quarta-feira, 27 de julho de 2011

Mu Empire

Ando tendo sonhos destrutivos.
E de maneira incomum, os confundo com a realidade. Eu não sei se me urge a construção ou a desconstrução. Ou a reconstrução. Nesses sonhos, uma voz me diz que eu sou um caçador, e que eu estou indo caçar.
Quando eu durmo essa voz sou eu. Quando eu acordo, já não sei.

Ando tendo sonhos intranquilos. Daqueles que nos fazer acordar com sensação de queda. E quando eu acordo eu continuo dormindo, e caindo, assintóticamente.
Você me põe em estado de emergência. E eu odeio admitir, mas não sei se estou emergindo ou submergindo.

Ando tendo sonhos em preto e branco, como os de um cão de pedigree. Daqueles que são adorados pelo dono, mimados e brincalhões. Daqueles que têm abrigo e vivem à base de ração.
O tipo de cão que inveja o vira-lata: sujo e esquelético, e vivo. Um saco-de-pulgas sem hora pra voltar pra casa, que brinca com um jornal velho. E trocaria tudo por um cobertor e carinho.
Quando sou um, não sou o outro. E o ciclo é vicioso: todos queremos ser os dois. Todos somos apenas um.

Ando tendo sonhos de areia. Sonhos em que me perco, esqueço meu próprio nome, acordo com frio em uma estrada e percebo que ainda estou dormindo. Aqui nunca fez frio. Aqui todas as brisas têm um fundo tropical. Por isso eu percebo que estou dormindo e acordo em outro sonho.
Um sonho de areia. Um castelo de sonhos.

Ando tendo sonhos esquizofrênicos, onde nem ouço o que eu mesmo falo. Eu sinto que a minha outra metade grita; a metade que tem a minha voz; eu mesmo. E nesses sonhos as placas da rodovia dizem para que eu ouça apenas uma voz: a da metade que fala com a minha voz, ou a outra.
As vezes as vozes dizem que uma ampulheta gigante vai esmagar a minha cabeça, assim do nada, sem tempo de reação. Totalmente de surpresa. E que o susto será insuportável quando eu abrir os olhos e a areia estiver nos ultimos fiapos da contagem. Todas as vozes ficam instantâneamente mudas.
É dificil falar sem uma língua.

Ando tendo sonhos imaturos. Sonhos sufocantes. Sonhos premonitores.
E estes sonhos nunca trazem a estrela, muito menos o tolo. A carta que cai na minha mão sempre é o dependurado.
Ando levemente sonâmbulo, talvez nada do que eu falei até agora faça sequer algum sentido. Vamos só esquecer, tudo bem?

Ando sonhando demais.