viveram. Vejo todo esse potencial desperdiçado. Toda uma geração de frentistas, garçons e escravos de colarinho branco. A propaganda põe a gente para correr atrás de carros e roupas. Trabalhar em empregos que odiamos para comprar coisas que a não precisamos.

Somos uma geração sem peso na história. Sem propósito ou lugar. Nós não temos uma Grande Guerra, não temos uma GrandeDepressão. Nossa guerra é a e.s.p.i.r.i.r.i.t.u.a.l, nossa depressão são nossas vidas.


Fomos criados através da televisão para acreditar que seremos milionários e estrelas de cinema. Mas não somos. Aos poucos tomamos consciência disso e estamos muito, muito, putos".


~ Tyler Durden - Clube da Luta.



Primeiro, esqueça a porcaria sobre amor que você aprendeu vendo novela.

Os sentimentos que você pensa que são sentimentos são reações programadas para reger um corpo vivo como em qualquer animal - como instintos. Fome, dor, medo e outras sensações básicas individuais - são colocadas ali cuidadosamente através da evolução para que haja sobrevivência individual.
Alegria, tristeza, ciúme, medo de perder alguém, e outras sensações básicas individuais como essas são colocadas ali do mesmo modo para que haja sobrevivência social, pois uma raça não sobrevive sem que se garanta a reprodução.

A máquina humana é antiga. Temos diversos mecanismos de resposta automática de nível menos que consciente, o que alguns chamariam de instinto e outros encrencariam, mas foda-se, eu vou chamar, e vocês que se entendam depois com o termo. Bem, e como tal, é claro, todos os instintos servem para nossa sobrevivência.

Nossa máquina, entretanto, não tem um poder de atualização tão grande. É verdade que nossa mente avançou muito mais rápido que nosso corpo em termos revolucionários. Vivemos numa sociedade intelectualmente superdesenvolvida em relação à nossa máquina.

Antigamente, vivíamos em tribos primitivas, como animais vivem em bandos. E haviam líderes na tribo, os entitulados machos alfa. Quando você tem medo de chegar numa mulher hoje em dia por exemplo, esse medo é uma reação natural. Ela vem no mesmo tamanho que o valor social da mulher, aquele frio na barriga antes de ir a uma garota extremamente bonita e sociável. Esse é um desses mecanismos - ora, quanto maior o valor social dela, maior a probabilidade dela ser do macho alfa, o líder da tribo. E se você mexe com ele, está fudido, vai morrer.

É possível falar de vários tipos de sentimentos e dar suas respectivas interpretações e explicações evolucionárias, mas vou restringir aos sentimentos de atração em fins do título.

Como um homem é atraído por uma mulher?

O homem vê qualidades físicas. Errado. Aliás, impreciso. O homem se atrai pela mulher que tem as melhores qualidades reprodutivas.
Algo como 80% dos "botões" de atração do homem estão programados para responder à qualidade de reprodução da mulher, enquanto os outros 20% se relacionam com a habilidade de sobrevivência dela.

Como uma mulher é atraída por um homem? Exatamente o contrário. A mulher se atrai pelo homem que tem as melhores habilidades de sobrevivência.
Ou, melhor dizendo, 80% dos "botões" de atração da mulher estão programados para responder à habilidade de sobrevivência do homem. Os outros 20% se relacionam com a qualidade de reprodução dele.

É simples de se entender, se aplicamos os critérios naturais de seleção. A mulher mais bonita é a que tem a melhor aparência, e isso significa boa qualidade de vida e saúde, o que deve resultar numa boa prole. Por isso a aparência atrai tanto os homens.
Já a mulher, características como Pré-seleção, Liderança, Protetorismo, Autosuficiência e Inteligência Social. Todas essas características(entre outras) têm a ver com a capacidade de sobrevivência do homem, não de reprodução. É ele quem deve proteger a ela e à prole, caçar, etc.
Pré-seleção é se ela vê o cara com outras mulheres abraçado, por exemplo, mandando na parada, significa que se elas já aceitaram ele, provavelmente ele é capaz, logo é atraente. Liderança e Protetorismo, são simples de entender também dentro do ponto de vista tribal, se você lidera os homens e tem eles ao seu dispor, tem melhores condições de proteger sua prole. Inteligência social também tem a ver com liderança(mas já é algo mais evoluído do ponto de vista racional), você não pode liderar muitos sem saber jogar, e adcionalmente, mulheres de alto valor social têm experiência em jogos sociais, logo isso é interessante pra elas.

Mas enfim, todo esse blablablá todo serve pra mostrar que sentimentos são programas naturais rodando na máquina humana. Eles não são tudo isso a que damos fantasia. São programas (entenda mecanismos químicos) simples, que podem às vezes nos confundir quando vêm somados.

Na verdade o que realmente pode ser confuso é que nós somos um ser de, digamos, cognição mista, temos reações conscientes e inconscientes. Sentimos fome e vamos comer, porém não necessariamente fazemos isso de maneira automática - vamos à geladeira e pegamos algo ou então planejamos o que vamos comer de acordo com as quantidades de mantimentos e tal.

Hoje quando temos fome associamos a geladeira.
Quando ouvimos música dançante associamos a momentos alegres, vontade de dançar e tal.
Quando ouvimos música triste choramos.
Quando vemos filmes de terror sentimos medo.
Porém sabemos que nada disso é de verdade, a geladeira não é caça nem comida, o que importa é o que está dentro. A música não é emoção, é a situação que ela pode nos lembrar ou fazer imaginar. O filme de terror a mesma coisa, não existe, é filme, no entanto a situação colocada na trama nos faz imaginar como seria estar ali, e associamos isso à sensação de medo.

Exemplos bobos como esse mostram que temos sentimentos associados à nossa mente, e desenvolvemos isso até conseguir criar uma inteligência emocional.

Então eu paro diante disso e lhes pergunto a definição de amor.
Eu diria que não existe.

Amor não é uma emoção, sentimento ou sentido básico. Há um consenso popular de que ele seja um conjunto indefinido de várias dessas emoções juntas. E são todas provocadas por associação a situações.

Músicas são amor. Filmes são amor. Eles são tudo o mesmo: estimulação de emoções racionalmente induzidas.

O amor é uma ilusão criada pela mente humana que quer dar razão um conjunto de emoções.
O amor não é eterno, o efeito de substâncias químicas costuma passar.

O amor não é, portanto algo genético, porém as qualidades instintivas de sobrevivência e reprodução são.

Sendo assim, mães, parem de achar ou de fingir que acham que só porque são mães e saiu um pedaço de dentro de si "sabem" do que o filho realmente precisa. Leiam livros sobre como criar filhos escritos por estudiosos e criem seus filhos como se deve.

Parem com essa história de amor platônico, familiar, foquem em trabalhar em equipe para fazer dar certo, pois não passa disso. Se não há conforto não há amor: São apenas emoções básicas que surgem eventualmente.
Parem com essa história de amor infinito entre namoradinhos, um dia seu relacionamento vai acabar. Você pode e deve, precisa provocar as sensações incluídas no portfólio do amor, precisa fazer isso para que seja bom. Senão o "amor" acaba e ponto. A conquista num relacionamento deve acontecer todo dia, e não só num início e se largar de mão depois.
E quando acabar, não acabe com sua vida junto, seria a coisa mais idiota possível.


Talvez (as mulheres) me odeiem por ter escrito esse texto(e ter fudido com suas vidas e seus sonhos sobre o príncipe).
Talvez achem simplesmente uma bosta e fechem a aba... Mas é como dizia o arquiteto, negação é a mais previsível das reações humanas.
Talvez concordem e isso ajude a pensar mais objetivamente.
Talvez isso ajude a vencer preconceitos contra opções sexuais, inclusive.
Se não ajudar em porra nenhuma também, que se foda.

A verdade é que mulheres são bichos engraçados. Elas não justificam 100% racionalmente suas ações, quase nunca. Elas usam seus estados emocionais como justificativas legítimas para seus procedimentos. Por isso é tão difícil para o homem entendê-las às vezes. Quase todos os homens que eu conheço seriam incapazes de trair um amigo por causa de uma buceta - o contrário para as mulheres não é verdade.

Eu apostaria que o "amor" é a justificativa mais usada de todas. Se bem que as coisas estão mudando hoje em dia. Mas pelo menos nos filmes e novelas parece que continua assim.
E as pessoas comuns aprendem a amar vendo eles.



EDIT (05/07/2010):
Seja P o produto vetorial entre Au e Av, onde Au é (u1, u2, u3... un) e representa o portfólio de sensações causadas por um indivíduo u a outro indivíduo, Av análogo. Consideremos o tal portifólio como n-dimensional.
O tamanho do amor entre dois indivíduos u e v é igual ao módulo de P.
A = |Au x Av|.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O povo

Uma história sobre o burro.

Certa vez quatro meninos foram ao campo e, por 100 reais, compraram o burro de um velho camponês.

O homem combinou entregar-lhes o animal no dia seguinte. Mas quando eles voltaram para levar o burro, o camponês lhes disse:

- Sinto muito, amigos, mas tenho uma má notícia. O burro morreu.

- Então devolva-nos o dinheiro!

- Não posso, já gastei todo.
- Então, de qualquer forma, queremos o burro.

- E para que o querem? O que vão fazer com ele?

- Nós vamos rifá-lo.

- Estão loucos? Como vão rifar um burro morto?

- Obviamente, não vamos dizer a ninguém que ele está morto.

Um mês depois, o camponês se encontrou novamente com os quatro garotos e lhes perguntou:

- E então, o que aconteceu com o burro?

- Como lhe dissemos, o rifamos. Vendemos 500 números a 2 reais cada um e arrecadamos 1.000 reais.

- E ninguém se queixou?

- Só o ganhador. Porém lhe devolvemos os 2 reais e ficou tudo resolvido.


As pessoas no Brasil nunca viram o burro. É por isso que mesmo que o político entregue o cargo, nunca devolverá tudo.
Alguém sabe se os fiéis da igreja universal viram deus? Dez mil reais soa caro pra uma rifa.

Perdão, eu é que não tenho tanto talento para vendas. Esses caras conseguem vender produtos que ninguém sabe nem se existe. Talvez eles fossem melhores políticos que os atuais - estes, tentam.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Mar

Outro dia desses resolvi descer uns pontos antes pra ir andando pela praia de icaraí. Agora tem um corrimão até, maneiro.

Era uma bela noite, com nuvens bem finas e transparentes como que formando uma superfície de vidro cristalino recém limpa, e do outro lado dela, a lua.

Eu parei pra dar uma respirada e ficar olhando de bobeira, e fiquei lá, olhando para o mar. E comecei a escutar o som que ele fazia. Com tanto carro passando, fazendo barulho, gente correndo, gente pra lá e pra cá, tenho certeza de que era o único fazendo isso.

É diferente de quando você vai à praia, na praia todo mundo está ali pra isso, para aproveitar o sol e o mar. Olhar para o mar e tentar escutá-lo de uma rua, de noite ainda por cima, é meio diferente. Parece que ele tem mais a dizer.

Por uns instantes eu senti como se pudesse conversar com o mar. Não digo conversar, mas trocar sentimentos ou idéias. E pior que eu não estava chapado. Mas é como conversar com um animal, um cachorro por exemplo. Não adianta falar com palavras com ele, falar de coisas, perguntar nada. Ele não vai responder, ele não sabe falar. Mas você pode acariciar a cabeça dele, falar "bom garoto" e até dar um abraço no bicho. Ele vai corresponder, certamente, do jeito dele.

É meio estranho e pra alguns até forçação de barra dizer isso, mas eu tou pouco me fudendo mesmo. Isto não é sobre conversar com o mar ou coisas que não parecem ser tão vivas assim. Talvez o mar até seja vivo, como vamos saber, talvez o planeta em si seja um ser vivo, whatever.

Isto é sobre sentimentos. A todo momento estamos racionalizando sentimentos, colocando limites neles, tentando inutilmente explicar alguns dos mais complicados, quando o grande ponto não está em ver como ele funciona. Sentimentos são deus. Sentimentos são puro ato. O mar é puro ato. É antinatural limitar sentimentos como costumamos fazer.

O importante não está no que os faz girar, mas em que estão conectados, ou seja, o canal deles. Quero dizer, se eu converso com um cachorro, faço carinho, ele até late ou coisa e tal, mas é lógico que ele não faz uma porra de idéia de 5% do que eu tou falando. Mas ele reage assim mesmo. Ambos um gostamos do outro, e no final é o que acaba importando. Então pra quê o resto?

Se você vai ao mar e acha que suas ondas parecem lhe fazer carinho, talvez faça sentido para você tentar fazer de volta. Qual a diferença de fazer com um cachorro? É claro, o cachorro é bem menor, não dá pra fazer carinho no mar com a mão. Mas se você tivesse um cachorro e perdesse a mão, é provável que ele continuaria gostando de você assim mesmo. Então tudo o que você precisa é fazer o primitivo da comunicação, prestar atenção nele e tentar passar o que sente, e se ele tentar lhe corresponder de alguma maneira, seja passando o focinho pelo seu braço, sei lá, talvez vocês compartilhem sentimentos.

Quando eu estava olhando para o mar, pareceu por uns instantes que eu podia ouvir o que o mar dizia, mas ele não falava em linguagem alguma. Ele simplesmente transmitia um sentimento puro. Que eu não faço idéia do que era, mas era puro, era verdadeiro. Mais até do que um cachorro, que tem contato conosco, e às vezes pode se fingir de desentendido quando faz merda, até vermos o cocozão no meio da sala. O conhecimento traz a possibilidade do falso.

Por isso temos que ser sinceros com nós mesmos, pois quanto menos somos, mais afastados do puro somos, e menos sentido nossa existência tem. (A não ser que descubram o real sentido da vida como sendo outra coisa não necessariamente ligada com a variação de entropia do universo e coisa e tal.) A existência pode até ser, mas a vida não é só interação casual, as populações que sobreviveram à seleção natural(por assim dizer), mantinham-se unidas, e sobreviviam por colaboração mútua. Isso significa que a evolução pode depender da união(isso se abre para divagações interessantes).

Todo mundo pode conhecer a si próprio, sendo apenas sincero, apesar disso requerer coragem. E se não gostar, mude isso, nem que seja preciso fazer uma tempestade. Não sei quem foi que disse que coisas não podem ser mudadas. Tudo pode ser mudado. Nós fomos paridos de algo que não pára de mudar. Bob Marley queria mudar o mundo, curar o mundo, unindo as pessoas, com o amor. Curar com amor, no sentido puro da palavra.