sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Qualquer semelhança é mera coincidência

- Why do you always focus on the similarities rather than differences?
- Because every single fucking thing is fucking different anyway, you dumb.

As frases não tem a mesma carga no português. Você vê, as diferenças entre a língua inglesa e sua forma particular de praguejar (como colocando fuck em qualquer momento da fucking frase) não são para serem reconhecidas a esmo, são para serem apreciadas.
As diferenças existem aos montes - falando de línguas não parece tanto por existir um sistema padronizado de linguagem aceito que une os cidadãos, porém a língua não é apenas isso. Todo país tem inúmeros regionalismos. Em toda região existem subdivisões e subculturas que fazem parte de um todo indivisível. Tudo remonta ao indivíduo e sua característica de ser único. Então não há diferença para ser reconhecida mais uma do que a outra naquilo que não é universal - como por exemplo a arte.
A diferença é para ser apreciada. A semelhança é que é para ser reconhecida. É dela que se deve falar, pois é muito mais rara.
Se a semelhança for mera coincidência, também é, mera coincidência, a razão de existirmos.

Mas e se não for, afinal, tudo coincidência?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Felizes para Sempre?

Antes de tudo, eu queria entender quando foi que começamos a subverter nossos valores. Não por simples hipocrisia, mas por completo mesmo.

As divisas entre nós são cada vez mais evidentes. Somos consumidos por responsabilidades, por distanciamentos sociais, por nossas distrações. Tinder, Instagram, noitada, tudo isso só fomenta a abertura do grande vale de nada que se cria entre nós. Com um esforço tão grande pra mostrar ao mundo o que a nossa personalidade representa, e com a exagerada importância que vemos a opinião do mundo sobre a difusão de nossas personas, as relações se reduziram ao pó. Superficiais, momentâneas, egocêntricas.

Quando foi que tudo que eu considerava importante, de repente, tornou-se obsoleto? A cumplicidade, o companheirismo, aquela ligação forte que une duas pessoas e as torna ainda mais fortes juntas, e a vontade de estarem juntas, de ser um time. Não falo nem de romantismo, falo de conexão. De construir algo real, um legado.

Parece um sonho que morreu junto com o Sega Saturn nos anos 90, ou um devaneio que se tornou inviável assim que eu pude enxergar o mundo com olhos menos ingênuos, mais castigados. Pra que ter um grande amor quando você pode ter uma trepada através de um simples “like”? Pra que se entregar, quando uma simples diversão momentânea vai te fazer sorrir e vai manter o teu ego intacto depois disso? Pra que se arriscar, se o risco não é assim tão necessário?

Hoje somos pessoas insensíveis. Trocamos o respeito pela satisfação pessoal, sem nos importar com os danos que essa troca pode vir a causar ao próximo. O que importa é aquilo ali, o momento. Uns acreditam que somos ruins. Eu prefiro acreditar que cansamos de apanhar e tocamos o foda-se pra vida. Somos fracos e egoístas. Desistimos do sonho. Trocamos por aquele grito bonito de desespero que a gente dá sorrindo, mas depois chora sobre a assimétrica maquete de poliestireno que é a vida.

Em algum ponto da cronologia evolutiva humana, nos tornamos ciborgues movidos a hedonismo (e esqueceram de me avisar).