sexta-feira, 29 de abril de 2011

Talking 'bout my generation II

Uma sequela ao texto anterior por mim, dessa vez.

Conforme eu havia comentado no texto anterior, o assunto é de vastidão muito grande, pois pode ser que o problema de todos tenha raízes comuns. De maneira que poderíamos falar infinitamente e não conseguir extrapolar nada.

Engraçado é que hoje mesmo eu li um texto atribuído a Veríssimo, apesar de não acreditar que seja dele, visto que muito se escreve e joga no nome dele hoje. Aparentemente já era um tanto antigo, sobre BBB11, e Bial chamando os integrantes de Heróis.

Heróis, que ficaram num confinamento insuportável por uns três meses, muito choraram e muito sofreram, e que foram aclamados pelo público, e por isso legitimamente merecem prêmios, fama ou sei lá mais o quê.


CARALHO! Herói é o cara que sustenta a família com um salário mínimo!

O que tange nisso é que tanto se desarmou, desatribuiu e desvalorizou certas armas, atribuições e valores, que as palavras pouco sentido têm, por mais importantes que essas devessem ser. Mas não importa o quanto seja, atingem assim mesmo.

As palavras perderam seu valor, o ser humano enquanto criatura sensível e analítica perdeu o seu valor.
Mas as palavras não perderam a força, perderam o valor, a força ainda continua lá, por que por mais que o povo saiba que é de "brincadeirinha" que se toma por herói o vagabundo que pega a mulé e faz intriguinha na casa e sorri bastante e ganha a merda do BBB, eles acabam inevitavelmente tomando-o por tal.

Os heróis hoje surgem da noite pro dia, e a história sequer toma o trabalho de escrevê-los de tão rápido que somem, por que nunca o foram de fato.

Dou meus parabéns diariamente ao fórum hardmob e ao fórum VT por terem feito de Marcelo Dourado um herói que a Globo não queria que fosse. Ele só fez o que devia e que muitos queriam ter feito mas não podiam.

E nossa música reflete nossa vida, e nossa vida reflete nossa música. Nosso rock é tosco, é triste, é embriagado. Nosso hip hop é gangsta, pimp. E nossa música vende modos de ser. E um modo de ser fracassado. Nós redefinimos a palavra cool pra nos referirmos a fracassados. Kurt Cobain era um fracassado. Foda-se se ele entendia seus sentimentos. Se isso ocorria é porque você tem sentimentos de um fracassado.


Isso me lembra muito essa citação de Tyler Durden:

"Eu vejo aqui os homens mais fortes e inteligentes que já viveram. Vejo todo esse potencial desperdiçado. Toda uma geração de frentistas, garçons e escravos de colarinho branco. A propaganda põe a gente para correr atrás de carros e roupas. Trabalhar em empregos que odiamos para comprar coisas que a não precisamos.

Somos uma geração sem peso na história. Sem propósito ou lugar. Nós não temos uma Grande Guerra, não temos uma GrandeDepressão. Nossa guerra é a e.s.p.i.r.i.r.i.t.u.a.l, nossa depressão são nossas vidas.


Fomos criados através da televisão para acreditar que seremos milionários e estrelas de cinema. Mas não somos. Aos poucos tomamos consciência disso e estamos muito, muito, putos."


Nossa geração está tão sem valor que endeusam o Felipe Neto, que nada mais é que alguem como nós, que deveria ser o padrão de todos. Um cara com algum bom-senso e iniciativa de empreender uma boa tentativa de iluminação a algumas pessoas, uma vez também inconformado com o mundo tosco.
Mas ele é só isso. Não há nada demais além de um pouco de mau-humor cômico, talvez sarcasmo, óculos escuros e algum bom-senso.

Estamos tão sem rumo, que um deputado honesto, que recusa seus beneficios, é tratado como Deus pela mídia.

Para ser sincero, às vezes eu mesmo me pego com o pensamento e as metas a curto prazo tangenciando isso aí mesmo, diversão por diversão, sem compromisso. Mas vou fazer o que véio, eu estou um fudido, não tenho como planejar nada sem dinheiro, construir coisas. Isso em breve mudará de figura, mas por agora o máximo que eu posso é adquirir conhecimento e sempre que puder escrever ou passar ele de algum modo. É a unica forma de se crescer e absorver mais.


Quando eu penso em me divertir, eu considero que seriam fins últimos. Existe diversão em aprender, casar, ter filhos, vê-los crescer, formar empresas, trabalhar, claro que tudo a seu tempo. Existe diversão, prazer nisso tudo. Pelo menos deveria existir, pelo apreciar da boa música.

Porém, como acima, a mídia põe a gente pra trabalhar em empregos que não gostamos para comprar coisas a que não precisamos. E aí nunca vai funcionar. Por que enquanto estivermos insatisfeitos, estaremos comprando mais, e quanto mais compramos, mais trabalhamos em coisas que não gostamos para comprar o que não precisamos, e ficamos ainda mais insatisfeitos.

Quando penso nesse aspecto, tudo se resume a uma especie de lista de coisas a fazer, "tasks before die". Sem pretensão alguma de ter de consumir nada a que eu não precise, tudo bem estudado.

Por que fatalmente, toda música tem de acabar.

E não é o tom que ela acaba que importa, é a sensação que ela deixa no cara que ouve, ou uma idéia que ela tenha passado.

Esse é o conteúdo, o que falta. Falta propósito para as pessoas. Mas elas talvez sequer saibam que isso existe.

Elas têm um instrumento e só fazem barulho com ele.

E aí você de repente se depara com Restart fazendo sucesso.

Todo mundo quer ser herói. Todo mundo quer ser rockstar. Não tem problema nenhum nisso. O que não podem aceitar é que qualquer idiota vire um, só por que aprendeu 3 acordes, e um outro idiota com grana botou ele pra aparecer na tv. Como eu costumo dizer, uma das piores coisas que têm é dar dinheiro na mão de idiota.

Como eu havia pretendido chegar desde o início. Fato observado é que, por mais que a gente fale dos n aspectos sob os quais se manifestam as coisas que a gente falou, sobre o tanto que se desarmou, desatribuiu e desvalorizou certas armas, atribuições e valores, que acho que a gente acaba não conseguindo mover adiante.

Então fica a pergunta: como seria possível investir efetivamente contra esse movimento?

Acho que há uma saída em usar o próprio movimento contra ele mesmo. Você vê, as grandes obras de influência fazem isso ganhando em escala na burrice do povo.

E se existisse uma elite intelectual capaz de disseminar idéias afim de neutralizar esse tipo de controle indireto? Se você fala de pessoas menos esclarecidas, você pode ou controlá-las indiretamente, e vai funcionar. Ou você pode informá-las, e se você for eficiente, elas vão te seguir também, por que elas não têm informação, não têm um caminho, e quando tu tá perdido qualquer caminho serve. Elas muitas vezes sequer sabem que a informação existe, em muitos casos.

O problema, na verdade, vem a ser que falta pessoas capazes ou dispostas a empreender essa ação, de através da crítica e das ferramentas atuais com bom alcance, como o Felipe Neto de certa forma faz, botar algo que preste na cabeça dos outros.

Fica aqui a deixa, para que nós nos juntemos a essa missão, que nesse início de conversa, antes se resume a reunir informações ante aos questionamentos mais presentes, de modo a ter não só esclarecimento, mas também boas armas de entendimento para com os outros.

Precisamos sair dessa espécie de Matrix, e começar a resgatar os outros.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Talking 'bout my generation

É impressionante ver como estamos perdidos e nem nos tocamos. Não nós, eu, você e mais uns três amigos, mas toda uma geração. Acho que se estratificarmos as pessoas que nasceram entre mil novescentos e oitenta e oito e mil novecentos e noventa e um, vamos ter que fazer um esforço para encontrar um ser humano virtuoso.

Não sei explicar o que houve, se foi o alinhamento dos astros, ou a influência de astros do Rock, que nos fez sair assim, profundamente niilistas. Nós somos realmente uma geração perdida em álcool e sexo, para a maioria, e drogas, para uma minoria. E nós achamos isso um máximo. Essa vilipendiação de nossa própria dignidade. Nós nos achamos muito melhores que os mulequinhos de hoje, porque eles curtem Jonas Brothers, que não bebem nem usam drogas, enquanto nós éramos fãs do Oasis, que se dizia maior que Deus.

Se vocês conseguissem ver como eu vejo, como isso é TOTALMENTE errado, a maior parte dos problemas, que acreditamos ser individuais, seriam vencidos. Nossa insegurança, nosso medo, nossa inquestionável fé de que não existe nada que seja superior em valor, moral ou físico. Nós somos uma geração que pegou os perdedores das gerações passada e transformou eles em campeões de uma nova cruzada, contra as normas morais e legais, sem atentar para o fato de que são elas que nos fazem mais do que animais.

Nós achamos a religião um embuste e não conseguimos ver o quão mais profundo ela atinge nos espectros da vida de um ser humano, perpassando valores morais, sociais, políticos, jurídicos, e ainda, se você for um homem de fé, garantindo que nós tenhamos a vida eterna. Ela não existe só por existir, ou dar poder pr'um velhinho rico que mora num palácio no meio de Roma. Ela serve para cimentar os laços sociais, preenchendo os buracos deixados pelos abusos de nosso individualismo.

Nós achamos o Amor um embuste, e fizemos dele um embuste, porque achamos que o Amor tem que ser cool, que tudo tem que ser cool, porque nada é por si mesmo. Nossa geração é uma onde o indivíduo não vale nada por si só. A não ser que esteja cometendo uma extrema estupidez.

Nossa geração não vale nada e deveria ser extirpada da face da terra. Nós somos uma erva daninha e, a não ser que nos convertamos em algo melhor, nós seremos a vergonha do futuro. Todo mundo fala que o mundo está ficando perdido. O mundo não está ficando perdido. Nós somos perdidos, a juventude é perdida. Cometeu muitos excessos e não consegue se olhar no espelho sem se arrepender.

Eu vejo essa galera mais jovem, que valoriza um bando de coisas que, quando eu tinha a idade deles era estúpido, e só os excluídos, como eu era, praticavam. Nossa elite social, e daí falo da classe média, porque os mais abastados - ressaltando aí que não são TODOS os abastados, tem um extrato específico ao qual eu vou me referir posteriormente - sempre foram meio perdidos (vocês vão entender meu ponto em breve, quando eu falar do dando que o conforto econômico causa na alma de um ser humano), era um bando de playboys de merda, que pegavam umas patricinhas de merda, e que hoje não são nada. Não sabem nada, não fazem nada, não pensam nada.

Isso certamente ocorreu porque a situação financeira do país se tornou mais confortável. Com mais dinheiro, os pais mimaram mais os filhos, e o mimo, como todos deveriam saber, é o sal na terra de um homem, impedindo que qualquer coisa que seja boa cresça. Também teve a ascensão da cultura das classes populares, que enfrentou um grande processo de marginalização cultural, e aí englobo todas as facetas da cultura, política, artística, social, entre outras, e transformou - afinal, antes da Revolução de Sessenta e Quatro, como sabemos, as massas eram BEM politizadas - aqueles que a ela pertenciam em um grupo de animais. E a cultura niilista desse grupo, que já havia se conformado com seu próprio confinamento em uma zona da qual era impossível sair, foi assimilada com facilidade por uma geração que não precisava, nem conseguia, sair de debaixo da asa dos pais. E de repente TODO mundo achou isso super normal.

Quando ser um gangsta, ou ser um pimp, virou maneiro? Cacete, a duzentos anos atrás, o lugar mais longe que uma pessoa de cor poderia chegar da senzala era um favela, e agora elas estão nas TV's. Não falo que isso é ruim não, o ser humano é igual, e finalmente foi corrigido um crime histórico, e eu excluo qualquer cogitação de racismo em minhas palavras já declarando meu apoio incondicional e admiração por quaisquer grupos de Orgulho Negro - orgulho mesmo, altivez; não um bando de oportunistas que se fazem de coitados para ganhar cotas em concursos públicos. Mas, Deus, o que houve com a mentalidade do mundo, que pegou o antes desprezado de centenas de gerações e transformou em heróis de uma nova geração tão rápido? Não que eles não possam, nem devam, ser heróis, mas os anos nos quais eles correram, injustamente, à margem do acesso a riqueza material produzida pela sociedade, fez com que isso se tornasse um novo Deus. Sintetizando, a rápida ascensão social de uma classe anteriormente marginalizada, no caso, um grupo étnico, baseada somente na capacidade de gerar capital e sua vinculação com a ideia de reparação de um "atraso econômico-político-social" em relação a outros grupos étnicos, deturpou sua mens, antes tão comprometida com seus próprio ideais e cultura - vide os diversos movimentos de Supremacia Negra existentes no mundo. E para eles o dinheiro e a capacidade de gerá-lo se tornou tudo.

E foi muito rápido. Isso pode significar duas coisas: Uma mentalidade mudou completamente, ou uma mentalidade foi corrompida, para que os papéis tradicionais de herói e bandido tenham se invertido*. Muita gente fala de Amor, Solidariedade, e essas coisas todas, importantes sim. Mas pra essa gente, isso é retórica para por em prática uma leniência e transigência moral inaceitável. Eu não considero isso uma mudança de mentalidade. Acredito que nossa mens foi corrompida, porque em algum momento, algum idiota disse na mídia que nossos pais não eram satisfeitos com suas vidas, ou alguma estupidez dessa, e alguém disse: "Hey, vamos tentar o inverso!" Claro que, se nossos pais são satisfeitos, viram um exemplo. Se não são, você cata outros de gente que deu certo em um contexto geral (para deixar claro que esse contexto envolve MUITO mais do que a vida econômica da pessoa). Porra, garanto que qualquer pessoa foda não vai achar um Liam Gallagher da vida um semelhante, um igual. O cara odeia o irmão, não tem, aparentemente, uma vida amorosa feliz, é feio, canta mal e tem um cabelo rídiculo. (eu gosto de Oasis, juro.)

Mas voltando ao assunto dos rappers. De repente você tem a fina flor da sociedade achando isso, essa galera que antes era tido como escória, agora assumindo hábitos normalmente associados a brancos, maneiro. É compreensível o ódio de alguns rappers negros por brancos e rappers "zoeiros". Porra, os caras te escravizaram pra ganhar dinheiro, e agora você tá venerando um estilo de vida que eles criaram, afinal esse niilismo todo é europeu, e esse consumismo todo, americano, às custas do suor de gerações da sua família?! Tem alguma coisa MUITO errada nisso. Não que deva haver uma guerra racial, nem nada do tipo, mas falta dignidade nessa forma de pensar. All this shit is fucking ridiculous, como diria o grande Kanye West.

Nós achamos foda um estilo de vida onde o que importa é ter. Pode parecer clichê, mas é verdade. Todo mundo sempre teve que ter alguma coisa, pra pertencer a algum grupo, para já começar contestando essa galera que acha que antes do surgimento do capitalismo a galera vivia a pão e água, bando de ascetas doidões. Não é assim também. Mas porra, agora você só é o que você tem. Nisso sacanearam. E se você tem contato com pessoas mais simples, que refletem mais sobre a própria condição, sem ter medo do monstro que se esconde dentro de todos nós, a parada, ainda que um pouco melhor, é díficil também. A galera tá experimentando de tudo, achando que tudo é traquilo de fazer. Não é. O futuro é consequência direta do passado (e o presente só existe como abstração retórica - mas isso é assunto pra outro texto...).

Tem essa parada também, e eu não sei se a relação é unilateral ou recíproca. Nós somos seres muito mais musicais do que todo mundo que veio antes, à exceção das minorias daqueles loucos anos sessenta, setenta. E nossa música reflete nossa vida, e nossa vida reflete nossa música. Nosso rock é tosco, é triste, é embriagado. Nosso hip hop é gangsta, pimp. E nossa música vende modos de ser. E um modo de ser fracassado. Nós redefinimos a palavra cool pra nos referirmos a fracassados. Kurt Cobain era um fracassado. Foda-se se ele entendia seus sentimentos. Se isso ocorria é porque você tem sentimentos de um fracassado.

E pra uma geração que valoriza o ter, nós não valorizamos o sucesso com esforço. CARACA, um desses milionários americanos aí da gilded age começou sendo engraxate. E ficou milionário. Você acha que ele gastava dinheiro na boîte? Ou que não trabalhava? A maior parte das pessoas que constitueam as castas altas da minha geração são um bando de nouveau riches (esses são os abastados problemáticos aos quais eu havia me referido), que surgiram agora na história do mundo, graças a um provável esforço de alguém na família deles, e eles mesmo não querem se esforçar, querem curtir a vida, sem pensar no que vão deixar para o futuro, do mundo e de suas próprias famílias.

Aliás, me diz Deus, que graça é essa que todo mundo fala que tem em ser jovem? Claro que tem vantagens que os maduros não têm, como as físicas, mas que graça tem nesse lifestyle jovem, que se serve de uma ostensiva propaganda pra vender um niilismo tosco, de praia e boates? Não sou contra a diversão não, longe disso, todo mundo que me conhece sabe que eu me divirto bastante, mas eu sei que isso, na minha vida, não é ABSOLUTAMENTE nada.

Nossa geração despreza o futuro, a reflexão. Ou quando reflete, reflete sobre coisas distantes da nossa realidade, pra impedir que a reflexão seja "contaminada com opiniões pessoais"! Qual o medo da individualidade? Que insegurança é essa? Somos inseguros porque sabemos que estamos tomando o caminho errado.

Gosto de ver a galera mais nova, que mete a cara, fala que tá certa mesmo, mais certa que você, que é mais velho que ela, e que acha foda ser inteligente, virtuoso, e essas paradas. Nós somos lixo, lixo que tentou voar alto, se deparou com sua própria condição de inferioridade e caímos num mar de insegurança. Nós somos Ícaros sem dignidade nenhuma. Nós nos tornamos o que sempre veneramos. Nada.

* Vejam bem, sou a favor de uma mudança maior do que uma simples inversão. É muito importante a formação do ideal de herói (por herói entenda-se qualquer pessoa admirada) e vilão (qualquer pessoa antagonizada por uma maioria) na mentalidade humana, ainda profundamente maniqueísta. Ressalto que não sou a favor de um herói WASP, que luta pelo cristianismo e bla bla bla, e um vilão de qualquer outra etnia e orientação religiosa. Sou a favor de heróis que lutem pelo bem, pelo moral, e não pelo materialismo fútil do dia de hoje.

P.S.: Talvez esse texto tenha futuras revisões e desenvolvimentos, mas tava testando escrever um texto de supetão, e aproveitei o desprezo que eu tenho por essa merda toda. (K.W., fecho contigo!)

sábado, 9 de abril de 2011

Nova Promessa

Prometi que nunca mais iria namorar.
Prometi que nunca mais iria beber até cair.
Prometi que ia tentar não me atrasar mais. Até que progressivamente as coisas vão mudando.
Prometi que nunca mais iria desconfiar dos meus amigos, e que todas as dúvidas seriam sempre sanadas.
Prometi que nunca mais iria deixar que roubassem o meu espaço, e nem me forçassem a fazer coisas que eu não queria fazer.
Prometi que nunca mais iria magoar ninguém. Por mais que algumas pessoas achem que isso é inevitável, eu nunca vou conseguir me conformar com isso.
Prometi que iria buscar até o fim o propósito, e passar a perna no destino.

Eu falhei? Não sei.
Mas to achando que a última é impossível.
É que dá raiva na forma como o destino passa a perna em você e tu não pode fazer nada.

Prometo que de hoje em diante vou tentar cumprir minhas promessas com mais empenho.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Nihonjin

Dada a gravidade da situação nos reatores da usina de Fukushima, 50 trabalhadores permanecem nas instalações da central de Fukushima dando suas próprias vidas para resfriar os reatores danificados e o material irradiado, evitando um acidente nuclear ainda maior no país.

Em um ambiente contaminado pelos altos níveis de radiação, estes funcionários da companhia Tokyo Electric Power (Tepco) tentam resolver os problemas provocados pelo colapso dos sistemas de resfriamento e alimentação elétrica da central. Este colapso já causou a fusão parcial de três dos reatores da central e a exposição das barras de combustível, que também ameaçam entrar em fusão, ao ar livre, liberando na atmosfera quantidades consideráveis de elementos radioativos.

Estes últimos trabalhadores presentes na central, após o terremoto seguido de tsunami da última sexta-feira, foram retirados do local por um momento ontem, quando o nível de radioatividade aumentou de maneira alarmante.

Nós sabemos que é pouco provável que eles sobrevivam, dependendo da dimensão das exposições à radiação, pois há um limite para as roupas anti-biohazard, é difícil proteger da radiação muito forte. No acidente em Chernobyl, nenhum dos trabalhadores que trabalharam na construção da estrutura de blindagem à radiação sobreviveu.

Estes são homens que não se importam em dar sua vida pelo seu povo. São em tempos escuros, de dor e destruição, que redescobrimos o significado da palavra que pôde resumir toda a cultura de um povo como o japonês: Honra.

terça-feira, 15 de março de 2011

"I Get up" parte I

Foda-se, tinha escrito um texto enorme com esse mesmo titulo fazem 3 semanas mais ou menos, mas não postei, sei lá, acho que bem ou mal eu sabia que não refletia de verdade o que eu sentia, estava muito feliz mas sem motivo nenhum, só que, assim como tudo na vida, sempre existe um motivo e quando não se acha um motivo pra alguma coisa pode ter certeza que algo está escondido ali, no meu caso estava tentando esconder uma profunda tristeza com a minha situação, mesmo tendo tudo pra não precisar estar passando por isso.
Mas que se foda, as vezes se pode ter tudo e mesmo assim se sentir miserável, alias, isso é bem mais comum do que se parece... Não vou mentir, tenho coisas que muitas pessoas não tem, ou tem de forma incompleta, uma família bem estruturada e fundamentada em valores importantíssimos como: honra, conhecimento, lealdade, respeito, honestidade e amor. Na parte material também não posso reclamar, tenho tudo o quero e muitas das vezes até o que eu não quero / pedi. Isso me mimou, bem ou mal, as coisas caem do céu pra mim, não digo que já não passei dificuldade ou lutei pra conseguir algo, sempre temos nossas conquistas, grandes ou pequenas, e nem tudo foi sempre tão fácil aqui em casa, no entanto, eu deixo as vezes de ir em busca dos meus ideais por medo de botar minha cara a tapa, medo de ser julgado, medo de me fuder, ao invés de usar o que eu já tenho pra crescer e alcançar novos patamares por meu esforço, eu me acomodo na mediocridade, escolho ficar em minha zona de conforto esperando que as coisas se acertem, isso me mata aos poucos e me priva de um dos maiores prazeres da vida, olhar o que você construiu e dizer "Essa porra fui EU que fiz."
Eu sou o meu maior juiz, eu julgo tudo que faço por ser extremamente analítico e isso faz com o que eu me cobre muito, não me deixo errar e erro exatamente por isso, só que eu esqueço que não sou diferente de ninguém, já dizia o pagode: "Todo mundo erra, todo mundo vai errar.", todo filho da puta erra, só Chuck Norris e Charlie Sheen que não, ou seja, por que eu me cobro tanto se eu não sou diferente de ninguém? Se eu me colocar por baixo sempre, sempre estarei lá, e porra, eu não mereço estar por baixo, eu não tenho motivos para estar por baixo, muito pelo contrário, eu sou muito melhor do que eu acho que sou, e sou melhor que a maioria das pessoas, foda-se, se eu não pensar assim quem vai passar por mim? O mundo é um lugar onde todo mundo tenta fuder todo mundo, sim, uma grande suruba, que se você bobear vão ter comido seu cu e tu não meteu em ninguém (mamonas oe), e eu não quero terminar com o cu ardido e o pau na mão, não quero e não vou!
Me faltava garra, força de vontade pra realizar minhas conquistas, sempre tive sonhos muito bonitos, mas sonhos sem essas duas coisinhas são apenas palavras ao vento e já estou cansado de proferi-las. Agora a briga de foice vai começar, vou apanhar muito, mais que se foda, o importante é aprender e crescer com isso, so bring it on mothafucka!
Ao som de: J.Cole - I Get Up

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Manifesto sobre o Namoro

Você aprendeu a namorar vendo novela?
Você já foi chantageado emocionalmente por idéias subjetivas e muito questionáveis do modelo "quem ama (não) faz isso"?

Se sim, parabéns, você faz parte da massa.

Este texto é um prosseguimento de Manifesto sobre o Amor.

Há algum tempo atrás, tomei a decisão própria de que não mais namoraria, até completar uns 30 e poucos anos. Essa decisão teve base em experiências com relacionamentos passados meus e de outros.


Quando a gente gosta de alguém, significa que temos afinidades, produzimos respostas sensoriais (às vezes automáticas) associadas ou à pessoa dada ou a características/comportamentos relativos à tal.

Assim, um relacionamento qualquer que seja é uma troca de experiências sensoriais, e também de informações com o objetivo indiretamente semelhante. Alguns tipos de relacionamentos possuem regras, claras ou não, como forma de delinear melhor esse tipo de estimulação mútua.

O sexo, por exemplo, é prazeroso, e é portanto uma ferramenta de estimulação sensorial mútua, sendo parte por isso de alguns relacionamentos na sociedade humana, como o namoro ou o casamento.
Já a poligamia do parceiro pode ser desprazerosa e desagradável para algumas pessoas, sendo para elas, portanto, algo incompatível com um namoro.

Vejamos, abdicar da poligamia é restringir sua liberdade de escolha em um aspecto. Isso requer um gasto de energia por parte da pessoa que o faz.
Logo, se o indivíduo se sujeita a um tipo de acordo com essa cláusula, esse acordo deve ser recompensante por outro lado, naturalmente. Quando ele deixa de ser recompensante, o acordo deve ser desfeito.

Por isso eu duvido que namorar seja algo coerente nos dias de hoje para o cidadão médio.

Vejamos.
  • O namoro é um acordo que firma um relacionamento de cunho amoroso entre duas pessoas. É de comum senso que ele seja monogâmico também. 
  • Para manter um relacionamento deste tipo operando devidamente, é necessário, como nós sabemos, que ambas as partes invistam tempo, dinheiro e energia em estimulações sensoriais de uma gama indizível de coisas.
    • Como prazeres sexuais, paixão, carinho, afeto, humor, alegria, conquista/realização de feitos, entre muitas outras coisas. 
    • Como uma empresa, em que os sócios precisam investir recursos para obter retorno.
  • Como qualquer compromisso firmado, decorre que há direitos e deveres. Você tem o dever de ser fiel, e tem o direito de cobrar fidelidade. Você tem o dever de investir energia, e o direito de cobrá-la.
Perceba que há, devido ao caráter formal do acordo, cobrança de ambas as partes, sob pena de desqualificação social e moral perante ao círculo de pessoas conhecidas entre ambos, perante aos quais foi firmado o contrato social.
Alguns psicólogos levemente desprovidos de capacidade de abstração vão confundir esta característica com o objetivo do relacionamento em si, chegando a dizer que o "namoro é para os outros mesmo" - por causa daquela teoria que fala da aceitação ao grupo, lembrado? Cuidado, dizer que ele é qualificado para dizer isso é um argumento ad hominem - uma falácia das brabas.

Se tomarmos por característica humana a tendência à escolha de mais baixo potencial de energia - o que uns chamariam de preguiça, outros de falta de energia, outros de 'N coisas que significam a mesma coisas de antes mas munidas de pretextos diversos' - o compromisso mútuo vai levar inexoravelmente ao esgotamento energético de uma ou ambas as partes, levando à crise e possível colapso do relacionamento.
É como se os dois sócios da empresa ficassem depositando e tirando dinheiro investido nela a todo momento, de modo desorganizado.

Algumas pessoas vão dizer que é preciso ter fé, que é preciso ter coragem pra encarar as crises, os problemas, isso e aquilo, aquele romantismo de filmes e novelas, ou algum blábláblá que alguém/alguma revista ensinou.
Elas só não vão saber dizer o porquê disso, exceto quando tentam formar as clássicas tautologias que levam aos inexoráveis "Sim por que sim/Não por que não".

Se dêem ao luxo de pensar: o que é que se constrói de um relacionamento senão a história deste? Depois que as sensações acabam (e elas são substâncias químicas), é a única coisa que sobra.

Então sobre essa épica idéia de perseverança, vejamos.
Suponha que eu tenha um recipiente com 20g de um sal qualquer, e jogo 100ml de um solvente qualquer. O sal dissolve quase completamente, restando um pequeno corpo de fundo apenas.
Ora, se eu jogo mais 100ml do mesmo solvente e o corpo de fundo não dissolve, então o corpo de fundo não é composto do mesmo sal que o resto.

Isso mostra que o problema, muitas vezes não está na forma de procedimento, mas na incompatibilidade de sua estrutura com os elementos tratados por ele.

O namoro presume que as pessoas possam usar o contrato social firmado através do pedido de namoro como forma de conseguir o que quer da outra pessoa, e não o objetivo essencial do relacionamento, que é o relacionamento propriamente dito - a troca de experiências sensoriais de qualquer grau que seja, como dito antes. Isto é, ficam se fazendo valer do compromisso assumido pelo outro para ter o que desejam enquanto direito sem que se cumpra seu dever.
Você já ouviu a clássica do cafajeste "mulher segura pára de dar"?
Alguns casais menos, outros mais frequentemente fazem isso. Obviamente isso corrompe a relação, pois é de um feito corrupto por si só. Fato é que as pessoas se acomodam eventualmente e deixam de procurar a conquista diária do outro - elas estão se salvaguardando dos direitos implicados pelo contrato.


Eu não namoro pois acho necessário que se pratique a confiança na outra pessoa, e não em um contrato.
 De maneira que, se eu gosto de alguém, nunca vou propor nem persuadir a outra pessoa a firmar um acordo só para que eu possa me sentir seguro dos meus direitos a partir daí.
  • Se eu gosto de verdade de uma pessoa, serei naturalmente impelido a agir de forma pró-ativamente estimuladora (como definido anteriormente). 
  • Vou assumir que ela vá querer fazer isso também caso goste de mim - isto é, ela não tem a obrigação de me retribuir. Faço por que gosto e ela pode fazer por que gosta também.
  • Se no entanto eu me sentir insatisfeito com o resultado da operação, eu poderei diminuir o investimento sem qualquer obrigação, o que poderá ser ou não sentido por ela. 
    • Caso não seja sentido, singifica que o relacionamento não tem futuro, pois o objetivo primário é de investir energia estimulando é se sentir estimulado. 
    • Caso haja resposta positiva de reinvestimento, aí eu posso querer escolher a voltar a reinvestir.

E isso tudo tende ao equilíbrio dinâmico do investimento, como o mercado no modelo neoliberal.

Então posto isso, que coerência tem para o paradigma atual usar de um acordo para firmar um relacionamento? Isso é condená-lo ao insucesso e expor o relacionamento básico com a pessoa ao risco de extinção. Em casos mais graves, o próprio relacionamento entre os círculos envolvendo o casal.

A confiança é a faculdade através da qual se dá um crédito de algum tipo a algo ou a alguém.
Logo, a confiança na outra pessoa deve ser inquestionável desse ponto de vista - se você gosta dela, tem que confiar nela. Ora, se você investe em alguma coisa, precisa ter alguma confiança naquilo, baseada de preferência em evidências bem analisadas.
Como você vai investir em algo em que você não tem confiança nenhuma em que vai te dar retorno?


No entanto, isso não significa que você pode cobrar à outra pessoa explicações e explicações de todas as coisas que ela faz. Isso significa que você deve confiar apenas, isto é, dar o crédito de que esta pessoa usará de seu bom-senso na forma de agir contigo e com os outros perante você, para qualquer coisa que seja.

Veja também que esse modelo pode ser aplicado a homossexuais, dos quais inclusive pode-se tomar casais muito mais estáveis que a média sem haver no entanto uma união formal, fruto de uma mentalidade aberta a questionamentos e pró-ativa em resolver-se honestamente.

O Arquiteto explicou a Neo que foi o Oráculo, um programa intuitivo, quem formulou a resposta para a aceitação da realidade implicada pela matrix, com 99% de sucesso: desde que as pessoas tivessem escolha, mesmo a um nível subconsciente, elas aceitariam o programa.
Isso explicita a melhor forma de controle indireto do ser humano, a delusão da liberdade de escolha. NWO fikdik.

Como já foi dito desde o início desse blog, as pessoas só escolhem a melhor opção que conseguem calcular ao momento da escolha.
Nós sabemos que o fato de existir vida é estranho do ponto de vista termodinâmico, onde o aumento de entropia favorece o acontecimento das reações, ou seja, o aumento no número de moléculas, a decomposição de moléculas grandes, é uma reação favorável desse ponto de vista.
Somos um amontoado de moléculas bem grandes. Somos uma grande soma de mecanismos de controle do ponto de vista cinético de reações, para evitar o aumento de entropia. E as moléculas procuram o caminho cinético de mais baixa energia no momento em que estão reagindo.
Talvez não seja diferente conosco.

Você quer fazer o outro feliz?
Pare de palhaçada, vá e faça - não tire a liberdade dele para seu próprio cortejo. Se você o fizer, é provável que ele vá fazer o que você quer naturalmente. Se você não conseguir, tudo o que ia fazer estabelecendo o acordo seria acabar de uma vez com todas as esperanças.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Hope

Esperança. É a delusão humana quintessencial, simultaneamente a fonte da maior força, e da maior fraqueza nos homens.

Eu não sei se vou conseguir manter a minha.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Para minha irmã, nos seus quinze anos

Isabelinha,

os quinze anos são, na vida de uma menina, um momento de transição. Poder-se-ia crer que a transição é imposta, como a de uma larva a uma borboleta, mas, graças a Deus, que nos concedeu o Livre Arbítrio, não é bem assim. É uma transição cheia de escolhas, a de uma menina em uma mulher, e é isso que você está se tornando hoje. Uma mulher.

Nós tivemos pais que conseguiram nos incutir uma formação ética profundamente virtuosa. Cada um de nós, a nossa forma, expressa esse ensinamento em nossa realidade específica. Este é um dos pontos que pretendo tocar. Sei que não sou seu pai, nem sua mãe, mas assim como aprendi lições valiosíssimas com você, acho que você pode fazê-lo comigo. Sempre se porte da forma mais ética possível, e quando a ética não couber, como em alguns tipos de relações pessoais, use a moral para ponderar.

Nunca atue pensando somente no momento. Agora sua gama de escolhas se expandirá de forma brutal, e você poderá optar entre fazer certas coisas ou não. Algumas coisas nos enganam, parecendo muito prazerosas num momento. Mas você deverá pesá-las numa balança e decidir se valem a pena, se você poderá dormir tranquila depois de tê-las feito. Eu digo orgulhosamente que não me arrependo de nada do que fiz em minha vida. Espero que um dia você possa fazer o mesmo.

“A mulher de César não pode só ser honesta, mas deve parecer honesta”. Essa é uma frase de muitos sentidos, mas em todos eles ela é verdadeira. Conheci meninas ótimas da sua idade, da idade que você está fazendo hoje, mas que, devido as palavras de outrem, perderam seu valor. Claro que temos que descontar os detratores, que pessoas que nem nós sempre terão. Mas nunca se porte de maneira indigna para um ser humano, e especialmente para uma mulher.

As mulheres tem uma função social muito especial. Elas dependem de uma postura perfeita, porque o futuro da humanidade fica nas mãos delas. Pode parecer piegas, mas é a pura verdade. Mulheres tem contadores de valor, baseado em seu histórico. Quer zoar na night, tranquilo. Quer beber um cadinho a mais, tranquilo. Quer ficar com mais que um cara na night... Ops, bad. Nunca faça nada assim.

Sempre, SEMPRE, reflita. Tomar decisões sem reflexão é o princípio do erro. E alguns erros são encadeados, então hão de se perpetuar, até que você pare e reflita. E seja humilde, pra poder (re)tomar sempre a postura correta. Se você errou, admita, volte atrás e faça certo. Se você não errou, finque o pé. Isso não se aplica a discussões bobas. Peça desculpas de zoa. Deus não vai te castigar por isso haha

A humildade vai além disso. Nunca despreze ninguém pela quantidade de dinheiro que ela tem. Eu descobri que as maiores mentes, na maioria das vezes, são as que vivem mais humildemente e que o dinheiro só serve para comprar a ilusão com a qual você vai ter que viver para compensar o que você não tem dentro de si mesmo.

Coloque sempre o próximo na sua frente. Isso evita problemas e vai te deixar feliz. Mas nunca pague o pato. Essa foi uma lição que eu demorei pra aprender, mas não me arrependo.

Tenha ORGULHO. Você É a melhor mulher do mundo, eu sei. Você parece comigo, o melhor homem do mundo! (HAHA zoa) O Orgulho é a melhor característica que uma pessoa pode ter. Orgulho de ser você mesma, melhor que muitos, pior que muitos mais, mas sempre querendo ser mais. Mas Orgulho não é nada sem uma dignidade inquestionável e valores inquebrantáveis. Se você questionar que está errada uma atitude, tenha certeza que ela está.

Tente sempre se superar. Você nunca vai atingir a perfeição, mas não custa nada tentar. A mediocridade é para fracos, que temem os riscos de evoluir, avançar como ser humano. Mas nunca maltrate ninguém que está abaixo de você. Seja sempre caridosa. “Estenda sempre a mão ao pobre, assim como Deus estende ao pecador”.

Nunca se deixe abater. Mesmo quando o mundo estiver caindo, as provas te destruindo, seu namorado te largar pela Simone Simons, irradie felicidade. Pode parecer muito difícil, mas a tristeza é uma corrente muito forte e as únicas correntes que podem te prender aos lados do rio da vida são o ânimo e a paciência. Tudo passa, e se você for positiva, feliz, tudo passa mais rápido. Felicidade atrai Felicidade.

Pense sempre nas mudanças como possibilidades. Um Amor que vai é outro que vem. Pode parecer triste no começo, mas não se deve deixar abater. Deve-se reconhecer a importância do que passou. Nunca menospreze nada. Quem menospreza qualquer coisa na sua vida, se envergonha de quem é. E, bem, você não deve se envergonhar de quem você é.

Por fim, ame. O Amor é o motivo da vida humana e o único caminho pra felicidade. Se você não amar, ou deixar de acreditar no amor, não vale mais a pena viver. Mesmo que um dia pareça mais nublada para você a visão do Amor, nós, sua família, seremos sóis te mostrando o caminho a seguir.

Aqui não tem nada, nada. Viver é MUITO difícil e esses princípios são alguns dos milhões que eu aprendi nesses anos que eu tenho a mais que você. Inclusive, tirando pelo último, não posso nem te dizer que são os mais importantes. Provavelmente esqueci alguns como Perdão e Passividade (tô aprendendo esses ainda haha). Mas se você segui-los, acredite, TUDO será muito mais simples. Por fim, deixo um poema, aliás, três, que resumem tudo que eu disse:

If

Ruyard Kipling (o cara que escreveu “Mogli”)

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you;
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or, being lied about, don't deal in lies,
Or, being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream - and not make dreams your master;
If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with triumph and disaster
And treat those two imposters just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to broken,
And stoop and build 'em up with wornout tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on";

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch;
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run -
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man my son! (Or a woman, my sister – malditos machistas do século XIX)


Invictus

William Ernest Henley

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll.
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul

Simple man

Lynyrd Skynyrd

Mama told me when I was young
Come sit beside me, my only son
And listen closely to what I say
And if you do this it will help you some sunny day

Take your time, don't live too fast
Troubles will come and they will pass
Go find a woman and you'll find love
And don't forget, son there is someone up above

And be a simple kind of man
Be something you love and understand
Baby, be a simple kind of man
Won't you do this for me, son?
If you can?

Forget your lust for the rich man's gold
All that you need is in your soul
And you can do this if you try
All that I want for you my son?
Is to be satisfied

And be a simple kind of man
Be something you love and understand
Baby, be a simple kind of man
Won't you do this for me, son?
If you can?

Boy, don't you worry, you'll find yourself
Follow you heart and nothing else
And you can do this if you try
All I want for you my son
Is to be satisfied

And be a simple kind of man
Be something you love and understand
Baby, be a simple kind of man
Won't you do this for me, son?
If you can?

Baby, be a simple man
Be something you love and understand
Baby, be a simple man (troque todos os “man” por “woman” e os “Mama” por “Bro)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Novo (Velho) Homem

Tenho um amigo que constantemente se indispõem com diversos tipos de pessoas. Ele é truculento, brigão, orgulhoso, arrogante, grosseiro e, muitos de seus comentários, desnecessários. Mas também é inteligente, esforçado, orgulhoso, arrogante e de bom coração.

Eu sempre tive vontade de escrever um texto sobre o comportamento desse meu amigo. Eu devo admitir que por muito tempo não o entendi. Até hoje não consigo compreendê-lo totalmente. Não tivemos uma relação fácil durante uns dois anos, talvez pela minha incapacidade de respeitá-lo como ele era, talvez pela incapacidade dele de respeitar qualquer pessoa pelo que ela é. Mas, depois de um tempo, a maturidade e o cansaço nos convenceram a transigir mais e pudemos, enfim, nos tornar amigos.

Com a oportunidade de conviver mais com ele, pude compreendê-lo melhor e, ao final de algum tempo, mesmo a admirá-lo. Ele tem uma qualidade rara de ser encontrada entre os homens de hoje, este bando de ratos covardes. Ele é orgulhoso do que é, e com motivo. Rapaz dedicado, conseguiu sucesso nos estudos, e se considera acima da carne seca pela sua capacidade intelectual superior. Mas nunca vi ele maltratando quem quer que fosse pela sua menor capacidade de compreensão das matérias que ele dominava. Eu mesmo tive diversas oportunidades de debater com ele sobre assuntos que estavam totalmente dentro de sua alçada e totalmente fora da minha, e nestas conversas fui muito bem tratado, apesar de admitir que devo ter lhe dado trabalho, pois compreendia realmente muito pouco das ciências discutidas.

Esta capacidade de compreender as limitações intelectuais de certas pessoas talvez provenha do fato de já ter lecionado, campo aliás onde teve grande sucesso. Apesar de sua famosa grosseria e rudeza, sua capacidade de transmitir o conhecimento só era limitada pela capacidade da pessoa de aprender. Aliás, coisa que repudiava era a falta de dedicação e, consequentemente, o insucesso. Apesar dele mesmo não ter sido sempre um parceiro da fortuna, seus próprios fracassos lhe ensinaram que, para conseguir as coisas que queria, somente com muito esforço e dedicação. Por isso que, independente da capacidade intelectual daquele com quem conversa, bastando que haja esforço por parte deste, se mostra sempre solícito para iniciar quantas vezes que fossem necessárias qualquer explicação.

Imagino que, neste caso, a arrogância seja justificada. Um homem deve se sentir melhor que os outros, porque, caso não se sinta, nunca poderá efetivamente sê-lo. Não pode deixar que o desrespeitem no core do que é ser um homem. Talvez a palavra certa a ser adotada aqui fosse altivez, mas imagino que, para a maioria dos medíocres, qualquer homem que tenha consciência da sua superioridade deva ser considerado um arrogante. A arrogância, diria eu, é a altivez sem sentido, infundada, é um rato querer passar por leão.

Sua grosseria foi impulsionada pela natureza extremamente sincera de seus relacionamentos. Mas nem sempre foi assim. Quando em meio a pessoas corruptas, oprimido, sua arrogância, mãe desta rudeza, o transformou em um fraco, e foi neste período que tivemos mais problemas. Mas, uma vez jogada a luz sobre as sombras que encobriam a verdade deste meio, insurgiu-se contra esta corrupção sem medo e largou de lado os velhos hábitos por ela ensinados. Optou, após, por sempre falar a verdade, não importando o quão grosseira ela fosse. Se a rudez e a grosseria andarem acompanhadas de uma estrita fidelidade a verdade, então imagino que não haja problema em ser rude e grosseiro.

No entanto, nunca virou as costas totalmente para ninguém. Sempre foi adepto da filosofia do perdão. E, tendo havido este, comportava-se como se nada tivesse acontecido antes. Até que lhe traíam a confiança de novo. No entanto, tem um grupo pequeno de amigos verdadeiros, que cultiva ardorosamente. Por estes amigos, faz o possível e o impossível, sempre oferecendo um ombro amigo e palavras de encorajamento. Imagino que tenha um coração tão grande que, mesmo falando algumas coisas sem pensar, dificilmente faria mal a uma mosca e, normalmente, quanto mais violento o comentário por ele proferido, mais provável que ele tenha sido o maior ofendido na história. Imagino que ele estenderia a mão a qualquer um que necessitasse de ajuda, mesmo que alegue que só faria isso aos que realmente merecessem.

Tem hábitos simples, este meu amigo. Toma sua cerveja, tem seus amigos, sente-se orgulhoso de quem é. Este orgulho provém de um misto de suas próprias conquistas individuais e de suas origens. O Orgulho neste caso é fundamental para que o homem confie em suas próprias atitudes e não deixe-se ser escravizado pelas suas paixões. Um homem escravizado pelas suas paixões é um derrotado. Mas nenhum homem deve ser tão orgulhoso de si mesmo a ponto de perder o "common sense" como disse Ruyard Kipling em "If".

Um homem deve ser, acima de tudo, orgulhoso de suas origens. Quem não sai aos seus é um monstro. Imagino que esse homem, provavelmente um resquício de um passado mais digno, deveria vencer em nossa sociedade, apesar de não crer que isso seja possível. Nossa sociedade é fraca e valoriza o fracassado, o problemático, o desencaixado. Consequência de nossa corrupção, onde todos os valores aristocráticos de honra e dignidade foram trocadas pelos valores dos medíocres. Onde todas as virtudes, republicanas ou morais, são motivo de deboche de uma cultura niilista que valoriza o impotente ao mesmo tempo que ensina o forte a pisoteá-lo. Esse meu amigo é um perdido na multidão, um atavismo que, infelizmente, a evolução não está disposta a acatar.

Vejo-me um pouco em seus olhos. Gosto do que vejo. Todo homem deve buscar o equilíbrio, mas a nenhum homem deve faltar o orgulho e a arrogância, em doses sutis, e a simplicidade, a misericórdia e a altivez. Não sei como as pessoas podem não concordar com isso. Talvez a massificação, a Democracia tenham feito isso. àqueles que não são iguais, que não são medíocres, que são melhores, a morte! Todo homem deveria ser um pouco helden, um pouco Cristo. Seus defeitos, eu os perdoo. É muito difícil encontrar as qualidades que atribuo a ele entre os homens de hoje em dia. Ele é um bom homem. Espero que ele ache o mesmo de mim.

Humanidade Latente

Defrontado com a ímpia possibilidade de ver-se livre daquilo, refutou. Porque não seria justo, porque não seria humano. O homem que não revê na última hora seus julgamentos, que não se indaga se o caminho que escolheu está de acordo com sua vontade, não é mais um homem.

Este primeiro parágrafo pode parecer contraditório em relação ao meu último texto. Mas meu último texto falava de um procedimento, de uma regra a ser adotada sempre. Certamente esta regra auxilia na tomada de decisões e na conquista de objetivos, mas ela é um meio e não um fim.

Quando nos dedicamos a algo, podemos sentir angústia devido as dificuldades que decorrem de tal busca, felicidade pela busca em si e diversos outros sentimentos relacionados. Estes são os pequenos fins que precedem um fim maior. A cada momento, o fim é como nós nos sentimos. Se morrêssemos a cada minuto ou hora e ressuscitássemos somente para viver mais um minuto, para usar uma contagem de tempo universal, poderíamos determinar se fomos felizes durante aquele curto espaço de tempo.

O teórico americano Terence McKenna sustentou uma tese de que a história era um círculo onde havia momentos de crise e de bonança. Tal círculo sempre se repetia e com o avançar dos séculos e, consequentemente, da tecnologia, o círculo iria se acelerando até que pudéssemos viver toda a história da humanidade em um dia. Para provar sua teoria, mostrou com a sequencia de crises que ocorreu no século XX era impensável no século X, por exemplo. Claro, poderíamos dar diversas outras explicações para isso, mas a teoria dele tem algo que vale. A prova de que momentos curtos de tempo podem ser a culminação de uma jornada transcendental que escapa a nossa racionalidade.

Quando, por exemplo, você percebe que deixou de gostar de alguém, parece que isso simplesmente aconteceu, mas não foi assim que de fato ocorreu. Sua mente passou por todo um processo de desassociação, não só químico, mas psicológico, e aí reside a transcendentalidade do fenômeno, que escapa a racionalidade humana. A psicologia é o estudo da capacidade de abstração inconsciente da mente humana. Da alma.

Quando falei de vontade no meu texto anterior, não defini exatamente o sentido da palavra. Eu não sabia qual sentido adotar. Até dei algumas pistas de associação nietzschiana, mas não foquei muito no assunto. Vou definir mais um pouco. Falo de uma vontade que combine essa vontade de potência do supracitado autor a arroubos de ponderação racional. Com isso já podemos definir melhor o objeto da primeira parte do texto.

A Humanidade Latente, o que é?

É difícil defini-la. Imaginem um ser humano moldado pela sua sociedade, que consome de ideologias a hambúrgueres e outras contemporaneidades escrotas. Esse ser humano é um lixo, como provarei no meu próximo texto. Quase não é humano. Claro que essa é uma definição subjetiva, mas se você discordar dela, também vou te achar um merda, mesmo que não fale. Este ser humano age mecanicamente segundo os preceitos estabelecidos pela sua sociedade acerca da forma que ele deve agir.

Vamos pegar um outro exemplo. Um nazista, num campo de concentração. Não preciso nem definir o que é um nazista. Escória da humanidade.

Vamos confrontar o primeiro exemplo com uma situação banal, uma criança pedindo esmola. Muito comum, infelizmente, na nossa realidade. Essa criança É invisível para nosso exemplo, um merda, moldado por uma sociedade de merda. No entanto, se esse merda um dia for tocado pela situação de hipossuficiência da criança e der uma esmola, que seja, eu garanto, ele é um dos melhores seres humanos existentes.

Agora o nazista. Os nazistas são o exemplo mais comum de maldade. Mas eu digo, se o nazista olhasse para um jovem judeu, para não pegar situações apelativas onde ele pudesse contracenar com crianças, idosos e mulheres, e sentisse misericórdia, ele seria espiritualmente perdoado pela Divindade. Pela Humanidade.

A Humanidade Latente é justamente isso. Só existe na ação, no momento. Sua abstração é infimamente pequena. No entanto, é justo ela que faz a maior diferença. Em dois sentidos. Ela mostra uma evolução do ser, que tendo sido jogado numa situação de desumanização, conseguiu encontrar em si forças suficientes para reverter os mecanismos que o transformavam numa máquina. E como toda a evolução, esse é um processo lento e que culmina na finalização de um momento temporal, como o minuto dito lá acima. Mostra que esse ser humano passou por todo um processo transcendental onde imperou sobre ele a vontade de fazer o que era de fato humano. Em outro sentido ela mostra uma conexão primal entre todos os seres humanos, a capacidade de amar.

Não digo que todos os seres humanos são iguais, pelo contrário. Acho que existem seres humanos melhores e piores. Mas todo ser humano ama, a princípio. Isso que destaca estes seres humanos entre todos. Quando estavam tendo sua capacidade de amar transformada a frangalhos, conseguiram se reerguer, vencendo a imposição da frieza procedimental que os impunha o comportamento errado que estavam por executar, ou já executando. Eles tiveram a capacidade de se reconectar a humanidade e ao mundo.

Nem todo ser humano faz parte da humanidade, no entanto. Não sei porque, mas somente alguns são parte dela. Não poucos, ou melhor, não sei. Só nesses momentos que impõem a necessidade de se fazer um julgamento demasiadamente humano, mesmo que no último momento de um processo já quase completamente executado, é que podemos julgar a humanidade de uma pessoa. E as humanidades se conectam, entre as pessoas.

Se você se defronta com um ser humano de verdade, sabe. Inclusive, no meu próximo texto, tratarei disso. Ele é sempre orgânico, até nas coisas mais banais.

A parábola do filho pródigo, tão educativa acerca do Amor Divino, deveria ser recontada como uma história de Humanidade Latente, não como foco no filho, mas com foco no pai, que tendo um filho que o abandonou e rejeitou, conseguiu amá-lo quando de seu regresso.

A Humanidade Latente é o Amor. A Humanidade, o que define o ser humano de verdade, é o Amor. E o Amor é Orgânico.
E tudo que é Orgânico é Divino.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Sobre a parceiragem

Apesar de não postar a muito tempo, resolvi escrever alguma coisa, simples, porém importante. Hoje não falarei de problemas, conflitos internos, esperança no futuro, ou sobre qualquer viadagem do gênero, falarei de algo muito mais importante, caros leitores (isso se existir algum), falarei de parceiragem, sim, algo importantíssimo em nossos caminhos e que é puramente reflexo do que somos.

Ao longo da vida conhecemos várias pessoas, muitas nos cativam e permanecem próximas a nós, outras simplesmente e automaticamente não se encaixam com o nosso perfil e com isso desaparecem ou se tornam desavenças, é como um Lego, você não precisa necessariamente formar um Megazord fuderoso com as peças, mas pelo menos tem que encaixar, não adianta colocar um bloco de lego na cabeça de um Playmobil, porra! Assim que funciona (no meu cérebro maluco e dislexo) a amizade, é algo que se constrói sem esforço, apenas por oportunidade, quando os valores e a essência batem você pode ter certeza que encontrou um amigo, e isso funciona até para quem não tem valor e uma essência ruim, é quase que matemática.

São poucos que você realmente pode considerar parceiro, brother mesmo, amigos “mais ou menos” são fáceis de ter, geralmente com um bom grau de intimidade até, mas mesmo assim nunca será igual aos 3 (em média) “parceiros”, aqueles que você toca o puteiro, conversa a porra toda, que quando tu tá na merda eles tão lá, que quando você tá afim de queimar uns mendigos na barra eles aparecem com o querosene e o colchão, tá ligado? Isso é parceiragem, caralho! Para terminar, dedico este testículo a todos os parceiros soltos no mundo, um brinde a todos vocês e que o espirito zueiro permaneça em suas veias pra sempre o/

Tem muito mlkmerda por aí, e tenho dito!
Um beijo no pâncreas.
Ao som de: Jay-Z - Already Home.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Eu espirro

Eu espirro

Eu esporro

Você me chama de burro, eu ignoro

Eu espirro, eu esporro

Eu sou uma glande, sou intransigente, sou o avatar da ignorância

Sua beleza frígida jamais vai me livrar da discrepância

E pelo andar da carruagem vai dar merda

Na favela, no morro, nas Antílhas, por todos os povos

Eu espirro,

Eu esporro.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Previsão para 2011

Caros amigos, é com prazer que venho informar-lhes que o ano de 2011 será um ano muito calmo. Não necessariamente de paz, mas de tranquilidade.
Estou animado pois prevejo que em 2011 terei minha tranquilidade mental recuperada, coisa que mais me faltou em 2010.
2010 Foi o ano do conhecimento, onde eu adquiri toneladas de informação e comecei a digerí-las, para só terminar o processo em 2011 e então poder utiliza-las como eu queria. Não vai ser um ano de grande criatividade, mas vai ser o ano que vai iniciar um período de criações cada vez mais exuberantes de minha parte. Sinto que vai ser um ano que vai nos proporcionar grandes satisfações, mas sem exageros, e muito equilíbrio.
Enfim, amigos, um dia nós iremos nos encontrar quando formos velhos, e aí nós diremos: "Ah, 2011, aqueles foram bons tempos..."

E olha que eu sempre acerto essa porra, heim!

domingo, 21 de novembro de 2010

A felicidade num copo de coca.

Eu não procuro felicidade alguma. Eu procuro o propósito.

Quantas mais pessoas terão de morrer sem ter doado nada ao mundo por não perceber que o sentido de ser não pode ser "ser feliz"?

Tanta gente acha que o sentido da vida é ser feliz. Fazem de tudo para chegar nisso, tudo para ter aquela dose de felicidade de um final de semana ou outro. E muitas vezes esquecem de viver. E, irônica e fatalmente, não conseguem ser felizes.

As pessoas vão fazendo coisas tentando ser felizes. Ser feliz é o seu propósito.

Eu, ao invés disso, vou sendo feliz tentando fazer coisas. Meus propósitos sou eu que faço.

Ser feliz está errado. Não se é feliz; Se está feliz.

Se eu ganhasse um bilhão de reais amanhã e meu avô morresse no mesmo momento, não estaria nem um pouco feliz. Mesmo que meu propósito, até o momento, fosse ficar rico.

Quanta gente diz "Ah, se eu tivesse um trabalho estável, um salário bom, isso e aquilo, meus filhos seguros, seria feliz". Não vêem que todos esses elementos são estados que apenas durariam muito. Estados que são garantidos por coisas a que se conquista. Se ele perdesse aquelas coisas, não estaria mais feliz.

Não faz sentido viver em busca da felicidade. Ela é uma função de estado.

Se uma pessoa hipotética tivesse todos esses elementos que alguém comum considera necessários para se ser feliz, ainda assim poderia não ser feliz. Talvez tenha sacrificado muito de seu tempo fazendo o necessário para conseguir aquilo e não viveu de fato.
Talvez essa pessoa simplesmente não saiba que "é feliz" - procurou tanto e acha que ainda não encontrou, continua procurando.
Imagina se logo em seguida ela descobre que é? E daí, simplesmente passa a ser. Então aí ser feliz é apenas saber que se é, implicando que virtualmente qualquer um pode ser feliz, mesmo sem nada sequer ser. Então não é possível ser feliz. É apenas possível estar feliz.

Quando eu atinjo meu propósito, crio outro, respeitando o dignificar da existência. Inclusive um dos propósitos é achar O propósito, o sentido de ser. Se você pudesse ser feliz, não teria como criar outro propósito do mesmo gênero. Sendo tudo passageiro, inclusive a própria vida, nada que não seja a sua história e o que se conquistou fica. Portanto o Propósito não pode ser abstrato.

Dizer que o sentido da vida é ser feliz é uma desculpa para pessoas agirem como animais pensantes ao invés de humanos, às vezes.

Então pare de tentar ser feliz e vai catar alguma coisa pra fazer de útil. Esteja feliz enquanto estiver fazendo alguma coisa que tenha de verdade um significado.

sábado, 6 de novembro de 2010

O sentido da vida

Resolvi reformular esse texto pois ele não estava muito claro.
Na verdade, ele não se propõe a esclarecer o sentido da vida, ele se propõe a mostrar que a vida tem um sentido, se tiver, independente da real questão humana: qual é o sentido de ser?

Eu tentei, conforme abaixo, dar uma explicação meia-boca usando coisas da segunda lei da termodinâmica, então não sejam muito rigorosos. O lance é algo do gênero "tem alguma coisa a ver com isso aí, sacou" demais para ser levado a sério.

Por que ser vivo sem se dar conta de que se é vivo é o mesmo que ser rico sem se dar conta de que se é rico. Não é ser.

Se pegamos, por exemplo, um Hexaaquo-cobalto e reagimos com aminas, poderíamos ver que ele reage melhor com uma diamina (ligante bidentado) do que com uma amina simples (monodentado). Veja abaixo:

1 Co(H2O)6 + 6 NH3 --> 1 Fe(NH3)6 + 6 H2O
7 moléculas -> 7 moléculas

1 Co(H2O)6 + 3 EDA (etileno diamina) --> 1 Fe(EDA)3 + 6 H2O
4 moléculas -> 7 moléculas

A reação debaixo é favorecida pois há aumento no número de moléculas na segunda reação, ou seja, aumento de entropia. As entalpias são praticamente iguais, por isso não se trataria de termos energéticos.

As reações onde isso acontecem não precisam ser químicas, podem ser físicas, como o gelo derretendo acima de 0ºC - exemplo clássico de aumento de entropia. Coisa que, aliás, acontece naturalmente uma vez que a energia de Gibbs diminui quando isso acontece nessa temperatura - e a cachoeira sempre flui para  o posto de menor energia.

Em acordo com a segunda lei da termodinâmica, trabalho pode ser completamente convertido em calor, mas calor não pode ser completamente convertido em trabalho. Com a entropia procura-se mensurar a parcela de energia que não pode mais ser transformada em trabalho em transformações termodinâmicas.

Disse deus quando fez o mundo: conservai a energia, e aumentai a entropia. E assim tem feito o universo todo, sempre que rola um trabalho, parte vira trabalho e parte vira calor, mas nunca só trabalho. Haverá uma hora em que tudo estará em equilíbrio de um tal modo que não haverá de onde tirar energia para realizar trabalho e transferir a energia, pois para onde quer que seja transferida, estará indo contra a diminuição de potencial. No conto de Asimov esse é o ponto chave: como impedir que o universo se desfaça conforme a entropia tende a infinito, já que as reações em todo universo são favoráveis ao seu aumento? Como impedir uma situação de estatização geral das coisas? 

Algumas pessoas (me inclua) vêem semelhanças nisso com a forma com a qual se comportam sistemas econômicos.

Podemos ver um ser vivo por duas maneiras. Era antes um monte de matéria bruta espalhada, um porrilhão de moléculas, e agora é uma porra só. Ou pode ser um porrilhão de moléculas, que agora é um porrilhão de moléculas junto, mas ainda, um porrilhão de moléculas.

Em geral, os Bioquímicos definem a vida como um conjunto de moléculas que em suas interações mútuas desenvolvem um programa de auto-regulação, cujo resultado final é a perpetuação da mesma coleção de moléculas. Um equilíbrio dinâmico que ao trocar matéria e energia com o meio permite a redução da entropia.

Antes eram plânctons, agora mamíferos, e depois humanidade, e depois só Asimov sabe. A vida é o meio que o universo achou de evoluir o mecanismo de balanço termodinâmico-cinético. O sentido da vida é, de certo modo, compensar o aumento de entropia. É a vida que evolui e, no conto de Asimov, desenvolve o demônio de Laplace, que descobre como "inverter" a tal da entropia.

Eliminamos uma pergunta da infinidade das quais poderiam ser uma das perguntas fundamentais sobre a vida, o universo e tudo mais.

Agora passa-se à pergunta: qual o sentido de ser?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Our strength grows out of our weaknesses

A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora

Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora

O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou

O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou

O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor
O grande poder transformador

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ranso político

Político nesse país é ladrão e ponto. Eu fui criado assim. Ninguém presta.

Não pode entrar retardado nenhum na política que já se olha torto, qualquer que seja. Todo mundo tem rabo preso, todo mundo tem pica apontada pra si. Se eu surgir na política do nada agora, sou corrupto. Ou burro.

Como é que se quebra a barreira?

Todo mundo é corrupto, todo mundo é burro, todo mundo é desinformado. Tanto o político quanto o povo que elegeu ele. O sistema é retroalimentado uma vez que o político não investe na educação e o povo deseducado o reelege.

Como é que mudamos isso?

Se um grupo de intelectuais tenta informar melhor ao povo, é considerado parcial, partidário, corrupto também, liberdade de expressão é coisa de idiota. O controlado acha que a verdade que lhe foi apresentada é única, não se questiona nunca, e arranja infinitas maneiras de embargar a conjecturação sobre isso. Todos é que estão errados. Vivo no meu mundo, e ele está bom.

Como é que se tira essa ilusão da massa?

Em Independence Day, precisou aparecer uma raça de aliens absurdamente mortal. O planeta se uniu num instantinho só. É o clássico elemento externo realizando trabalho no sistema termodinâmico: a energia flui de maneira organizada pelas partículas.

domingo, 3 de outubro de 2010

Ao brilhante japinha

Vou começar dizendo que cada vez mais me identifico com seus textos e o seu raciocínio construtivo. Acho lindo deixar o pensamento chegar a um nível de abastração que nos permita filosofar sobre tais questões, principalmente sobre o homem-macaco começando a caminhar, matar animais, criar ferramentas, plantar e socializar. Não acho que faltou argumento, faltou didática, o que pra mim não foi um grande problema.

Bom, eu posso lhe afirmar que não deixamos de "ser" quando morremos. Alias, eu não, mas o mano Lavoisier pode. Eu não conhecia o Hume e peço que você me mande algo dele pra ler, o cara parece ser gente fina. É claro, eu nunca morri pra saber o que acontece, mas se somos uma reação química ambulante (uma não, mas infinitas), a nossa consciência fica apenas para os livros, músicas, momentos que produzimos e criamos no decorrer da vida, mas o que somos nunca deixa de "ser". Fala tu, Lavoisier.

A questão do semicíclo é complexa, mas se você olhar bem, vai perceber que não se tratam de semicíclos, mas sim de uma pata de elefante.
Sacanagens à parte, sabemos que pi não é 2. Mas é óbvio, nós inventamos o pi, como vamos desinventa-lo agora? Pi não é dois, mas eu acredito que o perímetro seria definido por uma série matemática, com um valor aproximado descrito em termos de Pn, sendo n um numero real qualquer. Eu sei que ninguém gosta de aproximações, mas as grandezas mensuráveis que o homem inventou, todas elas são pra generalizar aproximações de forma que a natureza possa ser manipulada ao nosso favor. Me desculpem os matemáticos que acreditam nisso, mas a matemática, ao contrário do que se diz, não é uma ciência exata. A matemática é apenas uma série de ferramentas usadas para aproximar o real do prático, do mensurável. mas nada é totalmente mensurável, porque o mundo não é exato.
Tente cortar, por exemplo, qualquer merda que seja. Tá bom, uma placa de alumínio. Você pode cortá-la usando algum método qualquer que seja, mas ao fazer uma análise microscópica você percebe as ranhuras, oscilações e irregularidades no material. Apesar de citar o alumínio, tudo no mundo é assim. As coisas só são mensuráveis até onde elas nos são utéis, porque nada é o que teoricamente é. A nossa exatidão não passa de uma aproximação, de uma aproximação, de uma aproximação.
Se você for pensar assim, vai ver que a "perfeição" que Deus criou é uma historinha bonitinha, que as crianças ficam cuzolinho cheio d'água quando ouvem. O mundo não é perfeito porque a perfeição é aproximada, em cima de conceitos que engolimos desde que nascemos.
Agora um exercício: observem um quadro do pintor Salvador Dalí. Eu sugiro A Persistência da Memória (usem a porra do google pra isso). O que você vê? Um mundo totalmente escaralhado. Agora imaginem que nós vivemos nesse mundo, e que nossos pais, os pais deles, e que a humanidade sempre viveu e teve sua criação concebida neste mundo, de Dalí. Então, aos nossos olhos, o mundo seria perfeito ou escaralhado? Aí entra a Teoria do Escaralhilson, que diz que tudo é uma soma de fatores randômicos, com resultados randômicos em cadeia. Eu sei que isso desmitifica o sentido da vida, mas será que a vida sequer tem algum valor? Aperta as setinhas, quadrado, x, bola e triângulo que o boneco solta um poder irado, tu vai ver.
A perfeição não existe, porque ela é um conceito, uma aproximação que nós criamos pra definir o universo que conhecemos, que o ser "perfeito" criou. A perfeição não existe.

Chuang Tzu, o cachorro chinês, nada mais é que o avesso da persona Gregor Samsa, usada por Kafka. A diferença é que Gregor via o mundo pelos olhos de uma barata, por se sentir uma barata também. Eu particularmente prefiro uma barata, não por gostar do bixo, mas porque sofro de motefobia, e se eu achasse que era uma borboleta, provavelmente entraria em pânico e morreria por asfixia. Mas enfim...

Sobre matéria, existência, realidade... que porra foi essa? Niilismo? Conceitos de magia? Agora me pergunto se você tá indo longe demais ou eu tô indo longe de menos. Mas suas argumentações são vitais, fiquei feliz ao saber que você se questiona sobre isso.

Agora vem a questão do "implantar um pensamento". Não sei bem o que você quis dizer sobre isso, mas me lembrou A Origem (Di Caprio entrando nos sonhos, implantando ou roubando pensamentos e pans). A breviedade que define a ação de um padrão de PNL, ou qualquer outro método vai de menos a mais infinito, depende do que tá acontecendo, e da referência. Isso é de uma complexidade tão grande que Fourier perderia a vida inteira implementando dados convenientes a essa serie, e nem tempo de calcular um coeficiente sequer ele teria. Afinal, o Caos não se avalia, apenas se aceita. Teoria do caos, das cordas, dos caralhos, geometria fractal... vamo ver onde isso vai dar...
Se o universo é uma série de mentes se sobrepondo, me lembro do final de MiB, o universo que conhecemos se revelando algo dentro de algo e por aí vai. mas se o universo expande, podemos pensar também que dentro dos átomos existe um universo, e dentro dele um menor e etc. A série converge e diverge e a matemática falha outra vez.

O desequilíbrio, caro asiático, é só um outro nome para o equilíbrio, partindo-se de outro referencial, outro ponto de vista. O mundo está reagindo a ele mesmo agora, e não tem como impedí-lo de equilibrar e desequilibrar-se milhões de vezes a cada milésimo de centésimo. O Caos nada mais é que a perfeita harmonia, que nada mais é que os conceitos que a gente absorve sem peguntar por que, que é a perfeição, que é Deus.
Ninguém se entende no mundo, mas esse é o nosso mundo, nossa pefeição.

O equilibrio perfeito existe numa mente ideal. Mas o ideal é irreal. Nem o computador mais avançado do futuro mais longínquo é perfeito, pois seres imperfeitos o terão programado. Por mais fuderengo que o seu "bukka-core" seja, ele ainda será suscetível ao tempo, ao clima, ao homem, e as ranhuras, falhas e imperfeições que descrevem a matéria.

Enfim, viajei e...

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sábado, 2 de outubro de 2010

Teoria do Desequilíbrio


Você não vai entender esse post.

Quando o tempo se reduz a zero, o esforço beira as raias do infinito. Se não existissem os últimos minutos, nada nesse mundo seria realizado." 


- Murphy

Na minha antiga escola, que era católica, havia um irmão chamado Hilário.

Ele não era lá muito engraçado, mas era um velhinho muito gente fina, aparentemente uma pessoa muito boa e gentil, incapaz de fazer mal a uma mosca sequer. Foi uma das pessoas mais amáveis que eu já vi. Ele era cego. Mas não gostava de ser chamado de coitado, dizia que tudo que deus fazia era por uma razão.

Uma pergunta muito elementar levando em conta o contexto desse blog é: Será que se ele não tivesse ficado cego e toda aquela coisa de dificuldade, de família humilde, será que ele teria se tornado essa pessoa?

Eu vejo países muito ricos, onde a igualdade de direitos para os cidadãos é bastante presente. E lá, onde não há perigo, insegurança, medo da violência, da perda de seus entes queridos, e de outras coisas mais como aqui, as pessoas se suicidam aos montes.

Por quê?

Será que, como na Teoria do Equilíbrio, sofrer seria necessário, inerente, bom para o homem? A constante dor do existir e não ser o aquilo que ainda não se é, seria Necessária, para um dia, de fato, ser?

A noção de posse surgiu quando o homem descobriu o egoísmo: no surgimento da agricultura. Antes, quando nômade, o homem vivia em grupos que entendiam que quanto mais unidos maiores suas chances de sobreviver ao mundo. E por isso dividiam a tudo, nada pertencia a ninguém. Nem seus filhos, que eram criados por todos, e, principalmente, pelos mais velhos do grupo, os mais experientes. Nem suas mulheres, que eram mulheres de todos, e não havia motivos para ciúme e injustiça. Não havia posse.

Entretanto, o homem descobriu que algumas coisas quando azedavam formavam bebidas de sabor especial. E viram que era raro que isso acontecesse naturalmente. A comida era até fácil arranjar, foda era arranjar uma cerveja. E foi o homem descobrir como que fazia pra arranjar mais daquilo. E descobriu a agricultura. E quando o homem viu que seu trabalho todo plantando por uma vida toda, regando e esperando crescer era ceifado pelos outros enquanto seus filhos não eram lá tão bem alimentados, ficou puto. Não, não, aquele era o trabalho dele, ele é que merecia colher os frutos. Os filhos agora eram dele. A mulher também. E a família também.

Todos nós temos pequenas coisas, mas o que é que faz as coisas serem realmente Nossas? Que tipo de rótulo é esse?

Mais algumas particularidades a serem ressaltadas seriam com relação à fragilidade da própria noção de realidade do homem. Uma é quando se toma noção de que o Não-Existir é inconcebível. O que, segundo a linha de pensamento do texto O Propósito, seria quase Tautológico: as coisas que existem são só as que foram concebidas. Se o Não-Existir fosse concebido, passaria a existir. Não digo o conceito em si, digo o "como se é" quando não se existe. Por exemplo se você morresse e não tivesse vida após a morte ou coisas do gênero, como imagina que seria a partir daí? Como é o não-ser, o nada puro?

Outra particularidade concerne a fragilidade dos sentidos humanos. Nossa realidade é tão dependente deles, e sem eles somos tão patéticos. Veja por exemplo Ensaio sobre a Cegueira. Retirando-se a visão dos homens, por mais que continuem saudáveis, viram minhocas no macarrão. Ou o filme Perfume, onde um filho do caos, em busca da síntese do cheiro de sua amada que já não vivia mais, sintetiza um perfume com o cheiro extraído de algumas das mais belas espécies de jovens de toda uma região, e o perfume resultante tinha um poder mágico de tornar aquele que o utilizava um anjo, ou quando espalhado, fazer com que as pessoas tomassem para sí as características do perfume, desencadeando uma paixão avassaladora e incontrolável entre os mesmos. E depois de tudo isso descobre que o perfume nunca poderia lhe fazer amar ou fazê-lo amável, o que acaba sendo sua maior frustração e fonte de sua autodestruição.

Remover, enganar sentidos, sentimentos. Aquilo que gera o mundo dentro de nossas mentes, a fonte da cachoeira e de todo o rio. E pequenas mentiras estão a todo lugar.


Isso me lembra o Coringa de Heath Ledger, que gostava de matar com faca. Ele dizia que a arma de fogo era demasiado rápida, o que não lhe permitia apreciar os "pequenos momentos". Que nos momentos derradeiros as pessoas mostram sua verdadeira face. Ele dizia que era alguém que só fazia coisas, e não tentava planejar e controlar o mundo. E ele passava a faca nas pequenas mentiras.

Isso me lembra um pequeno paradoxo que me foi apresentado uma vez. Seja um semi círculo de raio 1. Seu perímetro é pi. Se fizermos 2 semicírculos de raio meio, isto é, dentro desse semicírculo maior, teremos 2 perímetros de pi/2, que somados dão pi também. Analogamente para qualquer número de divisões.

Suponha que o número de semicírculos tende a infinito. Parece que os semicírculos vão ficando cada vez menores e a soma deles se parece com a linha reta abaixo deles, certo?

Entretanto, essa linha é o diâmetro e mede 2. Como pode isso se a soma dos perímetros mede pi?

Isso mostra que na vida, o número de semicírculos é tão grande que a gente pode achar que pi é igual a 2.

(Na verdade não tende à linha. Observe que os pontos de encontro entre os semicírculos são bicos, e portanto não existe derivada. Quando o número de semicírculos tende a infinito, o número de bicos também tende a infinito, o que implica que, de certo modo, todos os pontos são bicos, logo toda a figura não possui derivada, o que a impede de ser uma reta)


Eu vejo uma calça azul. Mas o que garante que o azul que eu vejo é o mesmo que você vê? Meu azul pode ser um pouco mais verde. No entanto, ambos olhamos para o azul e Sabemos que ele é azul.

Chuang Tzu uma vez sonhou que era uma borboleta, e que nada sabia de Chuang Tzu. Apesar de meio gay, é um provérbio chinês metafórico, e lembra matrix. No sonho, havia apenas a certeza de que se era uma borboleta e se voava, e não saberemos como era a percepção de um jardim, por exemplo, se era como nós vemos, ou se era um polígono verde. A imagem é subjetiva, apesar da memória. Quando Chuang Tzu acordou, tão vívida foi a experiência que ele não sabia se era agora uma borboleta que sonhava ser Chuang Tzu ou se era Chuang Tzu que tinha sonhado ser uma Borboleta.

Da incapacidade humana de imaginar o não-ser, surge a idéia de consciência alheia ao ser, que alguns poderiam chamar de espírito. Para Berkeley, o idealismo implica que não existe matéria fora da noção de percepção, seja atual ou conjectural. Para Hume, não existe Espírito fora da mente, isto é, a noção sucessiva do mundo material e tudo além. Os elementos são percebidos, convertidos em sensação, enquadrados em estado mental e resolvidos em interação.

A matéria não passa de uma sucessão de percepções, e o espírito não passa de uma sucessão de estados mentais. Considerando que o tempo não existe fora do presente, não há sucessões que não sejam as que se classificam no passado atual ou no futuroconjectural, o que é ilusório à percepção, que é presente. Nem espírito, nem matéria essencialmente existem, apenas as idéias delas, nem a noção de sucessão do tempo é válida

Se dentre os inúmeros leitores do provérbio de Chuang Tzu, algum tenha, por acaso não impossível, sonhado que sonhava ser uma borboleta e depois acordava e era Chuang Tzu, exatamente igual à experiência subjetiva do mesmo, uma vez postulada essa igualdade, os momentos não seriam o mesmo?

Se há negação dos termos da série e do sincronismo de séries temporais, há negação do tempo.
Suponha agora que tenhamos um avançado mecanismo de neurocomputação capaz de induzir pensamentos com exatamente as mesmas noções de percepções, isto é, experiências iguais, em sujeitos diferentes. Este computador induz aos sujeitos o pensamento de que estão pensando algo. Porém esse pensamento é tão breve quanto o acender da luz. Quando eles se derem conta de que pensaram, estarão pensando que pensaram em pensar. E se dariam conta de que estariam pensando que estavam pensando em pensar em pensar. E assim infinitamente.
P (P) = P então P = P(P) = P(P(P)) = P(P(P(P...(P))...)

Se os indivíduos percebem isso em épocas diferentes mas de maneira igual, temos um motor de tempo paralelo ideológico.

O mundo então existe na mente do idealista. Existem, nesse mundo, outras mentes. E nessas mentes, existe o mesmo mundo, sob outra percepção. E dentro desse mundo, também existem outras mentes, inclusive aquela da qual partiu o raciocínio. E assim infinitamente.

E se existe uma mente que não está contida em nenhuma das mentes enquanto parte do mundo, mas todas estão contidas nelas como parte do mundo e como donas do mundo?

Como desencriptamos a indução do pensamento?

Como descobrimos que pi não é 2? Através do pensamento? Através do caminho da ação caótica, como metaforicamente o Coringa aqui foi usado?

Porque o Desequilíbrio é exatamente a função de deus. A diferença de potencial, o raio.

O que eu estou tentando aqui é descobrir a fórmula do manifesto dos filhos do éter: aquela que leva à quebra da cadeia, da sincronia, da sucessão. O despertar para a magia é a única maneira de governar esse mundo para todos de verdade. Pois do caos nós nascemos e por isso não seremos menos nem mais que isso. Exceto dentro do mundo, que é a nossa mente.

Um mundo de idéias de pseudo-inseguranças como forma de emular o caráter predatório, calculadamente plantadas, para que Este desequilíbrio impedisse que os suecos e finlandeses se suicidassem.

Porquê todos querem igualdade, todos querem equilíbrio, e eles não vêem que isso é só mais uma forma de desequilíbrio. Existe equilíbrio só quando existe numa mente, logo num universo inteiro, logo não existe.
O equilíbrio nunca existirá pois ele fere o propósito do mundo. O equilíbrio em uma mente não é equilíbrio em outra. O equilíbrio é o ponto zero do mundo.

Paremos de estudar o equilíbrio, e passemos a estudar o desequilíbrio. Este é o novo paradigma.



PS: Cabe aqui um comentário. Esse post foi propositalmente escrito com desconexões e algumas vezes falta de argumentos. É uma espécie de metalinguística, e quero que quem leia pense no que faltar. Produza as partes que faltam afim de fazer sentido, como Gestalt. Só assim o pensamento realmente se reproduz. Mais idéias irão surgir conforme o tempo, e haverá propostas concretas.